Uma Nerd e um Gângster escrita por Risadinha


Capítulo 1
Quando nos conhecemos.


Notas iniciais do capítulo

Não tenho muito o que dizer, só...
Boa Leitura.



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Antes de tudo aquilo acontecer, minha vida era comum, simples e fria. Era as mesmas rotinas, os mesmos passos e falas, tudo como um script. Eu acordava, falava coma minha mãe, ia para à escola, tirava as melhores notas e voltava pra minha casa, onde eu me trancava em meu quarto no silêncio absoluto... Sem insultos... Sem brincadeiras... Sem nada.

☁☁☁

Olhava pela a janela o belo dia que fazia do lado de fora, com um céu alaranjado da tarde acompanhado com as belas nuvens brancas. É, a garota estava hipnotizada por aquelas vista. Mas seus pensamentos são interrompidos pelo o som do sinal. Todos da sala se levantam, pegando seus coisas, e iam embora em grupos.

Fez o mesmo, pegou seu material e colocou em sua bolsa, que por curiosidade, tinha um chaveiro de um coelho branco de pelúcia. A garota pegou sua bolsa, colocou sobre o ombro e se levantou.

- Mari, pode vim aqui um segundo? - Chamou o professor.

Como dito, ela se chamava Mari Ming Onette. Tendo na média de 1,60, acompanhada com sua pele clara e delicada. Possuía cabelos longos, porém nem chegavam na sua cintura, com a tonalidade azul forte, e para acompanhar, um laço preto nos dois lados do penteado. Seus olhos eram azuis como o cabelo, porém tendo seu brilho próprio.

- Algum problema, professor?

Conhecido como Var, era o professor do ensino fundamental. Alto para um adulto, tendo sua pele mais clara que o de Mari. Ele possuía cabelos brancos, com um pedaços de mechas rosadas, que eram a mesma cor de seus olhos. Sempre foi um professor severo mas muito amado por seus alunos, por ter uma grande carisma com todos.

- Poderia ir na secretária e grampear esses papeis para mim? - Esticou uma papelada para a jovem. - Tenho muita coisa para fazer e não to com tempo pra isso.

- Tudo bem. - Como sempre, ajudando o professor.

Ele sorriu pela a resposta. Var sempre confiava em Mari para ajuda-lo nos deveres, já que era uma aluna exemplar.

Pegou os papeis e saiu da sala, indo em direção à secretaria para fazer o que foi pedido. Passava pelo o corredor movimentado, cheio de pessoas rindo com seus queridos amigos e amigas. Mas algo era de diferente naquele cenário, era o fato de Mari estar andando sozinha, sem alguém ao seu lado para fazer companhia. Não tinha amigos, companheiros e nem parceiros, sempre ignorada e isolada.

Ouviu uma confusão vindo do corredor. Não via nada de errado, mas todos estavam em alertas com aquela gritaria. Mari continuava o seu caminho, sem nenhum medo ou algo do tipo. Até que...

- Já falei, me deixe em paz! - Gritou alguém.

Correndo na direção que vinha, aparece um garoto correndo desesperado. Ele estava com uma expressão de assustado e a pele pálida. Ele passou por ela, continuando a correr, dando a vista a pessoa que o perseguia.

Naquele momento, foi nosso primeiro encontro. O tempo tinha parado, deixando nós dois nos olharmos bem. Eu tinha parado de andar, em quanto ele vinha em minha direção, sem desviar o caminho. Seu olhar sério deixaria qualquer um com medo, mas eu não achava isso, e sim... Muito bonito.

O rapaz tinha mais de 1,70, mostrando o qual alto ele era. Seu cabelo arrepiado e preto, dando vista a sua personalidade violenta. Seu olhar sério acompanhada pela coloração prata. Seu uniforme todo bagunçado e sujo, como se tivesse caído no chão violentamente. Sem mencionar dos arranhões que se encontrava em sua feição.

Mari não se moveu, congelou no mesmo instante. Devia ter desviado na hora que viu o rapaz vindo em sua direção com o punho fechado, mirando nela. Tudo aconteceu muito rápido, quando se deu conta, já estava no chão. O moreno acertou um soco em cheio no seu nariz, fazendo a azulada cair para trás pelo o impacto. Os papeis se espalharam pelo o chão ao cair. O jovem nem ligou para a garota, passou por ela e voltou a correr atrás do garoto.

- Nossa... - Começaram os sussurros sobre o acontecimento.

Ainda caída, sentiu o nariz escorrer. Se levantou aos poucos, se apoiando com as mão no chão, até sentir o líquido quente escorrer de seu nariz e pinga sobre os papeis. Sangue.

- Alguém deveria ir ajuda-la. - Menciona alguém.

- Eu não, vai você. - Disse outra pessoa.

E novamente, todos se recusam a se aproximar de mim.

Ignorou. Reuniu todas as folhas e se levantou, tomando seu rumo. Em poucos instantes, chega na secretária, chamando atenção por onde passava.

- Com licença. - Pede a garota. - Posso pegar o grampeador emprestado?

A moça olhou para ela confirmando, mas logo arregala os olhos ao ver o nariz da garota escorrendo sangue. Não disse nada, não conseguia.

Depois que grampeou as folhas, Mari voltou para a sala onde estava Var. Seu nariz já tinha parado de sangra, mas continuava a doer. A azulada entrou e viu o professor sentado na mesa, que estava cheia de trabalhos para serem corrigidos, em quanto tomava um café em uma caneca lilás com o desenho de um coelho da mesma cor.

- Continua com o vício do café, professor? - Perguntou Mari se aproximando.

- Café é uma bebida tão saborosa. - Dizia ele com um sorriso no rosto. Depois olhou para Mari, vendo o estado da garota. - O que aconteceu?

- Um garoto me acertou sem querer. - Fala sem importância. Esticou os papeis para o rapaz. - Desculpa, sujo um pouco.

Alguns papeis estavam com os pingos do sangue que escorreu do nariz de Mari. Com um olhar preocupado, Var pegou os papeis e os colocou sobre a mesa. Pôs a mão no bolso e tirou um lenço, assim entregando para ela.

- Aqui, limpe seu nariz.

- Obrigada. - Pega o lenço e o passa onde estava manchado pelo o sangue.

Sua camisa estava um pouco suja também, mas só lavando para tirar.

- Já posso ir agora? - Perguntou de uma vez.

- É claro. Mas antes... - Pegou uma borracha e esticou até a jovem. - Entregue isso aqui pra ele, por favor.

- Tá. - Pegou o objeto.

Se virou e viu um garoto sentado na última carteira, ao lado da janela. Foi andando até ele calmamente, até que reconheceu seu rosto. Era o mesmo rapaz que tinha a atingido no corredor. Seu uniforme estava mais bagunçado, igual ao seu cabelo, e em seu rosto alguns hematomas. Ele olhava pela janela, descontraído.

