Undeniable escrita por quinchillin


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

YEY! desculpa a demora. ENEM tá batendo na porta, gente.



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“Eu estou tão cansada”, Rachel esfrega as têmporas, bocejando, “Eu nem acredito que essa ainda é a primeira semana de aula”

“Definitivamente meu semestre anterior começou menos turbulento”, Megan responde com um sorriso fraco, “Eu acordei cedo depois de uma noite horrível, e a dor de cabeça continua”

“Mas vamos... vamos terminar essas últimas sete páginas”, ela se levanta da cadeira e pega o livro “A Preparação do Ator” que estava na sua mochila.

Já é quinta feira, por volta de dez horas da noite. Rachel e Megan se encontram na biblioteca, terminando seus respectivos trabalhos em que elas não compatilham a aula para depois finalizar os ensaios de aulas que elas fazem juntas. Os professores avisaram: não deixe nada para depois. Tudo o que puder ser feito com antecedência deverá ser feito desta maneira. Será melhor para o próprio aluno.

Logo, as duas garotas não se furtaram em tentar terminar todos no seu tempo livre, depois da aula de dança na quinta feira.

Rachel estava esgotada. As aulas de dança de NYADA exigiam uma preparação física excelente, e não que ela não tivesse um corpo estruturado para isso. Mas as semanas anteriores foram focadas em outros assuntos, e não em seu físico. Ela tinha que voltar ao ritmo rápido para não perder nenhuma informação da aula.

Soma isso à sentir a falta de Quinn de uma forma esmagadora.

Rachel precisava de um descanso físico e mental. Essa primeira semana estava puxada demais para quem não estava acostumada, desde os exercícios físicos, os trabalhos escritos, até as saudades que enchiam seus olhos de água quando ela via Quinn por alguma tela há cento e trinta quilômetros de distância.

Elas se falavam todas as noites. Algumas vezes, Rachel colocava o fone de ouvido e fazia uma chamada por telefone, onde elas conversavam até Naomi chegar para dormir, e então a loira lia algumas passagens de livros até Rachel pegar no sono. Outras noites elas se falavam por skype, onde a garota maior via o quanto a diva parecia cansada, depois de tomar banho e trocar suas roupas por pijamas.

Mas doía, para ambas.

“Terminei de escrever o último parágrafo, mas você precisa ler antes de eu achar que ele está bom”, Megan brinca e entrega a folha para Rachel.

A pequena lê a folha que lhe foi entregue e garante, “está ótimo! Eu não conseguiria fazer algo assim”

Megan ruboriza, “Você fez as primeiras dez páginas basicamente sozinha, Rach”

Rachel arruma o materia na bolsa, “Meg, você se importa se eu for agora? Eu confio em você se você quiser alterar algo que eu fiz sozinha, caso ache algum erro ou parte desnecessária... mas eu estou morrendo de cansaço e antes de dormir eu quero...”, ela pausa, “... tomar banho, etc”

A morena e Megan passaram de colegas para amigas numa facilidade incrível. Megan era parecidíssima com Rachel em aspectos muito importantes, e elas se davam muito bem. A conversa fluía naturalmente, e ela se sentia à vontade com a outra garota quase como ela sentia com Naomi. Elas passavam a maioria das aulas fazendo trabalhos juntas e se viam outros momentos também, como em intervalos ou pausas para o café. Rachel não falava sobre sua vida amorosa, assim como Megan. Não houve a oportunidade, mas a pequena tinha certeza que também não haveria problema.

“Claro! Vá indo e eu reviso. Em dez minutos eu termino”

“Ok, obrigada!”, ela arrumou a bolsa nos ombros e olhou para os olhos azuis claros uma última vez, “Até amanhã!”

“Tchau!”, ela acena, esperando por um beijo no rosto que nunca veio.

