Lábios de dor escrita por Lipe Muliterno


Capítulo 32
Wind of changes.


Notas iniciais do capítulo

Obrigado a todos que chegaram até aqui.



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–Rápido, acordem! - Malu acorda os outros de forma animada.
Ainda é noite e o céu está escuro.
–O que foi? - Pergunta Mapa um tanto quanto assustada.
–Ouçam isso. - Pede Malu.
Todos ficam em silêncio e ouvem uma sirene e alguns disparos.
–Fiquem escondidos. Léo e Marti, vocês vêm comigo, vamos ver o que é isso. - Ordena Thalles.
...
Os três homens caminham em direeção ao barulho que está cada vez mais alto.
Em certo momento podem finalmente ver um forte improvisado com caminhões, ônibus, carros e utilitários modificados com arame farpado, lâminas e torres de arma.
No centro do acampamento um alarme toca sem parar de forma muito barulhenta, isso acaba atraindo mordedores, mas ao que parece, é objetivo.
Homens e mulheres das mais variadas idades empunham armas e matam os mordedores como se fosse algo divertido.
Thalles e os outros dois apenas observam escondidos em uma moita.
–Eles estão loucos? - sussura Marti.
–Acho que estão apenas tentando ajudar. - Sugere Léo.
–Mas o que é isso? - Pergunta Thalles.
–Se chama iniciativa Moscow.
A resposta vem de um ponto atrás deles.
Quando se viram encontram um homem alto e forte, com cabelo grande e escuro, olhos verdes e barba por fazer. Ele apoia uma metralhadora pesada no ombro esquerdo com a maior facilidade do mundo.
–Me chamo Koji. - Diz ele estendendo a mão para cumprimentar os três. - Querem entrar?
Marti toma a frente e aceita o convite.
Koji os guia para dentro do acampamento.
–Sejam bem vindos, essa é a iniciativa Moscow e essa é a unidade de busca Gorky, nessa noite de Agosto vocês puderam ouvir o vento da mudança, agora será tudo diferente. Prazer, sou a líder do grupo, podem me chamar de Vivs ou Mavouchian.
Vivian é uma linda mulher, morena com cabelos ondulados onde repousa uma coroa de flores, está vestindo uma regata branca e uma saia de seda preta.
–Obrigado, mas não podemos ficar. - Se adianta Thalles.
–Claro, que podem, já mandei irem buscar o resto do seu grupo.
–Como sabe deles?
–Vimos a trilha que vocês deixaram, ninguém anda pelo meio do mato sem deixar grama esmagada e galhos quebrados.
...
Poucos minutos depois gritos de contestação se fazem ouvir, o grupo surge e junto deles três soldados que tentam segurar Sabs que se debate e vocifera.
–ME LARGUEM SUAS PUTINHAS, SE EU SAIR DAQUI VOU ATRÁS DE VOCÊS, VOU ABRIR A GARGANTA DO BONITINHO ALI COM OS DENTES E ENFIAR NO BURACO O PAU DOS OUTROS DOIS, ACREDITEM EU ARRANCO NA MÃO SE QUISER, DEPOIS VOU ENFIAR QUANTAS BARRAS DE FERRO EU CONSEGUIR NO RETO DE VOCÊS E DEPOIS NUNCA MAIS VÃO CONSEGUIR ANDAR SEUS FODIDOS!
Sabs para com o show assim que vê que mais ninguém está se rebelando.
–Vocês são tão tediantes. - reclama Sabs. - Me carreguem suditos. - Diz ela relaxando o corpo nas mãos dos soldados de Vivian.
–Vou pedir para um grupo levar vocês para nossa base, mas é em Minas Gerais. - Avisa Vivs.
–Creio que nós recebemos transmissões de vocês. - Diz Luke ao ligar os pontos.
–Provavelmente, transmitimos pra muita gente.
–Mavouchian, os carros estão prontos pra levá-los. - Alerta Koji ao chegar.
–Ótimo, pode ir com eles?
–Sim senhora.
...
O grupo é dividido em três Jipes, no primeiro entram Thalles, Léo, Malu, Isadora e Koji é seu condutor, o segundo jipe é confiado à Marti e com ele vão, Gabs, Celly, Mapa e Paloma, o terceiro carro é conduzido por Luke e apenas sabs o acompanha.
A viagem segue tranquila e poucos mordedores surgem no caminho e são rapidamente executados pelo corta neve e as lâminas que equipam os carros.
Em cerca de 16 horas eles chegam ao forte, cerca de dezoito quarteirões foram cercados e a cada dois metros está posicionado um homem fortemente armado, o forte conta com vários geradores de energia e placas solares, dois mercados, um posto policial, um hospital, duas escolas e uma creche, várias casas e doze prédios entre outros estabelecimentos como farmacias, padarias e lojas.
Um por um o grupo todo é entrevistado e contra todas as expectativas são aprovados.
–Muito bem, agora essa parte é um pouco constrangedora, mas precisamos avaliar o corpo de vcs pra ter certeza que não foram mordidos, podem manter apenas as roupas intimas. Venham para essa sala. - Koji os conduz para uma sala.
Todos são avaliados e Mapa vai por ultimo temendo seu destino.
–Não precisa ficar envergonhada, não vou fazer nada com você. - Diz Koji procurando acalamr a moça que respira pesado.
