Xena Warrior Princess: Season 7 escrita por Lady Anne


Capítulo 6
7x05 - New Dimension (Part 1)


Notas iniciais do capítulo

Xena e Gabrielle achavam que seria apenas mais um resgaste de um objeto roubado de uma pobre senhora indefesa, mas, como sempre, não foi bem assim que aconteceu. Depois de encontrarem e serem obrigadas a passar um tempo com essa senhora que é, no mínimo, muito... Autêntica, Xena e Gabrielle ganham um presente tão peculiar quanto a dona, e aprendem na prática o significado da frase ''Nunca aceite presentes de estranhos''.



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Xena aterrissou sobre a mesa de madeira — a mesa balançou de um lado para o outro e afundou centímetros no chão de terra — e pulou na próxima à sua frente, seguindo a fileira de mesas bambas até o fim da rua estreita e comprida. As pessoas que estavam ali sentadas comendo gritaram em desespero. Algumas caíram para o lado — batendo contra as cadeiras já caídas no processo —, outras conseguiram se afastar a tempo e se esgueiraram pelas paredes enquanto Xena passava correndo aos pulos — ela até ajudaria as pessoas caídas no chão a se levantarem, e todas com possíveis danos, já que colidiram com força contra a madeira, mas ela não tinha tempo para isso agora. Os pratos todos caíram no chão e quebraram, a comida quente sujando a tudo e todos. O cheiro de massa fresca cozida se impregnou por todo o lugar. Todo aquele grande corredor era coberto por toldos na parte de cima, o que acabava concentrando o ar quente,o que, o Sol estando quente como estava hoje, não ajudava em nada.
O ladrão passou correndo à sua frente — um borrão verde e marrom —, virando à direita, até onde sua visão conseguiu chegar. Xena chegou ao final do corredor e segurou num pedaço de corda amarrada pelos dois lados da parede acima de sua cabeça. Ela apoiou todo o peso do seu corpo e saltou, aterrissando em terra firme, no lado de fora da fornalha em que estava.
À sua esquerda, a cidade se abria para uma grande área aberta repleta de barracas vendendo todos os tipos de coisas, e á sua direita mais construções em fileira, separadas por mais corredores estreitos. O ladrão correu, correu e entrou em outro beco. Xena não pensou duas vezes e o seguiu. Ela virou novamente para a direita — onde ela tinha visto o bandido entrar correndo — e entrou em outro beco. Dessa vez o corredor estava vazio, apenas com tecidos coloridos esvoaçantes pendurados nas portas das lojas aqui e acolá. Gabrielle tinha o homem preso à sua frente. Um braço segurava os dois braços do ladrão torcidos para trás, enquanto o outro segurava a lateral do sari rente à garganta. Ela viu Xena e sorriu.
— Achei que tinha te perdido á uns cinco minutos trás. — Xena se aproximou dos dois e parou em frente ao homem, observando bem suas características. O casaco verde e o gorro vermelho amarrado forte na cabeça, a calça marrom surrada, a barba rala e a cicatriz — que parecia ter sido feita por uma faca — na bochecha direita. Ele batia corretamente com a descrição feita por aquela senhora.
— Achei que seria mais fácil eu o pegar encurralado do que nós duas corrermos atrás dele. — Gabrielle deu de ombros. — Por que você está cheirando à massa de macarrão?
— Longa história.
Xena esticou os braços e abriu o casaco de tecido vagabundo, começando a revistar todos os bolsos internos — e haviam vários. O homem suava muito; Xena não sabia se era de medo ou de calor — ou ambos. Ela enfiou a mão no ultimo bolso restante e sentiu o material gelado contra sua pele. Ele então retirou a mão segurando o vaso com cuidado. No final das contas era um objeto bem simples: um vaso pequeno — não muito maior do que a mão de Xena dobrada —, preto lustrado, mais parecia um copo. Vazio por dentro.
— Curioso...
Mais cedo naquele mesmo dia, Xena e Gabrielle estavam passando em frente a uma enorme e estranha casa no meio da estrada quando viram uma senhora vestida de forma extremamente brega, desesperada na porta. Ao perguntarem o que havia acontecido, ela lhes contou que havia acabado de ser roubada. Como elas estavam a cavalo, seria muito mais fácil alcançar o ladrão. Depois de passar a descrição do ladrão e o que ele havia roubado, ela apontou o caminho com o dedo e as duas guerreiras o seguiram. Agora com aquele objeto em mãos, Xena se perguntava o por quê daquela senhora ter ficado tão desesperada.
— Eu só roubei porque achei que valeria alguma coisa. — O homem disse, a respiração bastante ofegante.
— Pois é — Gabrielle apertou mais ainda o sari contra a garganta dele e se fastou alguns passos para trás — mas roubar é errado.
Gabrielle abaixou o braço que segurava o sari e o guardou em sua cintura. Ela virou o homem ainda segurando seus braços para trás com força, de modo que ele agora a encarava cara a cara. Ele gemeu de dor com o movimento bruto. Ela ergueu o braço e acertou um um punho de direita na cara do bandido. Ele caiu no chão e não se mexeu.
Xena tirou o foco do pequeno vaso em sua mão e olhou o homem desacordado caído no chão.
— Belo soco.
— Obrigada. — Gabrielle sorriu orgulhosa de si mesma.
As duas voltaram em silêncio até onde Argo II estava descansando. Xena guardou com cuidado o vaso na bolsa lateral. Argo II relinchou.
— Sabe, eu preciso mesmo de um cavalo só para mim outra vez.
— Eu sei, eu sei. Prometo que amanhã vamos procurar um bom cavalo, e você vai até poder escolher.
Argo II relinchou de novo, e Xena se pegou pensando em Argo, Argo I, seu Argo.
— É, tanto faz...

