“Q, amanhã é dia primeiro”

“Eu sei, Rach”, ela ri, apertando ainda mais a morena em seus braços.

Elas estão novamente no dormitório de Rachel, aproveitando os possíveis últimos momentos da loira ali.

Rachel e Quinn pareciam um casal de velhinhos. Era difícil separá-las, e tanto Quinn quanto Rachel sentiam uma dor física pela perda de contato. Os abraços eram constantes e beijos repentinos, quase roubados, eram numerosos. Elas dormiram abraçadas outra vez, cansadas depois de andar pela Times Square inteira.

Quinn jamais reclamaria outra vez pelo fato de a cama de Rachel ser tão pequena.

Aliás, Quinn nunca mais iria reclamar de nenhum aspecto de sua vida.

Ela se considerava tão, tão sortuda.

Depois de um almoço bem nutritivo pedido diretamente do Turkish Express, elas decidiram ficar no dormitório e passar o dia ali, até o momento de se arrumarem para enfrentar mais de um milhão de pessoas na Times Square. A loira mal consegue acreditar que esse projeto de vida perfeita que ela está vivendo vai acabar.

As duas estão deitadas na cama de Rachel, Quinn na cabeceira com as pernas abertas e as costas de Rachel confortavelmente colocadas na sua frente. Os braços da garota maior passam por entre o ombro da pequena diva, que segura com ambas as mãos seu iPad, navegando na internet enquanto elas escutam uma banda que Quinn adora e Rachel ainda não conhece.

“Você vai embora amanhã de noite”, Rachel choraminga.

“Pense pelo lado bom, Rach: Naomi chega amanhã à noite também”, ela dá um débil sorriso. É nisso que ela vai se concentrar.

A morena solta um grunhido.

Ela sente muita saudade de Naomi, mas não mais do que ela achou que iria sentir. Quinn supriu essa necessidade e parece que com ela indo embora, um pedaço muito grande e importante da rotina de Rachel vai faltar. E só de pensar, a pequena já morde os lábios pela ansiedade desse sentimento ruim.

“Eu senti muita falta de Naomi nas férias, mas não mais do que eu vou sentir de você quando você for”

O coração de Quinn transborda de tanta emoção. Ele se aperta de saudade antecipada, ao mesmo tempo que se sente completo pela maneira carinhosa de Rachel. Ela abraça mais os ombros da pequena contra si, enquanto o cheiro do shampoo suave atravessa suas narinas.

“Eu também vou sentir muito a sua falta, Rach”, ela diz devagar para sua voz não quebrar e o choro se fazer presente.

Rachel se vira e deixa o Ipad no criado mudo, enquanto ajeita suas pernas para fora da cama e Quinn faz o mesmo. A loira sorri.

“Eu só quero te lembrar que eu sou apaixonada por você”, ela diz e pega a mão de Rachel entre as suas, “e que a única pessoa que eu vejo quando olho pra frente é uma linda morena, que por acaso é minha melhor amiga”

A pequena cora, mas responde no mesmo tom, “Você sabe que eu jamais teria algo com outra pessoa agora que começamos a nos... relacionar”

Quinn sorri, “Eu sei, Rach. Eu conheço sua índole, seu caráter. Sei que você jamais faria algo pra me machucar de propósito”

“Tenha plena consciência disso, Q”, ela assente.

“O que eu quero deixar claro é que eu amo você”, Quinn não baixa seu olhar firme e Rachel estremece, “E a coisa que eu mais quero na vida é ver você feliz”

“O que você quer dizer com isso?”, Rachel pergunta com a voz fraca e emocionada.

“Que além de ser sua melhor amiga, eu quero ser algo mais”

Quinn disse. Ela finalmente vai ter essa conversa. Com o coração acelerado e seu peito arfando, ela aperta mais a mão de Rachel, que também sente o corpo mostrar reações àquelas palavras.

“Eu sei que estamos caminhando para um lugar onde inevitavelmente vamos sair do espaço de melhor amiga e ir para esse desconhecido. Mas o cinza em que a gente se encontra agora... não é o suficiente pra mim. V-Você sente que isso deve acontecer?”, ela pergunta temerosa, sentindo uma fina camada de suor se formar na face vermelha.

Rachel suspira antes de finalmente dizer, “Sim”

O rosto de Quinn se franze em alívio, “Mesmo?”

