Zero Shot escrita por Yuna Aikawa


Capítulo 1
One Shot


Notas iniciais do capítulo

Aviso: Ficou hiper graça ._.



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                Lar, doce lar. Quer dizer, hotel, doce hotel. Bem, isso não importa, o que vale é que é um dos raros dias de folga que eu vou passar com esta belezinha de x-bancon. Ou pelo menos era isso que eu achava até me deparar com Sammy grudado na televisão com um controle na mão.

- Uhn que vussê ta fanzendo?

- Dean, não fale de boca cheia – Que mal-humorado.

- Desculpa. O que é isso? – Apontei para a caixa preta em cima da tela.

- Um Playstation 2. Vai dizer que nunca viu um?

- Lógico... - Que não vi, estou sempre caçando! Não tenho tempo para essas porcarias!

- Então venha jogar comigo.

- O que você está jogando?

- Fatal Frame II, Crimson Butterfly.

- Sabe, você já passou da idade de ficar no vídeo-game.

                Sentei-me ao lado de Sammy na cama e terminei meu almoço, observando aquele jogo sinistro.

- Você é uma garota muito lenta, sabia?

- É a velocidade do jogo, Dean, não posso acelerar.

- E essa câmera? Fantasmas não morrem com um mísero flash! Cadê o sal?

- Dean, é apenas um jogo.

- Bem fictício, se você quer saber.

- Não, eu pesquisei, é baseado em fatos reais.

- Fatos reais? – Encarei a tela. Onde estavam os fatos reais naquilo?

- Sim, Fatal Frame é baseado na história da mansão Himuro, no Japão. Há rumores de que a mansão foi o palco das mortes violentas de uma família japonesa e vários de seus associados, algumas décadas atrás – Não sei o que mais me assusta, o Sam ter pesquisado a história ou o fato dele a ter decorado - A família Himuro participava de um ritual xintoísta com o nome de "Ritual de Estrangulamento", que era usado para selar o kharma ruim da Terra, a Malícia. O Kharma emergiria perto do final do ano de um portal no jardim interno da mansão. Para prevenir isso, uma garota era escolhida ao nascer e isolada do mundo externo para ser criada como um cordeiro para sacrifício – Eca, humanos! - Isso era feito para prevenir que a "Donzela do Santuário da Corda" adquirisse qualquer ligação com o mundo externo, o que arruinaria o ritual.

- Acabou? – Deus, como o Sammy fala!

- Não. Antes do "Ritual de Estrangulamento", outra jovem era escolhida para o "Ritual do Demônio Cego". Era amarrada uma máscara de madeira com espetos nos locais onde deviam estar os olhos no seu rosto, assim, ela saia cega pela casa, atrás das crianças, que pensavam que era apenas uma brincadeira. A última a ser tocada por essa jovem era escolhida para o sacrifício.

- Então, uma cega te pega por última e, ao invés de você perder o jogo, perde a vida? Uau, adoro humanos (Y).

- Após o tempo certo ter passado, chegaria o dia do "Ritual do Estrangulamento" para a "Donzela do Santuário da Corda", onde ela seria atada por cordas nos seus pulsos, tornozelos e pescoço. As cordas eram amarradas a times de bois, que puxavam radialmente do corpo da menina, arrancando seus membros de seu corpo. As cordas usadas para amarrar seus apêndices seriam ensopadas com seu sangue e cruzadas no portal da Malícia. Mas o portal só permaneceria fechado por aproximadamente 75 anos antes de o ritual se repetir. Por gerações, essa tradição era passada pela família Himuro, o chefe da família sempre participava dos procedimentos – Adoro quando o Sam me ignora, adoro - Porém a honra da família levou ao desastre. Durante o último "Ritual de Estrangulamento" registrado, é dito que a "Donzela do Santuário da Corda" avistou um homem do lado de fora da mansão vários dias antes do ritual. Ela se apaixonou por ele, e seu novo apegamento à Terra manchou seu sangue e seu espírito; o ritual e seu sacrifício falharam miseravelmente. O chefe soube do acontecido e perdeu sua sanidade. Ele correu pela mansão assassinando sua família, os sacerdotes, e qualquer desafortunado que estivesse visitando a mansão na ocasião. Envergonhado com sua falha de prevenir a calamidade, ele caiu se matando.