 

*******

 

O caminho de volta fora rápido — tão rápido quanto o de ida —, já que as duas guerreiras vieram montadas nas costas de Argo II, que corria à mil.
— Graças ao Deuses! — Exclamou a senhora cafona, ainda de pé, um braço apoiado na batente da porta — Vocês conseguiram!
Gabrielle riu de leve. Ela desmontou e tirou o vaso da bolsa presa à cela, entregando o objeto com todo o cuidado possível á dona.
— Você, provavelmente, nunca deve ter ouvido falar de nós duas, não é mesmo?
— Estou acostumada a ficar isolada do resto do mundo.
A senhora agarrou o vaso com as duas mãos como se fosse um recém nascido, e aproximou-o dos olhos, quase como uma pessoa cega faz para enxergar melhor quando está sem os óculos por perto. Seu rosto estava impassível, mas seus olhos pareciam os de uma águia, movendo de todos os lados, se atentando á cada detalhe do vaso por onde ela passava os dedos. Parecia procurar por qualquer possível minúsculo dano,e quando concluiu que não havia nada de errado, ergueu a cabeça e sorriu para as duas.
— Que belo motivo para nós três comemorarmos, não é mesmo?
Xena notou que aquela senhora tinha a voz mais rouca que ela já havia ouvido em alguém. Era como se ela inalasse diariamente toda a fumaça de uma fogueira sozinha. Seu gosto por roupas também era duvidoso, já que Xena nunca tinha visto antes alguém com trajes tão... Autênticos como aqueles. Anteriormente, quando ela havia passado por ela desesperada por seu vaso recém furtado, Xena não havia reparado tanto — apenas num enorme chapéu em sua cabeça —, mas agora podia reparar os detalhes com maior atenção, e pelos Deuses. A mulher não usava só um chapéu marrom de aba enorme na cabeça, mas sim uma enorme cabeça de leão rugindo de boca aberta. Seu vestido era cumprido e brilhante, vermelho sangue, e preso na cintura por um largo cinto dourado.
Xena desmontou de Argo II e ficou ao lado de Gabrielle.
— Olhe, nós agradecemos muito mesmo, mas senhora... — Gabrielle começou a tentar se despedir, mas foi logo interrompida pela mulher, que, de forma ríspida, fez um gesto de zombar com a mão.
— Por favor, me chame de Mágissa, e não, não. Vamos tomar um chá juntas, comer alguma coisa e conversar. É o mínimo que posso fazer. Entrem, entrem.
Xena exitou e ergueu a cabeça, encarando aquela casa enorme construída no meio do nada. A casa de Mágissa parecia um amontoado bagunçado de três casas em uma só. O térreo era o que parecia ser mais recente, sendo que até a parede era pintada de uma cor creme agradável de se olhar. O segundo andar já era todo de madeira e sujo em alguns lugares da parede, e o terceiro andar parecia ter sido construído há trezentos anos e nunca ter sido limpo ou visitado durante todo esse tempo. Na lateral, parte das paredes se apoiavam em hastes de madeira, formando pequenas sacadas tortas. A construção toda era uma bagunça, e ainda assim, se mantinha em pé.
— O que ainda estão fazendo aí fora? — Mágissa berrou, já entrando dentro da casa e mantendo a porta de madeira aberta. — Vamos, entrem logo.
Xena encarou a construção mais uma vez e deu de ombros. Estava quente lá fora, de qualquer jeito...
Logo em que ela entrou, o ambiente mais fresco aquietou o calor que ela estava sentindo, e sua mão foi logo para a bainha da espada.
— Você é uma feiticeira, não é? — Acabou soando mais ríspido do que Xena gostaria, mas ela tinha que saber.
O ambiente em que ela estava — diga-se de passagem, a sala de visitas — era o triplo maior do lado de dentro do que toda a área da casa do lado de fora. Tinha cheiro de magia. Só restava saber se era magia branca ou negra.
Mágissa se virou e viu Xena com a mão pronta para empunhar a espada, e começou a rir, gargalhar.
— Eu acho que isso é um não. — Gabrielle parou ao lado de Xena e sussurrou no seu ouvido.
