The Pain In Between escrita por bia souto


Capítulo 6
If I Could Have You


Notas iniciais do capítulo

OK, EU NAO CONSEGUI PENSAR NUM TITULO MELHOR
a Lyandra que disse que eu podia mimar vcs, então é



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– Oi, Kurt. Sou eu. – Blaine disse, com um sorriso de desculpas e saudades e tristeza nos olhos. – Acho que precisamos conversar, não é?

– Conversar? Conversar?! – Kurt perguntou, furioso. – Blaine Devon Anderson! Você sabe o que aquele cara, Tate, disse? Que você tinha matado sua família! E você havia- você estava morto. – Kurt parou, e respirou fundo. – Deus, eu estou ficando maluco. – Ele disse, mais para si mesmo. Kurt estendeu uma mão para mandar a “ilusão” embora, e gritou agudo quando sentiu o tecido da blusa de Blaine e depois, Blaine em si.

– Sou eu, Kurt. Eu já disse. Por favor, me escute. – Blaine pediu, e os olhos azuis de Kurt arregalados estavam cheios de lágrimas. – Por favor. – Repetiu o moreno, com seus próprios olhos transbordando a água salgada do choro. Kurt lançou seus braços ao redor do pescoço de Blaine, que demorou alguns segundos para abraçar a cintura do castanho. Depois, Kurt olhou em seus olhos e lhe deu um tapa.

– Ai meu Deus. Blaine. Blaine! – Ele guinchava, alterando rapidamente entre feliz, triste e confuso.

– Podemos- Podemos nos sentar? Eu tenho muito a explicar.

– Mas é claro. Podemos. – Concordou o castanho, ainda decidindo-se sobre seus próprios sentimentos. Lentamente, os dois andaram até a cama de Kurt e sentaram-se lado a lado.

– Antes de começar, quero te avisar que isso não vai ser fácil. Pode parecer loucura, acredite, parece até para mim. Mas preciso que você me ouça e não me interrompa, está bem? – Pediu Anderson, ganhando um aceno de cabeça do melhor amigo. – Começando por quando eu parei de responder tudo: eu- uhm- não consigo fazer isso. Sabe Sebastian? Aquele dos dentes tortos, que você gostou e- – Kurt assentiu novamente, mais rápido. – Ele começou a dar em cima de mim e disse que ia m-me es-estuprar. E ele fez isso. Foi numa noite de junho, eu estava delirando e não sabia o que era real e o que não era... Foi tudo tão confuso, e doloroso, até que ele atirou em mim. – Kurt arqueou uma sobrancelha e sua respiração se acelerou. – Olhe só. – Blaine mostrou seu pescoço, que havia um círculo ensanguentado ao redor. – Eu juro, isso é verdade. Eu... e meus pais... estamos mortos. Calma! – Alertou o moreno, quando Kurt ia levantando. – Por favor, deixe-me terminar. Eu acordei e estava confuso. Desci as escadas e achei meu corpo, caído na frente da porta de entrada com um tiro na cabeça, que foi feito depois de eu- uhm- morrer. Então eu não tenho a marca. Meus pais estavam mortos também. Minha mãe estava sorrindo, com a maquiagem manchando as bochechas e marcas de mão em seu pescoço. Meu pai tinha tiros pelo corpo. Parecia que eu os havia matado e depois atirado em mim mesmo. Pode procurar as fotos, Kurt. Tate me explicou tudo. Ele também está morto. – Kurt estava respirando ofegante, com uma mão na boca e outra apertando o edredom de sua cama. – E Violet, e várias outras pessoas que morreram na casa desde 1922. Eram eles que moravam no porão, lembra? – Kurt assentiu, aos prantos. – O Halloween é o único dia que podemos sair da casa... e, pela manhã, em torno das sete, eu reapareço na casa, caso esteja fora dela. Não tem escapatória. Nós controlamos quando os vivos podem ou não nos ver, por isso que você me sentiu aqui e... eu apareci... porque meu corpo quis, por mais que meu cérebro dissesse não. Eu precisava de você. Preciso. – Corrigiu-se, E Kurt ficou parado. – Por favor, diga alguma coisa.