Mapa primeiro tira seus sapatos, sua calça, e por ultimo sua camiseta.
Koji nota a marca escura em seu ombro direito.
–O que aconteceu com você?
–Fui mordida.
–E como não se transformou?
–Sou um tipo de cura.
–Se vista e não vale sobre isso pra ninguem, eles te abririam e tentariam desenvolver uma cura aqui.
Mapa se veste e abraça o homem musculoso que arrisca sua posição de confiança dentro do complexo apenas para que ela fique bem.
Os dois deixam a sala.
–Essa noite teremos uma comemoração, apareçam. Sentem o vento de mudança? - pergunta Koji
–Que vento de mudança é esse? - Questiona Celly.
Koji sorri.
–Todos façam silêncio um instante. - Pede Koji.
Ninguém faz som algum por quase um minuto.
–E então, o que ouviram? - Pergunta Koji com seu sorriso de lado.
–Nada. - Responde Isadora.
–Exatamente.
–O que isso tem de mais? - Pergunta Malu.
–Nós não ouvimos nada. - Responde Marti boquiaberto. - Nem mesmo o gemido dos mortos.
–Isso mesmo irmão. - Diz Koji colocando uma das mãos no ombro de Marti.
...
Mais tarde naquela noite uma grande festa acontece em toda a cidade e em seu centro foi montado um alto palanque, música, gritos de comemoração e risadas preenchem toda a cidade.
Em uma ocasião alguns soldados passaram pra apartar uma briga e parecia que isso era o unico problema que existia no mundo.
As pessoas estavam feliz.
Às 21 horas Vivian sobe no palanque e a música para.
–Quero a atenção de todos um momento. Hoje eu liderei a iniciativa Moscow, fui até São Paulo com a unidade Gorky e nessa noite conseguimos ouvir o vento de mudança. O mundo acabou, sei que já pensou isso, mas agora temos um ao outro podemos ser todos uma família, como irmãos. O futuro está no ar, eu posso sentir isso, o vento de mudança o trouxe até nós. Então essa noite vamos viver a magia do momento, essa é uma noite de glória, agora nossa crianças podem voltar a sonhar, deixem as más memórias para trás, enterrem para sempre no passado. Hoje vamos comemorar. - Vivs estoura uma champagne Salton e todos bradam. - Agora gostaria de chamar aqui os novos moradores, venham subam aqui.
Koji leva o grupo recém chegado até o palanque, enquanto são apresentados, Mapa começa a sentir calor e tira sua jaqueta, infelizmente ela esqueceu que por baixo da pesada jaqueta trajava uma blusa de alcinha.
Mapa está sorridente e estranha ao perceber que ninguém diz mais nada e todos a encaram.
Alguém se aproxima por trás dela.
–Me dá um soco e foge. - A voz de Koji surge em um sussuro.
Mapa obedece.
O soco atinge o maxilar de Koji que finge cambalear para trás e cair deixando sua metralhadora cair junto.
Mapa apanha a arma e começa a correr, alguns soldados tentam bloquear seu caminho mas ela puxa o gatilho fazendo com que os corpos sacudissem envoltos em uma nuvem de sangue.
O desespero domina Mapa e ela não conssegue raciocinar rapidamente. Não consegue ver Thalles e Léo sendo cercados e espancados até a morte, também não vê as balas atravessando o corpo de Paloma, Isadora e Malu ou a lança que atravessou o flanco direito de Gabs e a prendendo na parede.
No momento só consegue pensar nela e em algum momento se vê de frente para o muro, logo chegam até ela Marti, Celly, Luke e Sabs.
–Mapa, precisamos que você saia, não ligue para nós. - Diz Celly. - Marti ajuda ela a subir.
Mapa entrega a arma para Sabs e vai subir o muro, quando está quase no topo ouve uma série de disparos e cai junto com seu apoio, fumaça sai da boca da arma que está apontada para ela na mão de Sabs e Mapa não entende o motivo dela ter baleado seus amigos.
–Calma, Sabs, o que você está fazendo? - Pergunta Mapa chorando.
–Você pode curar a todos nós pense bem, uma vida por vári...
Um disparo estoura a cabeça de Sabs interrompendo sua frase.
–Mapa, vem comigo. - Surge a voz de Koji.
Mapa corre é tem a perna atingida por um disparo de algum sniper.
Koji a coloca sobre seu ombro forte e corre até a base policial.
–A cidade tem vários explosivos situados caso seja invadida por aquelas coisas, vou mandar tudo pelos ares.
–Mas qual a razão para vc querer me defender tanto?
–Você não lembra mesmo?
–Lembro do que?
Koji ativa as bombas, eles tem 8 segundos, ele se vira, sorri para Mapa e a beija.
–Que eu te amo.
Mapa se lembra de seu passado com o homem que salvou sua vida após ela ser mordida, fazendo uma transfusão de seu sangue, o sangue com a cura, um antigo namorado. Ela o abraça.
Um estrondo surge com um clarão e uma onda de calor se abate sobre eles.


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