Memórias Doces (HIATOS) escrita por Izanami Mai


Capítulo 7
O Grande Problema


Notas iniciais do capítulo

Heey pessoal! Desculpe por mais um atraso >< Véspera de provas e fiquei muito enrolada, desculpem, mas aqui está mais um capítulo novo! Leiam as notas finais! Espero que gostem :3 xx



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Chino estava sentada em minha escrivaninha e me fitava com um olhar desesperado. Estava trêmula e não conseguia me contar o que acontecera e eu comecei a ficar seriamente preocupada, o que poderia tê-la feito ficar naquele estado?

Corri até a cozinha e preparei uma água com açúcar e lhe dei, ela aceitou de bom grado e bebeu quase tudo em um único gole.

–– Está mais calma? –– perguntei.

–– Um pouco –– ela respondeu colocando o copo em cima da escrivaninha com cautela. –– Acho que consigo contar agora.

Apenas a observei com um olhar preocupado, tinha uma forte sensação de que algo muito ruim estava acontecendo.

–– Eu menti sobre a punição e tudo mais –– ela começou.

–– Jura? –– perguntei ironizando e ela me lançou um olhar de censura.

–– Eu não sabia o que havia acontecido, uma hora eu estava no meu escritório preparando o episódio vinte e três noutra eu estava presa na minha forma real. –– ela suspirou e fitou o céu escuro pela janela. –– Acordei aqui e, de algum modo, fiquei presa a você. Quando tentei voltar para meu escritório eu descobri o real problema.

Seu tom ficou sombrio de repente, como se um grande medo tomasse conta de seu pequeno ser. Continuei escutando pacientemente quase sem piscar.

–– Existia um jogo rival quando lancei o amor doce chamado “Lovely Laces”. Eu conheço a criadora, era muito ambiciosa, seu nome é Anette. Ela apostava tudo em seu jogo, porém o meu fez mais sucesso então Lovely Lace caiu no esquecimento junto de sua criadora.

–– Ok, mas o que isso tem haver com meu problema?

–– Tudo! –– ela exclamou exaltando-se. –– Ela foi exilada por desafiar nosso conselho e matar um de nossos anciões, agora voltou para se vingar começando comigo, pois acabei com seus sonhos.

–– E por que eu estou no meio disso tudo?! –– perguntei tão estressada quanto ela. –– Eu sou completamente normal!

–– Temo que isso não seja verdade... –– ela murmurou alto o bastante para que eu conseguisse ouvir.

–– O que foi dessa vez? Sou “A Eleita” ou “A Escolhida” por acaso?

Ela me olhou mordendo seu lábio inferior. Abri a boca para confrontá-la, porém ela ergueu sua mão em protesto.

–– Não sei de nada, porém, se você está aqui é por algum motivo, seja qual for você tem que me ajudar.

–– E por que eu deveria?

–– Porque eu posso fazer sua vida voltar ao normal e se deixarmos Anette ganhar tudo o que você conhece, amigos, família ou sua própria vida, pode deixar de existir por toda a eternidade.

–– Como assim? –– pus uma mecha de cabelo atrás de minha orelha e sentei na cama me aproximando de Chino. Ouvir aquilo foi como sentar em uma cama de pregos. –– As fadas não são boas? Foi você mesma que disse que elas devem trazer alegria aos humanos.

–– Anette foi corrompida e quando isto acontece a fada se torna monstruosamente má. –– seu tom estava choroso e melancólico. –– Ela quer vingança e acabará com nosso mundo assim como pode acabar com o seu, ninguém sabe do que ela é capaz.

–– Meu Deus... –– murmurei atônita. –– Mas por que meu mundo? Ninguém daqui fez nada pra ela.

–– Eu sei, eu sei. Poucas fadas foram corrompidas no passado e tudo o que elas queriam era poder, seus desejos eram os mais sombrios que alguém poderia ter, e Anette é uma das fadas mais poderosas que eu já conheci.