Mágissa começou a tossir forte, e então segurou o estômago com as duas mão até parar de rir.
— Tecnicamente — ela passou as costas das mãos no rosto — eu sou uma colecionadora de objetos mágicos. Totalmente inofensivo. Agora tira a mão daí e sentem-se, as duas, eu vou buscar o chá e os biscoitinhos. — ela se virou e entrou na porta à esquerda, tossindo fraco — Feiticeira, essa é boa.
Xena revirou os olhos e caminhou até o sofá coberto de tecido quadriculado que ficava de frente para um tapete todo feito de penas azuis e amarelas. As quatro paredes do cômodo era repletas de prateleiras com objetos dos mais variados nelas. Xena se sentou e Gabrielle fez o mesmo ao seu lado. Ela então se virou para olhar mais de perto os objetos na estante e...
— Pelos Deuses!
Gabrielle pulou ao seu lado e se virou para ela.
— O que foi?
— Olha as coisas que estão na prateleira.
Apoiados junto à parede ou apenas em pé nas tábuas de madeira, haviam livros empoeirados, pequenas aves empanadas, anéis com pedras coloridas de todos os tipos, gravetos de madeira, ossos com pedaços ainda em decomposição de carne — mas que, misteriosamente, não tinham cheiro nenhum —, um pote cheio de olhos, bicos de pássaros abertos com minhocas dentro e até uma mão podre aberta.
— Sinistro.
— Só isso? ''Sinistro''? — Xena encarou Gabrielle com um olhar desconcertante.
— E o que você queria que eu dissesse? Cada um coleciona o que quer. Além do mais, ela não está fazendo mal a ninguém.
— Mas...
Nesse momento, Mágissa voltou com uma bandeja de prata e depositou na mesa em frente a Xena e Gabrielle, e se sentou em uma poltrona coberta por um chale do outro lado.
— Onde você conseguiu todas essas coisas, afinal? — Xena tinha que perguntar, mesmo Gabrielle revirando os olhos ao seu lado.
— Vocês sabem, eu viajo muito. De lá para cá, de cá para lá. Mas vamos falar sobre vocês. — Mágissa despejou o chá nas três xícaras e pegou um biscoito do prato ao lado.
— Então, onde vocês se conheceram?
— Bom, é uma história engraçada, nós...
— Foi há muito tempo, certo? Vocês parecem que se conhecem há tanto tempo.
— Sim, nós...
— Não estava muito quente lá fora, estava?
— Até que...
—Você mencionou minha coleção. Bom, deixem-me falar que é a maior em todo o mundo Não querendo me gabar, mas me gabando. Alguma de vocês duas têm alguma coleção?
— Eu já...
— Faz tanto tempo que eu não converso com alguém! — Mágissa então se levantou e começou a ditar alguns objetos que estavam nas prateleiras e contar como os conseguiu.
Xena bufou entediada e apoiou a testa nas mãos, enquanto Gabrielle suspirou frustrada e deu uma mordida em um dos biscoitos. Xena deu um gole no chá e enfiou um biscoito inteiro na boca, mastigando forte. Pelo menos estavam gostosos. A mulher atrás delas não calava a boca.
Ao final das entediantes histórias de Mágissa, Xena e Gabrielle haviam esvaziado o bule de chá e o prato de biscoitos inteiros.
— Querem mais? — Mágissa havia retornado à mesa e já estava levantando a bandeja de prata, quando Xena e Gabrielle levantaram num pulo do sofá, Gabrielle já indo em direção á porta.
— Muito obrigada mesmo pelo chá e pelos biscoitos, mas nós precisamos ir.
— Mas não querem nem mais um...
— Não. Nós precisamos mesmo ir.
— Esperem então. — Mágissa soltou a bandeja e se abaixou até a ultima prateleira, rente ao chão, e pegou uma caixa dourada pequena. Ela entregou o objeto na mão de Xena.
— É para vocês. Um presente de gratidão.
— Eu não acho que seja muito seguro.
— Esse é sem problema. É um lindo objeto. Eu quero que fiquem com ele. É o mínimo que posso dar a vocês.
— Tudo bem então. — Gabrielle agradeceu com a mão na maçaneta da porta já entreaberta. Ela foi até Xena e a puxou pelo braço. — Nós agradecemos muito. Até qualquer dia.
As duas saíram de lá andando a passos rápidos até Argo II. Montaram e seguiram estrada.