“Sim, Q”, ela aguenta firme os olhos em chamas de Quinn, “eu me vejo... namorando com você”

Quinn se emociona e tenta afastar as lágrimas formadas na borda de seus olhos, piscando rapidamente. Rachel passa de leve o polegar no canto do olho esquerdo, para capturar o molhado, depois fazer o mesmo com o olho direito.

“Eu não disse isso pra você chorar”, ela sorri de leve, fazendo Quinn sorrir também.

“Essa é minha forma de extravasar o turbilhão de sentimentos que está atravessando meu corpo nesse momento, Rach”, a loira volta a brincar com os dedos da mão da pequena entre as suas.

“Você é minha pessoa, Q”

Quinn fecha os olhos pra conter as novas lágrimas, “E você a minha, Rach. Sempre foi. E sempre vai ser”

“E eu também estou apaixonada por você”

Ah, sim. Essas palavras. O estrago magnificamente bom que elas causavam.

“Mas você sabe como eu sou... uma bagunça. Eu não quero fazer nada de errado pra te perder”, Rachel diz, com a voz chorosa que ela estava tentando afastar.

“Eu não suportaria te perder, Rach. Você significa, entre tantas outras coisas, o relacionamento chave da minha vida. A única pessoa que eu vou lutar pra dar certo. Eu quero fazer você feliz, ou sentir o mínimo de felicidade que você me faz sentir”

“Eu jamais te cobraria nada, Q”, ela abaixa seu olhar, “eu só não sei como eu vou agir quando você for embora e uma saudade enlouquecedora tomar conta de mim”

“Você vai agir da mesma forma que eu”, Quinn levanta seu rosto pelo queixo, forçando-a a olhar seus olhos vermelhos e chorosos, “Eu vou te amar a distância, se essa for a única forma. Eu vou fazer você se sentir segura, mesmo com cento e trinta quilômetros nos separando”

Quinn quer dizer mais. Ela quer fazer Rachel entender, nem que seja à força, que ela sente que amará Rachel até depois da morte. Nada; absolutamente nada faria seu coração parar de desejar a morena. Distância, outras pessoas, mágoas, até a dor dilacerante que seria ser apenas amiga de Rachel e vê-la namorando um outro cara.

Seu amor não iria desaparecer, nem diminuir, muito menos perder a intensidade.

Ser apaixonada por Rachel era um fardo, tão pesado que Quinn já desistiu de outras oportunidades e outras pessoas por isso.

Mas nunca, jamais seria sua ruína. E sim sua salvação.

“Dança comigo?”, Quinn pergunta saindo do transe dos olhos castanhos de Rachel fitando seu rosto.

Rachel sorri divertida, “Dançar? Aqui?”, ela aponta para o meio do dormitório, no meio de sua cama e de Naomi.

A loira concorda, “Coloque meu iPod no aleatório e teremos as melhores músicas do mundo”

A pequena gargalha e Quinn levanta apenas a sobrancelha direita, desafiando-a. Ela ergue os braços, se rendendo, “Fique à vontade”

Quinn se levanta para pegar o iPod dentro da bolsa, tentando esconder o leve tremor das mãos. Ela sente seu rosto ficando quente, e o sorriso de Rachel que acompanha o seu enquanto a morena espera ela configurar o objeto.

Quando ela termina, estende a mão esquerda para a garota menor, que aceita de prontidão e se levanta. Quinn automaticamente abraça Rachel pela cintura, e esta estende seus braços sobre o pescoço alvo e macio da loira, que se arrepia pelo toque. Nenhum milímetro as separa, nem fisicamente, nem emocionalmente.

Rachel respira baixinho, se controlando para não se emocionar. Quinn apenas fecha os olhos, absorvendo a qualidade do momento. Se o primeiro beijo roubado de Rachel era sua memória mais precisa, agora ela estava confusa entre tantas outras tão importantes e emocionantes quanto aquela.

A música começa e Rachel se arrepia. Porque ela conhece essa música.

Porque a letra dessa música faz parte da alma dela. Porque Barbra Streisand, interpretando Fanny Brice, eternizou essa canção na Broadway, no segundo ato de Funny Girl, em sua estréia no ano de 1964.

A voz de sua maior inspiração começa, “Who are you now, now that you’re mine?”

“Quinn Fabray”, ela diz, apenas porque é tudo o que seu cérebro consegue formar. Porque Quinn tinha tudo isso planejado. Porque Quinn é simplesmente o ser humano mais lindo do mundo, e, no entanto, quer fazer ela se sentir especial, quando deveria ser o contrário.