Megan era uma garota bonita, do estado de Georgia. Ela nunca teve problemas com os pais, sempre foi bastante responsável. Em troca ela recebia muito carinho e apoio para seguir seu sonho: cursar artes cênicas em alguma universidade dos Estados Unidos. Anos de estudo e dedicação lhe renderam uma vaga em NYADA, garantida ainda nas primeiras chamadas da instituição. Se mudar foi difícil, sair das asas de seus pais que sempre foram tão atenciosos e seus queridos irmãos. Mas o teatro, assim como a dança e a música, arte em geral, estava no seu sangue. Ela precisava encontrar um modo de libertar seu interior criativo, e a faculdade definitivamente era o melhor lugar para isso.

Fora todas as pessoas maravilhosas que Megan iria encontrar vivendo em New York. E assim ela encontrou Rachel.

Ela passeava com alguns amigos há um tempo atrás, e eles pararam em uma loja de discos muito famosa na cidade. Megan viu Rachel pela primeira vez naquele dia, e desde então nunca mais havia esquecido. Do rosto, da voz. Rachel Berry parecia transcender quando cantou Don’t Rain on my Parade para uma garota de cabelo roxo, que a olhava admirada, assim como Megan. Ela achou simplesmente que era a performance mais bonita e diferente que tivera a sorte de assistir. E que Rachel era a garota mais bonita e diferente que ela jamais havia conhecido. Então reconhecer a pequena em uma de suas aulas, e depois descobrir que ambas tinham muito em comum, alegrou Megan como nunca. Ela havia feito poucos amigos, mas suficientes. Não tinha se interessado em ninguém românticamente desde que deixou sua cidade natal, e até conhecer Rachel. Ela não sabia o que a atraía mais: a beleza exótica da morena, bem marcada por um corpo pequeno e perfeito e um rosto delicado porém presente ou, depois de conhecê-la, o fato de Rachel ser tão maravilhosa em diversos aspectos. Seu humor era muito peculiar e às vezes até ácido, quando ela se permitia. Megan percebeu que Rachel pensava antes de falar, e ela também era assim. Em alguns dias aquela atração foi aumentando, já que ela deu um jeito de arrumar sua grade escolar para ter a maioria das matérias junto com a diva.

Rachel não falava de seu passado amoroso. Megan sequer sabia se Rachel estava namorando alguém, ou se tinha algum interesse. Nem sabia se Rachel era lésbica ou no mínimo bissexual. Mas isso não a impedia de querer passar mais tempo com a morena, todo o tempo que conseguisse. Ela simplesmente adorava ver Rachel falar, adorava falar para Rachel, rir com ela, ver a morena tentar fazer ela sorrir também.

Megan termina de analisar o trabalho e o guarda em sua mochila, em cima da mesa da biblioteca. Ela percebe que Rachel esqueceu seu casaco. Tão apressada.

Ela pega o cardigã preto, leve e o segura com as duas mãos. Leva até o nariz e sente o cheiro do perfume de Rachel, misturado com o que ela pensa ser o cheiro natural da morena. Esse ato faz seu coração bater mais rápido... Megan fecha os olhos.

Oh, merda.




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“Oi, Naomi... achei que você não ia estar aqui!”, ela diz assim que abre a porta do dormitório e vê Naomi sentada na cama.

“Wow, obrigada pela parte que me toca”, Naomi ri e Rachel cora.

“Desculpa! Saiu errado... porque você disse que iria terminar seus trabalhos semanais hoje e ia dormir no dormitório 4D que é da sua amiga...-“

“Calma, Rach, eu estava brincando”, ela se levanta e coloca a mochila nas costas, “Eu só passei rapidinho pra pegar minhas coisas"

Naomi coloca seu celular no bolso do moleton que usa e abre os braços para a morena, que vai em sua direção.

“Você vai ficar bem?”, ela pergunta vendo o quanto Rachel aperta em seu abraço.

“Vou”, a pequena responde com a voz abafada, “Eu só estou morta e cansaço e ainda não se passou uma semana”, ela choraminga.

