Undeniable escrita por quinchillin


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

YEY!



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Quinn desperta primeiro. Mas nem amarrada ela quer sair do lugar quentinho em que se encontra.

Ela se aperta ainda mais no corpo de Rachel. É dia primeiro, pela parte da tarde. 1 de janeiro de 2013, e Quinn Fabray está agarrada possessivamente à cintura de Rachel Berry, como se nada naquele mundo pudesse separar seus braços que se parecem com dois pretzels.

Santana ficaria orgulhosa.

“Você está acordada, Quinn?”

“Puta que pari –“

A loira sai de seu transe com a voz de Naomi ecoando roucamente pelo dormitório. O susto fez ela se precipitar e jogar sua cabeça para frente, batendo com a testa no pescoço de Rachel. A pancada não foi dolorosa, mas a morena acordou devido à ela. O coração de Quinn bate a mil, e ela suspira audivelmente. Quando Naomi entrou no dormitório? Ela viu algo que a desagradou? Elas deveriam estar acordadas quando Naomi chegasse, para dar as boas vindas. Onde estão as calças de Rachel?

“Calma”, Naomi responde o palavrão ainda deitada em sua cama, virada para o meio do quarto, “Sou eu, Naomi”, ela dá uma risadinha.

Quinn se vira e faz menção de levantar, enquanto Rachel está virada para as duas com a expressão sonolenta.

“Naomi!”, a pequena sauda com alegria, “Eu senti sua falta! O que você fez com seu cabelo?”

“Eu deixei ele alguns tons mais claros”, ela responde passando a mão nos fios bagunçados.

“Oi, Naomi”, Quinn diz envergonhada, já sentada na cama de frente para a garota, enquanto Rachel se tapa com o cobertor – por motivos óbvios.

“Oi, Quinn”, ela responde com a mesma alegria de Rachel. Quinn está corando e Naomi está achando tudo muito engraçado.

Naomi se levanta da cama e dá um abraço em Quinn. A loira corresponde calorosamente, e pede licença para as duas para ir até o banheiro coletivo fazer sua higiene matinal. Ela pega sua necessaire e dá um último olhar para Rachel, antes de sair pela porta. Rachel a persegue com os olhos brilhando, gesticulando um “até logo” com os lábios.

“Eu não ganho um abraço seu?”, Naomi pergunta, abrindo os braços para a direção de Rachel, que continua imóvel na cama, tapando suas pernas com o cobertor. Ela engole seco.

“É claro!”, ela hesita em se levantar e Naomi começa a rir, “V-você... poderia...”

“O que houve, Rachel?”, a garota pergunta sorrindo e se abaixando para pegar a calça do pijama de Rachel que está no chão. A morena ruboriza imediatamente e ergue o braço para pegar a calça, “Estava calor na noite passada?”

Rachel começa a tossir desconfortavelmente, “C-claro que não, sua boba!”, ela põe a mão no peito para continuar a mentir, “E-eu... apenas tirei para ficar adequadamente confortável, porque...”

“Está tudo bem, Rachel, eu estou tirando com a sua cara!”, Naomi ri depois da reação da pequena, “coloque sua calça e venha me dar um abraço”

A diva continua vermelha, enquanto termina de colocar a calça e dá fim a um dos momentos mais constrangedores de sua vida. Ela se levanta e vai até Naomi, abraçando-a carinhosamente.

“Senti sua falta, sua maluca!”, Rachel diz no ombro da garota maior, enquanto o roxo de seus cabelos cobrem sua visão.

“Eu senti a sua, Rach!”, Naomi responde com ternura, “Você parece bem”

Rachel se separa do abraço para olhar nos olhos da amiga, “Eu estou ótima”

“E Quinn...?”, ela ergue uma sobrancelha, sentando em sua cama junto com Rachel, e abraçando-a pelos ombros.

“Quinn deve estar perfeita”, Rachel brinca.

“Ah, sim, senhorita sem calças. Você deve saber o quanto Quinn está perfeita”, ela debocha e Rachel dá um soco leve no braço de Naomi.

