Um Dia - 17º Desafio Sherlolly escrita por Nana Castro


Capítulo 1
Capítulo 1 - 15 Julho de 2003


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capitulo, primeiro dia.

Algumas falas ficaram bem parecidas com as do filme mesmo, pois, se eu mudasse, perdia a essência.

Enjoy!



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15 de julho de 2003

Madrugada. O silêncio da rua só era quebrado pelo som de suas risadas. A festa de formatura acabara e eles vagavam pela rua, bêbados e contentes. John, Mary, Molly e Sherlock, recém-formados, com a vida inteira pela frente. Essa era a sensação que os rodeava. Os quatro cheios de sonhos e expectativas:

- Abraço em grupo! Gritou Mary.

Mary era amiga de todos ali. Para ela era fácil abraçar todo mundo. Molly era amiga de Mary apenas. Sentiu-se extremamente desconfortável quando foi abraçada por todos aqueles braços. Não havia trocado uma palavra sequer com aqueles rapazes durante toda a festa, ou melhor, durante toda a graduação, e agora se encontrava no meio daquele calor, misturado ao cheiro de cigarro e bebidas.

De repente, sem saber como ou quando aquele braço coletivo havia acabado. Viu-se sozinha ao lado de Sherlock, enquanto observava Mary e John beijando-se avidamente:

- Mary, vamos embora! Já é hora de ir pra casa. - Disse Molly.

- John? John! - Chamou Sherlock, mas nem John nem Mary deram ouvidos aos amigos e continuaram, afastando-se deles.

Molly olhava para o chão, para o céu. Sherlock olhava para ela. O silêncio que os envolvia tornava-se cada vez mais desconfortável. Sherlock resolveu quebrá-lo:

- Sabe, acho que nunca nos encontramos.

Molly deu um meio sorriso e respondeu:

- Já nos encontramos sim. Várias vezes.

Sherlock sentiu o calor subir para seu rosto, meio envergonhado, enquanto Molly continuava falando:

- Você foi a minha festa de aniversário, me chamou de Vanessa e deduziu que eu havia acabado de terminar um namoro só pelo meu penteado. Descobriu que eu fazia medicina por causa das marcas do jaleco no meu punho e derramou cerveja na minha roupa.

- Me desculpe. - Sherlock falou, coçando a cabeça.

- Não, não peça desculpas. Você foi ótimo!

Meio perdido, sem entender se Molly estava sendo sarcástica ou não, Sherlock perguntou:

- Fui mesmo?

- Não. - Molly respondeu, ainda séria.

- Então, se você não é Vanessa…

- Molly. Molly Hooper. - E estendeu a mão, para um aperto.

- Molly Hooper - Repetiu Sherlock, apertando a mão da garota. - Escute, Molly, posso te levar em casa então?

Molly finalmente sorriu.

...

Andaram por uns quinze minutos, até avistarem o prédio onde a garota morava. Como já estava amanhecendo, Molly convidou Sherlock para subir e tomar um café. Ele aceitou. Subiram as escadas, continuando a discussão que haviam iniciado no caminho, sobre como as pessoas pensavam em mudar o mundo. Molly estava realmente interessada no tema, mas Sherlock não. O rapaz dava respostas curtas, tiradas de livros e de discursos prontos, só para poder dar continuidade a conversa e não haver mais silêncios constrangedores.

Chegaram ao apartamento. Molly abriu a porta:

- Os debates sobre esse tema são válidos, mas qualquer um pode falar…

E ao se virar para fechar a porta, foi surpreendida por Sherlock, que agarrou seu rosto e começou a beijá-la furiosamente. Bêbada, tonta e completamente fascinada pelo rapaz que a levara até em casa, Molly se deixou levar:

- Mas às vezes - Dizia entre os beijos - Ações precisam ser tomadas.

Não havia passado pela sua cabeça que isso aconteceria. Quando ela disse café, era em café mesmo que pensava:

E enquanto a palavra surreal piscava em sua mente, enquanto ela tentava acreditar no que acontecia, Sherlock tirou rapidamente a beca que ela usava e começava a tirar a própria camisa:

- Pra mudar o mundo?- Disse o rapaz - Eu concordo completamente.

Jogou a camisa do outro lado da sala e voltou a beijá-la.

Ao lado da porta de entrada, os dois se despiam sem cerimônia. Seria o final perfeito para uma noite perfeita.

Foram então para o quarto de Molly. Ela já estava apenas com as roupas de baixo. Descordernado, Sherlock tentava tirar as calças. Estava com pressa, como se não pudesse mais se conter. Mais uma vez, para evitar que mais uma vez os dois ficassem em silêncio, Molly perguntou:

- Já pensou no que você vai ser quando tiver 40 anos?

Sherlock achou o papo esquisito, mas respondeu:

- Aos 40? Vale dizer inteligente?

- Não! Isso você já é. Resposta horrível.

Ambos riram.

Sherlock se jogou na cama. Os cachos de cabelo escuro caindo sobre o rosto, a pele branca. Molly sentiu arrepios percorrerem sua espinha ao vê-lo ali na sua cama, despido, esperando por ela. Suspirou e foi em direção à porta do quarto:

- Aonde você vai? - Sherlock questionou. Sua voz mostrava um pouco de impaciência. Ele a queria imediatamente.

