The Pain In Between escrita por bia souto


Capítulo 16
Madness


Notas iniciais do capítulo

hey, amores ;3



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Blaine acariciava os cabelos de Kurt até aquele momento, quando ouviu a respiração do namorado ficar mais lenta e padronizada. O moreno olhou para baixo e viu os olhos azuis fechados enquanto a cabeça do castanho apoiada em seu ombro seguia os movimentos da respiração de Blaine, e seus lábios estavam fechados com apenas uma brecha para que o ar passasse. Era quase inacreditável como Kurt parecia pacífico e calmo em seu sono. Isto é, quando ele não tinha pesadelos.

Eram uma da manhã e Blaine sentia Kurt chutando-o de leve por baixo do edredom grosso que os cobria por causa do frio. E quando você tem catorze anos e está no meio da puberdade, o mínimo que você faz quando estão te chutando perigosamente perto de suas genitálias é ou cobrí-las com as mãos ou se levantar da cama,

E assim o moreno saiu debaixo das cobertas e abraçou a si mesmo ao sentir o ar frio contra sua pele. Ele foi até o banheiro, bebeu um pouco de água que fora esquecida em um copo que suava na pia, olhou-se no espelho e ajeitou ao máximo que podia seus cachos negros e bagunçados. Blaine abriu a porta do banheiro do quarto de Kurt o mais silenciosamente e uma faixa de luz escapou pela porta, iluminando o rosto de seu amigo.

Blaine se assustou ao ver as feições de porcelana franzidas e tensas, as bochechas molhadas de lágrimas e vermelhas. Alguns segundos depois, Blaine correu até Kurt e chacoalhou o corpo contorcido do castanho, mas ele não acordou. Depois, mais uma vez. E outra, e outra, até que duas esferas azuis assustadas se abriram, e Kurt se lançou nos braços de Blaine e começou a soluçar. Anderson pôde apenas afagar suas costas e beijar o topo de sua cabeça.

— Deus, me desculpe, Blaine. — Kurt falava, enquanto secava as lágrimas com a beira das cobertas. — Eu- eu não queria te dar esse trabalho de acordar o pobre Kurt de um pesadelo. — O castanho desculpou-se, e Blaine colocou gentilmente um dedo sobre seus lábios e Céus, Kurt queria tanto beijar Anderson naquele momento, sob a luz branca do banheiro e com gotas de suor de formando na testa do moreno... ele estava tão lindo.

— Ei, não tem problema, Kurtie. Não se preocupe, está bem? Eu não me importo. — Blaine passou uma mão pelos cabelos suados de Kurt. — Vamos lá, chegue para o lado. Eu vou te abraçar até você dormir. — O moreno disse, e Hummel agradeceu à qualquer força superior pelas luzes estarem baixas, porque ele tinha certeza que estava vermelho feito um tomate. Também agradeceu por Blaine não sentir o calor de sua bochecha quando ele beijou-o no local.

— B-Blaine? — Kurt chamou, timidamente enquanto deitava no peito do amigo, aproveitando a sensação acolhedora dos braços de Blaine em volta de seus ombros.

— Fala.

— Você poderia- uh... você poderia cantar para mim? É que sua voz é bonita e eu não consigo dormir e-

— Shhh, Kurtie, tudo bem. Eu canto, baby. — Kurt corou furiosamente mais uma vez ao apelido, mas ignorou e colou o ouvido ao peito de Blaine, ouvindo a voz do amigo vibrar seu tórax.

Yesterday

All my troubles seemed so far away

Now it looks as though they’re here to stay

Oh I believe in yesterday

Suddenly, I’m not half the man I used to be

There’s a shadow hangin’ over me

Oh yesterday came suddenly

Why she had to go I don’t know

She wouldn’t say

I said something wrong now I long for yesterday

[...]

Kurt se segurava visivelmente para não chorar à escolha da música, mas acabou dormindo nos versos finais da canção, enterrando carinhosamente o rosto no peito de Blaine, apertando o abraçar pela cintura do melhor amigo. Anderson olhou para o rosto calmo do amigo e pensou em como Kurt era lindo. Seria muito ruim gostar de Kurt?

Blaine sorriu à memória dos dois, e beijou o topo da cabeça de Kurt carinhosamente. Ele queria chorar de tão lindo que Kurt era... como era possível um ser humano, uma mísera pessoa dentre tantas outras te fazer sorrir por causa de um “Eu te amo.”, ou um beijo na bochecha? Bom, Blaine não sabia, mas Kurt conseguia fazer tudo aquilo e mais um pouco com tanta naturalidade que o moreno se contentaria com seus sorrisos bobos e beijos completamente inesperados e necessários.

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Finn acordou com seu despertador tocando desesperadamente uma música do Iron Maiden, e ele bocejou, levantando-se. Havia música da Lady Gaga vinda do quarto de Kurt e o mais alto chutou a porta como fazia toda a manhã.