– Merda. Isso é tão confuso. Eu- eu não quero que você tenha morrido! Não, não, não! – Implorava Hummel, dando socos leves no peito de Blaine, que o envolveu apertadamente. – Me desculpe. Isso é tudo minha culpa! Se eu tivesse ficado, você não teria passado por tudo isso, me desculpe, por favor.

– Nada disso é sua culpa. É culpa de Sebastian, e, mesmo assim, já está feito. – Kurt suspirou, e Blaine os deitou na cama carinhosamente. – Eu- uhm- Eu gosto de você, Kurt. Eu sinto, eu penso, evidentemente. Eu quero ficar com você, e... uhm... se você quiser viver com isso, com um namorado espírito que vive por toda a eternidade preso numa casa, a não ser que a mesma seja destruída... não sei.

– Eu sempre quis ficar com você, Blaine. Mas, honestamente, vou ter que pensar. De verdade. – Kurt disse, e Blaine assentiu, compreendendo a situação do amigo. – Mas... eu não reclamaria se você me beijasse, ou algo do tipo. – Blaine sorriu, e ele não sorria há muito tempo. Kurt chegou mais perto e colocou uma mão no peito de Blaine, porém não sentiu nenhuma batida cardíaca. O moreno selou a distância entre eles num tão esperado beijo.

Seus lábios dançavam uma valsa lenta, as línguas interligadas docemente. Um aproveitava o outro e, mesmo que fosse tarde demais, ambos se permitiram ao momento. Kurt e Blaine não sabiam de nada – eles estavam com medo, frustrados, assustados e sofrendo, mas não nos braços um do outro. O mundo sumia e era apenas eles, do jeito que deveria ser.

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Kurt acordou sozinho, com o gosto de Blaine em sua boca. Ele checou o relógio: sete horas e quatro minutos. Rapidamente, o castanho tomou um banho e colocou roupas descentes antes de correr escada abaixo e ir para a casa de Blaine. Burt e Carole estavam tomando café.

– Kurt, para aonde vai? – Quis saber Burt.

– ...Para a casa de Blaine. – O castanho respondeu, incerto. Burt e Carole se entreolharam.

– Kiddo, sente-se. – O filho obedeceu. – Escuta, eu sei que isso é difícil, mas... Blaine morreu, Kurt. Ele... ele morreu. É. – Burt disse, e Kurt sabia que havia mais do que aquilo. E como sabia...

– Oh, eu sei, pai. – Ele disse, e saiu, deixando seus pais confusos. Quer dizer, confusos nem começava a descrevê-los. Mas não havia nada que podiam fazer.

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Kurt entrou na casa sem bater, e encontrou uma mulher ruiva que era cega de um olho. Ela estava com um uniforme de empregada e seu olho bom era azul. Não tão vivos, porque ela talvez não estivesse viva, mas ainda assim passavam tristeza extrema para qualquer um que o olhasse. Haviam outras pessoas na casa, como Tate e Violet, um homem de barba com olhos azuis pedindo desculpas à uma moça loira, além de outros espíritos, mas nem sinal de Blaine.

Ele subiu as escadas tão familiares e abriu a porta do quarto do moreno. Encontrou Blaine dormindo na mesma posição de antes, de lado, o rosto virado para a parede. Então ele percebeu o subir e descer rápido demais do abdômen do amigo, e viu que ele estava chorando. Kurt sentou-se na beira da cama e colocou uma mão no ombro de Blaine.

– Kurt. – Ele disse, secando as lágrimas enquanto se sentava na cama. – O-Oi.

– Oi. Escuta, sobre ontem, eu acho que... eu acho que não deveria se repetir. Isso tudo ainda é confuso e eu não sei o que pensar. Você devia ter visto a cara de papai e Carole quando disse que vinha para cá. Eles já souberam das notícias.

