Undeniable escrita por quinchillin


Capítulo 11
Capítulo 11




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Rachel observava Quinn arrumando suas coisas antes de deitar, guardando o que ela trouxe do banheiro em sua bolsa. Ela vestia uma blusa de pijama de manga comprida e uma calça xadrex de moleton. Seu cabelo levemente despenteado e ainda úmido caia sobre sua testa. Um perfume doce misturado com o cheiro de Quinn, que Rachel já reconhecia, invadia o dormitório.

“No que você está pensando?”, Quinn pergunta enquanto se deita ao lado da morena na cama da mesma, virando-se de lado para se igualar à Rachel.

“Eu estava lembrando... de uma noite em especial”

“Mesmo? E qual seria essa?”

“Você estava dormindo na minha cama, lá em casa, depois da formatura, e roncava baixinho”, a morena ri e Quinn bufa.

“Eu não ronco!”

“Claro que não”, ambas sorriem, “Você apenas... meio que ronrona, que nem um gatinho”

Quinn olha séria para Rachel que segura uma risada estridente. Ela ama tanto essa faceta de Rachel, leve e livre para falar sobre qualquer coisa. Sem neuras do passado, sem impedimentos, restrições ou constrangimentos; Rachel está apenas sendo ela mesma e Quinn se segura para não pular sobre os lábios carnudos da morena sem pressa para largá-la. Aliás, ela conta os minutos para o momento em que poderá fazer isso novamente.

“Então você simplesmente estava pensando sobre uma noite em que você supostamente me ouviu roncar?”

“Não!”, ela pega a mão de Quinn que estava sobre o colchão, e ambas percebem na hora a proximidade em que estão, “Continuando, foi nessa noite que eu pesquisei a distância entre New York e New Heaven pela primeira vez”

Quinn sorri, “Oh”

“Sim... e eu me lembro detalhadamente da sensação de alívio quando eu vi que seriam 130 quilômetros de distância que nos separariam. Eu quero dizer, é bastante, mas poderia ser mais”

“Absolutamente”, a loira responde, sentindo seu coração inflar de alegria.

“Naquele momento, eu percebi realmente o quão importante você havia se tornado pra mim. Que você era minha pessoa, minha confidente... eu não queria te perder quando o verão acabasse”

“Rach, eu poderia ter me inscrito em Stanford, Princeton ou Swarthmore, todas elas além de Yale ofereciam a graduação que eu desejava... mas Yale era mais perto de New York”, Quinn confessa e os olhos de Rachel se iluminam.

“V-você se inscreveu em Yale por isso?”, ela pergunta um pouco temerosa, a culpa já atingindo-a.

“Não! Não posso dizer que foi por isso, Rach”, Quinn garante, “eu queria me graduar em Inglês e, se possível, em drama. As universidades que eu pesquisei e que me ofereciam o suporte necessário eram apenas essas quatro. Mas eu sabia que você, inevitavelmente, viria para New York”

“Mas eu não havia recebido minha carta de NYADA ainda, Quinn!”, Rachel treme sua voz, e Quinn faz leves círculos sobre a mão da morena, tentando acalmá-la.

“Só que eu sabia que você viria para cá, Rach. Aqui é o seu lugar. Estudando em uma escola de arte, e depois trabalhando na Broadway. É parte importante do que você é... onde você merece e deve estar”

Rachel engole o nó que se formou na garganta, “As outras universidades, Q...”

“Elas eram boas, mas nenhuma delas oferecia exatamente o que eu queria. Academicamente falando, Yale cumpre todas as minhas expectativas. E tenho certeza que ela não fica abaixo das outras três. Some isso com você estando a apenas cento e trinta quilômetros de distância de mim, e não mais, e eu tenho o lugar perfeito”, Quinn sorri, tentando amenizar a situação.

“Tem certeza?”

“Sim, Rach. Eu estou sendo completamente sincera sobre isso”

Rachel se permite sorrir. Ela havia acabado de lembrar o quão bom era saber que Quinn não estaria em um estado mais distante, onde vários outros fatores iriam atrapalhar a relação das duas. O preço das passagens iria ser maior, diminuindo assim a frequência de visitas, além de todo o estress de uma viagem como essa.

Mas saber que possivelmente Quinn escolheu um lugar perto de propósito, apenas para o relacionamento delas não acabar pela distância somada a outros fatores, fez a culpa bater em sua consciência.

E se Yale não fosse a melhor escolha acadêmica? E se Stanford ou Swarthmore pudessem levar Quinn à um lugar onde ela realmente merece estar, por sua inteligência e capacidade? E se em Princeton ela tivesse mais oportunidades que Yale jamais terá? Ela não poderia perder todas as futuras chances de um bom desempenho escolar e talvez um futuro profissional melhor apenas para estar perto de Rachel, isso seria um erro, e a morena logo tratou de saber a verdade.

Quinn lhe assegurou; quando equiparadas, Yale se sobressaía por algum motivo.

O coração da morena se acalmou com essa informação.