 

*******

 

Já era quase noite quando Xena e Gabrielle pararam numa estalagem á beira da estrada.
A dona do recinto, a Sra. Dolores, uma mulher com aparência de meia-idade e olhar petulante, estava do lado de fora, com uma galinha entre os braços e quatro porcos comendo no chão qualquer coisa que ela havia jogado para eles. As duas guerreiras desmontaram e pediram um bom cuidado para Argo II no estábulo, uma refeição farta e um quarto para passarem á noite.
O quarto em que elas ficaram era simples, mas servia para passarem a noite. Depois de comerem, Xena havia retirado a armadura e se jogado na cama, cobrindo a cara com um braço, já Gabrielle estava desesperada por um banho.
O banheiro era praticamente uma banheira redonda de madeira e só. Gabrielle depositou seu par de sari em cima de sua cama e suas botas no chão ao lado, depois foi até o banheiro e encostou a porta de leve. Depois de encher completamente a banheira com água quente, ela abriu a mão que estava segurando a caixinha dourada desde então, e observou o objeto mais atentamente.
A caixa era mesmo bem pequena, e inteiramente dourada, parecida ter sido de fato banhada ou feita de ouro. Era inteira adornada por arabescos em relevo, gostosos de se passar o dedo por cima, e a tampa era fechada por uma trinca em formato de ''S'' no meio. Gabrielle virou o fecho e abriu a caixa com cuidado. Dentro havia um punhado generoso de pó cinza, muito parecido com cinzas de algo depois de queimado.
— O que você acha que é esse pó dentro da caixa?
— Não faço ideia. — Respondeu a voz desinteressada de Xena do quarto, ainda deitada de costas na cama. Ela já havia, claro, visto o conteúdo da caixa anteriormente.
Gabrielle balançou de leve a caixa, fazendo o punhado de pó correr de um lado para o outro lá dentro. Ela aproximou o nariz para sentir o cheiro daquilo — inspirando com cuidado para não entrar em seu nariz e el começar a tossir —, e se surpreendeu por sentir o cheiro de lavanda, rosas e folhas frescas. Era extremamente agradável. Ela tocou de leve com o dedo, sentindo a leveza e macies. Ela olhou para a banheira e de volta para a caixa em suas mãos. Aquilo deveriam ser sais de banho, claro.
Gabrielle retirou toda a sua roupa e entrou na banheira, a água quente cobrindo todo o seu corpo até o pescoço e a aquecendo por completo. Depois pegou um punhado do pó cinza de dentro da caixa que estava apoiada no chão ao seu lado e jogou na água. Gabrielle apoiou a cabeça na quina e fechou os olhos, já começando a relaxar.
Depois de alguns segundos, porém, ela sentiu pequenos beliscões que começaram nos seus pés, depois subiram para as pernas e tronco. Ela abriu os olhos e viu toda a água ao seu redor na cor laranja. Parecia lava em sua pele. Ela agarrou a beirada de madeira com as duas mãos, mas antes mesmo que pudesse terminar de gritar ''XENA'', sentiu todo o seu corpo ser agarrado e puxado forte para baixo.

Xena se sentiu despertada bruscamente de um sono quando ouviu Gabrielle gritar do banheiro. Ela se levantou e correu até o banheiro, escancarando a porta. Não havia sinal algum da amiga lá dentro, apenas suas roupas caídas no chão e a caixa dourada ao lado da banheira no chão. Xena se aproximou da banheira a poiou as duas mãos na beirada, quase colando o rosto na superfície de água quente, totalmente parada como se fosse um lago. Tudo estava normal, nada fora do lugar, além do fato de que Gabrielle não se encontrava em lugar nenhum.
Foi quando um flash laranja veio de encontro com a sua cara, puxando-a para frente e para baixo, de encontro com a água, e Xena apagou.

 

*******

 

