Chamas do Dragão escrita por Melzinha


Capítulo 7
Capítulo VII "Memórias que machucam a alma"




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Chamas do Dragão

Por Mel

Capítulo VII

Memórias que machucam a alma

Li jogou a cabeça para trás demonstrando todo seu cansaço. Acabara de receber uma ligação de Eriol dizendo que estava tudo ajeitado e que os convidados acordaram sem se dar conta de que havia algo errado. Então coube a ele ligar para Tomoyo avisando do ocorrido, ou melhor 'inventando' o ocorrido. Sabia que ela e o avô logo viriam para o hospital. Olhou pela janela vendo Sakura adormecida. Teve vontade de entrar no quarto, mas não queria causar mais problemas. Ela parecia uma boneca porcelana, invejava as deusas do Olimpo. Se conhecessem Sakura, certamente Afrodite perderia o trono de mais linda dos deuses. Não soube quanto tempo a observou assim, quieta e doce na cama do hospital. Era incrível como aquela mulher delicada conseguia mexer com ele. Estivera tanto tempo afogado em sua amargura que esqueceu-se por completo da sensação que o acometia quando ela estava perto. Lembrou-se da conversa que tiveram antes do ataque, ela realmente pensava que ele queria roubar as cartas.

Se havia pensado tantas vezes em uma forma de humilhá-la, por que doeu escutar isso?

Fizera de tudo, o possível e o impossível para detestar aquela menina boba que lhe roubara as cartas. Cada dia do treinamento desejava vingança pela humilhação que ela o fizera sofrer. Até se imaginou lutando com ela, roubando-lhe as cartas. Mas agora tudo mudara. A situação tirou a venda de seus magoados olhos. Tinha impressão de que não adiantaria nada ter reunido as cartas, ela seria a dona de qualquer jeito. Algo na presença dela mudava todo mundo mágico. Sakura era alguém muito importante...Alguém que tinha o poder de atrair criaturas mágicas para perto dela...Alguém capaz de ter inspirado um mago de vidas passadas a criar cartas para protegê-la.

Desviou os olhos para o teto branco. Estava cansado, a batalha lhe custara muito esforço, seus olhos embaçavam hora ou outra. Sentiu as pernas fracas, sentou-se no banco de frente para janela dela.

Como seria o mundo sem ela afinal? Não, melhor! Como seria seu mundo sem ela afinal? Amando-a ou odiando-a ela sempre fez parte de seus pensamentos, de suas loucuras, de seus desejos. Não houve um dia se quer que ela não lhe causasse algo. Pensou que afastando-a de si, ignorando-a, iria acabar com esse encantamento que ela causava nele, mas tudo piorou quando se reencontraram.

Passou a noite em claro pensando em como ela estava linda, em como crescera, em como era doce, quente. E agora ele estava ali, no hospital, aguardando notícias como um tolo preocupado. Tinha noção de que não era nada grave, a presença dela continuava forte o que era um pouco preocupante dado a situação que se encontravam, com esses monstros radares atrás dela, mas não pôde conter suas emoções. Estaria ele se apaixonando de novo? Não! Não podia estar apaixonado de novo...por alguém que sempre ocupara o seu coração. Era óbvio que o que sentia pela menina, não era nem perto amizade ou saudades. Era como um fogo abrasador...

Foi a primeira vez que ela chegou tão perto da morte.

Socou o pilar instintivamente e sem querer fez um buraco no mármore ao lembrar-se da horrível cena que presenciara. Ela iria morrer, se não tivesse recebido ajuda, se Eriol e os outros não tivessem percebido a situação, aquela delicada flor de cerejeira estaria estraçalhada, fria dura. Mais um corpo, mais uma vítima e ele? Provavelmente estaria louco de tanta dor. Levou a mão no peito. Não, não não! Isso não podia acontecer... Droga de coração! Se pudesse o arrancaria do peito.

A olhou discretamente de novo e desejou trocar de lugar por um só instante. Desejou que a dor dela fosse a sua.