“Eu tenho tanta coisa para te contar! Mas e você? Como você está? Por que você não me ligou para te buscar no aeroporto? Você veio de táxi? Como foi suas férias? Você viu seus amigos? Seus pais estão bem?...”

“Rachel, respire!”, Naomi solta uma gargalhada, “Está tudo bem. Eu estou ótima. Não te liguei porque sabia que Quinn estava aqui e vocês mereciam uma última noite sozinhas. Eu vim de táxi. Minhas férias foram perfeitas! Várias coisas aconteceram, e meus pais estão ótimos, se não contar o susto que eu dei neles por um motivo que eu vou te falar daqui a pouco”

Elas ficam em silêncio, apenas se olhando. Rachel sentiu falta de sua amiga Naomi, apesar de querer afundar esse sentimento ainda mais para não doer tanto. Ela está muito grata que a outra garota finalmente está de volta, principalmente no dia que Quinn vai embora.

“Eu realmente senti sua falta”, a morena diz e Naomi a abraça novamente.

“Eu também, Rach!”




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As três chegam à estação de metro na 6ª avenida exatamente às cinco da tarde.

Depois de sua breve saudação, Quinn voltou para o dormitório devidamente higienizada e vestida. Ela deu boas vindas outra vez para Naomi, e deu um gostoso selinho nos lábios de Rachel de bom dia. Naomi ficou intrigada com esse cumprimento, e aliviada também. Isso significa que tudo está indo bem, ela pensa.

Naomi sugeriu que elas fossem almoçar fora, e assim poderiam conversar sobre tudo o que aconteceu à cada uma nesses dias de férias. Quinn e Rachel foram sucintas, porque Quinn sabia que Rachel iria contar tudo à sua maneira para Naomi depois, quando tivesse mais tempo. E também porque ela queria deixar Rachel confortável para falar sobre as duas e o avanço da relação quando a loira não estivesse presente.

Já Naomi contou tudo detalhadamente; as aventuras com seus primos, onde eles quase destruiram a casa de sua tia, apesar de todos serem maior de idade, estavam brincando como crianças pequenas; contou que foi à uma festa onde encontrou algumas pessoas que fizeram o high school com ela; que estava morrendo de saudade da natureza de sua cidade natal, e que também passou muito tempo estudando seus projetos de faculdade.

Isso fez Quinn se lembrar que ela não abriu um livro sequer durante o tempo que passou em New York. Mas ela não sentia remorso; Rachel merecia toda a sua atenção.

Ela vai ter centenas de horas sozinha em Yale para ler Jane Austen e Charles Dickens.

Em NYADA, ela só tinha o tempo que usaria para criar lembranças suas com Rachel.

Ainda eu tempo das garotas fazerem uma pequena caminhada. Quinn não se furtou da alegria de abraçar Rachel pelos ombros, enquanto a pequena enlaçava sua cintura. Naomi apenas sorria para o casal. Agora elas eram propriamente um casal, certo? Ela já pensava isso antes mesmo de Quinn admitir a si mesmo sua sexualidade.

Mas a hora que Rachel e Quinn mais desgostavam havia chego; e com ela muitas lágrimas e o gosto amargo e ingrato da despedida.

Naomi leva a mala maior de Quinn, que carrega apenas sua mala de mão. Rachel está encolhida do lado das duas, e toda a sua animação de horas atrás havia passado. Ela mantém as mãos nos bolsos, e seu olhar segue no chão.

“Rachel, eu tenho que ir”, Quinn avisa, e sua voz falha nas primeiras letras. Seu coração parece estar sendo esmagado por um rolo compressor – nunca foi tão difícil voltar para Yale como está sendo agora.

“Eu sei, Q”, ela responde triste.

“Quinn, eu posso me despedir de você agora e você fica seus últimos minutos com a Rach, pode ser?”, Naomi oferece e Rachel olha para ela agradecida pelo gesto. Quinn assente e abraça a garota.

“Obrigada por tudo Naomi, desde o começo. Você sabe...”

“Eu sei, eu sei. Eu realmente torço por vocês, Quinn”, ela diz ainda com os braços em volta da loira.

