Helland escrita por John Rodrigues, mich


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oi galera, é minha primeira história aqui e espero que gostem. Qualquer sugestão, crítica ou elogio tbm (kkkkk) me falem!Abraço pra Gaby que ta me ajudando o/ :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/526925/chapter/1

Não acho que tudo vá melhorar magicamente. Não gosto de utopias. Não acredito no destino. Vou adiantar as coisas e, em breve, saberei o que todos se perguntam: "O que acontece depois da morte?". Nos dizem pra vivermos intensamente, como se fosse nosso último dia. Não sei como, mas é isso o que farei amanhã: viverei intensamente, do meu jeito, claro, como se não houvesse mais a oportunidade, literalmente.

Londres, 27 de agosto de 1889

Vamos, Scarr. Acorde! O dia está cheio hoje, se apresse. - Molly falava com tanta empolgação e preocupação que dava a achar que, realmente, era um dia importante.
Estou indo, Moll. Estou indo... - disse Scarr, calmamente, com os olhos ainda fechados, relutando com a necessidade de se levantar.
Sua mãe está lhe esperando à mesa já faz algum tempo, ela não está muito paciente, anda preocupada demais com os preparativos. - enquanto ela falava, abria as cortinas para que a miserável luz iluminasse o quarto, basicamente obrigando-a a levantar. Como ela odiava aquilo!
Molly parecia insistente, destinada a não sair dali enquanto obtivesse um retorno.
Ela sempre está preocupada com algo, não é mesmo? - revirou os olhos, sorriso irônico. - Diga à ela que já estou descendo.
– Está bem. Mas não demore.
A empregada já havia levado a mão a maçaneta quando, balançando seus cabelo castanho, se virou a garota novamente.
Espere. Como está se sentindo? Não acredito que já se passaram dezesseis anos, você está tão linda. Ainda me lembro de quando você era peque...
Estou bem, Mol. - disse, interrompedo-a. - Mas não tão bem quanto esperam que eu esteja. É só mais um ano. Nunca vi nada de especial nos outros quinze anteriores, e também não estou vendo nesse. E eu não quero ser grossa mas não quero ter essa conversa, e minha mãe deve estar furiosa lá embaixo.
Você tem razão. E eu gostaria que você pensasse positivo ao menos uma vez, sabe... você anda tão...
Molly! Onde está a Scarlett?! - a Sra. Troian gritou tão alto que os Weasley -os vizinhos- poderiam escutar.
Já estou indo, senhora! - retrucou, e virando-se para a garota ainda na cama, sussurrou. - E, Scarr, ande logo. - Seus passos podiam ser ouvidos apressados descendo a escadaria, quase correndo.
De que adianta ter tudo o que eu quero, quando só o que eu quero - felicidade - não me é dada? A garota pensou. O Sol já refletia em seu espelho quando começou a pentear seu cabelo de um amarelo esbranquiçado. Em geral, ela não perdia muito tempo com vaidade e não estava entusiasmada a mudar esse hábito. Foi rápida. Seus olhos aparentavam estar mais claros, mas nada de surpreendente, azuis acizentados. Apressou-se a achar um vestido, colocou o branco favorito com detalhes na parte inferior e mangas curtas, sobre seu pescoço repousava uma correntinha de prata que fora presente do seu avô. Deu uma última olhada em si e desceu.
Ao longo das escadas, ela observava atentamente vários quadros pendurados na parede envoltos pela mesma moldura sem graça marrom. O que teriam feito de suas vidas? Foram arrogantes, como minha mãe, até o último segundo? Tiveram aventuras? Foram idiotas monótonos? Ela sabia que a sua vida estava sendo completamente desperdiçada no interior daquela casa enorme e tediante.
Passando pela sala de estar, onde seus pais sempre estavam falando com homens engomados e suas esposas igualmente bem arrumadas, chegou a mesa onde estava sua mãe com seu cabelo loiro escuro preso para trás e algumas mechas caindo sob o coque, seus dedos encobertos por uma luva branca tiquetaqueando na mesa, impacientes, e em seu pescoço estava um lindo colar de ouro que seu marido lhe dera ano passado, combinando perfeitamente com seu vestido acobreado, sua pele era tão pálida quanto a da filha. Mas o que mais preocupava Scarr eram os olhos cor de mel de sua mãe que a encaravam incessantemente acompanhados da expressão que um juíz teria ao olhar um indivíduo no tribunal prestes a ser condenado.
Molly, ao ver Scarr, puxou cuidadosamente a cadeira a direita de sua mãe para que ela se sentasse, evitando ao máximo um simples troca de olhar com Sra. Troian. A mesa farta, como sempre - como se alguem fosse capaz de comer tudo aquilo -, o ar parecia mais pesado devido ao clima contrastando com os olhares apreendidos de Molly e Scarr, devido a fúria aparente da linda mulher à ponta da mesa, que, mesmo irada, era dona de uma beleza singular a qual sua filha herdara.
