Somebody To You escrita por CarolHust


Capítulo 20
O Caso de Juvia Lockser. - Provas, traumas e... loucura?


Notas iniciais do capítulo

Voltamos para a história principal! Esse capítulo está um pouco maior que o normal, mas enfim. Ele é meio que um resumo do mês que falta para o "grande evento".

Eu sei o que vocês querem saber...
As opções que venceram para o especial foram: POV do Gray E "Mirajane e as coelhinhas"! De lavada. (vocês querendo me ferrar...)
Destacando aqui a sugestão de Vendo_milho, que deu a ideia de usar garotas vestidas de coelhos XD.
Não vou mentir, no início eu fiquei meio: o que é que eu vou fazer com isso? Mas aí eu me lembrei da Mira, do lado maligno dela e dos cosplays kkkk. Uma dúvida: algumas pessoas me deram a impressão de quereres os dois capítulos juntos (tipo, a cena das coelhinhas e depois a reação do Gray a isso). É isso mesmo?

Enfim, gostaria da agradecer a todos os que comentaram e votaram. Muita gente deu ótimas sugestões e uma ajuda, como Lilliel Sumire Eucaristia (lembrei de você!). MihChan, que também apoiou e... compreendeu kkkk.
Bem-vindos à fic, IasminFaro, Laai Chan e Gaby Granger, agradeço por favoritarem/acompanharem a história.


Boa leitura... ;)



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Se fosse necessário resumir os acontecimentos do mês anterior às competições em poucos termos, estes seriam:

* Muitas coisas.

* Para pouco tempo.

* Estudos.

* Provas.

* Cansaço.

* Loucura.

* Treinos.

E, mais do que todos os outros itens:

* Mudanças abruptas de comportamento.

Sem brincadeira. Cada um por seu motivo especial – e em geral desconhecido – começara a agir de modo esquisito. A junção de esportes e torneios parecia conseguir virar a Fairy Tail de cabeça para baixo.

Mirajane, a exemplo. Começou a demonstrar todo o seu lado “negro” e a implicar com Laxus, que fugia da pressão para competir no time de baseball – o que já mostrava outra mudança, ele geralmente era apático ao mundo e aceitava quase tudo para não causar problemas. Ela finalmente decidiu se juntar ao time de judô, temporariamente, para combater a Erza. Isso já causou dois problemas: se ela continuaria no time das líderes de torcida e como ela pretendia entrar nas competições com o objetivo de derrotar sua colega de equipe. Ao que ela respondeu dizendo que, primeiramente, participaria dos dois times, e, em segundo lugar, que “isso não era problema”.

– A resposta é simples. Eu não vou prejudica-la nem nada. – Mira dissera na frente de quase toda a classe. – Se nós derrotarmos a todos os outros oponentes da nossa categoria e formos para a final, ninguém pode reclamar de nada, não é mesmo? Ainda mais se focarmos na Phantom.

Eu parecia ser uma das únicas a achar o discurso dela minimamente presunçoso ou excessivamente confiante. Ninguém demonstrou achar estranhas as disputas internas, ou melhor, propostas de “combates”, que surgiam. Ao contrário, apostas eram feitas a todo o momento por competidores de diferentes modalidades para ver quem ganhava um maior número de medalhas ou troféus. Natsu e Gray eram a prova viva disso.

Outras que agiam diferentemente eram Erza e Lucy. A loira estava mais pegajosa com Natsu (que havia decidido se jogar de cabeça nos estudos). Eles estavam passando mais tempo juntos que o normal, e era perceptível como ela buscava maior contato físico entre os dois, sempre se apoiando nele, segurando seu braço e tentando de algum modo chamar a atenção do garoto. Provavelmente por isso, de certo modo sentir uma necessidade de ajuda-la, ou ao menos ter compaixão. Natsu conseguia ser surpreendentemente... Lerdo.

A Scarlet variava entre estar melancólica e muito animada. Em certos dias parecia distante, mas após certo período ela demonstrou estar mais motivada e leve. Enquanto promovia a sua campanha para presidente do conselho, ela ainda conseguia comparecer aos treinos de judô e conter as brigas entre os “melhores amigos” (leia-se Natsu e Gray).

