Singelo escrita por Tempesfúria


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Oe oe padawans! Como vão?
Um dia desses estava vagando no tumblr e vi essa imagem , então essa ideia brotou de minha mente.
AltMal é um dos meus OTPs favoritos, então escrever isso foi muito divertido.
Desculpem-me de alguns eventuais erros. ><
Enfim, boa leitura! :D



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– Então pessoal, vocês irão fazer um trabalho sobre um deus da mitologia grega – dizia o homem em frente ao quadro-negro. Um coro de vozes decepcionadas espalhava-se entre as paredes da sala abafada – Selecionem um e forneçam as informações completas. Felizmente vocês poderão fazer o trabalho em dupla. Escolham seu parceiro e me deem os nomes para eu poder marcar.

– Professor, pode ser dupla de três? – algum idiota perguntou, rindo com uns de seus prováveis amigos, provavelmente curioso para saber qual a resposta dele.

– Que tal perguntar para professora de matemática? – disse, sentando-se à mesa e pegando alguns papéis, que seriam onde provavelmente marcaria os nomes. Os idiotas riram feitos ainda mais idiotas.

Sinceramente, acho que aquelas pessoas deviam achar vergonha de baixar tanto o nível de dignidade – se é que ainda existe, para tentarem ser “descolados”. E ainda mais os professores que não são pagos para tal fim e baixam tamanho nível de dignidade para se darem o trabalho de respondê-las. Se fosse professor, simplesmente mandaria todos para conhecer o diretor. Mas como supostamente isso não aconteceria – afinal professores são todos fracassados e sarcásticos, e isso não se aplica a mim – fico apenas imaginando qual é a porcentagem do nível de dignidade deles.

Enfim, suspirei. Tinha de achar alguém para fazer dupla de jeito ou de outro. Mesmo que quisesse fazer sozinho, perderia metade da nota, e isso significava estudo extra no final de semana. Olhei para classe. Todos estavam agitados e alvoroçados para escolherem logo o parceiro. E isso significava que o estoque de pessoas estava acabando.

Olhei para um determinado ponto, na direita, do lado da janela. Era ali que ficava a maioria do meu grupo. Não, eu não era totalmente anti-social. Tinha alguns amigos valiosos ali, de amizades antigas. Mas pelo fato de ser um pouco calado e um pouco mal-humorado – afinal quem diabos fica feliz de manhã cedo com um velho tagarelando sobre gente que já foi dessa para melhor à muito tempo? – não era muito comunicativo. Claro que sempre estavam comigo no intervalo, convidavam para festas, não me excluíam totalmente. Mas, no quesito de duplas para trabalhos escolares, eu era quem sobrava. Olhei cada um deles, esperando que alguém sobrasse:

Desmond era um cara meio estranho, no sentido de idiota mesmo, fazia dupla com aquele outro idiota, o Shaun. Aqueles bem que poderiam reviver os filmes de Debi & Lóide.

Ezio era cara bem elegante, popular e descendente de italianos, fazia dupla com um loiro fascinado por arte, que provavelmente seria um novo namorado dele. Ezio era bissexual e não tinha menor constrangimento em contar as aventuras com homens e mulheres que vivia. Honestamente tenho pena das namoradas e namorados dele. Dificilmente suas relações duravam por muito tempo. Em breve ele encontra outra pessoa que a intitula de alma gêmea, traçados pelo destino, essas coisas clichês.

Connor era um cara bem quieto, muito quieto mesmo. Quase não ouvia sua voz nos dias e quando ele abria a boca era pra perguntar: “Onde está Charles Lee?”. Nunca entendi essa história direito. Ele fazia dupla com uma morena, dona de traços finos e delicados, cujo nome era Aveline. Das poucas vezes que conversei com ela, me parecia ser muito educada, provavelmente derivada dos pais que eram franceses. Ele incrivelmente me parecia bem à vontade perto dela. Se existir algo entre eles, diria que formariam um belo casal.

Edward era um cara ambicioso, bom de lábia e que sempre se metia em confusão. Era fascinado por navios, piratas e lendas antigas. Sempre dizia que futuramente iria trabalhar na marinha. Ele fazia dupla com uma menina chamada Mary Read. Ela é bem misteriosa. Seus aspectos são bem unissex e se ela quisesse se vestir de homem, certamente passaria despercebida.

Como imaginava: ninguém havia sobrado.

Meus olhos correram novamente entre as pessoas ali presentes e pararam em um moreno.

Ele usava um casaco preto com as bordas brancas e estava sentado em sua carteira, todo encolhidinho, olhando para o nada.