Quinn continua mantendo seus braços firmes no tronco de Rachel, e não consegue segurar um lindo sorriso, aberto e verdadeiro.

“Are you something more than you were before?”

As lágrimas que Rachel tentava guardar para si correm livremente, fazendo um caminho nas suas bochechas. A loira sempre vai surpreendê-la com algo musical?, ela pensa. Não que ela esteja reclamando, é apenas a constatação de que não há como se emocionar quando Quinn age tão ternamente.

As duas se embalam levemente, dando passos fracos e devagar. Absorvendo calor, enquanto Barbra continua.

“Are you warmer in the rain? Are you stronger for my touch? Am I giving too little by loving you too much? How is the view: sunny and green? How do you compare it to the views you’ve seen? I know I am better, braver and surer too”

Quinn deixa um beijo suave no pescoço quente e chamativo da morena, antes de separar seus corpos apenas o suficiente para olhar em seus olhos, mas não deixa Rachel tirar as mãos de seu pescoço. Elas ainda dançam, segurando uma a outra.

Rachel sente a metáfora do ambiente; da música; do corpo de Quinn quente segurando o seu apaixonadamente nos braços. Quem Quinn era agora, agora que se sentia de Rachel?

Seus olhos emocionados se encontram e seguram aquele olhar intenso e pesado. A garota menor tem uma expressão quase dolorosa no rosto, e ela não consegue evitar. Quinn sorri de uma forma meiga, encostando a ponta de seu nariz no dela.

“But you, are you now... who are you now? Are you someone better for my love?”

“Você tem Barbra no seu iPod?”, ela pergunta com a voz falhando.

“Sim”, Quinn fecha os olhos, sentindo o hálito quente de Rachel batendo em seu rosto, enquanto elas ainda se mantém abraçadas.

“Por quê?”, Rachel estremece sentindo Quinn vagar a mão por suas costas.

“Porque você a ama, e eu te amo”, ela responde simplesmente, como se tivesse afirmando que o céu é azul e o dia tem vinte quatro horas.

Uma nova música começa, sua introdução sendo apenas tocada por um violão acústico. Logo a voz de Adele se faz presente e ela canta uma versão de “Love Song”, da banda The Cure.

“Whenever I’m alone with you, you make me feel like I’m home again... whenever I’m alone with you, you make me feel like I’m whole again”

Os olhos úmidos de Rachel se fecham. Como ela pode não sentir medo e aflição de se separar de Quinn porque ela mora e estuda em outra cidade quando a loira faz coisas como essa? Quando uma música especial é tocada, e Quinn a segura de forma protetora, e seu hálito quente e convidativo força Rachel a se manter acordada, dando a certeza que isso não é um sonho?

Elas se embalam de um lado a outro, seguindo a melodia da canção.

“Whenever I’m alone with you, you make me feel like I’m young again... whenever I’m alone with you, you make me feel like I’m fun again”

Rachel suspira e passa as duas mãos sobre a face da loira, que abre os olhos. Ela tem os olhos avermelhados também, e seus lábios se curvam em um terno sorriso. A morena delicadamente, leva seu indicador até o começo dos lábios da Quinn, e mantém seu olhar no verde incandescente. Quinn não se segura e dá um fraco beijo no dedo da garota menor.

“However far away, I will always love you... however long I stay I will always love you”

“Whatever words I say, I will always love you... I will always love you”, Quinn canta junto com a canção, e seus olhos nunca se separam do castanho achocolatado de Rachel, tão intenso. Ela ama tanto esses olhos, por Deus. Ela olha pra eles como se eles fossem a cura do câncer, como se a maior preciosidade de sua vida está no doce olhar de Rachel Berry.

Rachel engole seco, sentindo todas as emoções fluírem em seu corpo e se deixando levar por seus impulsos. Ela move sua cabeça e alcança os lábios de Quinn, abrindo logo a boca para lembrar do sabor tão desejado.

Quinn aperta Rachel ainda mais, se possível, no seu espaço e a morena vira um pouco para dar lugar à língua da garota maior, que invade sem pudor sua boca. Elas traçam um beijo devagar e sensual, enquanto mãos vagueiam pelo pescoço e pelas costas uma da outra.