— Kurt, abaixa a porra da música! — Ele gritou, e seguiu para o banheiro. Porém, a música não diminuiu nem parou, e o mais alto estranhou. — Kurt, já falei para abaixar a música! — Ele bateu na porta repetidas vezes, até que sentiu uma mão em seu ombro e achou sua mãe ali, com Quinn logo atrás. Oh.

— Finn, querido, Kurt- Kurt não está em casa. — Carole disse, e Finn sentiu seus olhos molharem de lágrimas. Ele sentia tanta falta do irmão com ele, era quase insuportável naquele momento. Ele se curvou um pouco e deixou que o abraço maternal de Carole o acalmasse enquanto Finn soluçava. — E o estado está em alerta, meu amor, você não tem aula hoje. — Ela o lembrou, e Finn piscou algumas vezes, secando as lágrimas. — Eu vou preparar seu café, desça quando estiver pronto.

— Obrigado. — A mulher desceu e Quinn passou correndo para o quarto de Kurt, sendo seguida por Finn.

— Hoje- Deus, Finn, hoje fazem nove anos que Kurt e Blaine são melhores amigos. — A voz da loira falhou e ela se escondeu nos braços do mais alto. — Eu quero matar Sebastian! Eu quero que tudo volte a ser como antes! Eu e Kurt lendo revistas e zoando as roupas das mulheres grávidas, e Blaine olhando a gente com aqueles olhos apaixonados e sorrindo e- merda! Tudo era tão bom! — Quinn desmoronou, e Finn deixava algumas lágrimas escorrerem por seu rosto também. Kurt era a alma e a graça de muitas coisas, incluindo daquela casa, de todas as manhãs.

— Tire essa música, por favor. — Finn pediu, e só depois a loira percebeu que Yoü and I da Lady Gaga tocava. Quinn estendeu uma mão e desligou o computador pelo botão de iniciar que havia na torre. O quarto ficou em silêncio e nenhum dos dois queria falar nada. Era o dia de Ação de Graças no dia seguinte, e Finn tinha uma coisa para fazer. — Quinn, coloque uma roupa e me encontre na sala. Vamos dizer que compraremos mantimentos para a tempestade.

— Mas aonde vamos, Finn? E se começar a nevar forte?! — Quinn perguntou, mas Finn já fechava a porta do quarto enquanto se vestia. A loira suspirou e pegou uma calça jeans, uma blusa e o casaco longo que vestira no dia anterior.

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Burt levantou o olhar ao ouvir o giro da maçaneta de seu quarto e seu rosto se iluminou ao ver Finn e Quinn ali, mas estranhou a pressa que os dois aparentavam.

— Ok, Burt, amanhã é ação de graças e eu sou muito, muito grato a Kurt. Então tenho que fazer uma última coisa por ele, não que eu vá parar de ajuda-lo, mas você tem que vir com a gente. Vamos te tirar daqui, Quinn conhece uma saída secreta.

— Meninos, se acalmem, eu já tenho alta. Os médicos só recomendaram que eu ficasse aqui por causa da tempestade de neve que vai chegar. — Burt disse, e se levantou como se não tivesse um câncer terminal em estágio 3. Ele abriu o armário pequeno que havia no quarto e mostrou uma mala aos adolescentes. — Minhas roupas estão prontas, é só falar que vocês vieram me buscar e eu posso sair.

— Ótimo, isso facilita muito as coisas. — Finn disse. — Vista alguma coisa e nos encontre no corredor. — O homem assentiu e Quinn acenou docemente para Burt antes de ser gentilmente arrastada para fora do quarto. No corredor, só tinha uma cadeira. — Uh, senta aí.

— Nós dois podemos sentar, Finn. Não seja tolo. — Ela disse, e empurrou o mais alto para o banquinho, sentando-se em seu colo. Ela passou os braços pelos ombros de Finn, que automaticamente levou uma mão à sua cintura. — Ou você acha que eu não teria te beijado ontem?

— Eu nunca sei o que achar de você, Fabray. — Respondeu Finn, sorrindo. Ele lentamente deu fim à distância entre seus lábios e os da loira, beijando-a novamente. Quinn fazia o menino esquecer de Rachel, mas Rachel era incrível, e...

— Ahem. — Eles ouviram, e Quinn imediatamente saiu do colo de Finn, e o mais alto quase protestou, mas lembrou-se que Burt era quem havia feito aquele som. — Finn, parceiro, você pode carregar minha mala para mim? Estou esgotado.

— Claro, claro, Burt. — O grandão entrou no quarto e pegou a mala marrom do padrasto, levando ele e a menina para fora do hospital. Próximo passo: casa de Kurt. Bom, a nova casa.

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Kurt ouviu um barulho de carro quando acordou e sentiu um par de mãos o sacudindo de leve. Ele abriu os olhos e encontrou Tate, falando algo que sua cabeça ainda não processava.

— Cara, cara! Acorda, seu pai está aqui! Blaine foi cumprimenta-lo, ele está estacionando o carro! — O loiro exclamava, e Kurt pulou da cama, descendo as escadas num relâmpago e puxou Blaine pelo braço. Tate o olhava do topo das escadas.