– Está em todos os lugares. Se você achar um jornal da semana seguinte a que Sebastian... fez aquilo, eu estarei na primeira página. – Alguém bateu na porta do quarto. – Entra. – Disse o moreno, e Violet entrou em seu quarto, fuxicando as gavetas loucamente.

– Escuta, garoto. – Ela disse, virando-se para Kurt. – Eu não sei o que você está fazendo aqui nem porque você está aqui, mas vá. Embora. Vivos não são permitidos aqui, não mais. – Finalmente, ela achou o que estava procurando na última gaveta do quarto, e saiu de lá com uma lâmina de apontador. – Ah, mais uma coisa. – Violet colocou a cabeça para dentro do quarto. – Se você machucar Blaine, você morre. E não vai ser aqui dentro. – Kurt engoliu em seco e a loira riu ao sair do cômodo.

– Não ligue para ela. Viramos amigos depois que... uhm, você sabe. Ela morreu por acidente, quando tomou pílulas para dormir demais um dia. – Explicou o moreno. – Mas, uh, voltando: eu concordo com você. É o que eu falei ontem, você pode ter seu tempo e decidir se você quer viver ou ter um namorado morto. Eu estarei bem com ambas as opções.

– Eu não quero te deixar. Eu nunca te direi adeus, Blaine. Mas eu realmente terei que parar um pouco e decidir o que vai ser de minha vida antes de me jogar em um namoro incerto. Entende?

– Claro que entendo, Kurt. Mas me prometa que, enquanto você pensa, vai para a escola, e se alimentar direito, e também-

– Eu prometo, Blaine. – Um silêncio se estabeleceu entre os dois, porém nada estranho ou constrangedor. Kurt observada como o quarto do amigo estava destruído e desarrumado. Não que ele estivesse surpreso com a bagunça, mas sim com a destruição. Olhando para a roupa de cama, ele viu uma poça de sangue. Era com certeza da noite em que Blaine havia morrido.

Kurt não suportava aquilo. Ele deixou que lágrimas quentes molhassem seus olhos azuis e soluçou um pouco. Blaine colocou uma mão em suas costas, afagando-as carinhosamente enquanto permitia que o amigo chorasse em sua camisa. Anderson sussurrava no ouvido do castanho, com esperança de que o mesmo ficasse pelo menos um pouco melhor.

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Já era tarde da noite de domingo quando Kurt finalmente foi embora. Não que Blaine ou o próprio Hummel quisesse que ambos fossem separados, mas Violet, por sua vez, já estava de saco cheio dos dois rindo alto e conversando infinitamente. Ela já havia inclusive tentado expulsar o menino, mas Tate e o homem de barba que Kurt vira quando havia chegado – seu nome era Ben Harmon e ele era pai de Violet – seguraram-na.

A despedida de Kurt e Blaine foi dolorosa. Os dois tinham medo que algo acontecesse, que eles seria separados permanentemente... Mesmo assim, porém, o castanho foi convencido a deixar a mansão quando Blaine o pegou com os olhos pesados de sono. Ao chegar em casa, Kurt queria muito sua cama, mas Burt parou o filho na entrada de casa ao vê-lo entrar. Ele gesticulou para o sofá onde estava, e o filho sentou-se ao lado do pai.

– Kurt, aonde esteve?

– Na casa de Blaine, pai, assim como lhe disse mais cedo.

– Você passou o dia todo lá. – Kurt confirmou com o olhar. – O que você fez, Kurt? Ficou lá para ter proximidade a Blaine? você sabe que pode me falar, filho. Eu só não quero que você se machuque. – Se apenas Burt soubesse o quão machucado o filho estava naquele momento... – Eu sei que é difícil, mas ficará melhor.

