Como as Peônias escrita por Herondale
Notas iniciais do capítulo
Desculpa, demorei uma eternidade... Mas tá aí
Luce seguiu conversando com Daniel, tentando ignorar o olhar perturbador do garoto da lavanderia sobre ela. Uma estudante da Emerald College, com quem tivera a quarta aula do dia, entrou no estabelecimento e sentou-se à mesa dele. Lembrou-se de a garota ter esbarrado violentamente nela, a hostilidade enfatizada pelo visual: cabelo pintado de preto, com a lateral raspada, piercings por todo o rosto e maquiagem pesada. Conversou com o garoto em tom quase sigiloso, irreverência jorrando em cada gesto, o que Luce admirava, de certa forma.
Luce sentiu-se aliviada por não estar mais sendo observada com tanta intensidade. Daniel também relaxou visivelmente. Ambos estavam rindo ao lembrar de um comercial bobo da TV quando Luce pediu licença e foi ao banheiro. No caminho, distraída, esbarrou na garota novamente, e esta derrubou o celular em que digitava. O olhar colérico deixou claro que as muitas desculpas que Luce pediu ao juntar o celular não seriam aceitas. A menina pegou o primeiro prato que viu na mesa ao lado e virou o conteúdo na cabeça de Luce: bolo de carne.
De repente Daniel a estava ajudando a se afastar enquanto ela limpava a comida dos olhos para enxergar.
— Hellen! — gritou o outro garoto, agarrando a menina pelo braço — O que você fez?! Não consegue deixar de se meter em confusão?
— Me larga, David — devolveu Hellen.
O garoto — David — praticamente arrastou Hellen para longe, indo para a saída do restaurante, mas Daniel agarrou a parte de trás da camiseta dela.
— Qual é o seu problema? — gritou, furioso.
— Não toque em mim! — respondeu ela.
— Está tudo bem, Daniel, deixa pra lá — disse Luce, tentando acalmá-lo. Claro que ela estava mais do que indignada com a situação, mas era melhor encerrar por ali do que criar uma briga ainda maior.
— Fica na sua, novato — ameaçou David, terminando o percurso para a porta.
Luce segurou Daniel pelos ombros quando ele fez menção de responder. Somando o ocorrido à raiva acumulada pelos olhares de David sobre Luce, ele parecia prestes a estrangular David.
Rubra como um morango ao constatar os olhos de todo o restaurante sobre eles, Luce encaminhou-se para o banheiro, seguida por Daniel. Ele entrou no banheiro feminino com ela, fechando a porta atrás de si. Ajudou-a a tirar o excesso de carne do cabelo com papel, limpando o rosto dela delicadamente.
— Que dia! — comentou ela, apenas para quebrar o silêncio incômodo. Ele ainda parecia muito irritado.
— Sinto muito que nosso primeiro encontro tenha sido tão desagradável... Talvez eu devesse ter batido naquele idiota.
O estômago vazio de Luce afundou contra a coluna quando ele disse “encontro”. Internamente, ela viu fogos de artifício e balões de gás ao redor. Tentou manter-se inexpressiva, mas um pequeno sorriso involuntário escapou-lhe dos lábios.
— O que foi? — perguntou ele, quase começando a sorrir também.
— Isso é um encontro, então?
Agora ele corou abaixando a cabeça. Eles estavam muito próximos um do outro, e ela sentia sua respiração quente no rosto.
— Eu disse encontro? — ele riu nervosamente — Talvez. Você está vendo como um encontro ou eu sou um idiota?
— Talvez — devolveu, em tom de flerte. — Não que eu tenha o hábito de me trancar no banheiro de restaurantes no meu primeiro encontro com todos os caras — eles riram.
— Então... O que acha de comprarmos um lanche e voltarmos para o campus? Assim você pode se limpar melhor.
— Está ótimo. — Ela olhou para ele ao abrir a porta do banheiro — Ainda podemos consertar nosso primeiro encontro.
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Obrigada por ler :)