Ela não hesitou avançou sobre os lábios da loira, que se surpreendeu positivamente. Rachel estava fazendo coisas assim constantemente nos últimos dias. E Quinn não se furtava da sensação de seguir esse fluxo.

Rachel mantém um ritmo calmo, sentindo a língua quente e deliciosa de Quinn sobre a sua. Tem algo em beijar Quinn que ela jamais vai entender... Ela não sabe se é a suavidade, o gosto, a maciez, o cheiro, ou o próprio fato de ser Quinn Fabray, ali, diante dela, beijando-a com paixão. Rachel jamais vai entender como um beijo a leva para lugares inimagináveis.

A loira morde o lábio inferior de Rachel antes de cortar o beijo com um sorriso, algo que ela sempre vai fazer. Porque é impossível acabar de beijar Rachel Berry e não ter um sorriso atravessando seu rosto.

“Nesse mesmíssimo dia, ou melhor, noite”, Quinn fala continuando o assunto, como se Rachel jamais tivesse interrompido, e a morena ri, “você lembra o que fizemos?”

“Sim”, o rosto de Rachel se ilumina e Quinn sente seu coração acelerado, “Você viu Funny Girl pela primeira vez”

“E você pela milionésima segunda”, Quinn ri.

“Idiota”, Rachel briga.

“O que eu quero dizer com isso,” a loira suspira antes de continuar, “...que eu vi você vendo Funny Girl pela primeira vez. Eu vi o filme, claro, mas eu não conseguia tirar os olhos de você, Rach. Do modo como você cantarolava baixinho absolutamente todas as músicas, ou como algumas lágrimas escaparam no final... mas principalmente, eu vi você sonhando com algo que inevitavelmente vai vir a ser seu futuro”, Quinn diz com a voz suave e coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha da morena.

“Q...”, ela sorri suspirando.

“Eu me apaixonei mais ainda vendo você e suas emoções verdadeiras transparecendo à medida que o filme ia passando... Porque estava ali, Rach, brilhando como uma supernova e até um cego enxergaria”

“Você se apaixonou por mim me apaixonando pela Barbra?”, Rachel brinca.

“Algo como isso”, a loira responde com um sorriso bobo no rosto.


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As duas estão bem protegidas do frio; digamos que calor é a única coisa que existe no casulo em que se encontram. Dois cobertores e o corpo quente de Quinn, Rachel pensa. É tão seguramente perfeito que ela só consegue pensar sobre isso.

Quinn pega o iPad e logo sua conta no Netflix se abre, revelando possíveis sugestões de filmes para o fim da noite. Elas escolhem algo leve, e acabam com uma animação.

A loira se lembra da última vez em que ela e Rachel viram um filme deitadas, no notebook da loira, em seu dormitório em Yale. Naomi havia sugerido um singelo conto de fadas lésbico que a fez se sentir um lixo. Havia tantas coisas sobre aquele filme que Quinn jamais achou que superaria. A Luce (que soava muito parecido com Lucy para seu gosto), apaixonada por uma Rachel, fazendo coisas bobas como ir a jogos de futebol, jogando Dance Dance Revolution e se beijando desesperadamente no fundo de uma loja.

Coisas que Quinn pensava que jamais faria com Rachel. Sua Rachel.

Naquele tempo, ela era somente Quinn, uma estudante de Yale que estava irremediavelmente apaixonada pela sua melhor amiga.

Ela lembra da vontade de jogar Naomi na parede e esfaqueá-la na jugular depois que Rachel terminou de assistir o filme com ela e disse: “eu acho que você vai encontrar uma garota, Q, e ela vai ser incrível e completamente linda. Você não vai estar preocupada com quem você ama, porque você vai estar feliz”.

Rachel não sabia de nada na época – que agora parece tão, tão distante. A loira havia dito que era gay – por skype, uma decisão arriscada – e mesmo assim a conversa não havia sido tão satisfatória. Quinn também destratou Rachel dias antes devido às consequências que a primeira festa da faculdade em que ela foi apareceram.

Tudo estava errado e pra piorar, esse filme, Rachel e Luce terminando juntas, Rachel e Quinn seguindo rumando ao desconhecido, temerosas pela amizade. E Rachel dizendo aquelas palavras.

Quinn apenas fechou os olhos e sentiu o coração apertar dolorosamente.

Mas hoje, ela continuava sendo Quinn, uma estudante de Yale que continuava irremediavelmente apaixonada pela sua melhor amiga.

Com o pequeno detalhe de que sua melhor amiga estava apaixonada por ela.

Quinn até sentia remorso por ter imaginado formas de Naomi sentir dor.

“Eu vou te abraçar agora”, Rachel tira Quinn de seus pensamentos e a loira ri.

“Não precisa me avisar quando for fazer isso, Rach”

“Eu sei, mas você parecia dispersa enquanto o filme carrega”

“Vem”, Quinn diz.

Rachel sente o braço direito da loira passar por seu ombro e rapidamente se aconchega mais em seu corpo, descansando levemente o braço pelo abdômen de Quinn. A morena desliza os pés por entre os de Quinn, e a loira geme baixinho pela sensação.