A primeira coisa que Xena sentiu foi uma pancada forte no meio das costas. Ela abriu os olhos imediatamente, sendo invadida por um forte fecho de luz. Ela se virou bruscamente e se apoiou nos cotovelos, demorando alguns segundos para ajustar á vista ao seu redor.
Xena estava em uma floresta. Mais especificamente, deitada no chão de terra coberta em folhas. O topo das árvores era alto e totalmente coberto, sendo recortado aqui e ali por lâminas de luz que caíam e se projetavam até o chão — um deles, inclusive, estava quase cegando os olhos de Xena até segundos atrás. A poeira minúscula flutuando no ar era presente e bem visível, ajudando a dar ao local um ambiente ainda mais de contos de fadas. Não haviam animais por ali, nenhum pássaro cantando nas copas acima da cabeça dela, nem uma minhoca ousando sair para fora da superfície da terra, ou um sapo regurgitando — estranho. Gabrielle também não estava em lugar algum.
Xena se levantou e bateu com a mão no cabelo para tirar os acúmulos de terra e folha que estavam presos nos fios. Ela estava com a mesma roupa que vestia quando foi... Puxada para este lugar: o vestido de couro e o par de botas. Sem armadura, sem espada, sem chakram. Ela olhou mais um vez em volta — silêncio — então começou a correr.
Xena alcançou a borda daquela parte da floresta e se viu em frente a uma enorme clareira. Ao horizonte — em todos os quatro cantos, e por qualquer outro que olhasse — não havia nada além de mais floresta densa, que cobria o chão como um manto verde escuro, se estendendo até o infinito, e mais além. A clareira ficava numa depressão no terreno, e no meio dessa depressão havia um lago cristalino de tamanho até que pequeno — Xena não conseguiu enxergar o fundo daquelas águas, então concluiu que não era muito raso. Gabrielle estava deitada em posição fetal ao lado da borda.
Xena saiu correndo e se agachou ao lado da amiga, agarrando seus ombros com as duas mãos. Gabrielle estava com o corpo todo mole, e completamente nua. Xena chacoalhou seu corpo de leve, e Gabrielle abriu os olhos.
— Xena? — Sua voz estava sonolenta, como se estivesse acabado de acordar de um sono pesado.
— Gabrielle, o que aconteceu? Você sumiu do nada. Eu ouvi você gritar e quando entrei no banheiro não tinha ninguém. De repente eu acordo aqui, e você também.
— Eu... Eu... — Gabrielle passou a mão em sua cabeça, como se estivesse tentando lembrar de algo. — Eu acho que foi aquele pó que eu joguei na banheira.
— Pó? Aquilo que estava dentro da caixa que a velha louca deu de presente?
— É. Eu pensei que fossem sais de banho. Tinha um cheiro tão bom.
Xena respirou fundo.
— Você está perdendo o juízo e eu não estou sabendo, Gabrielle? Você viu o que aquela mulher tinha dentro de casa. Ela é louca. O que tinha dentro da caixa poderia ser tudo menos ''sais de banho''.
— É — Gabrielle apoiou as duas mãos no chão e se sentou ereta no chão úmido. — Você falando desse jeito faz mais sentido.
Xena ouviu aquilo e ergueu os dois braços no ar em cima da cabeça. Por que, Deuses? Por quê? A coitadinha perdeu o juízo.
— Não me diga.
— Por quê o céu está tão laranja? — Gabrielle olhava para cima com os olhos semi cerrados.
Xena agora tomou tempo para observar melhor os detalhes. Quando estava dentro da área da floresta a copa das árvores fez parecer o lugar mais escuro e sombrio. Agora que estava numa área mais aberta, Xena pôde ver que o céu estava de fato alaranjado, e não estava nem perto do pôr do Sol.
— É uma das coisas que precisamos descobrir.
Gabrielle olhou para baixo e percebeu pela primeira vez que estava completamente sem roupa. Ela gemeu baixinho e tentou se cobrir com as duas mãos, mas sem efeito.
— Gabrielle, para de frescura. Não é nada que eu já não tenha visto.
— Tudo bem, mas você não teria nada para eu vestir, teria? E por quê você está quase toda vestida e eu não?
— Era como estávamos quando viemos parar aqui. Espera aqui que eu já volto.
— Claro, onde mais eu iria?
Na parte onde dava início outra parte da floresta, atrás de onde Gabrielle estava sentada, havia mais variedade de árvores, entre elas um punhado de bananeiras. Xena foi até lá e começou a arrancar algumas folhas e amarrar e cortar — puxando com as próprias mãos — as pontas. Com o que sobrou ela juntou e dobrou até produzir dois perfeitos protetores para os pés; nessa floresta, Gabrielle iria precisar.
Xena retornou e entregou o vestido e os sapatos novos à Gabrielle. O vestido chegava até o meio de suas coxas, sem mangas, e os sapatos cobriam até toda a superfície de deus pés. Parecia uma fantasia de peça de teatro infantil, mas, por hora, era o suficiente.
—Tomara que não faça frio quando escurecer. — Gabrielle comentou, dobrando os braços sobre o peito.
— Que fofo. Vamos, por ali — ela mencionou com a cabeça para onde ela estava de costas, onde estavam os pés de bananeira — tem comida. Quem sabe não encontramos mais alguém por aqui.

 

*******

 