Oh, céus! Finalmente! Scarlett, estou te esperando a séculos! Você sempre faz isso: se há alguma coisa importante, é como se você fizesse questão de se atrasar... - disse Margarete Troian, levantando sua face em direção à sua filha que antes revezava entre as franjas brancas que a toalha fazia sobre a mesa e os olhos escuros apertados de Mol. - Espero que tenha tido uma noite de sono revigorante, porque seu dia está completamente lotado! - falou como um general dirigindo seus soldados à uma batalha iminente. Seus dedos enluvados pegaram suavemente um taça com um suco de cor alaranjada, quando Scarr começou a falar.
Já posso falar? - Scarr a olhava com um olhar indiferente, reformulando sua expressão apreensiva por uma segura de si. Sua mãe fez um ruído de desprezo. - Bem, tive uma noite de sono ótima, obrigado por perguntar. - Seus olhos demonstravam uma ironia notável, pegou uma taça também, como se fosse um reflexo atrasado de sua mãe, e prosseguiu. - Não vejo motivo pra tanto desespero, não deve haver tantas coisas assim. E... ah, Mol, creio que ja pode se retirar. - disse, olhando amigavelmente para a empregada, que retribuiu o sorriso e assentiu e logo em seguida se retirou, indo de volta à cozinha, tão silenciosa e suavemente quanto uma pena pode seguir seu devaneio pelos ares.
Scarlett, obviamente você não deve ter a menor ideia do quão é complicado planejar uma festa dessas. Eu passei dias, DIAS preparando tudo, e não vou deixar que você estrague! Você vai comer e depois vai imediatamente subir de volta à seu quarto, onde creio eu que o estilista a estará esperando, juntamente a Molly, para sua última prova do vestido. - Margarete parecia não se dar conta do quão ridícula ela estava sendo. Ao contrário, enquanto tomava seu suco, seus olhos se dirigiam a Scarr com superioridade, como se ela esperasse receber um prêmio pela sua "geniosidade" com toda aquela organização pensada nos mínimos detalhes. Prosseguiu. - Logo depois teremos de escolher o penteado, e mais detalhes a respeito.
Scarr sorriu, e sua mãe nao pareceu compartilhar o mesmo humor, olhando-a surpresa. - Mamãe, você está se ouvindo? Parece uma maníaca. Eu realmente tenho que fazer tudo isso? Eu tinha planejado algumas coisas pra hoje... - disse Scarr, enquanto levava um guardanapo branco até sua boca, a luz vinda da janela da sala, que, por sinal, dava uma bela vista ao jardim dos Troian, fazia uma curva diagonal perfeitamente certeira no rosto dela, ao mesmo tempo que privava sua mãe da luminosidade como se, por conta própria, quisesse abrilhantar Scarr. Isso à deixava desajeitada, causando um movimento estranho em seus olhos que se fechavam por reflexo.
O que pode ser mais importante que sua festa? Francamente, Scarlett, você nunca leva nada a sério! Eu já disse e vou repetir: eu planejei tudo minuciosamente, e você vai fazer o que eu digo. Depois do alomoço você tem o ensaio da valsa com o filho do Sr. Weasley, e teria com seu pai também, mas...
Mas eu queria sair um pouco, caminhar pela cidade.. Há tempos não faço isso, estou sempre cercada pelas paredes dessa casa, preciso de um ar fresco, ver pessoas, e... onde está o papai? - Scarr perguntou sobre seu pai na hora certa. Sua mãe já estava preparada para explodir em uma chuva de palavras gritadas, quando desfez a pose e sua face foi tomada por uma expressão desconcertada, e respondeu sem ao menos olhar no rosto de sua filha enquanto passava geleia em sua fatia de pão, que até o momento estava intocada.
Bem, seu pai está viajando a negócios desde ontém, chegará a tempo para sua festa, não há preocupação quanto a dança, tenho certeza de que ele não irá desapontar. - O jeito como as palavras saíam da boca da Sra. Troian soavam estranho, como se ela própria não acreditasse no que estava dizendo.
Ah, claro. Havia me esquecido. Espero que ele consiga chegar a tempo.
Ele chegará, Scarlett. Afinal, não é todo dia que sua filha faz 16 anos. - Ela dirigiu um olhar à Scarr, não muito verdadeiro. Scarr retribuiu por aparente obrigação, desfazendo o sorriso rapidamente. Margarete não poderia imaginar os planos de sua filha para esse dia, que, decididamente, não coincidiam com os dela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Helland" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.