Caminhamos até uma loja e ele falou:

— Chegamos, mas vai ser surpresa, fecha os olhos Nanda. – falou e eu apenas obedeci, fechei os olhos e adentramos uma das lojas.

O frio da loja invadiu meu pescoço e um arrepio se fez presente.

— Espera só um pouquinho – falou Harry segurando minha mão e eu apenas assenti – Não abre os olhos se não vai perder a graça! – ele falou e eu dei um sorriso fraco e assenti mais uma vez.

Ah mistério... Odeio isso, odeio quando você sabe que algo vai acontecer, mas não sabe oque vai ser.

— Esse aqui. – o escutei sussurrando para alguém da loja, e isso não ajudou em nada, só me fez ficar mais curiosa.

— Acho que você vai gostar – ele falou – Já pode abrir os olhos – ele completou e eu abri meus olhos lentamente, me deparei com uma vitrine cinza, de dois andares, em um porte médio, cheia de jóias.

Estávamos em uma loja de jóias era isso.

Senti algo gélido no meu pescoço e logo percebi, ele colocou um tipo de colar no meu pescoço.

— Ah meu deus Harry! Um cordão! – falei e passei a mão pelo meu pescoço puxando o colar prateado que tinha como gargantilha, um coração também prateado com uma pedrinhas na borda. – É lindo Harry! – exclamei e olhei para ele que sorria. – Obrigada! – sorri largamente e abracei ele.

— De nada – ele falou e correspondeu o abraço. – Queria te dar algo que fizesse você se lembrar de mim – ele falou e eu passei a mão lentamente pelo o colar e olhei para ele.

— Eu vou lembrar Harry, eu vou. – falei e sorri para ele.

Ele sorriu serenamente e os olhos azuis me olharam como se estivessem lendo minha alma, como se soubessem meus segredos mais profundos, meus medos, meus momentos de tristeza, e os de alegria.

Ele puxou minha cintura e me acolheu em um abraço.

— Você está começando a se tornar um vício, moça bonita. – ele falou e sorriu, mas não foi um sorriso comum, foi aquele sorriso! Aquele sorriso que ele me deu no dia que a gente se conheceu no aeroporto.

— Hey! O cinema! – falei e ele abriu a boca em um “o” perfeito e depois fechou.

— A gente vai acabar perdendo o filme – ele falou e entrelaçou sua mão na minha e me puxou para fora da loja.

Caminhamos até a fila do cinema, conversamos sobre coisas banais, como algumas bandas que ele gostava e algumas músicas e então começamos a falar sobre nossas vidas, descobri que ele nas férias ele vai para a casa da tia porque os pais viajam muito já faz um bom tempo desde que ele teve a última conversa com os pais, contei sobre a minha mãe e o meu pai que eu não via muito tempo e começamos a puxar outros assuntos, estava sendo divertido.

— Você tem que escrever uma música para mim! – falei e ele sorriu.

— Eu falei que escrevia músicas, mas não falei que conseguia compor tudo assim tão rápido. – ele falou

— Ah, por favor, vai. - falei dando um empurrãozinho no ombro dele.

— Vou tentar, mas só porque você me dá inspiração – ele falou e eu sorri.

Ficamos alguns segundos calados enquanto a fila andava. Harry estava sendo tão fofo, comigo, estava me mostrando um lado dele que eu não conheco, um lado diferente, um lado que eu não tinha certeza se ele mostrava para todo mundo.

— Harry... – começei quando estávamos a caminho da sala de cinema, iriamos assistir uma comédia romântica qualquer que estava em cartaz.

— Sim... - ele respondeu

— Você já amou quantas meninas? – perguntei sem olhar para ele.

— Para falar a verdade... – ele começou, olhou para o teto do cinema e depois voltou o olhar para mim. – Uma. – ele disse e eu engoli á seco, só uma, uma menina.

— Hum... – falei baixinho.

— Ela foi à única menina com quem eu consegui ser eu mesmo de verdade, a única por quem eu senti tanto ciúme, a única pela qual eu contei várias coisas da minha vida, a única que eu me sinto á vontade em conversar. – ele falou e eu olhei para ele tendo quase certeza de que era eu, mas uma pontinha de dúvida ainda se fazia presente.