Adele continua no fundo, embalando vagarosamente o beijo apaixonado, “Whenever I’m alone with you, you make me feel like I’m free again... whenever I’m alone with you, you make me feel like I’m clean again”

Rachel desce suas mãos para o ombro de Quinn, e esta segura firmemente sua cintura. Quinn sente o coração acelerar de uma maneira como nunca antes. Este beijo é diferente. Ele é um acordo silencioso. Uma porta aberta. Um sim. Rachel está aceitando que Quinn a ame exatamente como ela merece ser amada. Os percalços do caminho – existirão. Mas elas estarão juntas, lutando contra eles.

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“Vocês estão prontos para dançar?”, o apresentador que aparece nos telões da Times Square e que também está ao vivo pela rede ABC pergunta para o público.

A multidão enlouquece, “Sim”

“Com seu convidado especial MC Hammers, a estrela: PSY!”, ele aponta para o palco e PSY começa a dançar sua música de sucesso, Gangnam Style.

Rachel e Quinn estão em algum lugar da 76th avenida. A multidão, como esperado, está angustiada pelos últimos minutos de 2012. Elas saíram de NYADA cedo, tomaram café em algum Starbuck lotado de turistas no caminho, e aguardam assim como todas as pessoas.

Pessoas de todas as etnias, raça, credo, cor. Há mais de um milhão de pessoas na Times Square, naquela noite fria do dia trinta e um de dezembro de 2012.

Elas não estão muito afastadas dos dois palcos principais, mas também preferiram não ficar muito perto, devido à quantidade de incidentes que acontecem sempre. Pessoas transtornadas, alcoolizadas e muitas vezes sobre efeitos de alguma substância ilícita passam por elas, e Quinn sempre tenta proteger Rachel de alguma forma, seja colocando a morena atrás de si, ou abraçando-a pelos ombros.

Mas também várias pessoas passam por ela caminhando e rindo, ou pedindo para elas tirarem fotos do seu grupo de amigos, coisa que ambas fazem sem nenhum problema.

Taylor Swift é anunciada faltando quinze minutos para a meia noite.

“Olha, é a Taylor!”, Rachel aponta para um telão.

Quinn observa a animação da morena, que dá pequenos pulinhos. Ela ri, “Um artista bom, pelo menos”

“Ela é tão bonita”, a garota menor comenta.

“Você acha ela bonita, é?”, Quinn finge ciúmes e cruza os braços.

Rachel solta uma gargalhada e descruza os braços da loira, segurando seu cachecol com as duas mãos.

“Eu gosto de loiras”, ela provoca.

A boca de Quinn se abre em descrença, “Huuum, bom saber”, ela continua firme, mas se entregando à brincadeira. Rachel puxa o corpo da garota maior pra mais perto de si, pelo cachecol, e Quinn aceita.

“Mas só uma loira me interessa”

Quinn sente seus joelhos balançarem um pouco com a declaração de Rachel, pela intensidade sexy e diferente que a morena disse isso. Seu olhar se perde na imensidão dos castanhos brilhantes por um momento. Ela sorri.

“Quando você me perguntou qual era o meu tipo, uma vez... eu só queria dizer: você. Meu tipo é você”, Quinn confessa fazendo Rachel rir.

“Mas você falou que seu tipo era morena!”, ela aponta o dedo para a loira, brincando.

“Exato!”, ela ri, “Morena, não morenas. Não qualquer morena. Só você, Rach”

O rosto de Rachel se ilumina com o sorriso que ela dá para Quinn.

“Morenas do tipo Berry”, a loira faz carinho nas mãos de Rachel que ainda seguram seu cachecol.

Alguém bate com um bastão de ar na cabeça de Quinn, que franze a testa incomodada. Como ousam arruinar esse momento?

“Hey!”, ela olha pra trás e vê um adolescente animado fazendo a mesma coisa na cabeça de outro desconhecido. O jovem rapaz nem olha pra ela, e sai de seu campo de visão.

Quinn revira os olhos antes de voltar a dar atenção à Rachel, que tem a mão na boca segurando uma gargalhada.

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“Você vai mesmo usar esse chapéu?”, Rachel pergunta enquanto tira seu celular do bolso cheia de más intenções.

“É claro”, a loira responde confiante, “Ele foi de graça, e o azul realça meus olhos”, ela ri.

Rachel abre um sorriso enorme enquanto tira uma foto de Quinn usando um enorme chapelão azul, com a propaganda da marca Nívea de um lado e do outro uma marca de um beijo. Ela ficou simplesmente graciosa, e não, o azul não realçava o verde dos seus olhos, mas nada deixava a loira mais linda para Rachel do que seu jeito divertido e carinhoso.

