— Quando vai sair para jantar com o Bruce de novo? – Perguntou Christina sentada na minha frente.

— Não sei e nem quero saber – Respondi sem tirar os olhos da minha nova criação.

Empolguei-me tanto com as noticias do herói da cidade, que criei algumas peças inspiradas. É algo diferente do meu estilo, mas não resisti.

— Mas vocês estavam tão bem juntos. E fiquei surpresa no dia seguinte não ter fotos de vocês se matando, mas sim de vocês conversativos e com mãos dadas.

Maldito fotógrafo que registrou o momento que o Bruce colocou a mão sobre a minha. Só se falam sobre isso, já faz semanas que houve o jantar, e o tablóide não para.

— Christina, você não tem alguma para fazer? Como ver a empresa? Fechar contrato com alguma loja? Sei lá, qualquer coisa? – Questiono para ela se tocar que não quero falar desse assunto.

— Ter, eu tenho. Porém, esse assunto é mais importante.

Depois que damos intimidade, já era. A pessoa fica folgada demais. Coloco meu lápis no porta-lápis, guardei o desenho numa pasta com os outros trabalhos e me levantei.

— Vou me encontrar com a Rachel e Charles, e se possível, Harvey também. Agora levanta daí e vai trabalhar. – Mando pegando minha bolsa

— Vai tentar mesmo juntar os dois? – Questionou se levantando

— Por que não? Acho que formam um ótimo casal.

Nós saímos da minha sala, me despeço da minha secretária e fomos ao elevador.

— Eu me pergunto o que demorou em vocês fazerem isso?

Entramos no elevador e apertei o botão da garagem. É uma pergunta bem curiosa, já que conheço há muitos anos os dois.

— Quando um estava solteiro, o outro estava num relacionamento. Sempre teve algo entre os dois, uma química. – Respondi colocando os óculos – Eles são perfeitos um para o outro.

~~

— Tem certeza disso? – Perguntou meu irmão ao meu lado.

— E você não tem certeza? – Respondi com outra pergunta, enquanto olhei pela janela para ver algum sinal dos dois

— Só não quero que fique um clima chato entre os dois, caso não de certo. – Respondeu Charles lendo o menu.

— Vai dar certo.

Harvey chega, pedindo mil desculpas. Como sempre, com a cabeça direto no trabalho. Não mudou nada mesmo, se eu não o visse como um irmão mais velho – praticamente da família – aposto que eu seria a empurrada. Logo em seguida chegou a Rachel, o mesmo motivo do atraso: trabalho.

Ficamos conversando, foi bom ter um tempo assim, algo que não fazia há muito tempo realmente. E ver Rachel e Harvey conversando, só me fez torcer que dessem certo. Alguém tem que ser feliz, já basta estar sozinha, sem sorte, e meu irmão, bem, no caso dele é meio que um mulherengo, algo normal.

Ao nos despedirmos, Rachel me puxa para um canto.

— Aconteceu algo?

— A revista não para de falar sobre o jantar entre você e o Bruce.

— Pois é, estou ficando irritada com isso.

— Vai ter outro jantar?

— Até você?! Não, não vai ter, só aconteceu por causa do leilão.

Ela sorriu satisfeita com a resposta. O que me deixou curiosa agora: será que Rachel sente algo pelo Bruce?

~~

Naquela noite, eu e um grupo de conhecidos, fomos assistir Don Giovanni, eu gosto de Opera e muito, mas não estou muito afim de ver tragédia, se soubesse que seria esse tema, tinha recusado o convite. Olho para os lados e vejo que eles estão tão concentrados, acho que se for embora, ninguém vai se importar. Cutuco James, um estilista que conheci quando estudava moda.

—Não estou me sentindo muito bem. Melhor ir para casa. – Digo com uma voz bem baixa

Seus olhos desviam do palco, para mim. Faço cara de dor e sua expressão é bem preocupante.

—Não quer ir ao hospital?

—Não se preocupe, acho que preciso só me deitar um pouco.