Suspirei e passei as mãos por meus cabelos em silêncio. Quando eu pensei que nada poderia piorar, o que aconteceu? Piorou! Além de perder todo mundo que amava tinha uma fada psicótica querendo vingança e, possivelmente, iria lançar um feitiço no meu traseiro se eu tentasse impedi-la.

–– Isso é de mais pra mim... –– murmurei e suspirei logo em seguida. Ficamos alguns segundos em silêncio. –– Se eu cogitasse aceitar essa ideia o que eu teria que fazer?

Chino sorriu ao ouvir minha pergunta.

Não estava de acordo com aquela maluquice toda, lutar contra fadas poderosas querendo destruir o mundo e sabe-se lá mais o que não era muito a minha praia. Isso era legal nos jogos, na vida real não, afinal, não tinha como continuar depois de morrer.

–– Você teria que me ajudar a encontrá-la, mas antes precisaria terminar todos os episódios, se não ficaríamos presas aqui para sempre.

–– Certo –– mordi meu lábio inferior me repreendendo pelo o que eu estava prestes a falar. –– Então, para onde vamos depois?

–– Para a central do jogo. –– Chino sorriu ao notar que eu havia aceitado. ––Anette, provavelmente está lá. Ela deve ter feito algo com o computador principal para que tudo isto acontecesse.

Balancei a cabeça positivamente, levantei e andei pelo quarto pensativa. Minha ficha ainda não caíra, simplesmente não me imaginava rodeada por fadinhas encantadoras enquanto tentava achar uma mulher má naquele meio.

–– Tem mais uma coisa –– ela disse. –– Posso ficar aqui? Não tenho para onde ir...

–– Claro –– respondi com um sorriso. –– Tem bastante espaço na minha cama e comida é o que não falta.

–– Obrigada –– ela soltou um sorriso triste.

Suspirei frustrada e a pus sentada em meu ombro. Fui até a janela e apoiei meus braços no parapeito observando a cidade iluminada pelas luzes dos prédios. Algumas estrelas piscavam no céu junto de uma lua crescente.

–– Vamos, não fique assim tudo vai ficar bem, eu prometo –– tentei confortá-la apesar de não estar muito certa sobre.

–– Eu não sei como estão meus amigos e ajudantes, se Anette machucá-los nunca me perdoarei.

–– Eles estão bem... sei que estão.

Rapidamente mudei de assunto, pois achei que ela começaria a chorar. Depois de conversarmos sobre o mundo humano assistimos a alguns filmes até pegarmos no sono. Quando acordei a primeira coisa que fiz foi avisar a Lucia e a Philippe que eu passaria o dia na praia. Me arrumei e levei Chino comigo, não queria deixá-la sozinha e se algo acontecesse estaríamos juntas.

Fiz o episódio com Lysandre, e foi uma beleza de episódio se quer saber. Perguntei para Chino se eu poderia fazer alguns replays, pois ver os paqueras sem camisa no jogo era uma coisa, vê-los ao vivo era outra totalmente diferente se é que você me entende. E, infelizmente, ela não aprovou e disse que estávamos sem tempo então aproveitei aquele momento mágico o máximo que pude. Pelo menos algo bom entre todas aquelas coisas.

Voltamos para casa quando anoiteceu, tomei uma ducha e vesti meu pijama. Quando me olhei no espelho do armário notei algo muito diferente em meus cabelos, o corte estava mudado, estava bem acima dos ombros assim como as da minha docete.

–– Ai meu Deus! –– exclamei e Chino rapidamente voou até a mim. –– Olha o meu cabelo! Eu vou virar uma tábua! Não!

Fechei o armário e desci até o chão escorregando minhas costas pelo móvel dramaticamente. Meus seios sumiriam e eu ficaria "branquela" como a docete, Castiel teria um motivo para me chamar de tábua. Oh Deus, que pesadelo!

–– Se acalme mulher! –– exclamou Chino me dando um tapa. –– Levanta daí e para de drama!