Levantei-me e me dirigi até ele. Seu nome era Malik.

Conhecemo-nos quando estava numa festa e Rebecca, dona daquela festa, me apresentou-o e pediu que conversasse com ele. Talvez porque seu irmão mais novo, Kadar, largou-o em um canto para encontrar-se com alguma menina e ele se sentia um pouco sozinho, ou talvez porque havia esquecido todo meu socialismo em casa naquela noite e não estava nem um pouco afim de conversar com alguém, muito mesmo dançar e muito mesmo permanecer naquela festa, já estava me preparando para sair. Até que ele veio e bloqueou todo meu plano de sair sem que ninguém notasse. Mesmo naquele lugar fechado, abafado e em completa penumbra, pude ver seus olhos castanhos. Mesmo sendo de uma cor tão comum, havia algo raro neles, algo totalmente irresistível e então encarei-os por alguns longos minutos.

Até ele se sentir um pouco incomodado com o olhar.

“O que você quer?”

Ele tinha uma voz suave, e mesmo com o toque de irritação nela, ela soava doce.

“Nada.” disse por fim. Ele fez biquinho. Eu simplesmente poderia agarrá-lo naquele exato momento, mas me contive, ele iria achar que era algum tipo de maluco-estuprador-de-pessoas-inocentes-e-fofas.

“Quer beber alguma coisa?” convidei-o, ele hesitou por um momento, mas me acompanhou até o balcão onde pousava as bebidas e petiscos da festa. Servi-o um pouco de ponche e depois peguei um copo para mim.

Quando bebeu, tinha feito uma careta.

“Nunca bebeu?” perguntei, ele apenas assentiu e bebeu outro gole, fazendo outra careta. Ri diante dele o que me rendeu uma cara feia. Raramente eu ria, então ele era no mínimo especial.

Em todas às vezes que consegui, tentei conversar com ele naquele momento. Admito que estava um tanto interessado naquele moreno. Mas, parecia que eu era um fã e ele um artista famoso.

Entretanto, depois de algum determinado momento e algumas doses, a sorte parecia estar ao meu lado e a bebida estava fazendo efeito nele. Completamente bêbado, ele começava a falar coisas sem nexo. Eram declarações, pedidos, resmungos e principalmente reclamações. Ele começava a reclamar de completamente tudo que existe no mundo. De uma pequena formiga no chão, até o sistema solar, tudo. E aquilo estava ficando insuportável. Ninguém merecia um cara bêbado atazanando numa noite de festa.

Então explodi.

Beijei sua boca. E ele correspondeu. Lembro ainda do gosto que tinha. Era doce, viciante. Mesmo que o gosto ácido das bebidas corresse entre as línguas, estava muito envolvido para sequer notar.

Ficamos assim por tempo suficiente para seu irmão aparecer e arrastá-lo para fora da festa.

No dia seguinte, não parava de pensar em Malik. No seu cheiro, no seu corpo, no seu gosto. Não conseguia me concentrar de forma alguma. Só pensava nele. E exclusivamente o queria.

Ele havia se sentado junto ao meu grupo. E quando cheguei, me recebeu com um cumprimento.

Um ponto positivo, ele se lembrava de mim.

Então alguém começou a falar sobre o que aconteceu na festa.

“Isso aconteceu? Não me lembro de quase nada.”

Aquilo latejou em minha mente. Havia me deixado, de certo, perturbado e um tanto desapontado.

Mas, pensei bem e talvez tivesse sido melhor assim. Se ele ainda se lembrasse, provavelmente não chegaria nem perto de mim quanto muito menos falar comigo. Contudo, uma pontada de dor ainda piscava e aquele sentimento não desapareceu e continuava a palpitar sobre mim.

Nos dias correntes, Malik e Kadar começaram a interagir conosco e fui conhecendo-os gradualmente até Malik se tornar meu “melhor amigo”.

E então, parei em sua frente e falei:

– E ai. – ele me encarou profundamente com seus olhos castanhos magnéticos.

– O que você quer, novice? – não pude deixar de rir de sua face mal-humorada, ele arqueou uma de suas sobrancelhas e me lançou um olhar de tédio. – Hm, deixe-me adivinhar... Veio buscar consolo por ninguém querer fazer esse trabalho com você é? Coitadinho...

– É é, claro... Vamos fazer logo esse trabalho juntos?

– Só pela nota.

Fui até a mesa do professor e deixei os nomes com ele.

– Altair e Malik... Vocês dois juntos de novo? – o professor riu terminado de escrever em uma das folhas empilhadas na mesa.