Chegou perto e colocou a borracha sobre sua mesa. Viu que ele estava fazendo uma prova no momento, mas apenas ele. Não disse nada, continuou em silêncio. Mas algo chamou muito atenção de Mari, era o fato do rapaz ter feito desenhos nos lugares das respostas, desenhos de coelhos.

- Desenhos? - Pensou estranhando aquilo.

Não tinha muito interesse em saber o motivo de ele ter desenhado aquelas coisas. Após entregar a borracha, saiu da sala, se despedindo de Var antes, e indo é para sua casa. O caminho até seu lar não era tão longe, podia ir muito bem a pé.

Depois de 10 minutos, Mari chega na sua casa. Abriu a porta e entrou, sentindo o conforto. Tirou os sapatos para que não sujasse o piso, em quanto ouvia o som de alguém descendo a escada.

- Você chegou cedo hoje. - Disse a voz de uma mulher.

Na cerca dos 30 anos, a moça não demonstrava nenhum sinal de sua idade. Tinha os cabelos longos e azuis, porém presos no momento por uma fita. Os mesmo olhos azuis, tendo longos cílios. A moça parecia mais uma versão adulta de Mari do que a mãe dela.

- Tive que fazer um favor para o professor. - Menciona em quanto entrava apenas usando meias.

- Entendo. - Diz sorridente, mas logo percebe o uniforme da garota manchado. - O que é isso? - Se aproxima com um olhar preocupado.

- Sangue. - Diz tranquilamente.

- Eu sei o que é! - Responde impaciente. - O que eu to querendo dizer é, como conseguiu?

- Um garoto me acertou, só isso. - Fala em quanto ia em direção à escada. - Não se preocupe.

Olhou a filha subindo as escadas, com seu olhar preocupado.

- Passe um gelo, ok?

- Tá.

Respirou fundo e soltou um ar pesado. Mari sempre agiu dessa forma, de como se nada fosse tão importante, apenas os estudos.

Entrou no quarto, ligou a luz e colocou sua bolsa sobre a cama. Tirou o casaco de seu uniforme, ficando mais à vontade.

- Meu nariz ainda dói. - Pensa.

Foi para frente do espelho e viu que seu nariz ainda estava vermelho pela pancada. Pôs a mão delicadamente e sentiu uma pequena dor, fazendo desencosta dos dedos. Por um instante, lembrou daquele que a tinha acertado. Permaneceu sem expressão.

- Tão incomodante. - Sussurra.

Pegou um laço e amarrou o cabelo como um rabo de cavalo, o apertando bem. Com uma das mãos, abriu as pálpebras de seu olho esquerdo, depois, usando a mão livre, pôs com o dedo indicador dentro de seu olho, logo tirando uma lente de contato. Colocou a lente dentro de uma caixinha. Voltou a se olhar e viu seus olhos bipolares, o esquerdo tendo uma coloração vermelha, e o direito uma coloração azul.

- Mari, poderia ir no mercadinho compra algumas coisas para mim? - Grita sua mãe do andar de baixo.

- Claro. - Não chegou a gritar, pois sua mãe era acostumada com Mari falando baixo desse jeito.

Tirou o uniforme, trocando por uma roupa mais confortável. Desceu a escada, encontrando-se com sua mãe na cozinha. Sentiu o cheiro de cozido ao entrar no lugar, um cheiro muito gostoso.

- Quero que você compre alguns legumes para a janta. - Dizia ela em quanto mexia na panela.

- Tá bom. - Sem esperar, saiu da cozinha indo para fora de casa.

- Bote o casaco, tá frio lá fora!

- Pode deixar. - Responde quando colocava o agasalho.

Colocou o dinheiro no bolso da bermuda e foi embora. Teria que dar mais uma caminhada até a lojinha, que não era tão longe assim. Percebeu que já estava escurecendo, no que resultava no frio da noite. Não demorando muito, chegou no local.

Entrou no estabelecimento e foi logo pegando os ingredientes e os colocando em uma sacola.

- O que vocês querem dessa vez? - Ouve uma voz do lado de fora.

Vendo pela vitrine, Mari viu um grupo de garotos do outro lado, cercando um rapaz. Todos estavam muito agitados, querendo arrumar confusão.

- O que eles ganham fazendo isso? - Pensa, procurando uma resposta.

Após ter pegado tudo que precisava, se direcionou até o caixa. Em quanto o rapaz passava os produtos por uma máquina para ver o preço, Mari olhava a confusão lá fora.

- Eles vivem fazendo confusões aqui perto. - Menciona o jovem. - Já chamei a polícia, mas nada adiantou.

- Quem são eles? - Pergunta sem tirar os olhos da briga.

- Parece que são de uma gangue ou algo do tipo. - Dizia com desgosto. - É melhor nem mexer com esse tipo de pessoa.

Não disse mais nada, apenas continuava com seu olhar fixo. Logo a confusão vai acabando, com alguns garotos machucados indo embora, e apenas um ficando.

- Desculpe, eu não tenho trocado. - Fala o moço pegando um produto e colocando sobre a bancada. - Poderia aceitar esse bolinho em troca?

- Pode ser.

Do tamanho de sua mão, era um bolo enrolado com um recheio de creme por dentro, e cobertura de chocolate em cima. A embalagem muito bem feita fazia a azulada sentir mais fome ainda.

Saiu da lojinha com uma sacola com os ingrediente e na mão o bolinho, o fitando. Após atravessa a porta, percebeu a presença do garoto sentado na calçada perto da vitrine. Dando leves passos, viu que era o mesmo rapaz que a tinha acertado mais cedo. Ele olhava para o chão com um olhar triste, em quanto sentia os machucados de seu rosto doerem.

Mari parou de andar e olhou para ele, sem motivo algum. Logo o moreno olha para ela também, sem expressão alguma. Se fitaram sem dizer uma única palavra, até o moreno decidir dizer algo.

- Você não é aquela garota de mais cedo? - Perguntou ele.

- Hã? - Não estava aprestando muita atenção, algo muito raro de se fazer.

- Eu fiz isso, né? - Aponta para o próprio nariz, mostrando que o da garota continuava vermelho.

- Não fez por querer, tá tudo bem.

- Foi mal, eu não queria te acerta. - Passa a mão pela a nuca. - Ainda tá doendo?

- Não muito. Mas e você?

- Eu o que?

- Está machucado, mais que eu. - Olhou seriamente. - Foi aqueles garotos que fizeram isso com você?

Olhou para o céu estrelado em silêncio, em seguida, dando de ombro.

- Quem sabe. - Disse como um desabafo.

Sabia da resposta, mas queria ouvi-las saindo da boca do moreno. Se virou para frente e começou a andar.

- Tenho que ir, então... - Não sabia o que mais dizer. - Até.

Não ouviu o rapaz dizer uma única palavra após a despedida, o que incomodou Mari, novamente, algo raro de acontecer. Parou de andar e olhou para o lanche em sua mão, ficando pensativa.

