Os representantes da magia - A dama da neve escrita por Amanda Julien


Capítulo 4
Ester - Sinto medo


Notas iniciais do capítulo

Eu demorei um pouco né? Mals gente, eu tento trazer dois capítulos por semana, mas...
P.S: O italico é flashback



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Naquela noite, coloquei qualquer coisa barulhenta na frente da porta do meu quarto e deixei minha adaga do lado da cama. Não queria correr riscos, felizmente nada me acordou.

No dia seguinte, sai do meu quarto e fui rapidamente até a sala onde o Alexandro geralmente me da minhas missões. Ele parecia de mau humor.

― Algum problema, senhor? ― perguntei.

― Se tenho um problema ― ele praticamente gritou ― mesmo que não haja mais lobos, os animais continuam sumindo ― por algum motivo, ele me olhava com raiva. Poxa, que culpa eu tenho sobre isso? ― quero que você descubra o que está acontecendo, entendeu ― por que parece que ele está falando com uma criança?

― Claro senhor ― eu estou me controlando para não dar um murro nele.

― Então vá logo

Nem respondi, para não acabar falando besteira, mas quando ele não podia ouvir...

― Não recebo o suficiente para isso

Eu caminhava a passos duros, então não vi um garoto andando na minha direção e nós trombamos um com o outro, e caímos

― Desculpe, eu não estava olhando... ― ele falou

― Não, eu também não prestei atenção ― respondi

Nos encaramos. Eu não me lembrava dele, parecia ter a minha idade e parecia diferente da maioria das pessoas desse lugar.

― Então... Qual é o seu nome? ― perguntei

― Arthur

― Prazer, Ester

― Hã, você é nova aqui, não é?

― Um pouco ― ri ― por quê?

― Nada, só que geralmente não vem muita gente nova por aqui

― Eu estava só brincando ― tive que rir da cara dele, mas foi quando vi Bruce virando o corredor ― tenho que ir

Dei um “thauzinho” e fui embora. Não estou nem um pouco a fim de encarar aquele tarado de novo

–-------------

Procurei o dia todo pelo que estava assustando o rebanho, mas não encontrei nada. O sol ia se pondo e eu estava cansada de andar pela floresta, estava me preparando para voltar quando ouvi alguém me chamando, no inicio me assustei, mas depois pensei “é só minha imaginação”.

Mas eu fui chamada de novo.

― Quem está ai? ― Perguntei com um pouco de medo

― Um amigo ― respondeu a voz ― um pai

Tremi como uma vara verde, admito. Mas é que eu tinha uma situação... Especial.

Aos cinco anos eu costumava deitar a cabeça no colo do meu avô e nós brincávamos um com o outro, rindo e conversando, mas naquele dia eu queria fazer uma pergunta séria. Já que ele nunca escondeu que não era meu pai

― Vovô, por que o papai não liga para mim?

Ele suspirou, era obvio que temia essa pergunta

― Eu realmente o queria aqui, mas seu pai não pode cuidar de você, minha querida

― Por quê?

― Um dia você entenderá, mas por enquanto, saiba que ele não faz por mal

Nesse momento eu me encolhia e dormia porque sabia que ele não me diria muito

Algumas semanas passaram até que meu irmão chegou. É, ele não podia cuidar de mim, mas ficar engravidando mulheres...

Respirei fundo, essa era uma história antiga, eu tinha que esquecer. Me aproximei da voz, eu tinha que encontrá-la, de alguma maneira.

Fui guiada pela floresta até uma árvore enorme. Dei a volta nela e encontrei uma abertura estranha do tamanho de uma porta. Por dentro ela era totalmente oca e bem capaz de servir de casa. Pensava que isso fosse coisa de filme

― Gostou do lugar? ― Perguntou uma voz

Só então percebi o homem recostado a parede contraria, ele tinha um aspecto estranho e estava usando uma capa longa e preta, e eu não consegui ver seu rosto. Foi difícil lembrar que ele tinha feito uma pergunta. O lugar não tinha nada de especial, era apenas um circulo de madeira sem moveis

― É... Peculiar

― Bom saber que acha isso, minha querida ― de alguma maneira eu sabia que ele estava sorrindo, mas isso não me acalmava

― Por que me chamou aqui?

― Bem ― ele tinha um tom de voz calmo e assustador ― eu queria conversar com a minha garota, afinal, essa é a atitude de um bom pai, não é?

