“Faça um pedido, Rach”

O que Rachel poderia pedir? O que ainda faltava a ela?

Ali, sob de um “céu estrelado”, debaixo das cobertas, apertada em uma cama de solteiro junto à Quinn, com a palma da mão aberta enconstando levemente no rosto da loira, Rachel pensa apenas uma coisa que ela pode e deve pedir.

“Beije-me, Quinn”, ela sussurra, e fecha os olhos.

Quinn vibra. Ela já imaginou esse momento mais vezes do que pode contar.

Antes, ainda no Mckinley, quando Rachel não passava de uma distante miragem e habitava seus sonhos pecaminosos. Ela pensava que seria adulta, com uma carreira, talvez filhos e um marido, por que não? E finalmente teria coragem de se declarar para Rachel quando ela se tornasse inevitavelmente uma atriz consagrada na Broadway. Ela tentaria roubar um beijo, se tudo desse errado; assim teria algo à que se apegar nas noites solitárias. Alguma sensação para tirar da memória e fingir ser real, pelo menos por alguns segundos.

Ou depois, quando as duas se tornaram amigas, mas mesmo assim Quinn não via um possível futuro começo de algo a mais. Ela apenas se contentava com pequenas doses de carinho genuinamente amigável da morena e seguraria isso com as mãos como se fosse a coisa mais preciosa do mundo.

Como ela costumava dizer para sua terapeuta, a linha entre a realidade e ficção em sua vida se dividia entre o dia e a noite. De dia, quando ela tinha Rachel em sua versão alegre e sincera, soltando comentários sobre seu corpo, rosto, cabelo, ou qualidades. Ela não respondia, apenas sorria agradecida. Ela jamais poderia responder, porque iria implicar em dizer tantas outras coisas que definitivamente ela não estava pronta para. E à noite, quando poderia descansar a cabeça em seu travesseiro e imaginá-la com Rachel, namorando-a, beijando-a em parques, no cinema, no teatro, Rachel contando seu dia para ela, enquanto massageava as costas de Rachel para aliviar as tensões, dizendo coisas bonitas e doces em seu ouvido. De noite Quinn apenas sonhava que um dia Rachel sentiria seu amor com toda a intensidade que ele realmente possui.

Mas agora... Rachel já dormiu em seus braços outros dias de sua vida. Quando ela foi visitá-la pela primeira vez e acidentalmente encaixou a garota menor em sua frente, entrelaçando suas pernas de uma forma quente e irresistível. Outra quando Rachel teve um surto e começou a revelar seus sentimentos, não sem antes dar um beijo em seus lábios como calmante. E agora, Rachel aparenta querer domir abraçada à ela outra vez.

Só que antes ela fez um pedido.

“Beije-me, Quinn”, ela diz outra vez, e começa a avançar seu rosto sobre o da loira.

Quinn não fecha os olhos; ela simplesmente não consegue. Ela tem lágrimas, e seu coração quase está saindo pela boca, e sente pequenos espasmos nos dedos das mãos. Ela tem milhares de emoções passando pelas suas veias e bombeando a cada segundo tudo de volta. Rachel olha pra ela de uma forma tão íntima e reveladora, parecendo tão frágil e terna ao mesmo tempo que autoritária e ousada.

A loira apenas vive os segundos antes de aproximar seu rosto de Rachel também e fechar os olhos para sentir a melhor coisa que poderia acontecer em toda sua vida.

Os lábios de Rachel são como ela se lembra; doces e convidativos, quentes. Rachel está apenas encostando seus lábios nos de Quinn, como em um selinho, como ela fez na outra noite. Mas ela quer mais, e sabe que Quinn merece mais. Que os sentimentos de Quinn são dignos o suficiente.

Quinn abre um pouco mais a boca e Rachel passa a beijar realmente seus lábios, alternando entre o superior e inferior alguns momentos. A diva impõe levemente sua língua, ao mesmo tempo em que segura o rosto da loira com a mão direita, e sente o molhado pela solitária lágrima que caiu por ali. Quinn não hesita e abre passagem ao que definitivamente transformou sua vida e fez dessa noite a melhor noite de sua vida.

Rachel provando sua boca.

Por todo o frênesi e estado borbulhante em que se encontrava, Quinn estava quase sem ação. A adrenalida correndo seu corpo deixando seu peito arfar parecia ter o efeito contrário também, e ela apenas respondia ao que Rachel fazia. E Rachel fazia tão bem.