Se virou para o moreno de repente.

- Você... Você quer um pedaço?! - Acabou dizendo um tom animado, sem querer.

Ele olhou para ela confuso.

- O que?

- Eu comprei isso aqui. - Mostra o bolinho. - Não consigo comer tudo isso sozinha, então você quer um pedaço?

Continuou com o mesmo olhar, entendendo nada que ela dizia.

- Pode ser.

Não sabia o motivo mas ficou contente com a resposta. Se aproximou dele e se sentou ao seu lado, colocando a sacola perto de seus pés. Abriu a embalagem, dando de vista para a deliciosa sobremesa.

- Estranho. - Menciona o rapaz.

- O que?

Separa o bolo ao meio, dando uma para o jovem e Mari ficando com a outra.

- Muitas pessoas se me vissem desse jeito, correriam. - Dar uma mordida, e continua a falar com a boca cheia. - Por que não faz o mesmo?

- E por quê eu faria isso? - Dar uma pequena mordida.

- Sei lá. - Diz pensativo. - Eu sou um garoto de gangue que vive batendo nos outros e de pavio curto, qualquer um se assustaria em ficar perto de mim.

Olha para Mari e ver que ela tinha se afastado um pouco dele.

- Você é o que? - Pergunta um pouco assustada.

- Para ser exato, um Gângster. - Dizia sem muita importância, depois olhando sério para ela. - Algum problema?

- Ne-Nenhum. - Nega com as mãos. - É que, pensei que isso não existisse.

- É, todos pensam assim. - Come o último pedaço que sobra.

Como o moreno, Mari termina seu lanche.

- Tem uma coisa de diferente em você. - Menciona olhando para a azulada.

- Como assim?

- O seu olho, ele não era assim quando eu vi. Sabe, eram azuis e agora, é azul e vermelho. - Ergue uma sobrancelha.

- É que eu nasci com os olhos de cores diferente, como você pode ver.

- Eu percebi, mas quando eu te vi, você não era assim. Eram azuis - Aponta. - os dois.

Olha surpresa para ele. Não esperava que alguém notasse essa diferença. Se levantou e olhou reto.

- Eu uso lente para que meus olhos fiquem da mesma cor.

- Por quê?

- Porque as pessoas acham que eu sou uma estranha desse jeito. - Olha para ele. - E eu não gosto que elas achem isso de mim.

Olhou Mari bem, depois dizendo:

- Eu não acho. - Faz a jovem ficar surpresa outra vez. - Eu gostaria de ter olhos assim.

E aquela foi a primeira vez que o vi sorri, o que me fez se sentir do mesmo jeito.

O moreno abriu um pequeno sorriso, demonstrando sua outra personalidade.

- Acho que sim. - Deu as costas e começou a andar. - Está tarde, já vou indo.

- Valeu pelo o lanche! Estava uma delícia.

- Não foi nada.

Começou a andar, até ouvir a voz do rapaz.

- Sou Sieghart! - Mari se vira para ele. - Mas todos me chamam de Sieg.

- Prazer, Sieg.

Nunca pensei que isso fosse acontece, mas eu sentia uma certa felicidade naquele momento.

- Sou Mari. - Demonstra um pequeno sorriso. - Até amanhã.

Acenou em quanto ia embora, que logo teve que apressar o passo para chegar em casa rápido. Tinha que ter chegado a bastante tempo, mas parou para conversa com o garoto que nem deu conta do tempo.

Silenciosamente, abriu a porta para que não chamasse atenção. Foi até a cozinha e colocou a sacola das compras sobre a mesa, em seguida suspirando por não ter encontrado sua mãe ainda.

- Você demorou. - Aparece na porta da cozinha.

Se aproxima das compras e as tira da sacola, prontas para usa-las. Esperando ainda pela janta, Mari se senta.

- Eu tava conversando com alguém. - Fala normalmente.

- Como assim "conversando"? - Olha desconfiada.

- Eu encontrei aquele garoto que tinha me batido hoje mais cedo. - Dizia pensativa. - Ele estava na frente da loja.

Sem dizer nada, sua mãe põe as mãos em seu rosto, esfregando como se conferisse algo.

- O que aconteceu? Ele te encurralou em um beco e roubou tudo que você tinha?! Ah meu Deus, ele te bateu? - Começava a fazer milhares de perguntas sem esperar a resposta.

Mari olhava pro lado, em quanto sua mãe continuava a conferir a garota.

- A gente só conversou. - Fala, fazendo a mulher se afasta lentamente. - Nada demais.

Com o olhar ainda desconfiado, foi para panela pia cortar os legumes que a jovem tinha trazido.

- Espero que ele tenha se desculpado pelo o que fez.

- Sim, ele se desculpou. - Se levanta e vai até o cesto de fruta, sobre a pia, e pega uma maçã. - E disse também que é de uma gangue.

Deu uma mordida, em quanto sua mãe a olhava assustada. Foi para seu quarto, com sua mãe a olhando ir para as escadas.

- Como assim ele é de uma gangue?!

Acabou não ouvindo por já ter chegado no quarto.

- Minha filha tá comprando drogas e eu não sei? - Sussurra.

☁☁☁

Olhava inexpressiva para os livros a sua frente. Realmente, a biblioteca do colégio era cheia de livros onde Mari poderia se distraí, assim não teria que encarar os outros alunos. Pegou uns três e os seguraram com as duas mãos, em seguida andando até fora do lugar, se algo não a interrompesse.

- Olá, Mari.

Um trio de garotas aparecem na frente da azulada, impedindo que ela continuasse.Parou de andar e deu alguns passos para trás, assim ficando uma distância moderada entre elas.

- Vocês, de novo. - Menciona Mari já prevendo o que aconteceria.

- Soubemos que você anda ajudando o professor Var nos deveres. - Diz a do meio, que seria a única a falar.

- Ele anda com muito trabalho para corrigir, então eu estou o ajudando.

A garota se apoia com a mão sobre os livros que Mari carregava, fazendo a jovem segurar com mais força o peso.

- Ele não precisa da sua ajuda. - Diz ela com um tom sério. - Ninguém precisa.

- Nem ao menos souber da sua existência. - Fala a outra ao lado.

Apertou os lábios, os contraindo para que não abrisse a boca e dissesse algo de errado. Olhou para o lado, desviando o olhar das garotas.

- Você já sabe o que fazer, não é? - Continuou com a voz irritante.

Sem dizer nada, Mari confirma balançando a cabeça. As garotas sorriram satisfeitas, e logo a do meio se desapoia dos livros da azulada. Deu alguns passos para trás para ir embora com suas amigas, mas acaba esbarrando em algo atrás dela.

- Ei, olha por onde -- Para de falar ao ver o garoto atrás da mesma.

Sieghart a encarava com um olhar mortal, além de ser muito mais alto que a garota. Olhou assustada, mas teve que manter a compostura.