Por um instante pude ver sua boca. Ele tinha presas. Mas não como as de um vampiro, sim como os dentes de um tubarão em uma fileira só

― Você... Nunca foi um bom pai

― É verdade... ― ele riu ― que tal passarmos logo ao que interessa?

― E o que interessa é...?

― Boa sorte

Ele desapareceu

Eu fiqueo boiando, mas aquele cara me deu uma inexplicável sensação de medo. Fechei os olhos. “Está tudo bem” pensei

Grande erro

Quando abri os olhos a árvore tinha mudado. Ela era belamente mobiliada como uma quarto de casal. Em prateado e dourado claro, mas no meio disso, uma cadeira com algo... Alguém amarrado dentro de um saco, e provavelmente também amordaçado. Um homem belo a observava com um sorriso assustador, mas ele parecia familiar. Tinha cabelo negro, curto e bem aparado, os olhos negros e pele clara. Der repente percebi com quem ele se parecia. Comigo.

― Não se assuste ― ele falou para o saco ― se colaborar, começando por ficar bem quietinha, tudo será mais fácil e mais rápido

Seja lá quem estivesse dentro do saco, parou de se mexer. O homem retirou o saco. E tirou a bandagem da vitima. Ali estava uma mulher, mas por algum motivo era como se eu não conseguisse me concentrar nos detalhes dela. Senti um nó na garganta. De alguma maneira eu sabia que ela devia ser muito importante para mim, por algum motivo queria gravar em minha mente cada detalhe do rosto dela, mas não conseguia

O que aconteceu depois certamente seria capaz de me fazer gritar... Se eu estivesse de olhos abertos.

É, talvez eu seja mais fraca do que penso

Tanto faz, agora não me importo mais, eu só quero pegar aquele idiota que fez isso e dar uma boa surra nele. Mas me lembro de algo que ele disse... Um pai? Cara, por que tive que me lembrar disso?

Eu pensei tudo isso enquanto ouvia a mulher chorando baixo. Der repente parou.

Abri os olhos e vi uma cena diferente. O homem corria pela floresta, aparentemente atrás de alguém. Ele resmungava sobre ter sido idiota e baixado a guarda e sobre uma “fugitiva idiota” então eu achei que provavelmente a mulher tinha fugido, e ele... Bem, talvez estivesse com medo de ser preso? Não sei, só sei que ele não iria deixá-la fugir

Quando ele a encontrou, estava rodeada por figuras estranhas, acontecia o mesmo que aconteceu com a minha mãe. Eu não conseguia ver como eles eram, mas sabia que não eram humanos

Ele parecia irritado, mas aparentemente achou que ela não valia a pena o esforço e foi embora

Sai do transe, agora era eu, não aquele idiota, eu estava acordada. Mas estava no que parecia ser uma masmorra

Ouvi a voz de um homem

― É uma pena o que aconteceu, ouvi falar que aquela garota era muito talentosa.

― Realmente, Ester era nossa maga. Ela fazia aquilo que os soldados normais não podiam fazer

Me espantei ao reconhecer a voz de Alexandro. Afinal, por que estão falando de mim como se estivesse morta?

Meu cabelo caiu sobre meu rosto. Cabelo loiro. Mas espere, eu sou morena!

Então me lembrei da sensação que senti ao ver o homem, me lembrei que o mago superior me dissera uma vez que algumas criaturas tinham sua própria aura, e me deu alguns exemplos, um deles era um feiticeiro das trevas que fez com que eu não dormisse a noite. E eu senti mais medo daquele cara. Meu “querido papai” (infelizmente eu não podia negar essa parte) me dava medo por que eu sentia que ele era um feiticeiro do pior tipo. Alias, se bem me lembro, era possível trocar os corpos de duas pessoas, mas proibido, por ser terrivelmente mais difícil reverter a transformação. Bem, ninguém nunca reclamou dessa ordem

― Ela tinha família? Amigos? Será difícil dar a noticia para eles

― Bem, não, ela chegou aqui há pouco tempo

― Entendo.

Uma fina faixa de luz saia de um dos cantos da sala, me aproximei de lá para olhar, porem o sol parecia queimar minha pele

― Mas como... o que está acontecendo?

Algo me passou pela cabeça. Levei a mão á boca e senti meus incisivos mais pontudos do que nunca.

Trocar de corpo era uma ideia assustadora, mas descobrir que a dona desse corpo era uma vampira...


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