A porra da algema começou a cortar meu pulso de tão apertada, mas fiz um voto interno de silêncio, então não ia reclamar de dor, nem de nada. Não que eu não mereça estar aqui, só não tem necessidade disso tudo.

Quatro negões enormes vieram me buscar em casa... É óbvio que eu já estava preparada, mas você nunca está pronto realmente até que acontece. Eles me colocaram no fundo do carro com tanta força que ainda sinto leves dores no braço... Deve ficar roxo, mas foda-se, esse é o menor dos meus problemas.

"Marina", respondo, quando perguntam pelo meu nome... "Marina Hutchess," continuo... "23 anos, caucasiana, meu cabelo está azul, mas naturalmente é castanho... olhos castanhos claros" Essa burocracia é tão ridícula, tipo... a cor dos meus olhos e da minha pele é óbvia, não precisa perguntar... gente estúpida. A velha de cabelos artificialmente avermelhados dá um sorriso e pede que eu espere sentada.

Alguns minutos depois outro negão me conduz a uma vã branca com mais quatro novas detentas, uma loira, e as outras morenas, uma delas é negra... Ninguém conversa, vamos de vã até outro lado do campus da penitenciária e descemos em fila. Lá dentro entregam-nos um saco com nosso uniforme, um travesseiro e um cobertor.

Somos conduzidas à uma salinha para nos trocarmos, e depois esperamos alguns instantes por uma mulher que nos levará à cela... confesso que estou realmente preocupada com essa parte, mas ninguém aqui precisa saber... não devem, na verdade, então ergo a cabeça e encaro fixamente um azulejo rachado. Poucos minutos depois somos chamadas... As outras começaram a conversar eventualmente, mas não me dei ao trabalho de ouvir. Paramos em frente a uma cela, então a senhora lê o papel preso à sua prancheta e fala "Hutchess e Caravah, vocês ficam aqui." Então olho para trás até identificar minha colega, a loira... interessante. "Hutchess, beliche 7; Caravah, beliche 3."

Beliche 7... isso significa que não é uma cela dupla. Merda! Mas também, o que eu esperava? Uma colega, tipo acampamento? Essa merda está muito longe de um acampamento. Entro no quarto, e a primeira coisa que noto são as detentas... Uma gorda, uma velha, uma claramente drogada, uma caolha, uma baixinha e uma morena com cara de biscate. Ótimo, amei todas... Mas que porra.

"Sou Hutchess" anuncio enquanto examino a lateral do beliche a procura do número sete. "Cala a boca princesa azul, tô tentando dormir" disse a caolha. "Foda-se" respondi... Nunca tive o hábito de medir minhas palavras, mas aqui é diferente... talvez eu precise começar a trabalhar nisso. Ela levanta da cama e vem em minha direção... Então, ela ri "Prazer, Rangel" aperto sua mão com um sorriso. "Ei, eu gostei de você! Mas não acostuma não princesa, só por que você é novata vou deixar passar," fala, um pouco irônica "Essas são Reis, Verona, Lacerda, Nunes e Winchester... e quem é sua amiguinha?" Termina apontando para Caravah, que limpa a garganta e se apresenta como Giovana Caravah, mas que podiam chamar ela de Rav. Todas nos cumprimentaram com acenos de cabeça e risadas, então achei o beliche número sete e coloquei meu saco com o cobertor e o travesseiro em cima da cama.

"Vocês chegaram depois do café, mas o almoço é daqui a pouco. Quando a sirene tocar, têm que ir para o refeitório e só pode sair quando terminar de comer," não estava muito afim de conhecer tudo agora, mas foda-se " depois podem voltar pra cá, ou ir pra biblioteca... O pátio fica liberado por duas horas, uma hora depois do almoço, outra antes da janta. Vocês não vão ficar aqui pra sempre, logo vão para os cubos, que são 'quartos'... Só ficam aqui os novatos ou os que optaram, mas essa escolha só pode ser feita depois de um ano de pena, então... nada de escolha pra vocês" grande merda... "Ah, e vocês vão ter que trabalhar! O trabalho é remunerado, 12 centavos a hora, que vocês podem escolher entre gastar na lojinha ou receber quando saírem! É basicamente isso, aproveitem sua estadia na Litchfield" Todas riem com essa última frase, minha menor preocupação é aproveitar a estadia.