Apesar de tudo isso, durante esses dias o que a turma mais fez foi sair, andar junto. Na maioria dos dias da semana, pelo menos um dos clubes tinha treino, e todos os alunos se dispunham, ou eram obrigados, a comparecer. Graças a isso, pude assistir as garotas torcendo e fazendo acrobacias, um Laxus incomodado lançando bolas de baseball e Natsu arremessando.

O garoto era incrível com a bola. Sua animação e aparente hiperatividade o permitiam correr rapidamente longas distâncias sem se cansar, e o que faltava de altura era compensado pelos seus pulos. Por mais que não fosse popular com as garotas, quando fazia algo como uma enterrada, era aclamado por todas elas. Não só por garotas, na verdade.

O filho de Macao, Romeo, era um estudante da oitava série do ensino fundamental da Fairy Tail, e se autoproclamava o fã número um do rosado, torcendo mais que qualquer um. Em todos os treinos, ele estava lá, acompanhado de um de seus colegas e de uma garotinha a qual fui apresentada.

– Juvia, essa é Wendy. – Levy a introduziu.

A menina batia na altura dos meus ombros e parecia tremer de timidez só de pensar em se apresentar.

– Olá Wendy, é um prazer. – eu me curvei o suficiente para olhar em seus olhos.

– O-olá, Juvia. Eu já ouvi falar de você.

Sorri levemente, e nos sentamos juntas observando a partida.

– Ela é a neta da nossa enfermeira, Porlyusica. Não sei se você já conhece. – Levy estava sentada entre Wendy e Gajeel.

– Vovó não gosta muito de pessoas. – a garota mantinha as sobrancelhas juntas.

Gajeel riu e fez questão de se apresentar, enquanto bagunçava os cabelos dela. Wendy não demonstrou estar intimidada pela aparência “assustadora” de meu amigo. Pelo contrário, pareceu ser atraída por isso, e começou uma longa conversa com ele.

– E você vai competir, Wendy?

– Vou. – ela deu um salto animado, se levantando. – Fui transferida para o time titular do fundamental de tênis esse ano. Mas...

Wendy tomou um susto quando um braço foi colocado sobre os seus ombros.

– Não é como se ela tivesse grandes chances. – Romeo tinha uma expressão sarcástica.

– Por quê? – perguntamos eu e Gajeel ao mesmo tempo.

Hun, a Wendy é muito magrinha, uma ratinha de biblioteca. Será um milagre se ela conseguir uma boa colocação. – ele se virou para a pequena. - Era melhor ficar só me assistindo.

Romeo já havia sido apresentado a mim anteriormente, e se mostrara uma pessoa agradável, exceto por... Certa rudeza. Conosco, do Ensino Médio, ele parecia um garoto normal, mas era impossível não perceber a influência que ele tinha nos amigos que o acompanhavam, e como isso desenvolvera nele certo senso de superioridade. Ao menos aparentemente, e provavelmente provocado pelo seu talento no basquete – ainda que não fosse comparado ao de Natsu.

O que eu não conseguira entender era o porquê dele, apesar de não demonstrar dar importância a toda a atenção que recebia - seja dos amigos ou das outras garotas -, parecia estar se divertindo tanto implicando com ela. Chegava a ser engraçado o modo como, apesar de mais novo, ele se assemelhava tanto aos playboys de filmes colegiais.

Wendy se afastou dele, visivelmente incomodada e com uma expressão de desgosto forçada.

– Cale a boca. – ela se virou e começou a descer as arquibancadas.

Romeo riu quando ela se afastou irritada, bufando. Ele se despediu e foi atrás dela.

– Wendy funciona melhor sob pressão.

Foi a última coisa que pudemos ouvir antes dele ir embora.

...

Como tudo que é bom também tem seu lado negativo, bem, existia a parte não tão boa da turma, assim como alunos de outras salas ou séries, estarem assistindo a todos os treinos. Ela era basicamente a presença de garotas gritando por Gray durante todas as suas voltas. Se fosse como era com Natsu tudo bem, mas Gray já fazia sucesso com elas antes, como Ultear dissera. O que significava que a intenção delas era outra completamente diferente.