— E pensar que ela está bem aqui do meu lado – falou Harry sorrindo divertido e eu parei de andar, fiquei parada no meio do corredor, sem reação, um nó se formou na minha garganta e eu senti minhas bochechas ficando avermelhadas.

Ele parou e me olhou confuso, encarou meu semblante corado e sorriu.

— Hey, vamos assistir ao filme – ele falou e passou um dos braços pela minha cintura me empurrando para frente.

— Harry... Eu... – começei a falar, mas ele me interrompeu.

— Está tudo bem – ele falou – Eu sei que você ainda não está á vontade sobre esse negócio de ficar ou comigo ou com o Bruno, e eu não vou te forçar a nada, Nanda, essa é uma escolha sua, eu só quero que você saiba que eu gosto de você tanto quanto ele pode gostar, mas isso não quer dizer que você tenha obrigação de ficar com um de nós dois, um dia você vai escolher quem você ama e isso não tem que ser agora – ele falou e uma onda de alívio me percorreu.

Harry estava me deixando confortável, ele não estava me forçando a nada, só estava aqui para me fazer esquecer de tudo de está acontecendo no meu coração, para me divertir e passar um tempo comigo. E eu estava me divertindo, eu estava feliz.

— Obrigado - sussurrei e ele sorriu.

Adentramos o cinema e assistimos ao filme, a sala estava um pouco lotada, mas tinha poltronas suficientes para eu sentar do lado do Harry.

Na saída do filme eu e ele ficamos comentando sobre nossas partes favoritas e compramos um sorvete.

— Hum... já são 16:35, acho que já temos que ir – ele falou

— Ah, bom, então vamos – falei e suspirei devagar me lembrando de tudo oque tinha acontecido hoje.

A conversa que eu tive com Bruno, a queda no jogo de Basquete, a briga com Geovanna, o quarto do Harry, as lágrimas que eu derramei o cinema e agora... Ir embora.

— Hey, você tem que ser forte, não chorar mais... – Harry falou

— Eu não vou chorar – falei segura olhando para ele.

— Isso! Ver você sorrindo é muito melhor – ele falou e encarou meu rosto – Agora tira esse bigoge de sorvete do rosto – ele falou sorrindo.

— Ah, que vergonha! – falei passando um guardanapo no canto da boca e ele continuava sorrindo.

— Relaxa, você continua bonita, mesmo com um bigode de baunilha – ele falou sorrindo.

Continuamos conversando por mais alguns instantes e resolvemos pegar um táxi e voltar para a escolar.

... E aqui estou eu novamente, cara a cara com muro de baratas...

— Vai Nanda, quero ver você pulando – falou Harry sorrindo.

Depositei um tapa no braço dele e olhei o muro.

— Bom, talvez se nós fizermos alguns cálculos eu consiga pular sem me machucar, mas eu preciso da altura e do comprimento por... Harry... - olhei ao redor e não vi ele.

— Nanda, eu já pulei ué, achei que você tava trás de mim – escutei uma voz vinda do outro lado do muro.

— Harry quando eu chegar aí vou te dar uns tapas que tu vai ver... – falei pisando no tijolo solto e me pendurando no muro. Ótimo Fernanda, agora é só pular, você consegue. Fechei os olhos e saltei para dentro da escola, felizmente caí em pé e olhei Harry encostado na árvore.

— E não é que a moça bonita conseguiu – ele falou me aplaudindo levemente.

— É, eu sou muito ninja – falei e ele riu.

— Sempre – ele concordou e fomos caminhando até o dormitório dele.

Harry ficou no quarto dele e pediu para mim ficar um pouco mais, mas as aula já iam acabar e com certeza Sofia iria quase voar no meu pescoço para saber de tudo.

Saí do quarto dele e eu já estava atravessando o campus da escola quando alguém tocou meu ombro.

Sorri e falei :

— Harry, eu já disse que tenho que ir por... – antes que eu pudesse terminar de falar me virei e tive uma surpresa, um frio percorreu meu estômago e eu pisquei os olhos rapidamente para constatar o que eu estava vendo, quem estava ali tocando meu ombro não era o Harry e sim o Bruno.