Naomi não sabe muito bem se Rachel está falando sobre as aulas ou sobre a ausência de Quinn, mas possívelmente ambos. Ela sorri.

“Você vai estar melhor daqui a pouco. Eu tenho certeza”, ela beija a bochecha da morena e vai em direção à porta, “Qualquer coisa, você sabe meu número...”

Rachel assente e ouve a porta fechando, enquanto tira a bolsa dos ombros e se senta em sua cama, massageando o pescoço duro e dolorido. Tira os sapatos e as meias e se senta novamente, com o notebook no colo. Quinn deve estar online a esperando nessa hora, ela pensa. Mas quando ela abre o skype, ela vê que a loira está desconectada. Seu aspecto muda, Rachel se sente um pouco incomodada. Ela pega o telefone e envia uma sms.

“Oi, Q! Dia difícil hoje?”

É uma forma de puxar assunto. Ontem à noite Quinn foi tão doce e prestativa, ficando acordada até tarde lendo alguns trechos para ela. Rachel ama quando a última coisa que ela escuta antes de dormir é a voz da loira. Por hoje, ela não teve tempo de falar com Quinn, e aparentemente Quinn não teve tempo para ela também.

Meia hora se passa e nenhuma resposta da loira. Rachel está frustrada olhando para a tela do notebook à sua frente.

Seu dia foi tão cansativo e ruim. Ruim no sentido bom. No sentido que ela se esforçou pelas coisas que ela tanto almeja, mas que não deixa de ser puxado e cansar seu corpo e sua mente. Se ela ouvisse a voz de Quinn antes de dormir, pelo menos para se acalmar... se ela pudesse ver a loira mesmo que pelo skype, e o modo como Quinn ajeita o cabelo bagunçado, ou conta como foi a sua aula de literatura inglesa, ou fala como sente saudades de Jordan... qualquer coisa.

Mas ela não teve nada.

Então ela guarda o notebook, suspira e se deita para dormir. Tranca a porta e deixa o abajur ligado, enquanto pega seu celular e o acomoda para ficar de frente para ele. Uma foto sua e de Quinn tirada na virada do ano é seu plano de fundo, e tudo o que Rachel quer antes de adormecer é ficar olhando para aquela foto e matar essa saudade animalesca que aperta seu peito.

“Boa noite, Q... eu amo você”




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Quinn Fabray passou a semana inteira trabalhando em dobro.

Ela literalmente fez seu trabalho antes mesmo de seu professor cobrar o trabalho para a turma, para poder faltar a aula de sexta feira.

Desde segunda feira, ela vinha articulando uma forma de ir ver Rachel, ou de Rachel vir até Yale. Era quase física a dor que ela sentia devido à saudade da morena. Era tão, mas tão difícil não ter os abraços de Rachel, os beijos de Rachel, ouvir a voz enquanto olha seus olhos castanhos chocolate... Era destrutivo. Quinn só pensava em como ela conseguia passar semanas sem ver a pequena.

Talvez porque antes Rachel não havia dito que estava apaixonada por ela também, nem tinha lhe escrito uma carta abrangendo seus sentimentos, muito menos havia beijado-a inúmeras vezes como já acontecera antes.

Mas mesmo assim essa semana parecia estar escorrendo lentamente, como um líquido pegajoso caindo de suas mãos. As horas pareciam infinitas.

Quinn dormia pouco por natureza. Seu organismo era adaptado dessa forma, e ela usou isso à seu favor.

Ela sabia, devido à seus colegas de classe, que o professor da aula de sexta – literatura estadunidense – iria pedir um grande e completo ensaio sobre William Faulkner. E que esse tomaria todo seu tempo. Todo seu final de semana.

Aquele que era queria dedicar somente para visitar Rachel.

Então ela teve que se esforçar em dobro para entregar o trabalho antes mesmo de ele ser pedido – e assim ter seu tempo livre de forma satisfatória e sem culpa. O que não quer dizer que tenha sido menos cansativo.