Me recompus rapidamente e levantei num pulo. Já deveria imaginar que aquilo aconteceria. Por que meu Deus? Eu estava satisfeita com a minha aparência na medida do possível.

Sentei na beirada da minha cama e fitei as imagens dos episódios e lá estava eu no meio da chuva debaixo da camisa do Lysandre junto de seu dono. Quando eu ainda tinha minha vida eu fizera aquele episódio com o Castiel, bons tempos aqueles em que minha única preocupação em relação ao jogo era com os meus suados e preciosos pa’s.

–– Temos que terminar isso logo, quero minha vida de volta –– disse com melancolia.

–– E nós vamos! Faltam apenas alguns episódios e então iremos para a central resolver esse problema, ambas teremos nossas vidas de volta.

Ela me abraçou e eu baguncei seus cabelos. Acho que uma boa amizade poderia surgir dali. Jantamos e voltamos para meu quarto onde conversamos por um longo tempo.

–– Como é? –– perguntei. –– Digo, como é a sua terra natal?

–– Vivemos no subterrâneo.

–– Debaixo da terra? –– perguntei arqueando minhas sobrancelhas. –– Vocês vivem como toupeiras?

–– Claro que não! –– ela respondeu irritada. –– Lá é claro e bonito! Temos lagos, rios, cachoeiras e muitas florestas.

–– Tudo isso num buraco? –– brinquei.

–– Não vivemos num buraco! –– ela não percebeu minha ironia.

–– Calma –– eu ri. –– Estava brincando, não precisa me fuzilar.

–– Nunca irei entender esse senso de humor que vocês, humanos, têm.

Ri novamente e depois voltamos a conversar. Ela me falou sobre seus poderes e a hierarquia das fadas. Eram comandadas por um conselho composto por cinco fadas anciãs mais inteligentes e poderosas. O resto da população ajudava os humanos, essas eram as mais importantes do povo, e outras apenas viviam em paz, as iniciantes ou que simplesmente não queriam se envolver com nossos assuntos. Existiam muitas regras e dependendo de qual fosse quebrada a fada poderia ser exilada pelo resto de sua vida.

Pelo o que Chino me contava elas pareciam ser criaturas dóceis assim como nos filmes da Tinker Bell, não conseguia entender como uma fada poderia ser corrompida com o mal e todo aquele assunto maléfico.

–– É quando um grande mal encontra a fada e ela permite ser possuída –– Chino explicou. –– É irreversível, para Anette deixar que algo assim acontecesse ela deveria estar muito irritada.

–– Na minha opinião achei uma completa babaquice. Ela não deveria ter desistido quando seu jogo não fez sucesso.

–– Era algo que ela queria muito! Ela não tem culpa!

–– Pelo o que você me disse ela tem culpa sim. –– Chino abriu a boca para protestar, mas levantei um dedo avisando que não tinha acabado. –– Ela deveria ter insistido mais e se não conseguisse não era pra ser. Não sei como funciona no seu mundo, mas aqui é assim, caiu? Se levante e tente de novo, não é necessário desrespeitar suas leis ou matar um de seus governantes.

–– Você está certa... –– ela respondeu com uma enorme tristeza em seu olhar. –– Éramos muito próximas.

Algumas lágrimas escorreram de seus olhos e então eu a abracei como faço com meus bichos de pelúcia queridos. Nunca perdera uma amiga para as trevas, mas sabia perfeitamente que perder alguém que você ama é muito complicado.

Consegui acalmá-la e então adormecemos. Acabara de ficar mais determinada em relação a todo aquele estranho problema, ver a Chino daquele jeito me deixou um pouco sentida. Anette teria o que merecia.


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Notas finais do capítulo

Olá de novo pessoal! Espero que tenham gostado :3 O próximo capítulo pode demorar também, pois semana que vem começam as minhas provas ;-; Mas farei o possível para não atrasar tanto.
Tenho um original, se quiserem ler este é o link: http://fanfiction.com.br/historia/518564/As_Cronicas_de_Wonderline/