Três dias haviam se passado desde que minha mão acidentalmente colidiu com o rosto de meu primo. Durante esses três dias ninguém me disse nada, acho que estavam um pouco apavorados. Na verdade foram quase todos que não disseram nada, já que Ron me parabenizou na manhã seguinte e Hermione parecia ter escrito um grande discurso sobre o como aquilo era errado, depois ambos Ron e Harry lembraram que ela havia feito o mesmo com ele no ano anterior. Durante esses três dias eles conseguiram criar um laço comigo, e claro que não era a mesma coisa que minha amizade com a Fleur mas podia ser o começo de algo incrivelmente bom. No meu primo ano na França as coisas não foram nada fáceis, pelo ao contrário. Os Malfoy haviam me deixado no início do ano letivo com uma mala, dinheiro o suficiente para sobreviver pelo resto do ano e a promessa que eu voltaria para casa no recesso. Quando o grande dia chegou, eu lembro de ver minhas colegas sorrindo e correndo para encontrar suas famílias e contar tudo que havia acontecido durante esses meses, e enquanto isso eu estava sentada num canto tentando não chorar. Naquele dia Fleur Delacour veio até mim e me perguntou o motivo de ninguém ter vindo me buscar, e quando eu disse que não sabia ela prometeu cuidar de mim. Anos se passaram e ela realmente cuidou de mim, em três anos eu nunca voltei para a casa dos Malfoy, e ela se tornou minha melhor amiga. Hogwarts não era a parte difícil de voltar, na verdade era a mais fácil. Eu precisaria me adaptar ao ambiente e as pessoas que estariam ao meu redor, tinha que ser uma Malfoy e seguir as regras de Lucius. Não, isso nunca iria acontecer. Eu amava minha tia Narcisa, de coração, mas eu nunca iria ser o que Lucius queria que eu fosse. Meus três anos na França não vão ser jogados pela janela apenas porque alguém me disse para fazer isso, eu não irei deixar que minha própria família destrua tudo de bom que eu aprendi com aquelas pessoas. Hogwarts não era um obstáculo no meu caminho e sim o contrário.

– Não acredito que eles finalmente chegaram. - disse Ron, interrompendo minha linha de pensamentos.

– Você já disse isso umas dez vezes. - eu disse ao mesmo tempo que Hermione explicou que eles, tecnicamente, ainda não estavam em Hogwarts. Todos estavam no Salão Principal, estávamos esperando os alunos de Durmstrang e Beauxbatons chegarem. - Você está mais ansioso do que eu. Isso não está muito certo, afinal, são minhas amigas que estão chegando. - a verdade era que eu estava bem animada, não acreditava que eles finalmente estavam chegando, mas eu conseguia conter isso bem melhor que o Ron. O diretor Dumbledore começou a falar, eu acho que ele estava tentando anunciar a chegada das outras duas escolas mas parece os alunos de Durmstrang não queriam uma apresentação normal já que entraram no Salão Principal, marchando, todos com caras nada amigáveis.

– Aquele é... Viktor Krum! - disse Ron, mas eu não estava mais atenta a conversa ou as outras pessoas. Beauxbatons foi anunciada, porque Madame Maxime gostava de tudo perfeito. E a entrada delas foi incrivelmente perfeita, deixando os garotos de boca aberta. Quando voltei minha atenção aos meus novos amigos, percebi que Hermione fuzilava Ron com o olhar e ele parecia um bobo. Mais bobo que o normal. - Elas são tão perfeitas. - tenho certeza que tinha uma baba no canto da boca dele.

– É a água. Eu já me sinto menos perfeita, e só faz uma semana. O que será de mim? - disse dramaticamente e, em consequência, recebi uma olhar reprovador da Hermione. - O quê?

– Você sabe o que.

– Você que não sabe o que, afinal, ninguém aqui além de mim estudou lá. Pode muito bem ser a água. Eu já sinto meus cabelos perdendo o brilho e meu charme sumindo.

– Honestamente, não vejo nada demais. - esse comentário fez com que Ron despertasse.

– Hermione, elas são simplesmente...perfeitas.

– Eu acho que ele quebrou. - sussurrei para o Harry, que parecia querer ficar neutro. - É a água.

– Não tem nada na água, Rosalee.

– Está tentando me convencer ou...

– Rosalee! - Hermione conseguia ser muito assustadora, mesmo parecendo ser uma pessoa fofa.

– Enfim, é incrível que eu não seja mais a única deslocada em Hogwarts. - não que eles parecessem deslocados, Madame Maxime já havia organizado as garotas na mesa da Corvinal e os garotos de Durmstrang estavam com os sonserinos.

– Eles estão se adaptando mais rápido que você. - disse Harry, que recebeu em troca um olhar reprovador vindo de mim.

– Em minha defesa, senhor Potter, eles estão em bandos. Uma matilha é mais forte que um lobo solitário.

– Está sendo dramática novamente. - comentou Hermione, voltando sua atenção a nossa conversa.

– É maneira de falar, Hermione. Mas é verdade, quer dizer, se o Draco não tivesse sido grosseiro comigo no trem provavelmente não estaríamos aqui conversando.

– Você ainda seria da Grifinória.

– Eu seria uma leoa solitária.

– Você fala até não poder mais. - Harry disse, sendo muito rude porque eu não sou tão tagarela assim.

– Não é verdade. Eu sou uma pessoa muito tímida com estranhos.

– Isso vindo da garota que contou toda sua história de vida em uma hora.

– Você quer que a minha mão acidentalmente colida com o seu rosto? Porque, sinceramente, eu acho que não deve ser uma sensação agradável.

– Acho melhor ouvir a garota, Harry. - disse Fred, ou seria o George?

– A cara do Malfoy deve ser resposta suficiente para a pergunta. - disse o outro gêmeo. Nesses últimos dias eu pensei seriamente em marcar a testa de um deles com um X ou algo do tipo.

– Acho que quebraram o Ron.

– Mas com essa beleza, é compreensível. - um gêmeo começou a frase e o outro terminou. Não tenho a mínima ideia de quem falou o que, mas me perguntei se todos os gêmeos tinham essa mania.

– A magia está toda na água, meus amigos gêmeos. Está tudo na água.