Quinn terminava de ler para Rachel todas as noites, ou tinha sua breve conversa por skype antes da morena ir dormir, exausta pela rotina. Logo depois ela corria para a escrivaninha do dormitório e devorava os romances e contos. Ela até conseguiu terminar de ler uma biografia do autor – que a ajudou a ter uma visão mais ampla e completa dos componentes da sua obra.

Seu professor definitivamente iria ter orgulho dela.

Se ele não tivesse, grande coisa, também. Ela estava orgulhosa. E ansiosa.

O coração de Quinn se apertou de ter que fazer isso com Rachel; trazer esse sentimento para a morena, mas essa era a única maneira de fazer uma surpresa para a pequena. E a expressão de surpresa e alívio que talvez Rachel pudesse demonstrar faria toda a culpa de ignorá-la por enquanto ir embora.

Ela liga para Naomi pela última vez durante essa semana – elas se falaram brevemente durante alguns dias, Quinn apenas perguntava sobre Rachel – e confirmou que a morena não havia chego da biblioteca ainda. Rachel avisou para Naomi que iria chegar tarde porque queria terminar seus trabalhos com Megan, coisa que Quinn não fez nenhum comentário. Ela jogou para debaixo do tapete todo e qualquer sentimento de ciúme.

Naomi avisou – pegue o trem das nove horas para chegar um pouco depois que Rachel, e pegar a morena ainda acordada, já que Naomi levaria sua chave. E assim Quinn fez.

Ela arrumou suas mudas de roupas na mochila, pegou apenas um livro que era obrigada a dar pelo menos uma lida na introdução da história, deixou um recado para sua companheira de quarto sobre como e quando ela ia chegar, conferiu dinheiro e chaves. Seu estudo pronto sobre Faulkner já estava na mão de um colega, que faria o favor de entregar na sexta feira como combinado.

Foi para a estação, no frio de New Haven. Sua cabeça estava sintonizada em Rachel, assim como seu coração.

Assim que ela sai da estação e pega um táxi em direção à NYADA, ela recebe uma sms.

“Oi, Q! Dia difícil hoje?”

Ela passou o dia inteiro em silêncio. Rachel não lhe mandou nenhuma mensagem durante o dia, apenas essa pela parte da noite, no horário exato em que elas se falaram nos outros dias da semana.

A consciência pesada a invade. Ela sabe que esse é o jeito de Rachel de dizer que ela queria conversar. Ela conhece a morena tão bem para ter certeza que ela já deve estar deitada, frustrada depois de esperar algum tempo Quinn conectar seu skype para as duas se verem. Mas ela segue em frente com seu plano, e em pouco tempo ela vai conseguir convercer Rachel de que essa foi uma boa ideia.

Para ajudar, uma tórrida chuva despenca em New York. Do táxi até a entrada de NYADA, Quinn se molha o suficiente para sentir seus pés escorregarem na meia molhada. Ela resmunga baixinho sua falta de atenção em relação à isso, mas em New Haven, apesar do frio, não caia uma gota do céu.

Ela finalmente entra no lobby do dormitório de Rachel e envia uma sms para Naomi, avisando que chegou bem, assim como a garota havia requisitado à ela. Naomi estava se saindo uma grande amiga para ambas, tanto Quinn quanto Rachel. Ela tira o casaco molhado e o torce, enquanto verifica e seu livro não molhou dentro da mochila. Seu cabelo ensopado ainda molha a blusa que ela veste, e ela sente pequenos calafrios. Tomara que ela não adoeça, Quinn pensa.

Então é isso. Ela está na frente da porta de Rachel, no corredor vazio e silencioso. Todos os alunos devem estar fazendo o mesmo que a morena - dormindo feito anjos. Quinn pretende interromper o sono da pequena, mas por uma boa causa.





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Alguém bateu na porta três vezes.