Meredy se deleitava com a minha expressão de ódio enquanto esperávamos nossas vezes para nadar.

– Não precisa ficar assim só por que outras garotas querem ser envolvidas por aqueles braços... – ela encenou duas pessoas se beijando para me provocar.

Eu afastei os dois braços dela, que riu.

– Mas você não concorda que elas deveriam parar de gritar pedindo o número dele, etc., quando está óbvio que ele está incomodado?

Eu tinha percebido o que Ultear quisera dizer com ele se irritar com “as garotas que o perseguiam”. As adolescentes o observavam o tempo todo, berrando, e quando ele saía da piscina corriam imediatamente para fazer uma multidão em volta dele, tentando se agarrar aos seus braços. Ok, para muitos garotos isso poderia ser o paraíso. Mas Gray - assim como eu se estivesse em seu lugar - parecia acha-las um incômodo.

“– Verdade. Mas agora percebi que você não é do tipo dependente. Eu odeio esse tipo.”

O discurso de que ele era incrível parecia ser o que mais o fazia se afastar delas. Não por ciúmes, mas eu conseguia entender o porquê.

Quando ele acabou, sentou-se ao nosso lado. Cumprimentamo-nos e eu lhe entreguei uma toalha.

– E aí, Gray-sama? – Meredy mexia nos cabelos provocadoramente. – Como vai com o seu fã clube?

Chiamos juntos. A rosada estava em pleno divertimento.

– Meredy! Lockser! Não é hora para ficar brincando! – Aquarius gritou do outro lado da piscina.

Nos apressamos em levantar, colocando as toucas e óculos.

– Já estamos indo, treinadora! – disse eu.

Antes que eu pudesse correr para a piscina, Meredy segurou meu braço.

– Acho que um ciuminho seria bom nessas horas.

Não.

– Por quê? Não é como se só ele tivesse admiradores, certo? Mesmo que você não faça nada, alguns caras vão fazer o necessário.

Ela partiu na minha frente antes que eu pudesse dar uma explicação.

Simplesmente eu não gostava da alternativa do ciúme. Por dois motivos: o de que eu me decepcionaria profundamente se ele não reagisse, e o outro, que era a minha visão de que aquilo fazia tudo parecer muito mais um jogo, como se eu estivesse apenas querendo chamar atenção. Não era o tipo de coisa que Gray gostaria, e eu vinha tentando fazê-lo se aproximar de mim, e não forçar uma reação imediata a olhares de estranhos.

Ao menos propositalmente, eu não faria nada para provoca-lo. Porém, como Meredy dissera, não era algo que pudesse ser evitado.

...

Gray parecia emburrado. Sentou-se o mais longe possível de mim, enquanto encarava o chão com as sobrancelhas franzidas. Com menor intensidade do que ocorrera com ele (com certeza) algumas pessoas também gritaram meu nome, assim como... Algumas cantadas. Eu as ignorara, mas ele parecia não ser capaz de fazer o mesmo.

Isso não me deixou especialmente feliz. Claro que existia aquele turbilhão de emoções que surgiu ao ver ele irritado quando eu saí da piscina, mas aquilo não indicava que necessariamente Gray gostava de mim ou algo do tipo. Eu preferira ignorar a opção dele me imaginar com a irmãzinha a quem ele precisa proteger. Seria deprimente demais.

Após o treino, Aquarius nos chamara para algo que ela denominara um discurso motivador. Por isso, nos reunimos no fundo do ginásio para ouvirmos a sua fala, que se resumiu em ameaças, pedidos para que não fôssemos “fracotes” e a sermões sobre como deveríamos tentar orgulhar nosso colégio.

– Mas não se esqueçam do espírito esportivo! – ela berrou, ao fim.

É difícil pensar nisso quando você tem esse sorriso assassino no rosto.

Meredy parecia concordar, mas ficamos caladas.