Tomoyo: "Syaoran?" (O chamou tirando-o de seus devaneios) "Viemos assim que pudemos".

Li viu o pequeno grupo entrar na sala de espera e para sua surpresa, Naomi e o Ryu também vieram, talvez para mostrar condolências, afinal o acidente ocorrera na mansão deles, e Masaki era um sócio muito importante para a empresa.

Syaoran (Levantando-se e cumprimentado-os com a reverencia chinesa): "Agora está tudo bem".

Masaki (Tenso): "Conte-nos exatamente o que aconteceu".

Syaoran: "Bem, eu fui tomar um ar no jardim e -..."

Era como se um caminhão carregado a tivesse atropelado e para não juntar evidências do crime, a jogaram de uma ponte. Cada pedacinho seu doía tanto que mal conseguia se mexer. Aos poucos abriu os olhos cansados, não sabia se pela batalha, se pelo trauma, ou simplesmente por cansaço acumulado. A luz a incomodou obrigando-a a piscar várias vezes, quando finalmente sua visão estabilizou deu de cara com uma simpática senhora que segurava um estetoscópio.

Medica: "Senhorita Kinomoto?" (Chamou como se não tivesse certeza de que ela a estava ouvindo) "Como se sente?".

Como se sentia? Sentia-se péssima, não! Pior do que isso, sentia como se uma manada de elefantes a tivesse pisoteado várias vezes.

Sakura (Calmamente): "Tudo dói...Não consigo fazer...movimentos bruscos. Aii! Também não consigo me virar direito" (Reclamou apos a tentativa frustrada de se posicionar)".

Medica (Colocando-a sentada, para examinar os pulmões): "Não é para menos, a sua queda foi feia mocinha. Por acaso tem noção do risco que correu? (Ela balançou a cabeça murmurando algo sobre 'os jovens de hoje em dia') "Você está cheia de hematomas, uma costela trincada, o tornozelo e o braço luxados, um dedo do pé quebrado" (Riu um pouco) "Parece que você foi atacada por um animal, e não que caiu da varanda, de tantas lesões que conseguiu".

Sakura (Engoliu seco): "Devo ter batido em várias coisas antes de cair, aquela casa é cheia de grades, estátuas entalhadas na parede (Revirou os olhos, era uma péssima mentirosa) Devo ter caído em cima do dedo...tentado me segurar...Não me lembro direito, na verdade".

Medica (Escutando o coração): " Isso é normal depois do trauma. O bom é que você foi socorrida rapidamente, o que tornou tudo isso mais um grande susto do que um acidente".

Sakura (Olhou pela janela, percebendo a claridade): "Que horas são?".

Medica: "São meio-dia, depois dos exames e do remédio para dor, achei melhor mantê-la essa noite no hospital, mas assim que comer, receberá alta"(Examinou os olhos verdes): "Como não quebrou nada que pudesse ser preocupante, e o trinco que deu na costela não abalou a estrutura do osso, e não vai atrapalhar seus movimentos...Exceto pela dor, talvez, ou um certo incômodo na região." (Sentou-se ao pé da cama) "Creio que não há motivos para eu mantê-la no hospital. Sinto informar que por uns quatro dias a dor vai ser muito intensa, mas depois ela vai melhorar, na medida em que tudo cicatrizar. O tornozelo que você luxou é o mesmo do dedo quebrado, então achei melhor imobilizar, mas em uma semana quero vê-la novamente, e creio que já será possível retirar o gesso".

Sakura: "Estou fora da ativa...(Reclamou de novo)... por quantos dias?".

Medica: "Duas semanas no mínimo, me disseram que você pratica esportes...Isso vai levar um tempo também, não queremos que isso piore, não é meu bem? (A viu balançar a cabeça negativamente) Então um mês sem esportes radicais... O braço foi uma luxação leve, por isso caso sentir muita dor, eu lhe darei uma tipóia, mas não acho necessário".

Sakura (Ajeitando-se): "Quando posso voltar para aula?"