Acorda, Rachel – seu cérebro dá o comando. Mas Rachel continua deitada em sua cama, quentinha, cheia de cobertores por cima dela. Há barulho de chuva lá fora e provavelmente ninguém está batendo em sua porta, isso é apenas sua imaginação. Ela estava quase dormindo, naquele estado quase sub-inconsciente onde seu sono está quase a tomando por completo. As batidas cessam.

“Rachel?”

A voz rouca de Quinn invade os ouvidos da morena e ela se levanta bruscamente, se sentando na cama. Ela passa as mãos pelo cabelo. Será que ela ficou louca? Será que devido à saudade agora ela vai passar a ouvir a voz de Quinn quando estiver quase dormindo? O que está acontecendo, pelo amor de Deus?

“Rach, você está acordada?” – mais duas batidas na porta.

Rachel balança a cabeça, finalmente desperta. Seus olhos se abrem por completo e ela sai daquele transe, tendo plena consciência de que tem alguém batendo na porta de seu dormitório por volta da meia noite. Alguém que tem a voz parecida com a voz de Quinn. Só pode ser isso, certo? Porque Quinn está em Yale nesse momento. Quinn está há malditos cento e trinta quilometros de distância.

Ela se levanta e vai até a porta, perguntando baixinho.

“Naomi, é você?”

“Rach, sou eu, Quinn”, a loira responde, sorrindo.

A porta é aberta imediatamente, e Rachel se depara com a figura de Quinn Fabray – molhada, seus cabelos enxarcados, suas roupas amassadas, seu grosso casaco no braço, tremendo de frio, com uma mochila nas costas. Ela passa seus olhos rapidamente sobre o corpo da loira antes de voltar a prestar atenção em no olhar da loira.

Apesar da situação incômoda – seus pés gelados e molhados, toda sua roupa precisando ser trocada, o frio que ela está sentindo – nada, absolutamente nada, foi em vão. Não quando Quinn vê Rachel. Sua Rachel.

“Quinn!”

A voz rouca de cansaço da morena soa como a música preferida de Quinn.

Rachel não pensa duas vezes em se jogar nos braços da loira. E assim ela o faz.

Ela aperta forte seus braços em torno do pescoço gelado de Quinn, que se surpreende e fecha os seus braços firmemente nas costas da morena. Como ela sentiu falta desse lugar, desse espaço. O calor de Rachel, delimitado naquele pequeno momento.

Uma lágrima solitária cai pelo rosto da morena, que não se importa se seu pijama está molhado, agora que ela segura Quinn com força. Ela sentiu tantas saudades e ansiava tanto por esse momento, onde Quinn estaria junto dela outra vez. Os detalhes são deixados para trás, e tudo que ela pode sentir são as mãos de Quinn afagando suavemente suas costas, acarinhando, com delicadeza.

Elas não sabem quanto tempo se passou; talvez alguns segundos ou alguns minutos, mas ambas continuam abraçadas. Até Rachel se dar conta de algo.

“Você está ensopada, Quinn”

“E você está se molhando por minha causa”

“Você vai ficar doente se não trocar de roupa”, Rachel se separa do abraço e pega a mão de Quinn, trazendo-a para dentro do quarto. Ela tranca a porta.

“Eu sei que está tarde, e que você estava dormindo... mas eu queria muito ver você, eu...”, Quinn olha a expressão séria de Rachel, “Eu senti tanto sua falta e não aguentei até o fim de semana, me desculpe se is-“

O coração de Rachel pulava dentro do peito. Então era isso. Quinn não lhe mandar nenhuma mensagem, nem responder a sua. Quinn não esperá-la para a conversa diária pelo skype. Era isso.

A sensação era tão boa. Ela se sentiu esmagadoramente amada e querida por Quinn naquele momento.

Loira estúpida. Loira linda e estúpida que não pára de falar.

Rachel a beijou.