- Vou escovar os dentes. Bebida e essas coisas. Você sabe. - Respondeu Molly.

- Eu não me importo. - Tentou Sherlock, e bateu a mão na cama, chamando-a. A garota não cedeu.

- Mas eu me importo. Não comece sem mim, hein?

E fechou a porta atrás de si.

No banheiro, Molly não conseguia conter o sorriso. Nunca imaginou que alguém tão bonito e popular como Sherlock iria parar na sua casa, na sua cama. Quais eram as chances? Seria o universo dizendo que agora que havia se formado, caminhos completamente novos se abririam? Estava nervosa, achava que iria estragar tudo. Respirou fundo, ajeitou o cabelo e foi.

Ao passar pela sala, viu sua beca jogada no chão. Resolveu então colocá-la, deixando a lingerie à mostra, para provocar Sherlock. Uma sensação diferente tomou conta dela. Por alguns segundos sentiu-se confiante. Abriu a porta de seu quarto e tudo desmoronou quando viu que Sherlock estava se vestindo. Sentiu-se envergonhada e ridícula. Fechou a beca no mesmo instante:

- Ah, você está indo embora? - Disse Molly.

- É que o sol está nascendo e eu achei que…

Sherlock não sabia o que dizer. Nos cinco minutos que Molly passou no banheiro, ele reconsiderou suas decisões naquela manhã. Com o álcool dando espaço a razão, achava que não havia sentido em continuar com aquilo. Convenceu-se que a garota não era seu tipo, mesmo sentindo-se atraído por ela. Decidiu ir embora e torcer para que nunca mais a visse, como fizera com outras garotas durante os anos. Não contava com a rapidez de Molly:

- Não, tudo bem. Se você quer ir, vá.

- Não é isso. - Sherlock tentou consertar, constrangido.

- Não, pode ir. Eu não me importo. - Mas ela se importava e Sherlock via isso nela toda. Seus olhos apertados, o tom de voz. Viu como os músculos dela se enrijeceram e ela se movimentava com cuidado, como alguém que está em modo de defesa:

- É que eu achei, Molly, que você quisesse dormir um pouco…

- Se você quiser sair pela janela, pode ser também… Sherlock. Acho que é a melhor opção, aliás. São 5 andares, mas…

A voz de Molly começava a ficar alta demais quando Sherlock falou, quase gritando:

- Eu fico, ok?

Ele mesmo se assustou com sua atitude. Normalmente, continuaria se vestindo, daria mil desculpas esfarrapadas e sairia sem olhar para trás. Mas não pôde fazê-lo dessa vez. Não conseguiu. Então, tirou as calças, voltou para a cama e bateu no colchão novamente, chamando Molly:

- Eu fico.

Mas o momento havia passado. A urgência dos minutos anteriores desaparecera. Molly, desapontada, sentou-se do outro lado da cama. Sherlock a viu mudar da raiva pra tristeza:

- Eu não sou muito boa nisso, Sherlock. Toda vez que vou pra cama com alguém, acabo rindo dele ou chorando. Queria que, pelo menos uma vez, eu conseguisse alguém assim, no meio.

Sherlock sorriu:

- Tudo bem.

Naquele momento, Sherlock percebeu, de verdade, que Molly não era como as outras garotas com quem estivera. Ela tinha algo a mais. Ele já havia sentido uma coisa diferente enquanto conversavam no caminho, enquanto subiam as escadas, mas, como das outras vezes, afastou isso da mente. Agora não conseguia mais. Ainda sustentava a ideia de que ela não era seu tipo e essas coisas, mas a queria por perto. Então disse:

- Tudo bem. Podemos ser amigos então, o que acha?

Molly, ainda se sentindo desapontada e envergonhada, aceitou, acenando com a cabeça. Tinha medo que, se falasse, choraria ou demonstraria ainda mais seu descontentamento. Vestiu uma camiseta larga que usava como pijama e como não havia para onde ir, não havia outro colchão e não ousaria dormir no sofá velho que estava na sala, deitou-se ao lado de Sherlock na cama de solteiro, com a colcha florida. Ele passou o braço por baixo dela e ela aninhou-se em seu peito:

- Sabe Molly, hoje é dia de São Swithin?

- Quê?

- São Swithin.

- Ah! E como você sabe disso?

- Ele esta enterrado na escola em que eu estudei.

- Humm, mas que coisa. - Disse Molly.

Sherlock riu do sarcasmo da moça e continuou:

- Tem até um poema, sabia? Se chover no dia de São Swithin, alguma coisa, mais alguma coisa e mais coisa, acontece.

- Sherlock, mas que poema lindo!!! - Disse Molly, irônica. Então virou-se de costas para Sherlock, para finalmente dormir. Achou que ele faria o mesmo, mas ele a abraçou novamente. A respiração quente dele em seu pescoço só a fazia lembrar do fracasso que havia sido essa manhã, mas mesmo assim não tinha coragem de fazer com que ele a soltasse. A sensação dos braços dele envolta dela era boa demais. Tentou então apagar as sensações ruins e focar no lado positivo: ganhara um amigo:

- Sherl?

- Molls?

- E se não chover…

- Humm… - Respondeu Sherlock, já quase adormecido.

- Você quer fazer alguma coisa? Eu e você?


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Notas finais do capítulo

E a? Acho que ficou simples e tranquila. E vc?
Deixe seu comentrio! Ok?



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