- O que vocês estão fazendo com a Mari? - Pergunta.

- Estamos apenas conversando. - Diz uma delas.

Olhou para Mari e viu o olhar dela, abaixado e distraído. Não conhecia a garota o suficiente mas sabia o que estava acontecendo com ela.

- Sobre o que?

- Não é da sua conta. - Olhou com raiva para ele.

Ao ouvir essas palavras, Sieghart pegou a garota pela gola da camisa e a levantou facilmente, a tirando do chão. Suas amigas se assustaram com a atitude do rapaz, ao contrário, Mari não reagiu de forma alguma.

- Você gosta de maquiagem? - Perguntou o moreno calmamente.

- Me solta! - Implorava a garota perdendo o ar.

- Eu te fiz uma pergunta. - Sua voz saiu fria e séria. - Gosta de maquiagem?

- Si-Sim, eu gosto! - Respondeu desesperada.

- Que bom. - Abriu um longo sorriso, que para Mari, não era o que já tinha visto antes, e sim, um de forma sádica. - Acho que você vai gostar do meu tipo de maquiagem, sabe, lábio cor vermelho sangue e uma sombra roxo hematoma, o que acha?

- Não, eu não quero! - Fala com a voz chorosa. Para qualquer um, dar de cara com Sieghart era pedir para não voltar nunca mais, pois o rapaz tem a fama de ser violento em todos os casos, sem exceção.

O moreno continuava com o sorriso em seu rosto, até olhar para Mari e ver sua expressão de reprovação. Nunca ligou muito para o que os outros vissem e falasse dele, sempre ignorava da mesma forma, só que o olhar da azulada era diferente, algo que ele se importava.

- Não vale a pena fazer isso. - Menciona Mari. - Estará apenas gastando suas energias com elas.

Deu as costas e seguiu o caminho até uma mesa, onde se sentou e colocou os livros sobre a mesma.

- Elas estavam te perturbando. - Continuava a segurar a garota pela camisa.

- De fato. - Abri um livro e começa a lê-lo. - Mas usar a força física não vai concerta nada, só piorar a situação, além de você levar uma suspensão por isso.

O sorriso de seu rosto some para uma expressão pensativa. Logo solta a jovem, que caiu no chão e se levantou e saiu correndo, e solta um suspiro. Suas amigas fizeram o mesmo, correram para longe em quanto soltava insultos.

- Você é muito certinha. - Resmunga, andando até ela.

- E você muito erradinho. - Não tirava os olhos da leitura.

Se sentou na cadeira a frente dela, se debruçou sobre a mesa e fitou Mari com um olhar sério. Ignorou e continuou a ler, mas aquele olhar sobre ela começava a incomoda-la de alguma forma.

- O que você faz aqui? Você não para estar com seus amiguinhos de gangue?

- Bem, ontem você disse "Até amanhã", e hoje é o amanhã de ontem. Então aqui estou eu.

- Era só uma forma de se despedir. - Pensa Mari. - Como ele pode levar isso literalmente?

- Pensei que você não precisasse estudar. - Olha para ele.

- É que eu sou obrigado a vim pra essa droga de colégio, como eles dizem, para aprender. - Falava preguiçosamente. - Dar pra acreditar?

Confirmou com a cabeça.

- Você também não. - Abaixou a cabeça, se escondendo entre os braços.

- Posso te fazer uma pergunta? - Fecha o livro.

- O que? - Levanta o rosto.

- O que você faz quando não tá no colégio?

Fechou os olhos e pensou na resposta.

- Eu mato pessoas. - Diz sério.

Mari o olhou também séria, escondendo o medo que sentia no momento. Viu que o rapaz estava falando sério, porém não conseguia acreditar.

- Nha, eu tô de sacanagem! - Fala brincalhão, soltando uma risada em seguida. - Você acreditou mesmo?

- É claro que não. - Diz aliviada.

- Tá, mas falando sério. - Para de rir. - Eu fico com o meu pessoal, trabalhando.

- Quando você diz o seu pessoal, está dizendo a sua gangue, certo?

Confirma com a cabeça.

- Só por curiosidade, o que vocês, gangues, fazem? - Sabia que devia parar com as perguntas mas estava muito curiosa em saber sobre o assunto.

- Conquistamos territórios, quanto mais melhor. Também há outras coisas que nós fazemos, só que é melhor você não souber. - Diz com um olhar misterioso.

Entendeu o que aquilo queria dizer, chega de perguntas.

- Isso é estranho. - Menciona a azulada com o olhar baixo. - Você é um valentão, praticamente, mas qual o motivo de está conversando comigo? Ninguém desse colégio gosta de mim.

Olhou ela sem expressão.

- Ninguém também gosta de mim. - Fala o rapaz chamando a atenção de Mari. - Todos tem medo de mim, então ou eles se afastam ou eles me insultam, que no final acabam machucados. - Falou pensativo. - O que eu to querendo dizer é, você foi a única que falou comigo sem medo. - Abri um pequeno sorriso.

Eu não sabia o que dizer ou como reagir. Desde o jardim de infância, sempre fui ignorado pelos meus colegas de classe, e isso continua até hoje. As pessoas se afastavam de mim por eu ser fria demais, ou insensível, ou chata, ou... Qualquer coisa que estivesse relacionada a mim. A única amizade que eu posso dizer que tive é a que tenho com Var, o meu professor. Só que com o Sieghart é diferente, é como se ele soubesse como é ficar sozinho, com todos se afastando de você. Eu sentia que ele me entendia, e que eu o entendia...

- Digo o mesmo de você. - Foi a única coisa que conseguiu dizer.

☁☁☁

Se passaram uns dois dias depois daquela conversa, que terminou brevemente. Eu e o Sieg conversamos poucas vezes, dificilmente nos víamos por eu está sempre ocupada com os deveres e ele com as suas confusões que sempre era resultado de briga. Mas depois de ter o conhecido, os dias no colégio eram mais felizes, melhores que os anteriores. Ele não era a melhor companhia do mundo, só que era melhor do que se ignorada.

- Sieghart faltou? - Var estava fazendo a chamada no momento.

Mari olhou em volta e viu que o rapaz tinha faltado, o que era raro de acontecer. O professor marcou a falta do moreno e continuou com a chamada. Mesmo sabendo que devia ter sido bobagem Sieghart não ter vindo, a azulada sentia um mau pressentimento sobre aquilo.

Novamente, se passaram mais três dias e nada do moreno vim à aula. Como previsto, Mari ficou preocupado com ele. Algo tinha acontecido com ele, só que a jovem não podia fazer nada em relação à isso. Esperou a aula termina para ir embora.

- Mari. - Chamou Var.

Foi até a mesa do professor, que antes de ela chegar, ele esticava umas folhas para ela.

- Eu sei que é estranho pedir isso para você mas como á a única mais próxima dele. - Deu de ombros. - Isso aqui é do Sieghart, uma prova que ele fez recentemente. Poderia entregar pra ele quando o visse?