Com mais algumas folhas de bananeira arrancadas e amarradas pelas mãos ágeis e habilidosas de Xena, ela montou uma bolsa lateral para carregar frutas — a bolsa, com uma alça deitada no ombro, parecia uma rede na frente do peito —, e, depois dela e Gabrielle beberem água fresca do lago com as mãos em formato de concha, ambas entraram floresta a dentro.
A primeira coisa que as duas notaram foi que havia uma variedade de árvores frutíferas muito maior do que elas imaginavam naquela floresta interminável, entre algumas estavam macieiras, laranjeiras, jabuticabeiras, figueiras e mangueiras carregadas ao máximo, além de coqueiros tão altos quanto a copa de outras árvores por ali, e, claro, mais bananeiras. Xena ia variando a quantidade de cada fruta que apanhava até sua bolsa estar praticamente cheia, já Gabrielle ia mordendo maçã atrás de maçã e enchendo a mão de jabuticabas.
Ao passarem por mais um coqueiro, Xena entregou sua bolsa á Gabrielle e se preparou para escalar até onde estavam os cocos, bem lá no alto. Elas precisariam tomar mais água em algum momento — não que lá estivesse calor, estranhamente falando, não estava, mas era importante se manterem hidratadas sempre —, e não havia nenhum sinal de outro lago ali por perto. Elas já caminhavam há uns vinte minutos.
— Você acha que é seguro escalar sem uma corda para te apoiar? — Perguntou Gabrielle preocupada, enquanto seu olhar ia até o alto do coqueiro, e mastigava mais uma jabuticaba na boca.
— Claro. — Xena parou em frente ao coqueiro e esfregou as mãos uma na outra, se preparando. — É só a pessoa não cair. Fácil.
Ela ergueu o olhar mais uma vez até o topo coberto coberto por folhas grandes e verdes, que contrastavam com o laranja doentio do céu acima. Xena segurou o tronco com as duas mãos e deu impulso, prendendo e enroscando suas pernas também ao redor do tronco áspero, então começou a escalar. Aquele era um Senhor Coqueiro, e quanto mais alto Xena subia, mas forte ela tinha que manter as mãos e as pernas ao redor do tronco, que raspava ardido contra sua pele à cada impulso adiante. Cada vez que ela se aproximava mais do topo, o tom alaranjado parecia ficar cada vez mais forte e enjoativo de se olhar diretamente. Xena teve que concentrar sua visão para o tronco marrom em sua frente e continuar a escalar.
Finalmente, Xena alcançou o topo do coqueiro, e se apressou a se sentar bem em cima e se equilibrar em meio ás folhas e cocos. Ela aproveitou para olhar até o horizonte, e ver até onde aquela floresta entediante se estendia, e suas esperanças não aumentaram nem um pouco. Ao Norte, floresta; Ao Leste, floresta; Ao Sul, floresta; Ao Oeste, ainda mais floresta. Pelos Deuses, onde você foi nos meter, Gabrielle? Nem parece que estamos mias na Grécia.
Xena balançou a cabeça para afastar aqueles pensamentos e voltou a se concentrar nos cocos ao seu redor.
— Cuidado! Se afasta! — Ela gritou, então começou a balançar os cocos até, um por um, eles começarem a cair com um baque oco no chão embaixo. Depois de seis, sete derrubados, Xena voltou a se segurar no tronco e desceu, mais rápida do que a subida.
Quando desceu, Gabrielle já estava com um coco em mãos, perfurando a superfície com habilidade em um dos galhos pontiagudos da macieira que ficava ao lado. Xena procurou um coco para fazer o mesmo.
— Conseguiu ver alguma coisa interessante lá em cima? — Gabrielle terminou de perfurar o coco e deu seu primeiro gole.
— Nada. — Xena estava na árvore lado. — Só mais floresta.
— Droga.
— Pois é. — Xena retirou o coco do galho e deu seu primeiro gole. — É claro que nada disso estaria acontecendo se certas coisas tivessem tomado outro rumo.
Gabrielle deu outro gole rápido e encarou Xena com um olhar machucado.
— O que quer dizer com isso?
— Nada.
— Não é nada. O que foi? Está dizendo que a culpa foi minha que estamos nós duas presa aqui?
— Gabrielle, esquece.
— Não, Xena. Diga. Diga que a culpa foi minha.
— Ter mantido aquele presente ridículo e, claro, ter confundido com sais de banho não foi seu momento mais inteligente. Tenho que concordar com isso. — Xena manteve a voz calma, apesar da evidente irritação com a amiga. Mas não era hora, muito menos o momento para aquilo. Ela continuou a beber a água do coco.
— E o que mais eu faço de errado. hein?
— Gabrielle, esquece! Eu não irei discutir com você sobre isso agora. O que está feito, está feito.
Gabrielle bufou alto e largou o coco agora vazio ao seu lado. Ela se virou para catar outro no chão, quando arfou e paralisou onde estava.
— Xena...
— Gabrielle — Xena estava de costas para ela, dando seu ultimo gole no coco — Eu já disse que não vou discutir agora.
— Não, não, eu preciso que você se vire devagar e veja isso. Agora.