Medica: "Em quatro dias a dor estará bem mais controlada, ai já conseguirá sentar. Quanto a subir escadas, não sei se sua faculdade tem elevador, melhor pedir ajuda para alguém, e ir de vagar...Vou te receitar alguns analgésicos.".

Sakura (Bocejando): "Certo"

Medica: "Tem várias pessoas esperando por notícias suas (Levantou-se) Hora de fazer o relatório médico (Dizendo isso saiu do quarto)".

A linda menina então olhou pela outra janela, que dava para o corredor do hospital e viu o avô e a prima de pé conversando com a simpática médica, Naomi e seu irmão estavam sentados. Surpreendeu-se ao ver a ruiva lá, o olhar cansado revelavam que ha algum tempo a magia do sono havia acabado. Li estava encostado num pilar um pouco distante dos outros. O mesmo olhar sério de quando era menino. Sorriu sem querer lembrando do tempo em que eram uma dupla na captura das cartas. Bons tempos. Boas recordações.

Tomoyo foi a primeira entrar, e quase se jogou em cima da menina que se contraiu obrigando-a a reclamar de dor novamente. Aos poucos o quarto estava cheio. Corou ao perceber a confusão que se metera.

Tomoyo (Colocando a mão na testa da prima): "Como se sente?".

Sakura (Rindo sarcasticamente): "Como se um monstro tivesse me esmagado até a quase morte (Reclamou um pouco) E depois me jogado para longe".

O chinês a olhou atravessado fazendo-a se encolher. Sem querer riu, a história verdadeira parecia tão irreal, que cair da varanda e bater nas estatuetas decorativas parecia bem mais possível.

Masaki: "Você nos deu um grande susto, meu bem...Ainda bem que Li estava lá para socorrê-la (Sorriu para Syaoran) Eu te devo muito meu rapaz".

Syaoran (Tentando parecer natural): "Foi uma grande sorte que fui atender uma ligação lá fora bem na hora (Mentiu descaradamente)

Makasi: "Mesmo assim, talvez uma outra pessoa não teria a reação que você teve".

Syaoran: "Sakura e eu somos amigos de infância, o mínimo que eu poderia fazer era tentar socorrê-la da maneira adequada".

Sakura (Sorrindo para ele): "Muito obrigada, por tudo...Nem sei como agradecer por ter me socorrido".

Li a encarou demoradamente, será que ela se lembrava de tudo? Será que lembrava que fora falha dele? Por que ela o agradecia dessa maneira? Por que aquele sorriso estonteante nos lábios? Por que? Tinha algo de errado com aquela garota. Ela não enxergava as coisas de forma normal...Ela sempre via coisas boas. Ela não viu sua falha, e sim sua tentativa de salvá-la. Sorriu, sem querer, mas sorriu de volta para ela.

O herdeiro Kimura entortou os lábios um tanto contrariado a ver os dois interagirem daquela maneira, até em conhecer a mulher por quem se interessara antes Li conseguira ser mais rápido, mas se o chinês achava que ia ganhar essa batalha estava muito enganado. Já estava de olho em Sakura há muito tempo, desde quando a vira pela primeira vez no pique-nique que o pai fizera há dois anos atrás, lembrava-se como a imagem da jovem entrando com um simples vestido branco e um chapéu da mesma cor com um gracioso laço cor-de-rosa o encantou...E depois que pedira transferência para a Faculdade Federal de Tomoeda, tentava cercá-la de todos os jeitos possíveis. Olhou agora para ela rindo com Li como se lembrassem de algo saudoso. Uma pulguinha o perturbou atrás de sua orelha...Queria saber mais dessa história, desse passado que os ligavam. Seria essa a causa dos 'foras' que ela dava, não só nos rapazes como nele próprio?

Ryu (Sem conter a curiosidade): "Não sabia que se conheciam a tanto tempo...Pensei que se conheceram na faculdade."

Sakura "Na verdade..."(Fazendo conta com os dedinhos): "Desde quando tínhamos dez anos".