– Eu sei, papai. Eu estava na casa de Blaine, só isso. Eu vou me deitar, já que amanhã recomeçam as aulas na velha e boa Alabama High. – Kurt suspirou, e seguiu seu caminho até o quarto, colocando pijamas e entrando debaixo das cobertas.

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Blaine não conseguia dormir. Ele virava e rolava na cama, desarrumando os lençóis. O moreno pegou o copo d’água que ficava na cabeceira e molhou os lábios com o líquido. Após mais alguns minutos, Blaine se levantou. Em um madrugada qualquer, ele teria medo de descer as escadas por causa do breu, mas agora ele não ligava mais.

Blaine só queria passar um dia sentindo que algo valia à pena. Ter Kurt por perto certamente o deixara menos cabisbaixo, mas não realmente o ter era apenas um dos inacabáveis problemas do mesmo. Ele entendia – receber a notícia que seu amigo virou um espírito e está morto, mas gosta de você e pode te beijar e sentir você contra ele é atordoante, mas o moreno apenas queria Kurt, era maior do que qualquer sentimento que ele já sentira.

Ainda assim, Anderson não tinha certeza se era amor. Os mortos amavam? Eles certamente podiam desenvolver quedas por alguém. Mas amar? Aquilo parecia algo distante e impossível, porém tão real e próximo... O moreno entrou na cozinha e passou por cima do bicho morto que estava lá, encostando-se contra o balcão do cômodo. Ele pegou uma vela e acendeu-a.

– Blaine? O que faz acordado? – Ele ouviu uma voz lhe perguntar, se virando e encontrando Vivien, a mulher de Ben, na cozinha. Ela tinha seu filho nos braços, e a criança dormia contra seu peito adoravelmente. Era estranho ver aquele bebê todos os dias, desde que Blaine havia sido assassinado, há vários anos, e o mesmo nunca crescera.

– Eu não consigo dormir. – Respondeu Anderson, simploriamente.

– Está pensando nele, Blaine?

– Nele?

– Em Kurt. Vocês parecem bem próximos.

– Nós somos. Ele acabou de voltar de Washington, foi um grande choque me encontrar morto. – Disse o moreno, casualmente. Ele deixou a vela que ainda segurava na mesa de mármore e sentou-se à mesa, na frente de Vivien.

A mulher havia se tornado quase uma mãe para ele, desde que a sua o ignorava completamente. Vivien o havia ajudado quando Blaine passou por tudo aquilo, como descobrir que estava morto. Ela o explicou como as coisas funcionavam e lentamente ele foi aceito em seus braços maternais. Anderson era praticamente da família, já que Vivien e Ben o adoravam, e Violet, por mais que a mesma não admitisse, era sua melhor amiga naquele fim de mundo.

Blaine ainda saía da casa para buscar o jornal, e se sentia confuso quando aparecia na porta dos fundos. Ele se lembrava de tudo mais uma vez, e subia para seu quarto. Bom, o dele, de Violet e de Tate. Os três havia ficado no mesmo quarto por algumas semanas, mas não havia dado muito certo e eles resolveram que o casal podia dormir no quarto de hóspedes.

– Imagino. – A mulher finalmente respondeu, pegando a mão de Blaine. – Você quer ficar com ele?

– Mais do que tudo.

– E você sabe se ele quer ficar com você?

– Acho... acho que sim. – Os cantos da boca do moreno se elevaram.

– Então espere. Tudo vai se encaixar, Blaine. Agora durma um pouco. Eu estou apenas tentando fazer com que o bebê não acorde, Ben está fazendo muito barulho com Nora no porão. – Ela explicou, referindo-se à Nora, a primeira dona da casa e ex-mulher de Charles Montgomery, o construtor da mansão.

Blaine sorriu docemente para a mulher e subiu as escadas até seu quarto. Ela tinha razão: tudo iria se encaixar...


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Notas finais do capítulo

desculpem qualquer erro dlkfs;lkdf
tanta coisa ainda vai acontecer, gafanhotos
beijos, até o proximo