Xena se virou com todo o cuidado possível e se alarmou.
Com não mais do que oito metros de distância das duas guerreiras, estava o maior javali que elas já haviam visto. De pelagem bagunçada e escura e par de chifres brancos e grandes como os de um elefante, o animal arruava alto para as duas. Tinha quase o tamanho de um pônei, e orelhas maiores do que o normal. Mas isso não foi o que as assustou mais. O javali estava parte inteiro e parte... Morto. Metade do queixo e focinho estavam em carne viva, com todos os dentes e gengiva à mostra. A pata esquerda já não tinham mais pele, apenas a musculatura dilacerada e vermelha, que se recontrata a cada movimento; a outra estava podre, toda mofada. Na parte de baixo da barriga do animal não havia mais carne, e nem órgão sequer, apenas o esqueleto da costela, revestido nos cantos pela pelugem suja de sangue seco.
Nem Xena, nem Gabrielle faziam ideia de como aquele animal estava de pé, e vivo. Mas naquela momento elas tinham questões mais importante com o que se preocuparem, como achar um bom lugar para se protegerem. Aquele javali não ficaria parado ali apenas arruando para elas por muito mais tempo.
Xena olhou rapidamente para trás — mas ainda com certo cuidado para não atiçar o javali — e avistou um carvalho alto o bastante para ela e Gabrielle subirem e ficarem a salvo. Tinha que servir.
— Gabrielle, quando eu disser, você se vira e corre até o carvalho atrás de nós.
Gabrielle concordou com a cabeça. Ela ainda não havia tirado os olhos do animal nem um segundo.
— Agora!
As duas se viraram juntas e correram até o carvalho alto e enraizado, e o javali arrancou atrás delas, arruando ainda mais alto e a espalhando terra por todos os lados.
Xena e Gabrielle alcançaram o carvalho e subiram o mais rápido que puderam, encaixando pés e mãos nas raízes e galhos fortes até chegarem numa altura segura. Elas ficaram em pé em um dos galhos, se segurando na lateral no tronco principal. Menos de um segundo depois que elas chegaram, o javali alcançou a base da árvore. Seu par de chifres batia com força contra o tronco, derrubando um punhado de folhas no chão á cada investida. O javali começou a cavar com as patas pútridas onde algumas raízes saíam da superfície do chão, os músculos expostos á sujeira.
— Como é possível aquilo estar vivo? — Gabrielle gritou em meio a todo aquele barulho. Ela se segurava forte contra o tronco com os dois braços bem abertos. — Nem sequer tem tripas dentro da barriga. Você viu!
— Eu sei! — Xena estava do outro lado do tronco grosso, também se segurando forte. — Precisamos achar um jeito de matar essa coisa.
— Como?
Xena ergueu a cabeça para cima — onde mais folha caíram em sua cara — e notou pequenos gravetos saindo do tronco principal acima de sua cabeça. Pequenos, mas pontudos. Ela ergueu um dos braços e arrancou um, segurando-o junto ao peito.
— Agarre os gravetos acima de sua cabeça e use-os como mini lanças! Eles são pontudos o suficiente!
Xena mirou o graveto que ela estava segurando nas costas do javali, que ainda arruava embaixo delas. O graveto perfurou a carne, mas não surgiu efeito algum.
Gabrielle arrancou um graveto do seu lado e também mirou na região das costas do javali, só que mais na lateral, e também nada. Era como se ele nem sentisse.
Xena arrancou mais um graveto, dessa vez mirando certeiro na cabeça. O graveto atravessou a cabeça do animal, e o javali parou de esmurrar contra a árvore, caindo de lado e ali ficando.
Depois de alguns segundos de espera para ver se o javali estava realmente morto, as duas desceram da árvore e se aproximaram do enorme animal. O javali não se contorcia, nem emitia espasmos, apenas permanecia completamente imóvel no chão coberto de folhas.
— Que droga foi essa? — Gabrielle ainda estava um pouco assustada, respirando mais rápido do que o normal.
— Isso era um... Javali morto-vivo? — Xena arriscou.
— Javali morto-vivo? — Gabrielle pôs a mão na barriga. — Até que faz sentido.
— Sério.
— Não sei. Nem eu sei do que eu estou falando. Vamos apenas... Sair daqui.
— Claro. Vamos pegar a bolsa com as frutas e...
Nessa mesma hora as duas ouviram o estalar de galhos no chão e passos arrastados na folha atrás delas. Muitos e muito passos vindo de trás delas. Xena xingou baixinho e indicou a árvore com o dedo novamente para Gabrielle. As duas subiram novamente e se seguraram no mesmo lugar em que estavam anteriormente, ficando um pouco escondidas por entre as folhas que enchiam e decoravam o tronco da árvore.
Dez, vinte segundos se passaram, e o chão embaixo delas foi invadido por uma multidão. Uma multidão arrastada e mutilada. Centenas de pessoas — que mais pareciam terem saído de seus túmulos para darem um passeio á luz do dia — andavam como um rebanho na mesma direção. Pareciam todos seguirem alguma coisa.