Um mal-súbito se apossou de Naomi por alguns segundos. Ela sabia que eles se conheciam e até desconfiava de algo a mais entre eles, mas amigos de infância? Amigos mesmo? Li era um homem que chamava pouquíssimas pessoas de amigos, estreitou os olhos sobre a mestra das cartas. Tudo fazia sentido agora. Os dois na cantina juntos, as conversas que sempre tinham, o olhar preocupado de Syaoran. Eles eram amigos. As conclusões tomando conta de sua mente liberavam um combustível para o fogo de sua inveja.

Ryu (Tentando parecer casual): "E como se conheceram?".

Syaoran (Com a voz um pouco superior): "Eu, ela e Tomoyo estudamos juntos até os treze anos, então tive que voltar para China e começar meus estudos para os negócios".

Naomi (Prestando atenção): "Foi a época que seu pai morreu, não foi?".

O guerreiro respirou fundo. Sim, fora sim, a pior época de sua vida, quando o pai morrera e o deixara nas mãos daqueles anciãos prepotentes, cheios de ganância e tradicionalismo. Seus treze anos era uma das partes de sua vida que queria esquecer...Foi nesse tempo que fora obrigado a deixar Tomoeda, quando fora obrigado a deixá-la... Olhou para Sakura que o olhava com atenção, os olhos verdes refletiam algo tão extraordinário que recusou-se a desviar o olhar. Nunca havia dito isso a ela, é verdade... Disse que precisava resolver um assunto inacabável...Então a tortura começou, os treinamentos, os estudos...As cartas que ele não podia responder, as cartas que ele não queria mais ler... A força que fazia para odiá-la. Como pôde ser capaz de tentar odiar uma criatura tão delicada quanto ela?

Syaoran: "Sim, com a morte do meu pai, eu como o único homem da família tive que assumir grandes responsabilidades, tive que voltar para a China sem opção".

Ryu: "E vocês dois ... (Hesitou) mantiveram contato (Pigarreou) Desde aquela época?".

Syaoran (Limitado): "Sakura e eu tivemos e temos muitos assuntos em comum"

Tomoyo riu da cara contrariada dos irmãos Kimura com a afirmação. O chinês olhava para a mestra das cartas como se fizesse uma grande força para tirar uma grande carga de suas costas, como se houvesse uma explicação plausível do porque não continuara em Tomoeda, do porque nunca respondeu uma carta. Os olhos dourados tinham um misto de preocupação e culpa, como se quisesse voltar atrás e fazer diferente. Os verdes eram plácidos, compreensíveis, e doces como sempre foram.

Masaki (Interrompendo a triste história): "Sei bem como é isso rapaz, meu pai morreu jovem e comecei cedo dos negócios. Isso nos amadurece mais rápido (Olhou para a bisneta) Como se sente florzinha?"

Estava um tanto confusa com essa revelação, mas não ia falar isso para o bisavô, com certeza. Tratou de colocar um sorriso no rosto e disfarçar as emoções.

Sakura (Doce): "Estou bem dolorida...A médica disse que essa semana as dores serão intensas, e depois vão melhorando gradativamente" (Respirou fundo, sentindo o tórax pesado).

Masaki: "Eu imagino, bom acho melhor você ficar em casa esses dias, Madame Natsu cuidará muito bem de você".

Uma exclamação gigante invadiu seu cérebro. Não! Ela não poderia ficar em casa, não com essas criaturas atrás dela. Tinha que dar um jeito de proteger o bisavô...Agitou-se na cama, o que fez seu tórax doer ainda mais.

Sakura (Aflita): "Não vovô, não precisa!Posso ficar no dormitório da faculdade".

Masaki (Contrariado): "O que, mas por que? Sakura você precisa de cuidados. Além do mais vocês duas sabem a minha opinião sobre morar numa república, enquanto poderiam ficar na mansão (Balançou a cabeça) Eu não sei onde que eu estava com a cabeça quando vocês me convenceram"

Sakura: "Vovô eu posso ficar muito bem com a Tomoyo lá, o senhor foi ver o quarto, exigiu que fosse o maior da faculdade, reformou, decorou...O que ha de errado em ficar lá?"