“Cuide da Rach para mim, Naomi”, a loira desaba em lágrimas, “Ela é a pessoa mais importante do mundo pra mim. Se algo acontecer à ela, eu morro...”

Naomi desfaz o abraço e entrega a mala para Quinn, assentindo com a cabeça que entendeu aquelas palavras. Agora elas estavam se relacionando da maneira que Quinn sempre sonhou, então tudo deveria sair perfeito. Ela seria uma cúmplice na relação das duas, com absoluta certeza.

Rachel olha Naomi se afastar e volta seu olhar vagarosamente para os olhos aveludados da loira. Lágrimas já deslizam rapidamente pelas bochechas de Quinn, e a pequena passa as duas mãos no rosto de Quinn para secá-las.

“Eu nunca me senti assim”, Quinn levanta os dois braços e passa envolta de Rachel, que retribui o abraço forte.

“Parece uma despedida diferente, certo?”

“Parece que o mundo perfeito que eu vivi desde que vim pra New York vai acabar”

“Não vai, Q”, Rachel sai do espaço pessoal de Quinn, “Eu quero te dar uma coisa”

“Eu também quero te dar uma coisa”

As duas sorriem, ainda com o semblante triste.

“Ok, você primeiro”, Rachel diz.

Quinn abre a mala de mão e tira um pequeno presente embrulhado.

“Abra apenas depois que eu ir embora, ok?”

A morena assente, e tira uma carta do bolso, amassada em várias partes. São em torno de cinco folhas escritas à mão, e o papel parece estar molhado também.

“Leia apenas quando você for, ok?”

Quinn pega a carta da mão da diva e seus dedos ainda seguram a delicada mão; ela leva até a boca e beija os dedos, depois a palma, depois as costas da mão e Rachel não consegue segurar as lágrimas que voltam.

“Me manda uma sms quando chegar avisando que está tudo bem?”

“Sim. Você me avisa se alguma coisa acontecer com você?”

Rachel assente, chegando seu corpo mais perto do corpo da loira. Ela passa a mão que está presa a de Quinn suavemente sobre sua face, e Quinn fecha os olhos.

“Eu te amo, Rachel”, ela diz e beija os lábios da morena, que corresponde imediatamente.

É um beijo calmo, apesar de triste. Elas não tem pressa, apesar de seu tempo ser curto. Quinn desliza sua língua para dentro da boca de Rachel, que geme com a sensação, que logo ela não vai ter mais.

É o suficiente, porque dos auto falantes a última chamada para a viagem de Quinn é anunciada.

“Eu te amo”, a loira repete, e abraça Rachel mais uma vez.

“Eu te amo, Quinn”

Elas se olham pela última vez antes de Quinn pegar suas malas e desaparecer na multidão.




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Naomi está a poucos passos dali, e logo que vê Quinn partindo vai até o encontro de Rachel. Ela abraça a morena pelos ombros, e começa a seguir com Rachel em silêncio.

“Tudo bem?”

“Sim... eu só- eu estou triste agora, mas eu vou ficar bem. Quinn me deu um presente”, ela levanta a caixinha embrulhada mostrando-a para Naomi.

“Abra-o”, ela pede.

Rachel abre e joga o papel em uma das lixeiras que ficam no caminho. É um globo pequeno, um enfeite. O nome é Skyline Music Box Globe, e Rachel sorri com a lembrança do dia que Quinn deve ter comprado isso.

“Acho que ela comprou isso no dia em que fomos no Empire State Building”

“Vocês foram lá? Wow! E como foi?”, Naomi pergunta realmente curiosa e Rachel se alegra um pouco.

“Foi maravilhoso! A vista em si é linda, mas Quinn fez algo especial que eu vou me lembrar o resto da minha vida”, ela tira o celular do bolso e mostra uma foto da paisagem que ela fez.

Rachel vai passando as fotos e logo aparece a fotografia que ela tirou ontem, na noite de ano novo. A pequena está de olhos fechados, enquanto Quinn, usando um chapéu estranho e exagerado, beija sua bochecha com uma expressão de felicidade estampada no rosto. Ela observa o registro atentamente.