Quinn quase levou um susto com essa súbita aproximação, mas logo recuperou os sentidos e aceitou a língua de Rachel que pedia passagem silenciosamente. Aquele beijo. O beijo de Rachel Berry, que possivelmente era a coisa favorita de Quinn nessa vida. A loira sente as mãos de Rachel segurarem firme seus ombros, enquanto se lembrava daquele momento. Elas se beijavam vagarosamente, se recordando, re-conhecendo. Suas línguas delicadamente provavam uma à outra, e ambas suspiravam juntas.

Rachel passa a mão esquerda pelo cabelo molhado da loira, o que a trava e faz quebrar o beijo primeiro.

“Q, você tem que tomar um banho quente e vestir uma roupa seca antes de ficar resfriada”, ela diz ainda de olhos fechados, sentindo seu nariz encostar com o de Quinn.

A preocupação que a diva estampava em sua voz fez o peito de Quinn se aquecer. Ela pegou a mão direita de Rachel e levou aos lábios.

“Tudo bem, eu só... queria ver você mais um instante”

Rachel abre os olhos e responde à intensidade do olhar de Quinn. Seus olhos aveludados e amorosos a encaram, a admirando. Quinn tem um leve sorriso no rosto, talvez de tranquilidade. Rachel encosta seus lábios grossos nos da loira algumas vezes, em intermináveis selinhos.

“Você é uma maluca, Q... vir pra New York na chuva, à meia noite... correndo perigo”

Quinn mantém a mão na cintura da morena, afastando-a apenas o suficiente para não molhá-la, mas a mantendo ainda perto.

“E eu não me arrependo nem por um segundo”





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Depois de tomar um banho quente, colocar uma roupa de dormir e insistir para Rachel não ligar para pedir comida, alegando que não estava com fome no momento, Quinn já estava devidamente arrumada para dormir. Ela tinha plena consciência de que a rotina de Rachel não deveria ser alterada só porque ela estava ali, e a morena tinha aula pela manhã, logo cedo. Quinn passaria o dia lendo ou fazendo qualquer outra coisa, esperando ansiosamente o momento em que Rachel estivesse de volta à seu dormitório para que enfim ela desfrutasse da companhia da morena da forma que queria: só para ela.

“Eu não estou acreditando que você veio, Q!”, a morena diz com entusiasmo.

Passado o choque inicial que a deixou meio lenta, Rachel ficou completamente entusiasmada e alegre com a visita inesperada da loira. Era simplesmente magnífico! Ela amou a forma como Quinn fez a surpresa, como Quinn contou a ela que se comunicou com Naomi para saber mais sobre horários e quando a diva estava em aula ou não. Por isso também ela ficou um pouco preocupada e com peso na consciência: Quinn não deveria ficar doente por sua causa. O banho quente foi providenciado quase imediatamente, assim como roupas secas. Rachel fez questão de ligar o aquecedor no quarto, e queria definitivamente comprar comiga para a loira, que negou com veemência.

Quinn terminou de guardar sua necessaire na mochila, junto com a escola de dentes, e se virou para a morena, puxando-a para um abraço, que Rachel aceitou imediatamente.

A loira suspirou audivelmente, “Esse é o melhor lugar do mundo”

Rachel mantinha seus braços apertados em volta do pescoço da garota maior, “Definitivamente... obrigada por vir, Q”

Quinn se separa o suficiente para olhar em seus olhos, “Eu viria de qualquer jeito, você sabe”, ela sorri tímida e o estômago de Rachel embrulha de borboletas.

“E eu te agradeço muito por isso... sabe, eu fiquei muito chateada por você não estar conectada quando eu cheguei da biblioteca”

“Oh, sim, me desculpe por isso”, a loira brinca.