Masaki (Um pouco vencido): "Qualquer coisa que me deixe longe de vocês duas me deixa irritado (Suspirou) Eu sei que já estão crescidas, e que agora têm uma vida pela frente (Riu um pouco triste) Eu só sou um velho bobo querendo viver a moda antiga"

Ela fez um sinal para o bisavô se aproximar, e com muito custo conseguiu abraçá-lo. Li assistia a tudo calado, e sem querer admitir, um pouco encantado, pena que o mesmo sentimento era compartilhado por Ryu, que não desgrudava os olhos de Sakura nem por um momento.

Sakura: "Não existe nada nesse mundo que possa me afastar de você vovô, é só que...(Levou a mão as costas) Eu não sou a minha mãe, eu não estou acostumada com esse tipo de coisas.".

Masaki (Ainda abraçado): "Eu sei meu bem eu sei, mas é que esses dias, não sei...Eu estou com...(Segurou o rosto dela entra as mãos) com tanto medo de te perder, como se você estivesse em constante perigo".

A mestra das cartas arregalou os olhos sem querer, e escondeu o rosto no peito quentinho do avô. Tomoyo e Li trocaram um olhar demorado, enquanto que Naomi observava a cena com uma certa nostalgia. Ryu não estava entendendo o que acontecia, mas teve uma vontade imensa de abraçar aquela linda e delicada mulher.

Sakura: "Agora o senhor vai ficar tranqüilo, vai voltar para casa, tomar o chá que o médico te receitou e dormir um pouco".

Masaki (Se levantando da cama): "Está certo, vou assinar os papéis da alta e te levo para faculdade".

Syaoran (Interrompendo): "Pode deixar que eu as levo. Eu moro na rua da faculdade." (Olhou para ela, encolhida pela dor)

Naomi (Nervosa): "Não acho que seja necessário, vai roubá-la do bisavô dela desse jeito, depois de toda essa demonstração de carinho?".

Syaoran (Olhando a ruiva atravessado): "O Senhor Masaki está cansado, não tem mais a nossa idade, alem do mais, fica ridiculamente perto de onde estou hospedado...".

Naomi (Se recompondo): "Eu sei, mas, você está no hospital há tanto tempo, não é? Antes de nós."

Ryu (Cortando qualquer explicação de Li): "Eu também posso levá-las, você já fez muito vindo até aqui e ficando até agora".

Syaoran (Seco): "Não há necessidade, já disse que as levo".

Ryu (Com a voz um pouco contrariada): "Está bem então, se você quer assim (Olhou para a irmã) Vamos Naomi, já está tudo resolvido"

Masaki: "Muito obrigado por terem vindo. Apreciei muito a preocupação".

Ryu: "Não podíamos deixar de vir, alem do mais meu pai é mais do que qualificado para cuidar dos últimos convidados. Falando nisso ele falou que irá visitá-la assim que possível. Ele gosta muito da senhorita, ele vive falando que a senhorita seria a nora ideal para ele".

Sakura corou violentamente, e Tomoyo observou rindo o olhar furioso que Li lançou para Ryu.

Naomi (Seca): "Melhoras, Kinomoto". (Pensando) 'Tomora que você morra no caminho. Que ódio...Isso não vai ficar assim'.

Sakura (No mesmo grau de secura): "Obrigada".

Saíram do hospital a passos rápidos. Ryu decidido a conquistar Sakura e Naomi a matá-la. Dois sentimentos tão opostos causados por uma mesma pessoa. Seria isso possível?

Masaki (Beijando a testa da mestra das cartas): "Eu vou indo meu amor, mais tarde eu passo na faculdade para ver como você está (Fez uma careta) já que não quer ficar sob meus cuidados".

Sakura (Sorrindo): "Está certo vovô...".

O elegante ancião os deixou a sós, não antes de agradecer o rapaz não só por salvar sua florzinha, mas por oferecer carona também, e foi assinar os papéis da alta. Tomoyo encarou os dois, desconfiada, sabia que eles estavam escondendo algo, mas a troca de olhares que eles davam estava intensa de mais. O que perdera por causa dessa magia do sono?