“Essa foto é bonita”, Naomi comenta, diante da hesitação de Rachel.

“Definitivamente”

Ela aperta no menu de seu celular.

Deseja usar essa foto como plano de fundo?

Com certeza.



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Quinn se aconchega no banco que vai passar as próximas duas horas de sua vida.

Nunca um momento foi tão doloroso, melancólico e diferente.

Seu coração ainda estava acelerado, da despedida, do beijo, do abraço quente de Rachel. Tudo está ainda fervendo na memória recente da loira.

Ela pega no bolso do casaco a carta que Rachel lhe deu. Sua curiosidade é gigante e logo ela está esticando bem o papel para conseguir entender a caligrafia da morena.


“A primeira vez que eu te vi foi no primeiro ano. Eu lembro de como a sua energia estava focada apenas em se tornar popular. Você nem me notava... nós meio que coexistimos na mesma escola, nunca tivemos uma interação. No segundo ano foi quando tudo realmente começou. Era o primeiro dia de aula e você usava o uniforme das Cheerios, perfeitamente passado e alinhado. Eu não sei se você lembra desse momento, mas foi ali que eu percebi que éramos algo semelhante à inimigas.

Eu consigo me lembrar exatamente do seu olhar, aquele que você lançava à mim quando passava pelo corredor. Quando tínhamos uma interação direta, você parecia tão furiosa que eu temia que seu único desejo era que eu desaparecesse da face da terra. E não é totalmente irrealista pensar assim; você talvez não desejaria que eu existisse e consequentemente seus sentimentos e atração por mim também não existiriam. Você nunca encostou um dedo em mim. Era apenas um tipo de abuso emocional, e não físico. Você tinha o poder de me fazer chorar facilmente. Suas palavras me afetavam, Quinn.

É difícil falar sobre você desse jeito, sobre a pessoa que você costumava ser.

Você foi sempre tão fechada. Não só de mim, mas de todos.

Então eu penso sobre sua criação... sobre como sua família é estruturada. Eu penso em Beth. Eu penso em todas as suas cicatrizes invisíveis, mas que ainda te machucam. Na minha cabeça, eu odeio as circunstâncias que desempenharam esse papel na sua vida. Eu odeio com todas as minhas forças a forma como você foi machucada e aprisionada, antes de finalmente poder se libertar. Eu não consigo nem imaginar como é passar o tempo desejando que seus sentimentos fossem embora, causando mais mágoa em todo o processo.

Algumas pessoas me perguntavam por que eu apenas não segui em frente, porque eu continuava a me aproximar de você mesmo quando você não cessava os ataques. Como nós conseguimos nos tornar amigas?

Acho que é porque... eu sempre podia dizer que havia mais coisas acontecendo com você do que você deixava transparecer. Mesmo que eu não soubesse o que era. Você estava infeliz, enquanto sua popularidade estava aumentando. Você agia melancolicamente quando seu status social e realizações deveriam fazer você agir de maneira completamente oposta. Sua tristeza era evidente para mim, Quinn, mas ninguém nunca parecia notar. E se notaram, eles não disseram nada. Como tanta gente ficou cega ao seu desgosto? Eu sentia essa responsabilidade nos meus ombros. Eu sentia alguma miséria vinda da sua situação e isso me afetava.

Eu percebi algo em um momento – nós tínhamos coisas fundamentais em comum.

Eu continuava me aproximando de você porque nós duas estávamos perdidas, só que de maneira completamente opostas. As coisas que você não tinha (pais amorosos, confiança para ser você mesma), eram coisas que eu possuía. E ao mesmo tempo eu queria exatamente as coisas que você tinha (popularidade, beleza, aceitação dos outros).

Talvez isso seja uma daquelas coisas estranhas e inexplicáveis do universo – pessoas perdidas tem um jeito de se aproximar umas das outras.