- Sério, Sam... Por que você está jogando essa porcaria?

- Eu li sobre o jogo num fórum, achei que seria divertido – Ele me entregou o controle - Tome, jogue um pouco.

                Uau, agora eu sou uma garotinha lerda com uma câmera no meio de uma mansão cheia de fantasmas crentes. Me sinto tão impotente sem uma arma de sal.

- Ahhh! – Caralho, que susto!

- O que foi, Dean?

- Esta merda vibrou! – Sammy segurou o riso, bom mesmo, e tomou de volta o controle.

- Quer dizer que tem fantasmas por perto.

- Que tipo de jogo maníaco é esse que te mata do coração com o controle?

- É um Survival Horror, Dean... É para assustar mesmo.

- E quem é esse cara?

- Esse é o Itsuki...

- Aposto que é o garanhão do jogo! Essa carinha de santo é só fachada, ele deve pegar todo mundo!

- Erh, não, Dean – Sam pausou o jogo, ou seja, lá vem discurso – Ele é um dos gêmeos do penúltimo ritual da cidade, um ritual que um gêmeo deve sufocar seu irmão e jogá-lo no portal do inferno.

- Ah, então ele é o irmão gêmeo do mal que pega as menininhas da vila?

- ... Eu desisto de te explicar o jogo.

- Ótimo, é tudo um bando de besteira mesmo!

- Dean... Será que existe caçadores no Japão?

- Se existem, eles não projetaram esse jogo. Hei, essa menina, quantos anos tem?

- Não faço idéia, por quê?

- Ela é gatinha.

- Você me assusta às vezes, Dean. Já sei!

                Sammy tirou daquele jogo, bem quando ele estava fugindo de uma mulher de quimono com uma menina manca. Depois de remexer numa das gavetas do armário, ele tirou um porta CDs e dele mais um jogo: Fatal Frame III.

- Essa é Rei.

- Uau! E eu achando a outra bonita!

- A Mio.

- Miojo?

- Esquece.

                Certo, depois de umas duas horas, eu sabia a história dos dois jogos, os nomes dos personagens e, depois de tudo, só pode concluir uma coisa: japoneses têm muita imaginação. Mas não posso falar nada, afinal, sonhei com o jogo.

                Eu estava num corredor escuro, quatro portas de correr e uma escada no final, quando uma criancinha cega, Chitose, eu acho, apareceu. Atirei nela com balas de sal, mas o único efeito foi que ela começou a abrir o berreiro.

                Quando ela finalmente parou, um flash veio do fim do corredor. Rei vinha, naquela velocidade impressionante, com Sammy.

- Você está bem? – Perguntou-me.

- Eu sempre estou bem, boneca – Pisquei, olhando desconfiado para Sammy. Seria um Trickster?

                Sam me lançou um olhar de “eu não sei o que está acontecendo aqui”. Resolvemos seguir Rei, que estava atrás de Yuu, seu noivo morto. Caralho, quantos sustos! Passei a ter um ódio mortal de bonecas e crianças japonesas. Malditas. Ah, a Miojo também apareceu, atrás de sua irmã manca, mas logo sumiu. Uhnf, mulheres.

                Quando finalmente chegamos ao chefão, Rei me puxou para um canto e Sammy, o único com uma câmera, enfrentou o big boss sozinho – que orgulho desse nerd.

                Então eu acordei, Sammy estava do meu lado, ofegante.

- Eu tive um sonho muito estranho – Disse por fim.

- Eu tive um sonho tão bom.

- Dean, eu sonhei que estávamos no jogo. Eu derrotei o chefe, Dean, sozinho!

- Não me diga... Eu sonhei que peguei a Rei.

- ... Você não presta, Dean.

- Não – Tirei uma revista de orientais peitudas de baixo do travesseiro – Nem um pouco.


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