- É claro. - Pegou o trabalho e colocou com cuidado na bolsa para não amassar.

Após guarda as folhas, se despediu de Var e foi embora. Teria que dar uma caminha até em casa, o que fez Mari pegar a prova que Sieghart tinha feito e conferir. Precisava de algo para se distraí, e olhar os erros dos outros era uma ótima ideia, só que ela não sabia que encontraria tanto erro assim.

- Desenhos? - Sussurrou.

Parou de andar para conferir se aquilo era mesmo o que ela via. Folheou as folhas e viu que tinha apenas desenhos de coelhos nos lugares das respostas, como tinha visto naquele dia. Nada melhor que um grande zero na nota.

- Ele vai acabar sendo reprovado desse jeito.

Guardou a prova e continuou o caminho. Sem nem percebe, já estava em casa. Abriu a porta e entrou, estranhando logo em seguida que as luzes estavam desligadas.

- Será que ela saiu? - Pensou.

Tirou os sapatos e os colocou em um canto. Deu alguns passos e sentiu algo estranho, um péssimo pressentimento. Assustada, abriu a boca para chamar sua mãe, mas é impedida. Sua consciência é apagada quando Mari é acertada na cabeça por trás, a fazendo apagar no mesmo instante.

Não sabia quanto tempo tinha se passado desde que tinha sido acertada, mas fazia um bom tempo. Sua cabeça doía bastante, principalmente na parte de trás. Seus pulsos estavam apertados pela corda que a amarrava.

Seus olhos foram abrindo aos poucos, dando vista primeiramente a escuridão de sua casa, logo se clareando pela luz do lado de fora. A metade de seu rosto estava colado no chão, a fazendo se sentir bem desconfortável. Fez uma força com o corpo para se levantar, porém acabou ficando apenas ajoelhada, pois ainda estava fraca para se manter em pé.

- Ah, você acordou.

Ficou em alerto quando ouviu aquela voz. Olhou para o lado e viu um garoto sentado no sofá, mas não só ele, havia alguns outros em sua casa, uns 3 ou 4 para ser exato. Todos usavam roupas básicas e escuras.

- Quem... - Engoliu seco. - Quem é você?

- Você não precisa saber. Agora, qual é o seu nome? - Perguntou seriamente.

- Mari. - Sua voz saiu seca.

- Hum.

Se levantou do sofá e foi até a garota. Se abaixou perto dela e a olhou bem.

- O que você é do Imortal? - Perguntou.

Olhou confusa.

- Quem?

Impaciente, o garoto pegou os cabelos azuis de Mari e o puxaram, levantando o rosto dela. Soltou um pequeno grito de dor.

- Não banque a idiota. - Sua voz saiu áspera. - O que você é dele?

- Não sei de quem você está falando.

Rapidamente enfiou a cara de Mari no chão, se levantou e colocou o pé sobre sua cabeça.

- Sim, você sabe! Um garoto de cabelos pretos e espetados, lembrou agora?

Pelas características Mari reconheceu de quem ele estava falando, mas não conseguia entender o que aquele pessoal queria com ela.

- Está falando do Sieghart? - Perguntou com dificuldade.

Tirou o pé de cima dela e cruzou os braços. A azulada levantou seu rosto aos poucos, depois olhando para o garoto. Quando finalmente o olha, recebe um chute na costela, gerando uma grande dor no local atingindo.

- É esse idiota mesmo. - Falou ele indo se sentar no sofá.

Tossia à procura de ar. Fechou a cara para segurar a dor que sentia, uma dor que nunca tinha sentindo antes.

- Parece que você é amiga daquela coisa. - Olha com nojo para ela. - Como pode?

- Quem são vocês?! - Grita de repente. - O que querem comigo?

- Somos de uma gangue rival do seu amiguinho e, bem, ele está devendo umas coisinhas para gente. - Apontou para a mesma. - E você será nossa isca para atrair ele.

Olhou indignada para o rapaz, como podia fazer aquilo só para atrair Sieghart? Pela primeira vez, sentia raiva por uma coisa. Abriu a boca para dizer uma coisa, mas acaba sendo impedida por uma voz no fundo da sala.

- Mari, não faça nada.

Olhou em direção a voz e viu sua mãe do mesmo jeito que estava, amarrada, porém com alguns machucados em seu rosto. Antes da chegada de Mari, sua mãe tinha sido pega e por sinal, tentou revidar e acabou recebendo o troco.

- Mãe... - Se sentiu profundamente culpada.

Se levantou e saiu correndo até sua mãe, mesmo sabendo que estava fazendo um grande erro. Um garoto que estava ao lado de sua mãe foi andando até a azulada e quando chegou perto dela, a acertou com um soco em seu rosto. Caiu no chão na hora.

- Fique onde está. - Avisou o rapaz que a tinha acertado.

Sentiu sua bochecha fica vermelha pela pancada, o que a deixou com mais raiva ainda. Não conseguia controlar aquela emoção, só queria acabar com tudo aquilo de uma vez.

Levantou o corpo com dificuldade, até se manter sentada. Ele veio novamente até a garota e a chutou entre os seios, a fazendo cair no chão novamente.

- Eu mandei ficar aí!

Rangia os dentes pela dor que sentia.

- Por favor, não coloque minha mãe no meio disso. - Pede Mari com sua voz fraca.

- E se eu disser não?

O garoto foi até a mãe da azulada, se abaixou perto dela e abriu um sorriso insano.

- Por favor... Não faça nada com ela. - Implorava. - Faça em mim, não nela!

Viu o rapaz levanta a mão e fechar o punho, pronto para acerta sua mãe. Mari fechou os olhos e só ouviu o barulho do soco a acertando e um grito de dor. Não ouviu mais nada, então decidiu abrir os olhos, se deparando com a mulher apagada no chão.

- Ei, chefe! - Chamou o jovem massageando sua mão. - A gente não tem que mandar uma imagem pro Imortal? Deixar ele com o sangue fervendo.

- Imortal? - Pensa Mari. - Devem estar falando do Sieghart.

- É uma boa ideia. - Menciona o jovem ainda sentado no sofá.

Tirou do bolso um celular. Deu algumas tecladas e mirou na direção da azulada, vendo um ângulo certo da câmera.

- Que tal um sorrisinho? - Sorri, provocando a garota.

Continuou séria, até que recebeu um chute nas costas. Soltou um grunhido de dor.

- Ele disse pra sorrir. - Falou o garoto atrás dela.

Segurou os cabelos de Mari e a puxou, até que ela se ajoelhasse. Se abaixou perto de suas costas e passou sua mão pelo o rosto dela, até que chegasse em seus lábios e colocasse o dedo em cada canto do mesmo. Esticou sua boca, fazendo um sorriso forçado.

- Olha o passarinho. - Disso o rapaz de forma brincalhona.