Praticamente todas as vezes que havia trabalhos escolares para fazer, Malik era quem sobrava. Mesmo que sempre insistisse em procurar alguém, sempre acabava com o mesmo parceiro.

Ele era bastante inteligente, o que é vantagem para mim, que sempre ia mal nas provas, tendo sempre de recorrer a ele algumas (lê-se todas) vezes para estudar. E com isso ganhei o apelido de novice.

Voltei até Malik.

– Aonde vamos fazer?

– Tanto faz.

– Biblioteca?

– Pode ser.

O sinal tocou e as pessoas que ainda sobravam para marcar o nome, se aglomeraram na mesa do professor e se alvoroçaram pra cima dele. Aquilo poderia assustar qualquer professor novo.

As aulas seguintes passaram lentamente, como de costume. Exceto o intervalo, que era o único que terminava em um piscar de olhos.

No final da última aula, guardei minhas coisas e fui ao encontro de Malik.

– Vamos? – falei, vendo ele ainda guardar os cadernos.

Ele resmungou que sim e saímos da classe, passando pelos corredores até chegar à porta de madeira mogno da biblioteca.

Acenei para bibliotecária, que retribuiu com um sorriso para ambos nós. Malik não devolveu outro sorriso. Ele incrivelmente não gostava dela, mesmo sendo tão simpática.

Deixamos ambas as bolsas numa mesa e seguimos até as prateleiras. Decidimos escrever sobre a deusa Afrodite, então selecionamos alguns livros sobre ela. Após, sentamos nas respectivas cadeiras.

Então, repentinamente, ele resolveu se abrir para mim, me aborrecer com aquelas aulas de “como saber se Malik está num dia bom ou ruim”.

E certamente aquele não devia ser um de seus raros bons dias.

– Será que... – tentei adverti-lo, mas era impossível diante de toda aquela falação de assuntos banais, ele me ignorava e continuava a falar ainda mais alto. Por Deus, o que eu fiz para merecer um cara como esse, que reclama até da cor dos olhos da bibliotecária, como amigo e como parceiro de trabalho.

Tentei focar no texto, lendo algumas palavras para tentar demonstrar que não estava nem um pouco afim de ouvi-lo reclamar e que queria terminar logo aquele trabalho.

Mas ele não demonstrou sequer expressão que iria terminar o assunto logo, que já nem sei qual era.

As palavras que ele falava, o som que elas emitiam, as frases que elas formavam... Estava tudo totalmente embaralhado. Tais como aquelas fitas transparentes, em que você gira, gira, gira e não acha a ponta para resolver o problema. Estava já aparentemente estressado e irritado, entretanto, possivelmente ele não dava a mínima para isso.

Mas, tudo que tem começo tem um fim. E eu já estava cansado de prolongar o “meio” dessa história.

Então, simplesmente explodi.

Inclinei o corpo contra a mesa, chegando perto o suficiente de Malik. Olhei no fundo de seus olhos e depositei um doce selinho em sua boca rosada. Quando me ajeitei novamente na cadeira, podia ver seu rosto totalmente rubro e seu jeito sem-graça. Aquilo o calou imediatamente e ele ficou longos segundos me encarando com os olhos arregalados, perplexo.

– Então, será que podemos prosseguir com o trabalho? – disse enfim. Ele apenas assentiu e abriu o livro. Seu rosto ainda sustentava a tonalidade rubra e seus atos envergonhados o deixaram ainda mais fofo do que realmente é.

Apesar de todos seus defeitos, ele é uma boa pessoa. Apesar de usar uma armadura feita de um ouro impenetrável, ele tinha coração mole. E apesar de receber vários tipos de xingamentos nada educados a minha pessoa, eu ainda o amava, amava mais que tudo. Um amor adocicado, melado. Que só queria que ele estivesse bem, mesmo não estando ao seu lado.

Sorri bobo ao ver-me pensando no amor que sentia por ele. Como um selinho tão rápido, mas tão singelo me fizesse ficar assim? Mesmo que já tinha o beijado, aquilo era diferente. Era uma união de lábios que significava tudo o que sentia e que pudesse transmitir, de modo em que o mundo não seja destruído ou uma estrela explodisse. De modo em que os batimentos pudessem ficar em um ritmo só, dançando ao som de jazz. De modo em que o sistema nervoso pudesse saborear novamente o doce gosto da pessoa que amo. De modo em que pudesse olhá-lo e querer ainda mais e mais.

Afinal se tratava de Malik, e Malik, apesar dos apesares, eu o amava. O que significava que ele me pertencia somente.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Espero que não os traumatizei. D:
Comentem suas opiniões! Criticas construtivas são bem-vindas!
That's all folks!