Algumas pessoas estavam sem o braço, outras sem os dois, ou outras ainda que se arrastavam com os braços por falta de uma ou duas pernas. Todos tinham aparência pútrida, de carne se decompondo, o cabelo ralo no couro cabeludo acinzentado e o rasgado temporal nas roupas contribuíam para essa aparência. Nenhum deles falavam ou emitiam algum som humanos, apenas grunhiam, e grunhiam e grunhiam. Passaram todos pelo javali morto-vivo como se nem o tivessem visto caído no chão.
Xena encarou Gabrielle, que estava com os olhos arregalado a encarando de volta, e fez sinal de silêncio com os dedos na frente da boca. Gabrielle, mais uma vez, acenou a cabeça concordando.
As duas ficaram ali, escondidas e em silêncio até toda aquela multidão de defuntos passar e sumir de vista.
Mais uma vez, as duas arriscaram descer da árvore, mas dessa vez com vários gravetos em cada mão, por garantia.
— Tudo bem, o que foi isso agora? — Gabrielle não parava de encarar na direção que a multidão se foi, parecia achar que a todo momento algum deles voltaria.
— Eu tenho quase certeza de que eram zumbis.
— Zumbis? — Gabrielle finalmente encarou Xena, com uma expressão confusa.
— Sim, já li várias vezes sobre eles.
— Não existem zumbis na Grécia. Pelo menos não desse jeito.
— Grécia? — Xena deu uma risada cansada. — Nem sei se estamos mais na nossa dimensão. Prova disso é esse céu laranja.
— O que fazemos agora? Não podemos ficar aqui mais.
— Não mesmo. Mas estou mais preocupada quando anoitecer e recebermos mais visitas surpresa como essa. Vamos.
Xena se virou mais uma vez na direção que os zumbis tinham ido, e deu de encontro com o homem que correu e pulou em sua direção, derrubando os dois no chão. Xena estava prestes a acertar o estranho, quando focalizou no bigode, nos olhos negros e no sorriso de cafajeste.
— Autólycus?!
— Xena, Xena, nos encontramos novamente. — ele então abaixou a cabeça em direção aos seios de Xena, cobertos apenas pelo vestido de couro — e numa bela situação, devo dizer.
— Sai de cima de mim! — Xena o empurrou com um braço para o lado e se levantou na mesma hora. — Como?
— Como eu, você e a loirinha viemos parar aqui? — ele passou a mão pelo bigode e deu uma piscadela para Xena, que retribuiu com um revirar de olhos. — Bom te ver também, Gabrielle. Longa história essa, uma que não temos tempo agora.
— Ah, tem sim.
— Não, não temos. Um grupo de zumbis está me seguindo. Eu gostaria muito de ficar aqui e manter a conversa em dia, mas eu prefiro viver, senhoritas.
Elas todos ouviram grunhidos vindo da mesma direção que a multidão havia passado minutos atrás, e de onde Autólycus havia vindo. Primeiro duas, depois outras quatro cabeças de zumbis despontaram em suas direções. A multidão estava voltando.
Xena se virou para Autólycus, o encarando brava.
— Você os atraiu de volta para cá, idiota!
— Não seja por isso. — ele passou novamente os dedos pelo bigode negro. — Sigam-me.
— e saiu correndo na direção oposta.
Xena e Gabrielle o seguiram na mesma hora.
Cada vez que um deles olhava para trás, mais zumbis apareciam em seu campo de visão. Logo uma multidão estaria atrás deles.
— Você sabe para onde está indo? — Xena perguntou, meio gritando e meio arfando em meio á corrida.
— Mas é claro, minha querida. Hoje eu serei seu salvador.
— Só cala a boca e corre.
Autólycus corria rápido e ágil como uma raposa dentro daquela floresta, desviando de cada tronco e pulando sobre cada pedra como se já conhecesse aquele caminho na palma da mão. E talvez conhecesse muito bem, pensou Xena consigo mesma.
Então Autólycus parou de repente ao lado de uma árvore com um tecido vermelho amarrado a redor do tronco, e Xena estava prestes a gritar de frustração e empurrá-lo para que continuasse a correr, quando ele se abaixou e puxou uma corda do chão, abrindo a porta coberta de grama de uma escotilha camuflada.
— Entrem, rápido! — ele gesticulou com a mão.
Xena e Gabrielle se entreolharam, ouvindo os grunhidos dos zumbis ficarem mais fortes e altos. Eles estavam se aproximando. As duas pularam no mesmo instante. Autólycus entrou logo em seguida, fechando a porta da escotilha com um baque silencioso.
Lá dentro, ninguém teve muito tempo de fazer nada antes que Xena prendesse Autólycus na parede com o antebraço sobre seu pescoço, enfurecida.
— Agora, espertinho, você vai nos contar tudo, exatamente tudo, o que está acontecendo aqui. Agora.


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Notas finais do capítulo

Pois é, essa é a primeira parte do episódio. A segunda parte terá um nome diferente, mas ainda será apenas a segunda parte. Hehehe



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