“Diga X...”, ela bate uma foto em seu iPhone. Quinn estreita os olhos e coloca as duas mãos na cintura, fazendo uma careta intimidadora. Rachel tira outra foto.

“Sua vez”, Quinn diz e pega o iPhone de suas mãos, para levá-lo até o alto e tirar uma foto dela e de Rachel.

Ela dá um beijo na bochecha da garota menor e registra esse momento, os olhos de Rachel fechados e sua boca formando um leve sorriso. Ela olha para Quinn cheia de carinho, e a loira sorri, tirando outra foto, mas logo abaixando o celular. Os olhos de Rachel viajam de sua boca para seus próprios olhos, e não há nada que possa tirar a sua atenção disso.

Elas são interrompidas novamente, mas dessa vez é pelos tiques do relógio soando nos alto falantes do palco principal. Eles anunciam que faltam dez segundos para a bola cair até o relógio que marca a chegada do ano de 2013.

Rachel sorri corada, pegando a mão de Quinn aquecida por luvas com as suas. Elas se fitam por um breve momento, antes de voltarem sua atenção para o alto.

10 –

9 –

8 –

“Rach”, Quinn grita para Rachel ouvir, já que a multidão acompanha o grito do apresentador ditandos os números, “Esse é a melhor virada de ano da minha vida”, ela sorri.

7 –

“Da minha também Q!”, ela grita de volta.

6 –

“Eu estou muito feliz de finalmente dividir esse momento com você”, a loira berra.

5 –

“Você é a garota mais especial do mundo!”, Quinn se anima com a multidão gritando os últimos segundos.

4 –

3 –

2 –

“Eu te amo, Quinn!”

1 –

“Feliz ano novo!”, a multidão clama, junto com o apresentador, e Quinn não olha mais para o alto, onde a bola desce até o relógio na tela de led, saudando o ano de 2013. Ela não vê os fogos de artificio que fazem do céu uma verdadeira obra de arte. Ela nem sequer se incomoda com a chuva de papéis picados que cai em cima de todas as pessoas que estão ali. Quinn só consegue enxergar Rachel Berry.

Rachel devolve o olhar com a mesma intensidade, e ali, naquele mundinho delas, parece que não há barulho ensurdecedor, não há pessoas para atrapalhá-las, não há fogos de artificio queimando seus olhos. Apenas as duas, dando as mãos. E sentindo o calor, enquanto entrelaçam seus dedos.

Quinn sorri seu sorriso mais lindo e verdadeiro, antes de fechar os olhos e dar um beijo de feliz ano novo em Rachel.

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New York, New York é a canção que implode nos altos falantes que rodeia a Times Square. O barulho das pessoas que estão vendo em seus prédios, mais os gritos das pessoas que estão na rua são capazes de deixar alguém com problemas de audição. Logo todos acompanham Frank Sinatra na tão conhecida letra, e milhares de outros casais se beijam da mesma maneira que Quinn e Rachel estão fazendo agora.

A morena segura o cachecol da loira, que rodeia sua cintura com ambas as mãos. O coração das duas bate tão forte dentro do peito, devido à toda situação. Seus cérebros estão no mesmo transe.

Rachel Berry a ama.

Ela ama Quinn Fabray.

De uma maneira romântica, como ela sempre sonhou que seria.

O beijo dura alguns segundos a mais... elas merecem isso. Rachel finalmente se rendeu e Quinn não poderia estar mais feliz.

As seguintes atrações são anunciadas pelo apresentador, e logo toda a multidão volta ao mesmo êxtase de antes. Pitbull, One Republic e Justin Bieber animam a festa até um pouco antes de amanhecer.

Quinn e Rachel ficam até o final, mas nenhuma delas conseguia prestar atenção em nada. Beijos foram dados, abraços fortes e seguros também. Elas voltaram pra NYADA de metro, onde a morena foi quase dormindo nos braços de Quinn.

A loira apenas sorria em todos os momentos. Seu sorriso estava quase congelado no rosto; apenas efeito do que Rachel causava em seu coração.

No dormitório, a pequena não queria tirar a maquiagem, nem desfazer o leve penteado, devido ao cansaço.

“Não, Q, amanhã eu faço isso”, ela diz enquanto senta na cama para tirar os sapatos.