As pessoas ficaram muito confusas com a nossa amizade. Mas isso não foi da noite para o dia, e sim definitivamente gradual. Quando eu tento lembrar de resquícios, do nosso primeiro momento de amizade real... poderia argumentar que houve momentos durante todo o segundo ano. Só que na minha cabeça, esses foram momentos de fraqueza seus mais do que qualquer outra coisa. Foi coisa temporária, onde você baixou a guarda.

A primeira vez que nós duas fizemos um esforço de verdade e realmente aproveitamos a companhia uma da outra foi quando fizemos um dueto juntas no segundo ano. Foi como uma oferta de paz. Nós tivemos momentos difíceis depois disso, mas as coisas nunca mais foram tão ruins quanto costumavam ser.

Eu lembro de quando você apareceu na minha casa na tarde do dia depois que o dueto foi sugerido. Achei que você tinha me dado um fora, porque estava meia hora atrasada. Mas lá estava você, tocando a campainha e pedindo desculpas dizendo que sua mãe pediu para pegar a roupa na lavanderia antes de a loja fechar. E foi bizarro, porque eu não conseguia entender o que estava acontecendo. Parte de mim só pensava que era tudo uma grande brincadeira elaborada.

Você entrou no meu quarto elogiando os cartazes na minha parede, depois se sentou como se aquilo fosse um hábito. Eu percebo hoje que era uma falsa confiança, porque você deveria estar muito nervosa. Então você abriu seu notebook e me mostrou o iTunes, dizendo que tinha mais de 4 mil músicas e provavelmente eu não conhecia dois terços delas. E fez piada perguntando se eu não ouvia nada além de trilha sonora de musicais no meu tempo livre. Uma insegurança rondou meu ambiente; eu percebi que você estava brincando, pela primeira vez sem maldade e eu não tinha ideia do que pensar sobre isso.

E eu tenho outras centenas de memórias onde você agiu de uma forma inesperada e eu deveria reagir de uma forma nova também. Onde suas atitudes foram se tornando menos opressivas até tudo se extinguir; os nomes, os slushies, a repressão velada. Quando sua máscara foi caindo, e seu lindo rosto aparecendo, um novo sentimento nasceu em mim, Quinn. A todo momento eu apenas tinha de você exatamente o que eu estava cativando e isso era completamente surreal!

Você se tornou, depois dos meus pais, a pessoa mais importante do mundo para mim.

Mesmo quando eu estava em uma multidão, Quinn, eu me sentia sozinha. Houve momentos em que até o amor super protetor de filha única dos meus pais não conseguiam fazer eu me sentir amada de verdade, a ponto de abafar a solidão que sempre me rondou. Eu tinha amigos; eu tinha colegas; existia uma comunidade judaica no meu bairro onde meus pais sempre foram bem recebidos e consequentemente muitas pessoas para eu manter contato; eu tive Finn por um tempo; mas eu sempre me senti sozinha.

Quinn, você sabe do que eu estou falando. Você teve Santana e Brittany por toda a sua vida, desde sua infância, e até mesmo sua irmã. Você teve garotos como Puck e Sam, mas assim como eu, você sabe que eles só curavam a carência física, e nunca a emocional. Essas pessoas eram pílulas de placebo quando a nossa doença já estava em estado grave, e foi aí que eu encontrei você.

Não foi no primeiro ano. Nem no segundo. Não foi com o uniforme da Cheerios, Quinn.

Eu encontrei você quando você não me deixou sozinha. Quando você foi o único ser humano na face da terra que fazia eu me sentir... segura, por estar acompanhada. Quando você se tornou a minha pessoa e eu me tornei a sua.

Por algum tempo na formação superficial de nossa amizade, onde eu ainda agia com cautela, eu percebi todos os seus machucados, e você foi percebendo os meus. O amor é tocar aonde não se deve, Quinn. É tentar curar todas as feridas mesmo sem saber suas causas. Eu não sei quando eu comecei a te amar romanticamente, e sinceramente, quando eu tento descobrir, minha cabeça dói. Um emaranhado de lembranças surge, e é difícil distinguir os sentimentos que foram a causa e a consequência de cada ato, tanto meu quanto seu. Talvez eu te amasse desde o princípio, quando eu te vi no primeiro ano, talvez meu amor só se consolidou diante da declaração do seu... eu nunca vou saber o exato momento. Mas não importa, Quinn, essa é a questão que menos importância tem para mim.

