Zoe me salvou escrita por Coralino


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Enquanto não posto capítulos novos da long-fic, divirtam-se com essa xD



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/527276/chapter/1

Lá está ele.

O cheiro de sangue é dominante. O sangue é.

Lá está ele caminhando em minha direção. Um zumbi, e por mais que seus olhos gritem por desespero sua boca diz que está apenas com fome. Tudo se tornou tão silencioso, o que houve com os gritos? Eu só ouço o som daquilo caminhando até mim.

E logo ele está parado na minha frente, por mais incrível que pareça, ele está apenas esperando pra que eu tome alguma atitude. Eu estava em pé na frente dele, apenas paralisado, arrepiado, incapaz de piscar. Consegui contar.

Um. O errante inclinou a cabeça

Dois. O errante ergueu os braços em direção a mim.

Três. Algo o empurrou brutalmente para a esquerda.

Aquela criatura caiu no chão agitando-se com desespero, olhei para o lado e aquela garota encarava ferozmente o zumbi. O uniforme dela estava sujo de sangue, sua respiração era pesada.

–Você tem que se acalmar, e sair do choque. – Ela disse olhando pra mim rapidamente, e voltando a olhar a criatura. – Tem que saber que a sobrevivência no momento é o que mais importa Nico.

Tentei fazer como Zoe pediu. Inspirei o ar profundamente, antes que eu o colocasse pra fora novamente a criatura levantou-se do chão irada.

Com um rápido movimento grudou as mãos no braço de Zoe. A garota tentava se soltar inutilmente. Ela estava ali, viva, não poderia aceitar que ela fosse mordida logo agora.

Soltei um grito rouco sentindo as minhas orelhas ficarem vermelha, agarrei os ombros da criatura e a puxei-a pra trás. Ela estava determinada a morder alguém a todo custo, persistindo em atacar a garota.

–Por favor não morra. – Sussurrei.

Zoe foi para trás sentando em uma das mesas e chutando a criatura em pânico. Foi quando ela se soltou, fazendo o errante andar de costas. Segurei uma cadeira e a joguei em direção a ele, fazendo-o ir para longe. A cadeira bateu no chão fazendo um estrondo.

Zoe segurou minha mão com força e corremos para fora da sala.

Os corredores fediam a sangue. Com as paredes e os azulejos do chão pintados pelo vermelho escuro. Corremos até o ginásio, estávamos completamente sozinhos, eu e ela.

Ela era pálida, e em sua testa escorria gotas de suor, seus olhos eram da cor dos cabelos, totalmente pretos. Todos costumavam dizer que parecíamos irmãos, por minha aparência semelhante a dela.

–Logo meu pai vai vir me buscar Nico. – Ela segredou em um sussurro. – Eu sei que vai.

Eu não conseguia dizer nenhuma palavra, meus lábios estavam secos, e meu coração batia rápido desde que tudo aquilo começou. Não esperava que ela viesse, esperava que todos estivessem mortos, desde que os professores tentaram conter os errantes e tudo deu errado. Logo ela, sua sala era quase do outro lado do colégio e por mais que ela fosse boa em corrida eu não esperava que logo uma pessoa tão importante fosse me encontrar.

Chegamos no ginásio, fim do corredor, alguns jogadores de basquete nos encaravam, agora estavam acinzentados, com as pupilas dilatadas e cabelos bagunçados. Havia aquela nova cor neles também. O sangue. Essa será uma cor com qual eu tenho de me acostumar.

Zoe apertou minha mão ao vê-los.

E então corremos atravessando o ginásio, os errantes nos seguiam com os olhos, subimos a arquibancada o mais rápido que pudemos, em cima delas havia outro andar, e uma pista de corrida que contornava a quadra. Onde Zoe costumava correr.

Então entramos em uma das portas, olhei para trás vendo alguns deles que tentavam nos seguir, mas tropeçavam nos grandes degraus das arquibancadas.

Fechei a porta enquanto Zoe sentava-se no chão para recuperar o fôlego. Tirou do bolso de sua saia longa um celular e discou rapidamente um número.

–Eu fiz o que o senhor mandou. – Disse ela em voz baixa, ouvi um chiado vindo do aparelho em resposta. – Onde o senhor está? ... Tem certeza que é seguro atravessar a cidade? ... Sim deve ter comida aqui, mas, pai... Dias? O senhor não vai vir hoje?

Ela esperou um longo tempo para dizer algo mais. Seu rosto estava virado pro escuro. Eu via apenas suas costas, encostado na porta.

–Não pode vir me buscar sozinho pai... Pai?

Zoe desencostou o telefone da orelha, colocando-o em sua frente e encarando-o. Depois virou sua cabeça e me encarou. Seu rosto estava irritado pelas lágrimas.

Dei dois passos pra frente, e ela levantou-se e me deu um abraço desajeitado. Não importava como estávamos abraçando errado, com um de seus braços sobre o meu ombro desconfortavelmente, o que importava é que estávamos abraçados.

Sentamos ao lado da porta. Estávamos em um depósito qualquer de livros e o lugar estava escuro demais.

–Como você, conseguiu ficar viva? – Perguntei finalmente.

–Eu corri no momento em que o meu professor foi mordido, devem estar todos assim agora. – Ela respirou fundo. – Eu abandonei todo mundo, e lembrei que talvez você estivesse vivo.

