Eu estava surpresa demais para discutir com ele, então não disse nada.

– Com certeza você já ouviu falar em anjos caídos- ele começou. - E com certeza acredita que eles não habitam a terra. Provavelmente não vai acreditar no que vou dizer, mas saiba que é verdade, não estou inventando isto. - Seu olhar fixava-se no meu. - Anjos caídos existem, sim. Deve achar que eu sou um idiota, não é? Anjos caídos, demônios... Até alguns arcanjos... O que você viu naquele primeiro dia em que vim aqui na sua casa e o que viu agora pouco, não foi um sonho ou uma alucinação. Quando você toca nas cicatrizes de asas de um anjo, você vê o que ele viveu. Parte do que ele viveu. - Franzi o cenho, mas não disse nada. - E quando você viu aquilo, você tocou em minhas cicatrizes de asas, você viu parte do que vivi. Você viu o que eu vi.

– O que quer dizer com isso? - perguntei, confusa.

– Eu sou um anjo caído, Lauren. Um anjo que foi expulso do Paraíso depois de contradizer a palavra dos arcanjos. Minha missão aqui na terra é proteger você. Pode parecer maluquice. Pode parecer que eu sou maluco, mas é a verdade.

– Não... mas... não pode ser... - falei, mais para mim mesma do que para ele.

– O cara que está perseguindo você, é um demônio. Literalmente. Ele quer matá-la para poder ter um corpo humano.

– Como assim, corpo humano?

– Os anjos não podem sentir. Não podem sentir o toque, nem o vento, nem o calor. - Ele hesitou por um momento, mas continuou: - Nem um beijo.

Soltei a respiração que percebi que estava segurando.

– Não sente meus beijos?

Havia um brilho de tristeza em seu olhar, e uma nota de compaixão em sua voz:

– Não. Não sinto seus beijos, nem seu toque. Mas sinto amor. Sinto que amo você. Sim, eu te amo. - Meu coração pulou no peito. - Por isso estou protegendo-a. Se salvar sua vida, vou recuperar minhas asas e vou virar seu anjo da guarda.

Estava confusa demais. Não sabia o que pensar ou o que dizer. Nem se acreditava no que ele estava dizendo. Mas qual seria a outra razão pela qual vi aquelas cenas?

– Um outro poder dos anjos, é poder criar uma ilusão na cabeça de qualquer ser. Foi esse poder que usei para poder me aproximar de você na aula de biologia. Precisava me aproximar.

– Os arcanjos sabem que você está salvando minha vida? - perguntei.

– Sabem. Se eu fracassar, irei para o inferno. Os arcanjos ameaçaram Trevor, o homem que está atrás de você, de mandá-lo para o inferno se ele queimar a pena que tem de mim. Por isso, Trevor não pode mais me chantagear.

– Tem uma coisa que não entendi.

– O que, Princesa?

– Por que Trevor está atrás de mim? O que tenho de especial?

– Bem... você é descente de um nefilim, filho de anjo caído com humano. O nefilim Noah Benatar. Hoje em dia ele já está morto. Você não é uma nefilim puro-sangue, por isso ele está atrás de você. A transição só acontece se é usado um descente de nefilim.

– Meu pai é descente de Noah?

– Não, sua mãe é. Sua mãe foi assassinada por um dos amigos de Noah, para vingar a morte do amigo, pois Noah e Trevor eram inimigos mortais. Por isso Trevor está atrás de você.

– Mas por que ele não me mata logo? Por que fica me assustando?

– Isso não sei dizer. Mas você acredita em mim? Acredita em tudo o que eu disse? - Ele segurou minha mão.

Não sabia responder. Acreditava nele? Não sabia.

– Não sei. Isso tudo é meio confuso. Preciso de um tempo. Pode me deixar sozinha, por favor?

Ele se levantou, e me deu um beijo na testa.

– Claro. Boa noite.

Collin abriu a janela e pulou.

†