— Não deixe que ninguém te veja, ou Violet! Ou ninguém! — Ele gritou, enquanto arrastava o namorado para a cozinha. Ele estava com frio e começava a nevar de leve. Era raro ver neve no Alabama, mas era bonito. Kurt gostava de neve e adorava fazer anjos de neve. Blaine o olhava, curioso. A porta estava se abrindo. — Desapareça, vamos lá! — Kurt pediu, às pressas. Blaine e ele ficaram visíveis apenas aos olhos um do outro, e o castanho observava com lágrimas nos olhos enquanto Burt chamava seu nome.

— Kurt, eu estou aqui. Por favor, apareça, Kurt. — O homem pedia, e Blaine tentava convencer o namorado de aparecer e se despedir do pai. — Finn, você não me trouxe aqui para me matar ou coisa do tipo, não é?

— Não, Burt, eu juro – ele não pode sair daqui. — Finn explicou, e Blaine abraçava Kurt o mais apertado de podia, por mais que estivesse confuso e achasse as escolhas do castanho erradas. O mais alto soluçava violentamente em seus braços.

— Kurt, papai está aqui. Você não precisa ter medo, kiddo. — Burt falava, e o coração de Kurt se partia com cada palavra. O homem entrou na cozinha. — Eu- eu não sei se você está aqui, mas quero te falar que vou deixar mais da metade com meu dinheiro para pagar essa casa, contas de luz, de gás, impostos- tudo. Eu posso sentir você aqui, Kurt, sabe. Mesmo que você não queira ou não possa... eu sei que você está aqui. — Silêncio. — Está bem, eu não sinto nada! Nada! — Burt ajoelhou-se no chão coberto por um tapete. — Eu te amo, Kurt. Aonde quer que você esteja... eu te amo. Vamos embora, Finn. — Burt disse, e secou as lágrimas. Ele puxou o enteado para fora de casa e a porta se fechou. Kurt caiu no chão, inconsciente por ter ficado tanto tempo forçando a invisibilidade com tantas emoções correndo por seu corpo.

Blaine o carregou para o quarto e deitou o namorado na cama dos dois. Ele beijou suavemente os lábios de Kurt e deitou-se a seu lado, abraçando-o. Pouco tempo depois, o moreno se levantou e saiu do quarto, sentando-se no chão do corredor com a cabeça apoiada nas mãos.

— Blaine, você sabe o que deu em Kurt? — Violet perguntou. Anderson levantou o olhar e sacudiu a cabeça. — Vem cá, vou te mostrar uma coisa. — Violet disse, ele assentiu, pegando a mão estendida da menina. Eles desceram as escadas e foram por dentro do porão até um caminho secreto. — Ok, nós nunca te falamos isso porque... uh, é bem pesado. Mas vamos lá. — Violet disse, e apertou a mão do moreno antes dos dois fazerem uma curva.

A respiração de Blaine parou por meros segundos enquanto ele via seu corpo em cima do de Violet, e o de Kurt em cima do dele. Ele começou a chorar descontroladamente e a loira o levou embora dali.

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Quando Kurt acordou, ele se sentiu tonto. O dia havia sido exaustivo, por mais que ele houvesse o passado dormindo. O castanho se levantou e viu que nevava lá fora, e era uma boa quantidade de neve. Estava escuro e ele ouvia a voz de Blaine no corredor. Lentamente, ele abriu uma fresta da porta.

— ...Eu só- eu acho que foi alguma coisa da cabeça dele, eu não sei, Violet! — Ele falava, e Kurt podia o ver andando de um lado para o outro do corredor. — Ele está ficando maluco, quem não gostaria de se despedir do próprio pai?! Pelo o que eu percebi, Burt está morrendo! Ele está morrendo e fez uma droga de testamento aonde ele falou que vai pagar luz, água, gás e impostos! Ele é- ele é meu segundo pai, Violet. Eu não quero desrespeitar as escolhas de Kurt, mas eu gostaria de dar mais um abraço nele.

— Eu estou ficando maluco? — Kurt perguntou, abrindo a porta. Os olhos de Blaine se suavizaram ao ver o namorado.

— Babe, vem cá. Como você está?

— Eu não estou ficando maluco, Blaine! Deus, eu só acho que vou ficar tão pior se meu pai falasse comigo, eu não quero que ele me veja assim! Me desculpe, se eu te desrespeitei por não me sentir bem o bastante para fazer algo!

— Kurt, não, querido, não é assim, por favor-

— Não, Blaine, é exatamente assim. — O moreno colocou uma mão no braço de Kurt, que foi rapidamente retirada. — Eu vou dormir no sofá hoje, não se preocupe comigo. Afinal, quem ia querer um namorado maluco igual à mim? — E assim, Kurt se deitou no sofá, imediatamente sentido falta dos braços de Blaine o mantendo seguro.

— Blaine, você está bem? — Violet perguntou, se aproximando lentamente do moreno.

— ...Hoje era nosso aniversário de nove anos de amizade.


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Notas finais do capítulo

T-T *chora eternamente até o próximo capítulo*



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