O que mais aflinge meu coração é não saber como dar cada passo agora que eu tenho consciência do amor que eu sinto por você, da sensação estrondosa que abala o meu ser desde o centro dele. Porque eu estou apaixonada por você, e nós duas temos história, e nós duas temos futuro. A última coisa que passa na minha cabeça é um mundo onde eu não tenha você na minha vida – simplesmente porque é a coisa mais dolorosa a se pensar. É intragável para mim te perder, a sua presença marcou e marca as fases mais importantes da minha personalidade. Você entende isso?

Eu tenho a arte dentro de mim. Eu aprecio o drama; como você bem sabe. É uma angústica que está exigindo constantemente a liberdade, a exposição. Minha arte é uma força eruptiva que se não encontrar passagem, vai me enlouquecer. Você se lembra, aquele dia no museu, quando eu não havia entendido o por quê de o artista pintar um quadro que ninguém nunca vai entender o significado, apenas ele o fez porque desejava tirar aquilo de seu âmago? A resposta que eu ouvi: você cantaria mesmo se ninguém pudesse te ouvir?

Eu cantaria Quinn. Mas não pelos motivos que você está pensando. Eu cantaria porque eu tenho absoluta certeza e consciência de que você estaria me ouvindo, quando ninguém mais estivesse disposto a fazer isso por mim.

Você é como um poço onde eu posso beber dos mais variados sentimentos – bons e ruins. E se ódio e paixão andam tão enrolados um no outro a ponto de se confundirem, eles devidamente foram confundidos em nossa relação. Mas agora há apenas o lado branco; o preto se foi e consequentemente o cinza.

E no lado branco está só meu coração batendo forte quando eu te vejo. Quando depois de duas horas e cento e trinta quilômetros de distância, eu vou até você ou você vem até mim. Está só seus braços me puxando para o seu corpo, quando eu preciso de carinho e dos seus gestos doces, que fazem meu peito se aquecer.

Eu conheço você, Quinn. No fundo, eu sempre conheci. Seu lado negro, principalmente, aquele que todos temos e escondemos. Mas até esse lado, Quinn, essa parte de você insegura e fragilizada, eu a amo. Eu amo sua vulnerabilidade e suas feridas. Eu amo... E eu quero curá-las. Eu quero tudo o que você não quer, porque eu vou pegar para mim e deixar longe de você, para que você possa viver em paz consigo mesma. É isso que eu tenho mais vontade... deixar você livre, porque é minha versão preferida de você. Quando você se liberta.

Quinn, você me tem, mesmo se não me quiser. Mesmo quando você não me desejar mais, eu ainda serei sua, porque não há como reverter essa situação. Eu desejo todo o amor do mundo para você, mas acima de tudo, eu desejo que esse amor venha de mim...Eu te amo, Quinn Fabray.

Você foi minha inimiga, depois minha conhecida, pra virar minha colega e tornar-se minha amiga. Hoje você é minha melhor amiga, minha cúmplice, minha pessoa, e meu amor.

Não importa o quanto insegura possamos ficar devido à fatores externos. Temos um pacto de sinceridade, mas acima de tudo, temos uma à outra. Eu era tão sozinha sem você.

Eu nunca mais lembrei de como é me sentir sozinha. Não com você aqui (ou aí).

Obrigada por me amar, antes de tudo. Você me agradeceu tantas vezes antes, pelo meu jeito, meu orgulho e prosperidade, minha paixão pela vida e pela música. Mas obrigada, Quinn, por me amar. Desde quando você me viu no primeiro ano do colégio, nos corredores do William Mckinley, ou desde outro momento. Tudo o que eu tenho é gratidão.

Por favor, cuide de você, e assim você estará cuidando de mim e de nossa relação.

Eu te amo.”


Quinn seca com sua manga da camisa já ensopada de lágrimas as novas lágrimas e pega o telefone para mandar uma sms para Rachel.


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