Tirou a foto de Mari e depois sorriu vendo o resultado. Após isso a azulada sentiu uma enorme vontade de ataca-los, portanto, os dedos do jovem que continuava em sua boca foram mordidos pela mesma, com muita força, que chegou a sangrar.

- Maldita! - Gritou em fúria.

Puxou com toda força sua mão, tentando tirar os dedos da boca da garota. Conseguiu tirar a força, rasgando sua pele no processo, até mesmo uma das bochechas de Mari pela a unha. Ambos gritaram de dor.

- Você é ridículo. - Disse em quanto observava do sofá a situação.

- Ela me mordeu. - Reclamava em quanto via os dedos escorrendo sangue.

Mari continuava no chão, com seus lábios manchado pelo o vermelho do sangue, o mesmo valendo para sua bochecha. Sem mover um músculo, olhou para os garotos e viu um deles vindo em sua direção, aquele que tinha sido mordido.

- Você vai me pagar. - Foram as últimas palavras que ela ouviu antes de sentir as dores constantes.

☁☁☁

Olhava fixamente para o chão, em quanto sentia seu nariz escorre sangue e pinga no pisa que sua mãe tinha limpado faz um tempo. Seu rosto com alguns hematomas e arranhões da punição que havia recebido.

- Ele tá demorando. - Falo o menino com uma expressão impaciente.

- Relaxa, ele vai chegar. - Disse o "líder" calmo pelo jeito.

Mari nem escutava a conversa, estava em um mundo totalmente distante, onde nada daquilo estava acontecendo. Não se lembra quando, mas estava sem sua lente, a qual escondia seu olho diferente.

Sua atenção é chamada pelo o som do toque de um celular. Era do garoto, que logo atendeu. a expressão dele foi mudando, ficando mais séria. Desligou o celular e se levantou do sofá.

- Ele tá vindo e não parece muito feliz, pelo o que me disseram. - Apontou para a porta. - Mande os outros ficarem de guarda, tento impedi-lo a qualquer custo.

- Entendido.

- E você. - Olhou para Mari. - Vem comigo.

A pegou pela gola da camisa e começou arrasta-la, porém a jovem se levantou e conseguiu acompanhar com os passos atrapalhados. Subiu a escada sendo puxada, a que fez tropeça e bate com a canela nos degraus. Uma dor insuportável.

- Anda logo!

A puxou violentamente, assim continuando a andar. Chegou no segundo andar e o rapaz abriu a primeira porta que viu e entrou, levando Mari junto. Era o quarto da garota. Largou a jovem brutalmente, que acabou caindo no chão, e trancou a porta.

- Eu tenho que fazer alguma coisa, não posso esperar que alguém chegue e me salve. - Pensa calculista a garota.

Ouviu uma barulheira vindo do andar de baixo, parecia que estava tendo uma confusão. Gritos e som de coisas se quebrando foram ouvidas, deixando o jovem líder apreensivo.

Mari olhava as costas do rapaz livre, pronta para serem acertadas.

Não havia outro jeito, eu tive que fazer aquilo.

Rapidamente se levantou e avançou contra ele. Deu um salto e abriu sua boca o máximo que pode, assim depositando seus dentes no ombro do garoto. Mordeu com todo força que tinha, resultando no sangue jorrando da ferida e do grito exagerado do rapaz.

- Vadia! - Gritou com a raiva visível em sua voz.

Se sacudiu tentando se soltar, mas cada vez que tentava se livra, pior era a dor. Segurou com as duas mãos a cabeça da jovem e a puxou pelo os cabelos. Sem muita escolha, o garoto joga o corpo para frente, fazendo Mari cair para o outro lado e se soltando do mesmo.

- Desgraçada! - Pôs a mão na ferida, que estava bem feia. - Agora você vai me pagar.

Viu ele tirando um canivete do bolso da calça, o que fez a azulada arregala os olhos. Se levantou o mais rápido que pode e quando percebeu o rapaz vindo em sua direção, Mari desviou, porém tomando um corte no braço. Para seu azar, o garoto conseguiu a pegar, a segurando pelas pontas do cabelo.

- Não ligo se você é amiguinha daquele idiota, eu vou te matar agora!

Levantou a faca e a desceu rapidamente. A lâmina passaria bem no seu pescoço, no entanto, a jovem da um impulso para trás, fazendo ele erra. A faca passou direto pelo seu cabelo, assim o cortando ao meio e a libertando, mas acabou se atrapalhando e caindo no chão de bunda.

- O que? - Perguntou o garoto vendo a grande quantidade de fios azuis em sua mão.

Com raiva, jogou em um canto e voltou a andar até a garota. Vendo que ele vinha em sua direção, Mari recuava até bater com as costas em uma parede, mostrando o seu fim.

- Agora você é minha! - Disse sorridente.

Antes que fizesse algo, a porta do quarto é arrombada brutalmente. Com medo, o garoto olhou para trás, assim vendo na escuridão a sombra do que mais temia.

- Eu vou acabar com a sua raça! - Gritou Sieghart se aproximando.

O moreno estava com sua roupa amarrotada e rasgada em alguns lugares, além de está manchada com por pingos de sangue. Em seu corpo se encontrava alguns curativos, principalmente em seu rosto, que no momento estava com uma expressão assustadora.

Não deu nem tempo do rapaz reagir, Sieghart partiu pra cima dele com os punhos fechados e uma raiva incontrolável. Mari ao ver no que aquilo resultaria, fechou os olhos. Apenas ouviu os gritos de dor e o barulho da carne sendo esmagado pelos os socos e chutes. A cada som, mais Mari se encolhia entre os joelhos com medo. Mas depois de alguns minutos, o barulho para.

Abriu os olhos vagarosamente, vendo o moreno vindo em sua direção.

- Tá tudo bem. - Avisa ele com um sorriso no rosto. - Já acabou.

Chegou perto dela e se abaixou, a olhando bem nos olhos. Sorriu ao ver os olhos bipolares da garota.

- Aqui, me deixe tira essa corda de você. - Tinha pego o canivete do garoto.

A azulada se virou de costas, pois suas mãos estavam presas atrás dela. Sieghart passou a lâmina e cortou a corda, finalmente libertando a mesma. Passou a mão nos pulsos marcado pela corda, com um olhar sem vida, sem brilho.

- Sua mãe está lá embaixo, e não se preocupe, ela está bem. - Dizia o moreno. - Mas vocês duas precisam ir no médico ver essas feridas.

Delicadamente colocou a mão no ombro de Mari para chamar sua atenção, porém acabou despertando a raiva dela.

- Não toque em mim! - Gritou furiosa.

Instintivamente, Mari deu um empurrão em Sieghart, o fazendo cair para trás e a olhar confuso.

- Mari...

- Cala essa sua boca! - Olhou para o rapaz com sua expressão de raiva. - Isso tudo é culpa sua, ouviu?! Sua! Agora eu sei o motivo de todos quererem ficar longe de você! Porque você é um monstro que atrai outros monstros!