Rachel dá um selinho nos lábios carnudos, “Desculpada”

“Naomi é uma ótima cúmplice”, Quinn comenta, “Já sei com quem falar quando bolar planos surpresa pra você”

“Eu consigo corromper a Naomi, se você quer saber”, a morena responde fingindo braveza, “eu tiro o café preto de perto dela na parte da manhã e não há informação no mundo que ela não solte para conseguir ele de volta”

Quinn reclama, e Rachel a beija novamente. Aquele delicioso beijo acompanhado dos braços fortes de Quinn em volta de seu corpo, trazendo-a para si. Aquele maravilhoso sentimento de desejar ao mesmo tempo que é desejada.

“Você tem que ir para cama, Rach. Você tem aula pela manhã”

“Como você veio para New York se você também tem aula pela manhã?”, Rachel pergunta curiosa e confusa.

“Meu professor de literatura americana está doente”, a loira mente, “e como não conseguiram substitutos a tempo, os alunos foram liberados”

“Oh”

Quinn não queria dizer a verdade, pois ela conhecia Rachel. Contar de sua jornada exaustiva para concluir um trabalho que nem foi pedido ainda ia apenas bagunçar a cabeça da morena com culpa que ela não precisava sentir.

Rachel levantou o cobertor e deitou no canto esquerdo da cama, o que ela costumava se deitar quando Quinn dormia com ela durante as férias. A loira logo entendeu e se deitou ao seu lado, sentindo Rachel ajeitar o cobertor em cima de ambas. Elas ficaram frente a frente, e cruzaram as pernas umas nas outras com delicadeza, sentindo aquele calor tão bom e característico que compartilhavam.

Quinn levou a mão ao rosto da morena, acariciando com delicadeza.

“Eu não consigo nem explicar o que eu estou sentindo”, Rachel diz baixinho.

“Você não precisa”, Quinn sorri, “Porque eu estou sentindo a mesma coisa”

“Eu fui dormir tão frustrada há um par de horas atrás, e agora eu estou sentindo o completo oposto do que eu senti...”, ela fecha os olhos, “Não faça mais isso comigo, mesmo que seja para me fazer uma surpresa. Eu não consigo mais dormir bem sem ouvir a sua voz, ou saber como foi seu dia”

Quinn suspira enquanto os sentimentos atravessam seu corpo. Alegria, felicidade, tudo explode dentro de si quando ela escuta essas palavras saindo da boca de Rachel. Porque elas são absolutamente tudo o que a loira sempre quis ouvir, desde que se viu irremediavemente apaixonada.

Pela falta de palavras, e pelo grande nó que se formou na sua garganta, Quinn resolve se comunicar de outra forma.

Ela pega a mão de Rachel que pousava em sua cintura e a coloca sobre o tórax, fazendo a morena sentir seus batimentos cardíacos. Fazer ela sentir como seu coração parece querer saltar de seu peito quando ela escuta palavras tão lindas como aquelas ecoarem pelo dormitório. Rachel sorri.

“Se acalme, Q, parece que você está correndo uma maratona”, ela brinca, mas nervosa por seu coração bater quase no mesmo ritmo.

“Você causa isso em mim, Rach”, ela traz a mão de Rachel aos lábios e beija, “Durma, eu já tirei muitas horas de seu sono”

“Está tudo bem, Q... minha manhã vai ser tranquila. À tarde eu tenho um apresentação para fazer, então a partir das onze horas minha atenção vai ser voltara só para isso”

“Apresentação?”

“Sim... eu esqueci de te contar! Vai ser uma mostra para os calouros de NYADA. Eu e várias outras pessoas fomos escolhidas para apresentar uma canção no teatro principal da academia, onde vai haver um encontro dos calouros desse semestre”

“E que música você vai apresentar?”, a loira pergunta entusiasmada.

Rachel pensa antes de responder, “Hmmm – você vai me ver amanhã?”

“É aberto ao público em geral?”

“Sim”

“Melhor assim, porque seria muito ruim eu ser expulsa de um teatro em NYADA por entrar clandestinamente para assistir você”, Quinn brinca e Rachel sela seus lábios rapidamente.