A conversa continuou, e Gray retomou o humor habitual. Até Aquarius estava mais relaxada. Enquanto isso, eu me distraía relembrando os últimos cosplays que Mirajane me fizera vestir. Foram muitos, e cada dia eu imaginava, com medo, qual seria a próxima coisa que a sua notável criatividade iria inventar.

Minha atenção foi retomada quando o assunto se voltou para nossos oponentes, e, de certo modo, para mim. Nem todos sabiam sobre como eu fora abordada – até por que os garotos não contaram todos os detalhes -, mas já não era novidade eu ter vindo da escola rival.

– Mas eles são uns covardes, não é mesmo? Já ouvir dizer que expulsam as pessoas que perdem consecutivamente. – disse um dos garotos, com os olhos arregalados.

– Sério? Bem, tudo que eu já ouvi foram as suspeitas de envolvimento com fraudes e drogas... – disse outro.

Um arrepio subiu pela minha espinha. Por mais que Freed, Cana e Gray tivessem notado e tentassem desconversar, os outros não pareciam notar meu desconforto ou ter o desejo de pararem.

– Isso é verdade, Juvia? – uma garota do terceiro ano perguntou. – Você deve ter visto alguma coisa, né?

Meredy segurou a minha mão enquanto eu engolia a saliva que se acumulara. Limpei a garganta.

– É... – forcei um sorriso. – Eles não eram lá muito legais com Ju-comigo.

Eles assumiram expressões estranhas, ao notarem o quão vacilante minha resposta era. Ou como eu parecia querer fugir do assunto. Decidiram por ignorar, e voltaram à conversa de antes.

– Não importa. Eles não são tão fortes assim, lembra como inventaram um boato ano passado para nos amedrontar? Toda aquela propaganda de um grande nadador...

Conseguiram chegar a um assunto ainda mais desconfortável. Eu sabia que tinha de me acostumar a ouvir a visão dos outros sobre aquilo – minhas reações medrosas eram patéticas -, mas naquele momento não consegui.

Apertei a mão de Meredy e aguentei enquanto eles terminavam de falar.

...

Após o discurso de Aquarius, eu relaxara novamente. Em certos dias eu dera as aulas extras para os outros alunos, mas faltava tão pouco tempo para as provas que isso já havia acabado, assim como os treinos em conjunto proporcionados pela nossa treinadora.

Com isso, o que nos restava era estudar e treinar arduamente. Quando não estava fazendo isso, em geral conversava com algum dos membros do Casarão. Eu fugira da proposta de “aposta” de Ultear, que me perseguiu repetindo que a vencedora ordenaria quando e como a outra iria se declarar.

– Claro, a competição só começa quando eu achar alguém por quem eu me interessar. – ela dissera. – Porque você está resistindo tanto?

– Deixe-me ver: talvez por que há grande probabilidade de você vencer e me fazer passar a maior vergonha?

Ela resistiu, mas acabou por desistir, afirmando o quanto era sem graça.

– Mas nós bem que poderíamos achar alguém para a Meredy, né? – ela disse. – Que pena que meus irmãos já estão ocupados...

– Que?! – a rosada estava deitada na cama de Ul, usando no celular.

– Que tal o Freed? – sugeri, tentando dar o troco às provocações que ela me fizera.

As duas ficaram em silêncio.

– Juvia... o Freed é gay. – disseram baixinho.

Minha expressão deve ter sido muito engraçada, por que demoraram minutos até que elas conseguissem parar de rir e recuperar o ar.

– Pera, como assim?! Desde quando?!

– Acho que desde sempre. – Ul falou. – Ou você acha que é à toa que ele trata o Laxus daquele jeito? Claro, Bickslow também o segue, mas não é a mesma coisa.

Fazia sentido, por mais que eu nunca tivesse parado para pensar. O choque fora mais pela surpresa.

A situação só me fizera entender que nunca dava muito certo quando eu tentava me vingar de alguém.

– E ele já saiu com alguém?

– Não sei. Talvez, mas com certeza já ficou olhando alguns caras. Já vi. – disse Ul.

– Ok, então, Freed descartado. – falou Meredy. – Que outras grandes ideias vocês têm?