Quinn tira seu grosso casaco, o cachecol e as luvas, guardando-os dentro de sua mala, “Troca pelo menos a roupa, Rach. Coloque seu pijama para dormir confortável”

“Não, deixa...”, a morena boceja, tirando o casaco, “Eu durmo com essa roupa mesmo”

“Não durma de calça jeans, Rach”, Quinn pede, mas os olhos de Rachel mal estão abertos enquanto ela está deitada na cama de uma maneira torta e desconfortável.

Quinn troca de calça e coloca um pijama no quarto mesmo, já que Rachel dorme e seria ruim ir até o banheiro coletivo agora. Ela guarda o resto das roupas e olha para a morena.

Tão serena... tão angelical. Rachel parece um anjo, e Quinn suspira.

A loira pega um pijama na gaveta de pijamas de Rachel. Uma calça xadrez confortável, de malha, e uma blusa de manga comprida. Ela balança levemente os ombros da pequena, que tinha o pescoço fixo de uma forma muito desconfortável.

“Ai, meu pescoço”, ela geme levando a mão ao local.

“Rach, veste essa roupa, e aí eu deito com você. Eu estou com frio”, Quinn brinca e dá a roupa para Rachel.

Rachel tira o casaco e olha para Quinn com uma expressão sonolenta, “Me ajude”

Quinn puxa a peça por trás da morena, volta a ficar na frente dela. Espera. O que Rachel disse mesmo?

Ela não tem tempo de pensar e Rachel levanta sua blusa, tirando de uma só vez e ficando apenas de sutiã. A morena usava um sutiã de renda branco, que sustentava os médios, mas belos seios. Quinn engole seco.

Ela sente que sua mente vai explodir.

Seus olhos se arregalam, mas Rachel não percebe sua expressão. Ela está quase agindo no piloto automático, enquanto Quinn está sentindo seu coração quase saindo pela garganta.

Sua respiração fica rasa; ela apenas inspira superficialmente, e a boca seca imediatamente quando ela percebe o quão perto ela está de Rachel, que está apenas de sutiã, olhando para Quinn com uma cara de “eu estou morrendo de sono”.

Quinn tenta não percorrer os olhos pelo corpo de Rachel, mas é impossível. É um ímã e Quinn tenta não se prender muito àquela visão. Nada vai acontecer, e ela sabe. Ela dá a camiseta do pijama para Rachel, que treme um pouco do frio.

Os seios, firmes, sustentados por uma renda branca. O trapézio de Rachel. Seu maxilar. Quinn fecha a mão e aperta seu próprio punho, mordendo o lábio inferior para aguentar firme seus impulsos.

Ela beijaria cada parte de Rachel. Ela amaria com suas mãos, com seus dedos, com sua boca. Cada pedaço do corpo magnífico de Rachel era digno de admiração. Digno de contemplação. Ela tem que afastar esses pensamentos de uma vez.

Rachel se levanta e tira a calça jeans rápido, da mesma forma que tirou a camiseta, e logo a passa pelos pés, ficando apenas de calcinha.

Quinn segura a calça do pijama, de pé, na frente de Rachel.

Se ela achou que morreria, em algum momento de sua vida, é porque nenhuma sensação se pareceu com essa.

Seu rosto está vermelho e ela engole seco novamente antes de passar a calça para Rachel. A morena não se importa com todo esse momento, porque está quase dormindo. Seus olhos estão baixos e apenas murmúrios saem de sua boca. Ela não está com consciência o suficiente da situação para tero mínimo de vergonha ou pudor.

Ao contrário de Quinn.

Ela fecha os olhos, quase deixando escapar um gemido.

Rachel veste uma pequena calcinha, também branca. Suas pernas longas e bem delineadas parecem saltar aos olhos de Quinn, que infelizmente não consegue tirar os olhos de lá. É apenas uma amostra. Ela não vai tocar o corpo de Rachel hoje. Ela tem que se manter calma. Por Deus, controle-se, Quinn.

A garota menor pega a calça e a coloca, rapidamente jogando as roupas que estão em cima da cama no chão, e puxando o cobertor para se deitar confortavelmente. Quinn apenas observa, ainda atônita. Rachel é uma caixinha de surpresas.

Deitada, Rachel tem um lapso de realidade. Ela abre os olhos e observa que já está em sua cama, deitada em seu lado. Mas ninguém está deitada com ela, ela tem certeza de que está sozinha no calor que ela quer compartilhar com Quinn.

Caindo no sono novamente, Rachel geme antes de submergir e fechar os olhos, “Q! Deite-se aqui comigo... eu não quero passar a minha última noite feliz sem o seu calor nas minhas costas! Eu te amo, então se apresse”