Sieghart a olhava assustado, não entende o por quê dela dizer aquelas coisas.

- Se eu não tivesse te conhecido, isso nunca teria acontecido. Nunca! - Continuava. - Por sua causa, minha mãe está ferida!

- Eh...

- Aí vem você com esse sorriso idiota no rosto achando que está tudo bem, mas não está! Eu só quero que você suma de uma vez por todas! - Gritava tudo que sentia naquele momento.

Foi naquele momento que eu percebi que eu e o Sieghart nunca iríamos dar bem um com o outro. Éramos diferentes, em vários aspectos. Eu era uma garota séria, estudiosa e que vivia ignorando tudo em volta, pelo outro lado,Sieghart era um garoto divertido, preguiçoso e que vivia ligando para o que os outros diziam, no que dava sempre em confusão.

Tínhamos que estabelecer uma linha entre nós, pelo o meu bem e o dele.

- Me desculpa... - Pediu o rapaz com o olhar baixo. - Por eu ser assim...

- Não. - Disse seriamente. - Fique com essa culpa e morra com ela.

Continuou com o olhar baixo, sem expressão. Logo se levantou, sem olhar para Mari, e disse:

- Eu vou tirar esses caras daqui. - Disse o moreno. - E vou ligar para uma ambulância vim aqui ver vocês duas.

Começou a andar para longe da jovem, porém de virou para ela.

- Não se preocupe, isso nunca mais vai acontecer.

Essas foram as últimas palavras que eu ouvi dele antes de o ver partir.

☁☁☁

Depois de tudo aquilo, se passaram vários dias. Eu e minha mãe ficamos bem, principalmente ela por ter um grande coração de ouro. Contei o que havia acontecido, mas por estranho que pareça, ela aceitou aquilo tranquilamente e até mesmo disse que a culpa não era do Sieghart... Ela disse que aquilo podia ter acontecido com qualquer um, e depois abriu um sorriso sereno. Mas eu por outro lado não aceitei nada, eu apenas rejeitei tudo aquilo que tinha acontecido.

Como esperado, meus dias no colégio voltaram a ser o mesmo como sempre, tediosos. Todos me olhavam se perguntando o que havia acontecido comigo, pois eu estava com alguns curativos no rosto, algo que chamava muita atenção. Até mesmo o professor Var ficou preocupado, mas eu acabei inventando uma desculpa qualquer. E é claro, Sieghart continuava a faltar ao colégio, o que me deixou feliz.

Nesse dia, fazia frio por causa do tempo nublado. Mari preferiu usar um casaco moletom para se esquentar, porém o agasalho era um pouco grande para ela, deixando suas mãos coberta pela manga e sua saia pela metade.

Andava pelo o corredor carregando alguns livros, com sua típica expressão séria. Mas logo ficou surpresa ao ver a pessoa vindo em direção oposta a sua. Sieghart vinha com seu olhar distraído, e suas roupas sempre bagunçados e seu rosto com curativos por tudo que era canto. Logo ele percebe a garota e para de andar, fazendo o mesmo Mari.

O moreno percebe uma coisa de diferente nela. Era o cabelo da mesma, que agora estava cortada, ficando na altura do ombro. Aquilo também era sua culpa, o que fez sentir um peso no peito.

- Eu só queria... - Começou a dizer mas foi impedido.

- Já disse para você sumir, então suma. - Falou séria.

Alguns alunos no corredor começaram a prestas atenção na conversa dos dois. Ver Sieghart, o valentão, e Mari, a ignorada, brigarem era como ver um show de circo de graça.

- Eu só quero dizer que tá tudo bem em você acha isso de mim. - Disse em um tom triste. - Tem todo direito.

- É claro que eu tenho! - Falou um pouco mais alto. - Espero que entenda isso e suma da minha frente.

Assentiu, confirmando. Porém, se aproximou da azulada, ficando em uma pequena distância dela.

- Mas eu espero que sejamos amigos outra vez. - Abri um pequeno sorriso.

Olhou indignada para o rapaz. Achava nojo daquela expressão que ele fazia. Sem pensar muito bem, Mari pegou um dos livros que carregava e arremessou contra o moreno, o acerando no nariz.

- Nunca. - Disse friamente.

Todos pensaram que Sieghart reagiria, mas estavam enganados. O rapaz ficou parado, em quanto Mari continuava seu caminho, assim o deixando sozinho. Logo seu nariz começa a escorre sangue, mas isso nem importava muito.

Depois daquilo, Mari foi para o lado de fora tenta clarear a mente. Se sentou no banco e soltou um suspiro de cansaço. Cruzou os braços para se esquentar do frio que fazia ali fora. Tudo parecia tranquilo, até chegar alguém para inferniza.

- Olá, Mari.

A azulada olhou e viu aquelas três garotas que viviam a atormentando na sua frente. Como sempre, a do meio ficava com seu sorriso largo no rosto.

- Ué, seu amiguinho não tá aqui para te ajudar? - Disse cínica olhando para os lados. - Que pensa, eu soube que vocês brigaram.

- O que você quer?

- O que eu quero? - Sorriu, mostrando seus dentes.

☁☁☁

Seu pele estava fria e pálida pelo o que acontecia. Mari estava na ponta de um trampolim, e bem na sua frente a grande e profunda piscina do colégio, onde era usada apenas nas aulas de Educação Física. Olhava com medo para a água gelada que a esperava.

- O que foi? - Provocava a garota. - Pula logo, Mari!

- É, pula logo! - Falava a outra.

Aquelas garotas viviam perturbando Mari, não apenas elas mas outros também. A obrigava a fazer as coisas que ela queria, e se não fizesse, era resolvido na base da porrada.

- Medo da água?

Uma coisa que a azulada não sabia fazer era nadar. Sempre se afogava em desespero, e naquele momento não seria diferente.

- Já chega. - Diz a mais "faladeira" impaciente. - Pula logo.

Se aproxima da garota e a acerta com um chute pelas costas. Mari sentiu ficar sem ar quando viu que estava caindo. Afundou na água rapidamente, e logo congelou pelo o frio que a água fazia. Seu corpo subiu até a superfície, a fazendo se debater na água à procura de ar.

- Que pena, você não sabe nadar mesmo. - Ria da cara que Mari fazia.

- Por favor... Me ajude! - Gritava.

Quanto mais se debatia, mais se afogava, o que a deixava desesperada. Mas chegou um momento que ela não aguentava mais, então acabou afundando aos poucos.

Eu poderia desistir de tudo naquele momento, mas algo me impediu de fazer isso. Ele mostrou o quanto era persistente.

Ouviu algo afundando na água junto com ela, que logo a pegou pelo o braço e subiu até a superfície. Ao chegar em cima, tossiu engasgada pela a água. Respirava ofegante.

Sem nem perceber, estava sendo tirada na pisciana e logo estava no chão da beirada. Se apoiou com os dois braços no chão e tentou controlar a respiração.