– Não acho que ela tenha interesse, mas se tentasse o Lyon aposto que a Chelia cortava a boca dela. - me virei para Ultear.

Ela se apoiou em meus ombros com um sorriso sarcástico.

– Você diz como se não fosse fazer o mesmo. – não pude evitar rir. – Mas, na verdade, eu nem estava considerando a Chelia tanto assim, por mais que eu queira que eles dois se acertem.

– Como assim?

Ela suspirou.

– Você vai entender. É tudo uma questão de qual deles fará o primeiro movimento.

...

– Na verdade ele é melhor do que eu. – me disse Lyon enquanto observávamos Gray nadar na piscina do Casarão.

Ambos já havíamos terminado nossos circuitos, e ficamos sentados no chão observando os outros. De certo modo, era relaxante estar com Lyon. Ele expirava confiança e conforto. Acostumara-me a receber seus cafunés e a me sentar ao seu lado durante as refeições.

– Sério? – eu indaguei.

Enquanto assistíamos, nós dividíamos um pacote de cereal integral. Segundo Ur, alimentos como esse eram perfeitos para encher a barriga e nos fazer esquecer daqueles “ruins”. Como quase todos ali viviam nesse regime desde pequenos, e eu nunca tivera a oportunidade de comer grandes quantidades de doce, nem era tão ruim assim. Mas ainda assim não seria a minha primeira opção. Nem de longe.

– Uhum. Eu comecei a treinar antes, já que fui adotado antes, né? Mas Gray já tinha certa experiência com o mar, então teve maior facilidade. Acho que ela não gosta muito de mostrar isso por aqui, então só dá seu máximo nas competições. Por isso que venceu na última vez que disputamos.

– Desanimado já? – fui irônica.

– Nem pensar. Foi por isso que passei esses meses fora.

O que Lyon mais parecia querer era derrotar o irmão. Não podia dizer que torceria por ele, apesar de tudo.

– Boa sorte. Mas acho que dessa vez a Lamia não vai ter chance.

Ele avançou para cima de mim, afirmando que eu estava muito convencida para alguém que nunca competira com ele.

Uhum. – ouvimos uma pessoa limpar a garganta.

Me levantei, me afastando do Vastia.

– Oi, Chelia.

Ela sorriu e se sentou onde eu estava antes. Começou a conversar com ele como se eu não estivesse lá, e, ignorando isso, me sentei ao lado deles. Talvez eu merecesse aquilo, ao menos um pouquinho. Apesar de que até então eu não achasse que isso tivesse qualquer efeito sobre a relação deles, ela poderia me ver como eu vira a Heartfilia.

– Então, Lyon, sabe quem é que vai me visitar durante as competições? E que vai fazer questão de te encontrar? – Chelia se inclinava sobre ele.

– Quem? – ele parecia esperar pelo pior.

He, a Cherry.

A expressão de felicidade dela contrastava com o claro desejo que Lyon tinha de fugir. Dessa vez, ao menos, eu sabia do que eles falavam.

Cherry era, basicamente, a prima de Chelia que estudava na Blue Pegasus desde que começara a namorar um dos garotos de lá. Anteriormente, fora persistentemente apaixonada por Lyon. Quando finalmente desistiu do garoto, apresentou Chelia, sua prima que havia chegado do interior e que iria viver no Casarão, a ele. E Chelia se apaixonara. Com isso, se desenvolvera o que Ultear gostava de chamar da “Maldição dos Blendy”.

– Já que você será sempre perseguido por essa família, não é? – ela adorava enfatizar, sussurrando no ouvido dele.

Após tais acontecimentos, Lyon desenvolvera uma espécie de trauma com a prima mais velha, imaginando se um dia ela voltaria a persegui-lo. Ele não admitia, mas Freed já me contara que provavelmente um dos motivos para ele fazer intercambio fora para se afastar um pouco dela.

– Mas que bom... – ele repetia.

Preferi deixar os dois sozinhos, e fui tomar meu banho.

...

Provas terminadas. Resultados entregues.

Natsu conseguiu passar por pouco, o que causou uma comoção geral e uma festa patrocinada por Makarov no L'heure du Thé . Todos se divertiam e pareciam animados, apesar de clima de tensão no ar. Ali, no entanto, esse nervosismo não parecia algo ruim.