—Quer que te acompanhe? – Perguntou preocupado

—Não, não precisa. Aproveite a peça. – Respondo não querendo estragar a noite, sei o quanto queria assistir a peça

Levanto–me e saiu. Vou até a chapelaria pegar meu casaco, e ao chegar a porta da entrada, vejo que esta chovendo.

—Mais que droga. – Xingo

Infelizmente, estacionei meu carro a alguns quarteirões. Pego meu casaco e ponho na cabeça, para não me molhar tanto. Até que está movimentado a rua, vejo um atalho e vou por ele, assim não pego tanta chuva. Parece estranho, mas está vazio, ok aquele momento que um assassino surge e me mata. Calma Scar, é só passar por esse beco e já estará no carro.

Escuto um barulho que faz eu literalmente pular. Noto uma figura se apoiando na parede, quase caindo. Por estar nas sombras é difícil de identificar. Como uma boa pessoa que sou me aproximo.

—Precisa de ajuda? – Pergunto

—Não... Não...

Então ao me aproximar um pouco, consigo identificar a pessoa.

—Batman! Ai meu Deus, você precisa de ajuda? Esta ferido? – Pergunto na sua frente deixando meu casaco no chão

—Quem esta ai?

—Meu nome é Scarlett Leigh.

—Scarlett...

Ouvir meu nome em seus lábio, fez meu coração disparar. Concentra Scarlett, não é o momento. Vejo que não consegue se aguentar em pé então passo seu braço sobre meu ombro e ele não se afasta, olho rapidamente por seu corpo e mesmo escuro não vejo sangue.

—Sim, sou eu. Meu conhecimento medico, não é tão aprofundado. Melhor levar para o hospital.

—Não. Preciso ir... – Ele não termina a frase e fecha os olhos

Ele solta um pouco o peso, fazendo quase a gente cair.

—Batman fica acordado. – Mando – Me diga para onde quer ir, que te levo.

Ele pega um tipo de comunicador.

—Alfred, Alfred.

Então desmaia. Pego o comunicador com a mão e aperto o mesmo botão que ele apertou.

—Aqui quem fala é Scarlett Leigh, me diga onde posso leva–lo. Meu carro está perto. Ele precisa de cuidados urgentes.

—Srta. Leigh, o traga imediatamente para mansão Wayne.

Pera, se o Alfred é o mesmo Alfred que conheço então significa que Bruce é o Batman.

—Alfred? Olha quando chegar ai espero respostas.

Ponho o comunicador no bolso da minha calça e com certa dificuldade, começo a andar em direção ao carro. O ponho deitado no banco dos passageiros e corro para o lado do motorista. Enquanto dirijo o mais rápido possível, olho para trás uma vez ou outra, e fico aliviada por vê–lo se mexendo e falando, parece que ele esta delirando. Com a luz do carro, confirmo que não a ferimentos, para meu alivio. Mas suspeito que foi drogado.

—Tirar... Sangue. Tirar o veneno, meu veneno... Venenoso... – Delira

Essa voz, eu conheço de longe. É Bruce. Espero chegar a tempo. Ai meu Deus, preciso controlar a emoção.

Ao chegar na mansão já encontro Alfred na porta. Paro o carro bem na porta da mansão, saiu do carro e vou para porta onde o mordomo já foi abrindo e juntos o tiramos do carro.

—Parece que foi drogado. – Digo entrando na mansão

—Vamos leva–lo para o quarto.

—Alfred, adoraria ouvir uma explicação, mas terá que ficar para depois.

—Agradeço por isso.

—E espero que não me expulse.

—Depois de hoje, não farei isso senhorita.

—Vou ajuda–lo como puder.

Alfred ficou em silencio. Entramos no quarto e o pusemos na cama, começamos a tirar a armadura.

—Alfred. – o chamo

Ele levanta seus olhos, vejo que esta quase chorando.

—Nós vamos salva–lo.– Declarou

—Eu sei.