Aquela noite me assustou muito, nunca pensei que Harry podia fazer aquilo. Nem preciso dizer que saiu em todos os tablóides, e para piorar, alguns desses jornalistas inventaram mentiras como que eu e Bruce estávamos declarando nosso amor e que Harry ficou louco de ciúme e quis nos matar. Por favor! Me senti naqueles filmes românticos cliches e que muitas vezes são chatos.

Passei o fim de semana todo na casa dos meus pais, só apareci na inauguração da empresa e nem fiquei tanto tempo na recepção. Não agüentei tantas perguntas sobre o acontecimento.

Pior que hoje meu amado irmão contaria tudo para mamãe. Por que topei ajudar ele mesmo?!? Só espero que ele não peça mais nada, já tenho problemas demais na minha vida. Falando em problemas, não tive tempo em conversar com Bruce.

Não o vejo desde de sábado, ele me ligou, mas falei tão rápido que não o tratei direto e pela primeira vez, me senti horrível pela atitude que tive. E para piorar, ele me mandou flores, as minhas favoritas: orquídeas. Mandei uma mensagem agradecendo, mas sei que devia ter ligado, mas também tava uma correria por causa da inauguração.

— Scar é você. – Chamou John

— Me desculpe. – Olho então para as cartas na minha mão. Eu peguei uma delas e pus em cima do monte.

— Estava pensando em que? – Perguntou meu irmãozinho olhando para sua mão

— Nada demais. – Respondi dando os ombros

Meu irmão é novo demais para se preocupar, nós combinamos de não contar tudo para ele, ainda bem que no dia ele dormiu na casa de um amigo. Continuamos jogando, perdi algumas vezes, mas a vida é assim. Paramos de jogar quando Charles entrou. John correu para nosso irmão mais velho e o abraçou, me levantei e fiz o mesmo.

— Está pronto? – Pergunto vendo a preocupação.

— Sim. John, esta da hora do banho. – Mandou querendo que ele fique longe da conversa. John solta um gemido de tristeza. – Melhor ir antes que a mãe veja.

Dou um tapinha na bunda para ele ir rapidinho. Volto para o tapete e começo pegar as cartas que espalhamos.

— Ela chegou hoje. – Avisou meu irmão encostado no batente da porta.

— E ela vai ficar aonde?

— Esta no nosso hotel. Ela queria vim juntar contar a novidade, mas prefiro que ela fique longe desse primeiro encontro. Não importa se o filho é meu ou não, não quero que ela tenha algum problema com a gravidez.

— É por que ela teria algum problema? – Pergunto guardando as cartas dentro de uma caixa

— Porque você e a nossa mãe falariam algumas palavras desagradáveis.

Eu me seguraria, afinal começo de gravidez é algo delicado. Ok, daria só umas indiretas.

Vou até a estante e ponho a caixa em cima. Nós dois saímos da sala de diversão (é como minha mãe chama a sala por só ter brinquedos), e fomos em direção ao escritório.

— Nosso pai já nos espera e nossa mãe já vai se juntar a nós. – Avisou

Ele esta ferrado.

— Mudando de assunto, Harvey não apareceu na festa por que? – Questiono

— Ele não passou bem. – Respondeu

— Espero que esteja bem.

—Esta sim, mandou lembranças para você. Disse que quer vê–la.

— Precisamos combinar um dia para sairmos, nós quatro. – Digo parando em frente ao escritório

— Quatro? – Perguntou abrindo a porta.

— Sim, nós dois, ele e a Rachel. – Respondo entrando no cômodo.

Meu pai estava sentado atrás da mesa.

— Você dando de casamenteira. Nossa mãe esta sendo uma péssima influencia. – Disse brincando.

— Vai falar que os dois não são perfeitos? – Pergunto sentando num sofá que tem num canto

— Quem combina? – Questionou meu pai se levantando.

— Rachel e Harvey. – Respondo

Meu irmão senta ao meu lado e meu pai senta na poltrona que esta na nossa frente.

— Sim, os dois combinam e muito. – Concordou

— Claro que combinam. Eu que tive a idéia. – Afirmou minha mãe entrando no cômodo

Meu irmão me olhou nervoso e eu segurei a risada.

— Agora me diga, o que esta acontecendo. – Pediu minha mãe sentando na outra poltrona que fica perto do meu irmão.

— Então, mãe e pai... – Ele então olha para mim – Eu não sei como dizer isso.

— Ué é só falar. – Ele me acena para que eu fale – Pode cuspindo.

Nossos pais nos olham sem entender. Meu irmão esta com medo de nossa mãe, e devo dizer que é certo ter, até eu tenho.

— Antes de tudo quero que vocês tenham a mente aberta e tentem não ficar nervosos. – Pediu meu irmão

Os dois acenaram.

— Luana Pierce está grávida e o filho pode ser meu. – Anunciou

A cor do rosto da minha mãe sumiu e meu pai o olhou surpreso.

— O que? Como assim pode ser seu? – Questionou meu pai sem entender

— Pelos cálculos, pode ser meu. Ela pode ter dormido com outro homem depois de nós separamos.

O que me preocupou foi a minha mãe estar quieta. Ela se levanta com tudo e aponta o dedo para meu irmão.

— Como ousa engravidar aquela mulherzinha?!? Existe camisinha para que?!? – Gritou

O próximo passo foi dar tapas nele, naquele momento senti pena do meu irmão.