Sakura (Se remexendo de vagar): "Nossa, dói de mais" (Levou a mão a testa num claro sinal de que queria que tudo acabasse logo).

Syaoran (Preocupado): "Não deveria se mexer tanto"

Sakura (Sorrindo): "Não consigo ficar parada"

Syaoran (Riu um pouco): "E eu não sei? Mas deveria tentar...".

Tomoyo: "Nisso o Li tem razão" (Ficou mais séria): "Agora, vocês dois não me enganam, eu já sei como é a sensação de acordar após o uso de magia. Podem contar o que aconteceu pedacinho por pedacinho".

Sakura: "Foi um outro ataque" (Respirou fundo) "Eu senti uma presença estranha e..."

JAGUAIDGIUAGDUIAD

O mundo dos cristais era algo diferente de qualquer outro já narrado. Diferente da forma comum de exílio que todos imaginavam, o gelo eterno era pior do que o fogo que jamais se extingue. O deserto sem vida, solitário... a escuridão como única companhia...Plutão era o lugar mais distante do sistema solar, o lugar mais triste onde alguém ou algo poderia existir. Longe da luz, tragado pela noite eterna. Sem amor, sem paz, sem vida, sem nada.

E lá estava ele, Kay, o príncipe do gelo, observando através da bola de vidro a doce princesa sentada na cama do hospital, protegida pelo abominável guardião da chama sagrada. A cena se repetia de novo. Quebrou a taça de cristal sem se importar com o sangue negro que escorria de sua mão.

Conhecido como o príncipe da escuridão, Kay tinha tudo o que alguém poderia desejar materialmente. Poder, escravas, riquezas... Seus muitos servos, seu gigantesco exército do mal, do qual se orgulhava tanto. Mas, mesmo assim, havia algo que lhe faltava em sua solitária eternidade. Uma rainha, para reinar sobre as trevas a seu lado. Alguém com poder suficiente para ser obedecida por todo universo. Olhou pela janela observando seu imenso batalhão.

Nada poderia deter seu poder, talvez apenas a princesa, mas isso logo seria resolvido. Sua força crescia todos os dias, e sem que houvesse necessidade de investir. Cada vez que alguém desejava o mal do outro, sentia inveja, ciúmes, inventava histórias, fofocas, odiava, ou qualquer outra coisa negativa, as trevas se fortaleciam e as almas exiladas ganhavam poderes inimagináveis e uma fome insaciável por corações puros esmigalhados entre os dentes.

A angústia era um alimento doce para os espíritos condenados. A missão era fazer a humanidade se odiar a cada dia, esquecer o amor... Um mundo sem amor. O grande caos! Mas... Isso só poderia ser possível se a chama fosse totalmente extinguida. Se a luz que acalma os corações, aquece as almas, consola os tristes, dá força ao cansado fosse eliminada. A chama do dragão, o poder supremo do universo, a origem de tudo...Estava dentro da única mulher que sempre desejou, naquela que o fez vender a alma para as trevas pelo simples fato de tocá-la. A princesa do reino norte...

Não adiantara em nada todos os seus esforços...A única coisa que conseguira fora poder, o que tinha um gosto muito doce, mas não era o suficiente. Tentara controlar o coração dela, e teria conseguido se seu irmão não tivesse acabado com tudo. O guardião do templo sagrado, o guardião da chama da vida, seu irmão caçula, com características físicas extremamente diferentes, apesar das duas raras belezas.

Kay tinha cabelos acinzentados como as nuvens e olhos azuis como safiras, seu porte físico quase se igualava ao do irmão, a não ser por dois centímetros a menos na altura, empatavam em quase tudo, exceto na espada onde Syaoran sempre fora superior...Eram de certa forma amigos, até que ela surgiu e acabou com tudo. Os dois se apaixonaram pela mesma mulher, e ela só escolheu um para amar...E mais uma vez Kay foi o renegado.