“Boba”, outro selinho, “Vai ser à uma hora em ponto... eu saio da aula e vou direto para lá. Talvez eu nem almoce, então tudo bem pra você se-“

“Rach”, a loira interrompe, “Claro que está tudo bem. Eu combino com a Naomi algum lugar para comer e nós vamos juntas assistir você”

“Ok”, a morena se convence e boceja, fazendo Quinn rir, “Não ria, eu estava quase dormindo quando você chegou. Inclusive quando você bateu na porta pela primeira vez eu achei que estava alucinando, tamanha minha saudade”, ela confessa e fica vermelha.

O coração de Quinn se aquece, “Own”, ela geme sorrindo e Rachel estreita os olhos, “Você é linda”

A morena olha para a garota maior ainda envergonhada, “Obrigada por estar aqui, Q”

“Eu te amo, Rach”, ela ajeita o cabelo de Rachel antes de continuar, “Sabe quando tem uma música, e você precisa dançá-la, ou acompanhar o ritmo dela, nem que seja batendo seus pés em compassos?”

Rachel confirma com a cabeça, sem saber aonde Quinn quer chegar.

“Você existe. E você age de uma maneira completamente fofa, seu jeito é tão meigo e lindo... e eu preciso amar você. Assim como acompanhar a música. É tão inevitável... nunca pense que eu não faria de tudo para estar ao seu lado. Nada é inantingível quando a recompensa final é estar com você, te abraçar...”

Quinn sente os lábios da morena avançando sobre os seus novamente, se movendo com a maestria perfeita e enlouquecedora de sempre. Ela envolve Rachel nos braços, trazendo-a para o mais perto possível de seu corpo agora quente.

“Eu te amo, Q”, ela diz quando separa o beijo e encosta o nariz de leve sobre o da loira, “Eu te amo e espero que você sinta isso”

“Eu sinto, Rach, eu sinto”, ela garante.

Rachel a olha pela última vez antes de se acomodar de uma forma diferente; ela deita sua cabeça no ombro da loira e passa um braço ao redor de sua cintura, fazendo automaticamente Quinn abraçá-la. Ela suspira sentindo o cheiro de shampoo que a loira usa.

“Você quer que eu leia pra você?”, Quinn pergunta.

A morena pensa bem na proposta. Claro, ela adoraria que Quinn fizesse isso, mas isso daria trabalho para a garota maior. Rachel já estava com os olhos se fechando de sono, e sabia que não duraria muito tempo acordada por causa do calor e da tranquilidade que a voz de Quinn lhe transmitiria. Então ela decide pela solução mais viável no momento.

“Não, Q... não hoje... por que você não canta pra mim?”

“Cantar?”, Quinn se surpreende, “Hmm... o que você quer ouvir?”

“Qualquer coisa”, ela responde com sinceridade, “Qualquer coisa na sua voz”

Quinn franze a testa e busca na sua memória alguma música. Ela pigarreia antes de começar.

“Provavelmente você não conhece essa música”, ela sente Rachel sorrindo em seu ombro, “mas é de uma banda chamada Meg and Dia, que eu vou te mostrar um dia”

Rachel confirma com a cabeça, “Por favor”, ela diz baixinho, fechando os olhos.

A loira começa a cantar com a voz baixa e doce, ambiente.

“Even though the days grow, longer by the minute... I know there is hope in hope itself, when I'm growing tired, and I feel faith is drifting, I remember love is what I'm working toward... Love is a heavy kiss when you don't deserve it, it forgives, forgets, it never turns it's back on you, love is an empty cup. It takes time to fill it up, even when you can't see it you can fill it lifting you...”

Quinn abaixa um pouco sua cabeça apenas para confirmar que a pequena já está dormindo, sua respiração pesada batendo em seu pescoço.

“Love is, love is, love is everything”, ela termina de cantar antes de fechar os olhos e se entregar ao sono.


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Notas finais do capítulo

nham nham nham :)