- Tudo bem? - Reconheceu a voz no mesmo instante.

Levantou o rosto e viu Sieghart de pé ao seu lado, todo molhado como ela. Ele a olhava preocupado mas sorri ao ver que a jovem estava bem.

- Você de novo?! - Gritou as garotas com raiva.

O moreno escondeu seus olhos sob a franja e começou a andar até elas, que permaneceram no lugar. Ao chegar perto, fechou a mão direita e mirou no rosto de uma delas. Socou a primeira que viu, e não ligava se era menina ou menino, não aceitava o que tinham feito com Mari.

- Ah meu Deus. - Sussurra uma delas incrédula.

A garota acertada sangrou pela boca na mesma hora, e foi apagada ao mesmo tempo. Sieghart levantou o olhar para as outras duas, que permaneciam não acreditando.

- Deem o fora daqui, agora. - Falou seriamente.

Assentiram rapidamente. Pegaram sua amiga desmaiada e correram o mais rápido que pode. Ao ver que elas tinha sumido, o moreno suspira e volta a olhar a azulada. Mari tinha se levantado e agora o olhava sem expressão.

- Por que... - Sussurrou, depois foi elevando o tom de voz. - Por que você fez isso? Por que?!

Apenas sorriu, respondendo. Não aceitando aquilo, Mari vai até o rapaz, preparando sua mão para acerta-lo.

- Me diga! Por que você fez isso por mim?!

Para na frente do moreno e levanta a mão, porém não conseguia. Sua mão tremia, junto com seus lábios. Abaixou a cabeça, escondendo seu rosto tristonho.

- Tá tudo bem. - Fala Sieghart ainda sorrindo.

Sem perceber, o moreno passa a mão por trás de sua cabeça e a puxa contra seu corpo. Encostou sua testa em seu peito, assim escondendo sua expressão mais ainda.

- Eu consigo aguentar essa culpa se for para ficarmos juntos. - Passou a mão entre os cabelos da garota. - Quero que você seja minha amiga, Mari.

Aquelas palavras foram fortes o bastante para deixa-la magoada. De repente, algumas lágrimas começam a escorrer de seus olhos. Não eram lágrimas só daquele momento, e sim de tudo que a garota teve que aguentar por esse tempo, e que finalmente se derramavam lentamente sob um sorriso sereno.

Eu continuei a não perdoar o Sieghart, mas isso não impediu que ele continuasse a ser meu amigo. A verdade é que eu fiquei feliz por essa decisão dele, sabe, eu queria estar sempre ao seu lado. Ele tinha um lado que me completava, e eu tinha um lado que o completava... Sabíamos nos entender com essas diferenças. É claro, ele era um Gangster, mas disse que manteria seus trabalhos longe de mim e de qualquer compromisso, mas seu jeito agressivo continuou. Porém, com o passar do tempo, ele aprendeu a ser mais sociável com as pessoas.

Eu e o Sieghart começamos a ficar mais amigos, o que fez todos pararem de me insultar ou algo do tipo por ele sempre está ao meu lado. Todos que chegavam perto de mim, Sieghart os encarava até que fossem embora. Era engraçado. Só que com esse jeito, as pessoas aprenderam a ser mais sociáveis comigo, e às vezes, com ele. Infelizmente, tive que ensinar a ele a parar de encarar os outros e ser mais legal. Sieghart a partir daí aprender a fazer alguns amigos, menos com as garotas pois ele era meio pervertido com elas...

Só que, teve um dia que ele me perturbou demais para ir com ele comer alguns daqueles bolinhos com recheio de creme. Isso aconteceu em quanto eu corria durante a aula de Educação Física:

Mari fazia aquelas corridas de obstáculo. No momento, estava em terceiro lugar, até que sua atenção é chamada pelo o grito de alguém.

- Mari!

De repente, Sieghart aparece ao seu lado correndo e mostrando um cartaz pra ela, que estava escrito sobre a promoção dos bolinhos.

- Vamos comprar bolinhos! - Diz animado.

- O-O que?!

Por está distraída, acaba pulando o obstáculo errado e caindo de cara no chão.

Durante a aula de natação:

Usava apenas um maiô azul como roupa. Estava sentada na beira da piscina em quanto via as garotas nadando. A professora sabia que Mari não sabia nadar, então a deixava só observando a aula.

- Mari!

O muro que separava a aula de natação dos garotos e das garotas de repente é subido por Sieghart. O rapaz pulou e veio correndo até a azulada. Como estava também em uma aula no momento, veio usando apenas uma bermuda como roupa, o que chamou a atenção de muitas garotas.

- Vamos?! - Mostra novamente o cartaz.

- Você é maluco?! - Rangia os dentes de raiva.

E o pior de todas, no banheiro:

Entrou em um dos boxs do banheiro e fechou a porta, trancando em seguida. Colocou a mão na saia do colégio, pronta para tirar até que ouvi uma gritaria. As garotas que estavam no banheiro começam sair dele rapidamente. Não entendia nada, até Sieghart aparece pendurado na porta do box a olhando.

- Então, vai ou não? - Mostra o cartaz.

Eu fiquei sem palavras naquele dia. Mas algo que marcou mesmo foi quando eu não conseguia fazer o trabalho super difícil que Var tinha me dado para fazer, e então, apareceu ele para me ajuda.

- Por favor, vamos! - Continuava a pedir para ir comer bolinhos.

- Eu tenho que termina de fazer o trabalho! Não tá vendo?

Voltou a olhar a questão, a qual não conseguia fazer. O moreno senta sobre a mesa do professar e fica encarando o trabalho que a azulada fazia.

- É fácil de fazer. - Menciona. - Como que você não consegue fazer?

- Até parece que você sabe fazer isso.

Sem dizer nada, se levanta e vai até a garota, assim pegando o trabalho da mesa e olhando de perto.

- Ei.

- É assim que se faz.

Pega um giz e vai até o quadro negro, começando a escrever. Quando termina, Mari só falta bater nele. O rapaz tinha feito um monte de desenhos de coelhos.

- O que é isso? - Se segurava para não gritar.

- É a resposta.

- Não, não é!

- Claro que é! Olha.

Começou a explicar o significado do desenho, o que fez Mari abrir a boca de tão surpreendente que era.

Sieghart por incrível que pareça, era mais inteligente que eu. O problema era que ele só sabia demonstra essa esperteza através de desenhos, que foi como ele aprendeu. Aquilo me fez ficar muito curiosa sobre ele, o que me interessou muito.

Bem, durante esse tempo que passamos juntos, eu ensinei pra ele a escrever e fazer contas, sem fazer desenhos. Foi muito difícil mas valeu a penas, pois no final, acabamos saboreando aquele delicioso bolinho.

Podemos ser diferentes, mas como aquela tradicional frase fala: Os opostos se atraem. Bem, é assim que somos um com o outro.


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Notas finais do capítulo

Review?