Mas seu amor por Sakura era fortíssimo, chegava a uma possessão, se não a tivesse, morreria. A gota d'água ocorreu em um baile real onde viu os dois se beijando apaixonadamente...Quando ele contou que a pedira em casamento. Ela se entregara naquele beijo, não era um toque qualquer...Era um toque de amor. Kay a queria mais do que qualquer coisa na vida...Tanto que foi capaz de deixar que o mal do universo o consumisse só para acabar com a vida do irmão...

Só não esperava que a batalha que teria que travar, muito menos que ela fosse a inimiga que tinha que combater e menos ainda que ela se mataria por causa de Syaoran...Quando viu o irmão definhar pensou que tudo estaria certo, que seu desejo finalmente se realizaria. Então a viu pular do penhasco e cair nos braços da morte, na direção do corpo dele. Como ela pôde? O fato de ter permitido que as sombras vivessem nele, o deu vida eterna...Mas sem ela do que valia?

Esperou por séculos a volta dela... Sorria ao ver seu exército aumentar a medida que a intolerância entrava no coração dos seres humanos, enquanto a esperava.

Enquanto esperava sua rainha.

O crescimento do seu batalhão, fez as forças do bem entrarem em alerta e mandarem Sakura de volta ao mundo...Havia esperado tanto tempo para reencontrá-la, e quando finalmente a beleza dela se revelou capturando as cartas mágicas, o guardião também estava lá! Ele sempre esteve lá... Mas por algum motivo, ele a deixou após a transformação das cartas. Pensou que esse era o momento propício para se aproximar, mas sentiu uma explosão de energia negativa dobrar o poder de seu exército em segundos. Quando olhou para terra descobrira o que estava alimentando seu poder dessa maneira. Pela primeira vez na história do universo o guardião estava tentando odiar a princesa. Com satisfação no coração de gelo, fez o mais correto no momento, aumentou ainda mais os motivos de odiá-la... E tudo estava indo bem até eles se reencontrarem. Seria possível que o amor daqueles dois era tão forte que as investidas durantes todos esses anos fora em vão?

Bufou de ódio, sentiu vontade de explodir o planeta... Por isso mandou matá-la, deu ordem para seus soldados acabarem com ela, e roubar a chama do dragão... A chama que ela carregava dentro do coração. Sorriu de lado, pensando que finalmente teria o coração dela para si, não da forma que imaginava claro, mas mesmo assim, se ele não a tivesse ninguém mais a teria.

Aquela chama capaz de incendiar o universo. Ele a queria, iria dominar tudo, mas para isso precisava ou da princesa ao seu lado, ou da chama em suas mãos.

Voz: "Mestre?".

A linda jovem entrou na sala do trono, com os olhos baixos em sinal de reverência.

Kay (Apagando a bola de cristal): "Fale Miaka, conseguiu o que eu te pedi?".

Miaka: "Sim mestre, as moças estão a sua espera na sua cama, como o senhor pediu, presas apenas pelos braços..."

Kay (Encarando o teto): "Perfeito".

Ele olhou profundamente para sua assistente, e percebeu as pernas tremendo. A morena de olhos negros e profundos como a escuridão de Plutão permanecia parada.

Kay: "O que te perturba, Miaka?" (Chegou perto dela fazendo a moça desviar o olhar) "Acaso tem dó dessas meninas que vendem a alma para mim?".

Miaka: "Não, senhor... Dó é um sentimento que eu nunca senti, mas é que...".

Kay: "Não tenha medo" (Os olhos profundamente fixos nos dela)

Miaka: "Eu tenho uma dúvida, meu senhor" (Hesitou, mas ao ver o sinal de consentimento, respirou fundo e continuou) "Se odeia tanto a princesa guardiã da chama do dragão, porque quer que o feiticeiro real transforme as moças que se deitam com o senhor na imagem dela?".

A morena tinha intimidade com o príncipe. Ele já a fizera sua várias vezes, e era normal que ela tivesse esse tipo de dúvidas, afinal ciúmes era um sentimento comum em Plutão, e algo que deixava as almas escuras ainda mais interessantes.