– Eu sei que vocês estão com medo. – o diretor nos dissera. – Mas ter medo é bom. Ter medo significa que vocês realmente estão com vontade de vencer, que não querem que tudo tenha sido em vão. Mostra também que vocês estão conscientes do poder de seus adversários. Estarem nervosos significa que mal podem esperar para o início, para a primeira medalha. E, admitirem isso, mostra que vocês estão prontos para o que quer que ocorra. Então...

– Vamos chutar a bunda deles! – foi o grito que todos deram durante o jantar, erguendo seus copos.

O resto da noite foi de dança, comida e conversa. Ninguém parecia pensar muito, naquele momento, no fato de que em uma semana seria a primeira competição de natação.

– Então! Às apresentações! – Gildarts já estava consideravelmente bêbado, mas ao que parecia aquele era um ritual do colégio.

Ele subiu em um banco segurando uma lista, e foi chamando aos integrantes de cada equipe titular.

– Em baseball, Laxus!

O loiro se aproximou com a cara fechada.

– Isso é tudo graças a você, Mira! – Makarov berrou.

Aparentemente ela conseguira convencê-lo. A garota sorriu docemente, e deu uma piscadela para o grandalhão. Laxus tentou disfarçar quando engasgou com seu refrigerante, em vão. Eu, e talvez mais algumas pessoas, notamos.

– Ok, seguindo em frente. Natação! – o treinador passou os olhos pela lista. – Temos Gray Fullbuster, o de sempre, Freed, alguns garotos irritantes... Ah! Juvia Lockser e Meredy... Tanto faz. Venham cá!

A multidão riu enquanto os garotos eram deixados de lado. Guildarts só parecia dar destaque aos novatos ou casos especiais de pessoas que geralmente não participavam.

– Têm algo a dizer? – ele perguntou quando nos postamos ao seu lado.

Eu aceitei a oferta. Mesmo que morrendo de vergonha, eu queria dizer algo a eles.

Gildarts me deu lugar no banco, e ao subir eu observei os rostos dos meus colegas.

– Juvia... – balancei a cabeça. - Quero dizer, eu...

– Pode falar do seu jeito mesmo! – alguém gritou do fundo.

Ri, agradecida e constrangida.

– Juvia vai fazer o possível para honrar essa escola. Juvia quer que todos vocês vençam em suas respectivas modalidades, e espera que não se arrependam de terem aceitado ela...

Notei, entre os que me observavam, um Natsu aparentemente irritado.

Bleh! Muito emocional! – ele berrou. – Tire ela daí, Gray, não quero ver ninguém chorando!

Ele dizia isso, mas tinha quase plena certeza que ser referia a mim. Provavelmente tinha notado o quanto eu estava tremendo.

E, assim, meu discurso foi interrompido quando o Fullbuster veio em minha direção e me puxou pela mão para o chão. Natsu não demorou muito para chegar perto e começar a me explicar, rindo, por que falar coisas como as que eu dissera não davam certo.

– Veja o Gray, por exemplo. Essa cara dele, totalmente inexpressiva. Parece meio estúpida, mas não dá uma impressão de que ele é misterioso? Você tem que ser assim, falar coisas meio sem nexo para aí...

Antes que ele pudesse terminar, o moreno o puxou para longe pela gola da camisa. Pelo resto da noite, me sentei com as garotas.

Por fim, cheguei a uma conclusão: aquelas pessoas eram muito estranhas.

Mas eu adorava.

...

Acordei com o rosto sobre meu telefone, babando. Aparentemente, estava atrasada. O que definitivamente era péssimo.

Como nos meus primeiros dias ali, corri para não piorar a situação. Era um sábado, mas aquele dia com certeza não era para relaxar. Descendo as escadas, esbarrei com Ur, que lia o jornal já com a chave do carro (que Ultear dirigiria) em mãos.

Ela me parou, ajeitou meus cabelos e me deu um beijo na testa.

– E aí? Pronta para sua primeira prova?


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Foi muita maldade esse final?