A língua quente de Rachel se encontrava com a sua, e Quinn morreria se soubesse que esse é o gosto do beijo de Rachel se nunca pudesse prová-lo. Há algo em como Rachel move seus lábios e tenta reconhecer como Quinn beija, devagar, porque as duas sabem que não há pressa. Algo que enlouquece Quinn e é melhor do que qualquer outra coisa que ela já fez na vida.

A loira desce sua mão para a cintura de Rachel, e aperta sutilmente, apenas o suficiente para Rachel fechar um pouco mais a boca para não escapar nenhum grunido. Ela dá um selinho na garota maior antes de afastar seu rosto só alguns centímetros.

“Você me beijou”, ela diz baixinho e sorri, com sua mão ainda esquentando uma face da loira.

“Você pediu”, Quinn responde sorrindo também.

“Porque você me deu uma projeção de constelações”, Rachel responde carinhosamente à Quinn, mantendo seu olhar preso ao dela o tempo todo.

“Porque você não me deixou pegar em sua mão quando íamos ao show e eu queria ganhar um beijo no rosto antes de deixar você em casa”, Quinn ri e Rachel estreita os olhos.

“Boba”

“Talvez eu não ganhasse nem isso, então eu tinha que fazer algo grande”

Rachel revira os olhos.

“Eu quero te beijar outra vez”, Quinn diz e Rachel treme até os pés. A voz da loira tão perto e quase rouca.

“Faça isso”, ela responde antes de virar seu rosto e sentir a língua de Quinn se encontrar delicadamente com a sua.

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Rachel não achou que beijar uma garota fosse tão diferente de beijar um garoto.

Fora o natural, que talvez homens tenham a barba maior e talvez ela esteja por fazer e isso talvez a incomode um pouco, ela nunca pensou que havia tanta diferença. Não até beijar Quinn Fabray.

Beijar Quinn era um como ganhar um Tony de melhor atriz no musical Funny Girl. Só que envolto com chocolate.

Rachel sente seu peito arfar e ela cora violentamente. Quinn está fazendo alguns estragos com seu corpo, mesmo sem perceber. As mãos trêmulas que tentam se manter firmes segurando o rosto da loira, seguindo o fluxo do beijo que elas compartilham.

Quinn apenas quer aproveitar o momento e memorizar cada pedaço de Rachel; ela quer tirar qualquer besteira da cabeça da morena e da sua. Elas estão ali, depois de muita coisa dita, e de vários momentos conflitantes. Elas estão se beijando com sentimentos e ambas querem isso mais do que qualquer coisa.

A pequena diva treme sobre as mãos de Quinn cada vez que ela aperta sua cintura. Rachel está se entregando à esse momento como ela nunca fez antes com ninguém, até mesmo Finn. Ela sabe que suas emoções são intensas e que a felicidade que está sentindo é tão forte que a dor de alguma coisa dar errado pode ser inversamente proporcional. Mas ao contrário do que pensou, nada está dificultando a dinâmica do momento. Beijar Quinn é tão certo como deixar que a loira mostre o que Rachel pode ter, e terá, se ambas continuarem a descobrir seus sentimentos juntas.

Alguns minutos se passam enquanto as duas não avançam para algo a mais. Não é necessário – não hoje; Quinn apenas quer continuar beijando Rachel pelo resto de sua vida se possível, e Rachel não quer pensar em consequências quando uma coisa parece tão boa e intensa. A morena corta o beijo, se separando da língua de Quinn devagar, depois mordiscando o lábio inferior e fazendo-a rir.

“Eu nunca pensei que um dia isso aconteceria”, Rachel diz e chega mais perto de Quinn, apoiando sua cabeça no pescoço e trapézio da loira.

“Eu pensei que aconteceria de um milhão de formas diferentes, mas nunca que fosse acontecer realmente”, Quinn suspira e Rachel compreende exatamente o que ela quis dizer, “O que é isso?”, ela pergunta sentindo um fio gelado abaixo do pescoço.

“Ah, desculpe, é o meu presente de aniversário e também o último presente de Hanukkah que eu ganhei de uma garota”, a morena diz e ajeita a correntinha em seu pescoço. Quinn sorri.

“Wow. Devo ter ciúmes dela?”

“Ela apenas não deve saber que minha melhor amiga está apaixonada por mim”, Rachel diz e encosta os lábios no pescoço pálido de Quinn, que fecha os olhos imediatamente. A morena deposita pequenos e suaves beijos do pescoço até a mandíbula, e Quinn suspira. Rachel sobe um pouco mais na cama para ficar na altura dos olhos de Quinn. “E que eu estou apaixonada por ela”.

Quinn ataca a boca de Rachel outra vez, virando seu corpo para suas pernas se encaixarem um pouco melhor. E beija Rachel com todo o amor que consegue transmitir.