Kay (Segurando o queixo dela): "Miaka, minha cara. Preciso me divertir. E nada mais divertido do que machucar a imagem da nossa inimiga não acha? (Ela estava com medo e ao mesmo tempo encantada, quando vendera a alma para o mal não imaginava que ia se apaixonar pelo príncipe do gelo)

Miaka: "Entendo" (Olhou para baixo): "Elas estão a sua espera, senhor".

Reverenciou novamente antes de virar para sair, mas sentiu a mão de seu mestre segurá-la delicadamente.

Kay: "Koar já chegou?".

Miaka: "Sim senhor, ele está na sala de estratégias, parece que descobriu algo sobre uma certa chama misteriosa"

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Sakura (Corada): "Eu posso muito bem caminhar sozinha"

O chinês a carregava delicadamente no colo, como se carregasse algo frágil e leve, ela não queria que ele fizesse essas coisas. Estava confusa de mais, cheia de dúvidas, e aí vinha ele com uma delicadeza que ela apostava que ele usava com todas as suas amantes, ajudá-la a ir para o quarto, e pior, a cena parecia um filme de romance barato quando o noivo pegava a noiva e dava o primeiro passo dentro do apartamento que seria seu futuro e eterno ninho de amor. Não queria sentir o que estava sentindo, não queria se enganar de novo, sofrer...Queria se vacinar contra toda dor do coração.

Syaoran (Tomando cuidado para não machucá-la): "Deixa de ser teimosa, você não consegue nem levantar a perna, quanto mais subir a escada".

Tomoyo: "Isso é verdade, alem do mais, são só mais alguns degraus".

Sakura (Fazendo careta) : "Vocês combinaram para me provocar, eu aposto, não gosto de depender de ninguém".

Tomoyo: "Fique tranqüila prima, só são alguns dias e-"

A morena abriu a porta dando passagem para os dois, só não esperava encontrar uma festa dentro do apartamento. Kero e Spinell estavam brigando e jogando videogame de futebol, Yue e RubyMoon flutuavam no ar em posição de meditação, Misuki estava acomodada no sofá observando Eriol que olhava perdidamente pelo vidro, segurando uma caixinha de camurça vermelha nas mãos.

Tomoyo (Um pouco incomodada com a invasão): "O que todos fazem aqui? Poderiam ter me avisado que viriam".

Misuki (Sorrindo): "Nós tentamos ligar no celular...Mas o assunto que vamos tratar é de tanta urgência, que resolvemos esperá-los"

Syaoran mantinha Sakura em seus braços, e sem querer confessar aproveitava o perfume gostoso que aquela mulher tinha. Ela estava um pouco contrariada, e isso era claro, mas parecia que ela ficava ainda mais bonita com aquele tom de vermelho no rosto. Delicadamente a colocou sentada no sofá e só a largou quando teve certeza que ela estava bem instalada.

Eriol olhou demoradamente para a mestra das cartas, que se assustou com o que viu refletido nos olhos do amigo. Era uma sensação de perda. Seria isso mesmo? O inglês segurou mais forte a caixa de camurça, movimento que não passou despercebido pelo chinês ou pela morena, ainda desconfortável. Clow dirigiu-se até Sakura e se ajoelhou na frente dela, Misuki sem querer riu, ela sabia que ele adorava provocar seu descendente.

Eriol: "Querida Sakura eu não via a hora que você voltasse"

Ela o olhou sem entender, sim para quem estava vendo de fora pareceria um pedido de casamento, mas para a menina que olhava profundamente os olhos de Clow, sabia que havia algo muito importante dentro daquela caixa. Nessa altura do campeonato, Li estava se segurando para não pular naquele pescoço engomadinho, e Tomoyo segurava seu coração para que não saísse pela garganta. Ele não teria coragem, teria?

Sakura: "O que está acontecendo, amigo?".

Eriol: (Segurou a caixinha) "Querida Sakura...".

Continua...


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Notas finais do capítulo

Aiiii Jesus!!! Será que o Eriol vai pedir a Sakura em casamento????? Uiiiiii hahahahahahahahhaha estão gostando??? Contem para mim!!!!



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