“Eu sei que meus pés estão gelados, me desculpe”, a morena pede com humor, sem tirar os pés do calor de Quinn.

“Tudo bem”, ela responde, porque ela simplesmente está amando tudo isso.

Essa proximidade, Rachel esquentando seus pés e utilizando os pés dela para isso. Enquanto estão firmemente abraçadas, depois de um longo beijo, prestes a ver um filme.

Ultimamente Quinn se pergunta se essa é a ideia de céu. Esses momentos com Rachel... as sensações que a morena causa no seu corpo com cada toque. O modo como seu coração se aquece quando ela admira das coisas mais simples às mais complexas em Rachel. Ela questiona se isso, o fato de estar irrefutavelmente em estado de paixão com uma pessoa seria o momento em que a felicidade se torna um lugar que ela consegue alcançar.

Coisa que ela nunca achou que conseguiria.

Para Quinn Fabray, era decretado; o amor era um lugar inatingível.

Porque o amor era Rachel Berry, e ela nunca teria algo parecido com isso.

Parece que a vida gosta de dar cicatrizes emocionais para Quinn na mesma medida em que mostra a cura para todo o mal da vida da loira. Rachel é a salvação de sua miséria, a redenção depois de tudo o que ela já sofreu. Quinn tem plena consciência disso.

“Posso dar play?”, Rachel pergunta, quando seus corpos estão devidamente acoplados um ao outro.

“Você sabe o que significa pra mim?”, Quinn pergunta, em um tom mais sério, e Rachel levanta suas sobrancelhas, negando com a cabeça, “Você significa absolutamente tudo, Rachel Berry”

Rachel treme diante do tom de voz da loira. Soa como uma confissão e seu coração bate desconfortavelmente no peito. Ela se assusta com a reação de seu corpo diante de algumas palavras e atitudes de Quinn, é tudo tão intenso que parece irreal. Ela sente como se o oposto dessa felicidade toda fosse exatamente proporcional então ela tem em mente nunca deixar algo de ruim acontecer. Rachel jamais quer sentir a dor de não ter Quinn de alguma forma.

Quinn se vira para Rachel, deixando o tablet cair suavemente de suas mãos enquanto segura o rosto da morena com possessividade. Rachel segura a intensidade do olhar da loira, até inevitavelmente fechar os olhos e sentir a respiração pesada, o hálito quente de Quinn sobre sua boca.

Lábios quentes, excessivamente quentes sussurravam “eu te amo”, enquanto beijavam agora sua mandíbula, e Rachel se via enlouquecer. Quinn tinha uma suavidade celestial, e a morena sentia que deveria retribuir esse sentimento especial de alguma forma. Quinn lhe fazendo tão bem, a amando em cada pedaço e a todo segundo. Ela deveria fazer algo pela garota, dar-lhe um pouco mais de segurança, porque aparentemente questões tem rolado de um lado para o outro em sua cabeça.

Rachel seguiu suas mãos até a cintura de Quinn e apertou, mas suavemente. Foi um aviso; acalme-se, Quinn, eu estou aqui, e eu tenho você. Ela sabe o que Quinn significa, também. E é por isso que Rachel está aprofundando o beijo, sentindo a língua de Quinn explorar sua boca, sentindo Quinn a amando durante todos esses anos de confusão.

A loira não quer perder a cabeça, mas em algum momento, perdida em pensamentos, ela viu a necessidade de ter mais de Rachel. Ela sempre quis. Ela tem pequenos momentos, mas... e se de repente eles se prolongassem? E se por acaso Quinn se ligasse mais à Rachel de uma forma mais íntima; uma forma que apenas melhores amigas não estão autorizadas? E se Quinn descobrisse como é tocar o corpo de Rachel da forma que ela tanto deseja, e há tanto tempo?

Ela percebe que Rachel segue esse novo ritmo em um beijo compartilhado por elas: mais possessivo, mais passional, com mãos segurando firmemente alguma parte do corpo. Nunca passou disso. E Quinn jamais forçaria nada; é óbvio, e Rachel sabe do tamanho respeito para com a intimidade da morena – a loira o demonstrava mesmo quando elas eram apenas amigas. Mas agora Quinn se deixa levar pelo calor, pelo gosto, pelo cheiro, e traz a morena mais ainda para si, se isso é possível. Rachel aceita e suas pernas se encaixam uma na outra, fechando um quebra cabeça perfeito e fazendo ambas gemerem.

Quinn para o beijo quando sente as mãos de Rachel fazerem um leve carinho em sua bochecha.

“Wow”, Rachel diz, deixando transparecer a respiração densa e fitando os olhos de Quinn, que parecem mais escuros.

“Você significa absolutamente tudo”, ela repete a frase dira minutos antes.

“Eu vou ter um ataque do coração se você fizer isso outra vez, Quinn”, a morena transmite mais calma em sua voz, e se permite um sorriso.

“Então é melhor você ter um bom plano de saúde, Rach”, ela brinca e Rachel sente os braços brancos de Quinn a rodeando para voltarem à posição em que estavam para começar a ver o filme.


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Notas finais do capítulo

YEY!