Prólogo

Enquanto estiver lendo essa carta, eu provavelmente já estarei fora da cidade. Mas saiba que, se eu me dei ao trabalho de te mandar esse relato, é porque é uma das pessoas que eu estimo. E pra quem preciso contar a verdade. A minha verdade. Todas as histórias tem várias versões, e, mesmo que a minha esteja aqui e ali completada por imaginação, (já que eu não me lembraria de todos os eventos com tanta riqueza de detalhes), acredito que seja absolutamente verossímil.

Tenho trabalhado nesse relato há semanas, parando em pouquíssimas ocasiões. Me dedicando absolutamente. Minhas malas já estão prontas, e nesse momento eu estou tentando escrever uma carta de apresentação.E preciso logo me livrar disto.Não sou muito boa com introduções, na verdade. Apenas peço que leia com cuidado, e tente me compreender. Ver onde foi o ponto em que eu deixei de merecer a minha versão da história. Não peço que acreditem e mim prontamente, sem questionarem a si mesmos. Mas, também, não podemos nos prender a nenhum tipo de subterfúgio, é preciso que se inicie puramente interessado em chegar ao cerne de tudo. Sem poupar esforços investigativos e sem desistir.

Escuso me de dizer as minhas razões, aposto que já estão há tempos repisadas. Vocês me conhecem e não é de hoje. Não tem necessidade disso. Acima de tudo, quero deixar claro que os amo, senão não me daria ao trabalho de me justificar, me fazer entender dessa forma tão dolorosa que é revivendo tudo através dessas palavras. Meu nome é Luísa Garcia Lages e essa é a fatia da história que pouca gente sabe.