— Eu usei, mas ela não é 100% segura. – Disse se desviando dos tapas

— Aposto que ela furou a camisinha. – Murmuro tentando parar minha mãe

Tá, eu não resisti. Meu pai segurou as mãos da minha mãe.

— Era para me ajudar e não piorar. – Murmurou de volta.

— De tantas mulheres nesse mundo, foi justo ela! – Então meu pai soltou as mãos e ela respirou varias vezes para se acalmar.

— Sinto muito mãe. – Desculpou–se meu irmão

— Deveria ter te dado mais tapas na bunda! Que decepção, realmente não esperava isso de você.

Levanto–me e ponho minha mão no ombro da minha mãe. Está na hora de dar aquela forcinha ao meu irmão.

— Olha mãe, agora não tem o porquê se estressar e brigar. Já aconteceu, ela esta grávida e pode ser do Charles, agora tem que pensar que finalmente vai ter seu netinho. – Digo no meu tom mais doce

— Não adianta vim falar isso para mim. – A faço sentar de novo. – Sabe muito bem que queria ver seu irmão casar primeiro e com uma mulher direita... – fez um grande ênfase na ultima palavra – ... E ter filhos depois.

— Calma, meu amor. – Pediu meu pai.

Meu irmão se ajoelhou na frente dela e pegou suas mãos.

— Mãe, olha sei que não é como você queria...

— Não mesmo. – Interrompeu nossa mãe.

— Mas essa criança precisará de uma avó.

— E eu não conheço nenhuma avó melhor que a senhora. – Digo tentando melhorar a solução.

— Não adianta me bajular. – Me olhou bem seria e voltou para Charles – Quero que ela venha para Gotham.

— Ela já está. – Dissemos junto

Minha mãe fez um expressão de reflexão, isso significa algum plano se formando na sua mente. Ela tirou as mãos do Charles e se levantou, andou ate parar em frente a lareira.

Charles se levantou e parou ao meu lado. Minha mãe olhou para meu pai e ali teve um conversa silenciosa que nós não entendemos.

— Queremos conversar com a moça. Traga–a amanhã. – Mandou meu pai.

— Vocês não vão brigar com ela? Olha sei que ela merece ouvir algumas coisas, mas ela não pode se estressar e acontecer algo com o bebê.

— Não vamos brigar. Vamos decidir algumas coisas. – Respondeu nossa mãe calmamente.

— Como o que? – Pergunto curiosa

— Sobre os direitos dessa criança. Depois da confirmação se é ou não seu filho, temos que pensar no futuro dele. – Respondeu meu pai

— Não se preocupe, ele terá tudo. Ajudarei financeiramente e faço questão que o bebê fique algum tempo conosco.

— Quero que ela more em Gotham. – Mandou minha mãe cruzando os braços

— Comigo? – Perguntou ele assustado

— Não, arranje um apartamento. E exijo que você não se case com ela. – Acrescentou minha mãe

— Achei que seria o oposto. – Comento

— Acha que não vi o plano dela. Ela se casou já três vezes, e agora grávida achou que forçaríamos a se casar com ela.

— Ainda bem que vocês não vão fazer isso. – Falou como tivesse tirado um peso nas costas

— Para aprender, deveríamos fazer exatamente isso.– Disse meu pai se levantando e se juntando a nossa mãe. – Mas saiba que é só porque é ela, se fosse outra moça, o forçaríamos.

Meu irmão levou a mão no rosto.

— O resto, falaremos depois. Preciso descansar. – Anunciou minha mãe. – E você, Charles, é melhor começar ver o que faz. Agora tem responsabilidades.

— Mãe, antes de ir, quero falar algo. – Digo

— Não me diga que esta grávida também. – Gemeu meu pai

— Não, meu Deus me livre. – Minha mãe me olhou assustada e completei a frase. – Quero dizer, no momento mãe.

— Então diga. – Peidu meu pai

— Sei que vão conversar e vão decidir outras coisas para esse problema, mas lembre–se que tem um inocente nesse meio.

Ela acena em concordância e sai com meu pai.

É estranho essa atitude, afinal estamos no século XXI, mas meus pais pensam como antigamente e quem somos nós para falar algo.

— Que bom que deu tudo certo. – Digo quebrando o silencio.

— Achei que seria pior. – Falou se jogando no sofá

— Ela viu que não tem jeito, agora é só aceitar. – Então sento na poltrona – Queria ver eles te obrigarem a casar.

— Isso não ia acontecer.

— Você disse a mesma coisa ao ser o príncipe da nossa prima no aniversário de 15 anos.

Ele bateu o pé que não iria ser o príncipe, já que minha prima queria que ele se vestisse de monstro e ai ela o beijaria, e então viraria príncipe. E no final, ele fez o que queriam.

— Foi diferente, fiquei com pena.

— Sei...

— Obrigada pelo apoio, irmãzinha. – Agradeceu me olhando

— Sabe que farei tudo por você. Mesmo sendo idiota.

Meu irmão só sorriu. A porta abriu e John entrou alegre. Se soubesse o que houve alguns segundos atrás.

— O Tom pediu para chama–los para jantar.

Nos levantamos e nos juntamos ao John.

— Sabe irmã, você será uma ótima tia. – Disse me abraçando.

— Não adianta me elogiar. Eu te ajudei, mas você só não me deve uma, como também tem uma aposta a pagar. – Digo apertando sua bochecha, bem forte.