Encostei a cabeça na parede. Não podia pensar demais, tentei não pensar no mundo lá fora, ou nos meus pais, irmãos. Devo me satisfazer apenas com a presença dela, pelo menos não estou só.

Zoe parecia ter fechado os olhos abraçada ao telefone. Dormiu em um sono leve, mesmo não tendo anoitecido ainda, senti o sono.

Acordamos com um baque na porta. Outro.

–Um dos errantes. – Ela sussurrou. – Eles são burros né? Não podem... – Disse ela agarrando minha mão.

Mas a fechadura se moveu. Nos levantamos quase caindo, correndo em direção ao escuro. Meu coração voltou a acelerar, respirando pesadamente atravessamos outro corredor escuro, dando a volta no pequeno cômodo com prateleiras até o teto. Havia apenas a lâmpada perto a porta acesa, todas as outras estavam apagadas.

Não podia lutar contra eles, eram fortes demais. O único jeito de sobreviver é fugindo.

Tentávamos não fazer barulho, enquanto os zumbis pisavam desajeitadamente em papéis que estavam no chão, conseguíamos saber quando estávamos perto de um.

Quando demos a volta completa no depósito corremos para fora descendo as escadas.

Mas na porta do ginásio duas garotas zumbis, estavam paradas nos observando. Seus olhos estavam presos na gente, como se nada mais importasse. Mais um errante se aproximou delas, não poderíamos passar por ali.

–Pelas janelas. – Eu disse. Olhamos para elas e havia grandes de ferro.

–O vestiário. – Kat me puxou em direção a ele.

Entramos lá cautelosos dessa vez, o piso estava encharcado de agua em todos os cantos, com armários escancarados e toalhas no chão.

–Devíamos pegar um taco. – Disse abrindo alguns dos armários.

–Eu tenho um. – Ela disse, abrindo um certo armário e tirando um. – Bom, é do John, mas agora ele...

–Que seja, vamos sair daqui. – Cortei. Não queria tocar nesse tipo de assunto outra vez.

Atravessamos o vestiário e abrimos uma porta que dava pro corredor. Havia cerca de dez errantes mais para direita, sequer olhei pra esquerda andando em direção a escada do andar de cima. As criaturas pareciam não nos notar ainda.

Até que o celular tocou. Arregalei os olhos, e as criaturas viraram as cabeças em nossa direção.

Zoe atendeu subindo os degraus de dois em dois. Um dos zumbis soltou um breve grito, eles pareciam fazer isso as vezes, estavam caminhando em nossa direção.

–Onde você está? – Ela perguntou tentando manter a voz baixa.

Em todos os corredores havia no mínimo cinco errantes, no último havia cerca de dez. Fomos para o canto do corredor, encostando atrás dos armários. Até que notei que Zoe chorava.

–Ele não responde. – Disse ela. – Apenas um grunhido, um zumbi, apenas o que eu ouço é um maldito monstro.

Não consegui dizer nada, meu coração havia parado de bater rápido. Não houve abraço. Ela encarava o chão, largando o celular e o observando caindo.

–Sabe que não vamos longe soz... – Quando algo o agarrou nos ombros novamente. Dedos cinzas e grandes.

–Se abaixa! – Gritei.

Ela abaixou, soltando-se do zumbi, andou de quatro para longe. O taco de baseball estava na minha mão, tentei acertá-lo no braço com força, o zumbi bateu bruscamente o corpo contra a parede ao lado, larguei o taco e o empurrei para frente, antes que ele caísse seu corpo chocou-se contra uma grade, e como ele era alto, caiu para trás despencando na escada do andar de baixo.

Outros errantes se aproximavam, olhei para Zoe e ela se levantou. Peguei o taco e esperei o próximo deles, batendo com força o taco de baseball na cabeça do que estava mais próximo, ele caiu no chão com a cabeça amassada, bati com força novamente fazendo um buraco maior. O som que a cabeça dele fez foi horrendo.

–Vamos conseguir sair dessa. Eu e você. – Não havia confiança nas minhas palavras, mas implorei pra que ela confiasse em mim.

Não conseguiria repetir o movimento por muito tempo, na escada, vários deles surgiam, e nos corredores os errantes se aproximavam cada vez mais.

Um estudante qualquer veio em minha direção selvagemente, contei.

Um. O zumbi inclinou a cabeça.

Dois. Bati o taco com força em sua orelha.

Três. Sua cabeça girou para o lado esquerdo com rapidez.

Seu pescoço torceu-se e ele caiu morto definitivamente.

Quando olhei para o lado Zoe estava em pânico. Um deles colocava a boca em seu pescoço, com uma das mãos acinzentadas em sua testa e a outra no braço. Segurei com força o taco pintado de sangue e gritei acertando a cabeça dele. O zumbi caiu rapidamente, e eu encarei o rosto dela.

–Me desculpa. – Ela disse com lágrimas nos olhos. – Me desculpa Nico.

O sol agora não era tão forte, segurei ambas de suas mãos, e sorri.

Corri com ela em direção ás janelas, ela durante o caminho entendeu o que íamos fazer. Ambos de nós não hesitamos.

O vidro quebrou-se em um som alto, não soltei a mão dela, e tentei olhar para o céu. Aquele era meu horário favorito do dia, fui perdendo o fôlego.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esse final eu tava afim de escrever a muito tempo. O que acharam? heheQualquer erro gramatical ficarei feliz de ser avisado, para que eu possa corrigir.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Zoe me salvou" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.