Dentro do Espelho escrita por Banshee


Capítulo 14
Contando Estrelas


Notas iniciais do capítulo

Owns gente, dia 17 Hope faz três meses de vida :3 Quero dedicar esse capitulo a três pessoas: Oscar, que fez a sexta recomendação da Fanfic. Raquel, que fez duas fanarts e Duda, que não fez nada, porém pediu pra mandar um beijo. Beijocas Duda!
Quero me desculpar também com a Quel. Oras, por quê? Não faço a mínima, mas ela está brava comigo então quero me desculpar publicamente, e se ela não me perdoar, talvez ela diga por que está brava.
Quel, eu te amo sua chatinha :3
Bem gente, comentem o que acharam do capítulo, abraços.



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Possuía a mesma aura mórbida de sempre, o ar sinistro e macabro das várias e várias vidas que ali foram perdidas. O Azazel Circus não poderia ser mais acolhedor.
Bati seis vezes na porta do velho trailer enferrujado. Nada.
Outras seis sem resposta, seguidas de mais seis que não tiveram resultado.
Faith?, pensei,
Uma pequenina mancha negra pousou em cima da “casa” da cigana, fitando-me com minúsculos olhos negros. Um filhote de corvo.
– Olá, amigo. – Eu disse, puxando conversa com o pobre animal – O que houve? Perdeu-se da sua mãe? Não fique triste, meu caro, isso pode até ser muito bom.
O corvo olhava-me como se de fato entendesse o que eu dizia. A simples ideia de que isso pudesse ser possível fez meus pelos se ouriçarem.
– Não fale com Calisto como se ela não soubesse de nada. – Disse a voz.
Aquela voz. Eu a reconheceria em qualquer lugar.
Me virei a tempo de ver Faith com vários pedaços de lenha em suas mãos. Com a mesma túnica cor de sangue e a touca sobre sua face, a criatura mórbida que era da última vez que a vi.
– Pensei que não iria mais te ver. – Respondi.

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Estava exatamente igual a ultima vez em que estive aqui. Desde as fotografias até os banquinhos, a prataria despojada no mesmo canto. Como se o tempo não tivesse passado. Só queria saber o motivo de isso fazer tanta diferença.
Faith levou a lenha para cima do pequeno fogão que fazia de lareira. Não fazia frio a essa época do ano, o que me fazia perguntar o porquê disso tudo agora.
– Vejo que se meteu em problemas, meu anjo. – Disse ela.
Sentei-me no pequeno banco ao lado da janela, prestes a contar toda história, porém a anciã me interrompeu antes que a primeira palavra saísse.
– Não, Sky, você não precisa me contar nada. Eu já sei de tudo. – A mulher olhou para o céu da janela em minha direita – Eles me contaram.
Eles. Por mais que eu não quisesse acreditar, sabia bem de que forças ela se referia. Olhos negros por todo lado e a visão de vultos. Mais que animais, forças da natureza me vigiando.
Faith andou lentamente até mim, segurando meu rosto e me aproximando do seu próprio. Pude ver parte de suas cicatrizes por baixo do capuz, mas me neguei a ver o resto... Porém me prendi em seus olhos: Violetas. Tão violetas quanto os de Diane.
– Hope olhe nos meus olhos e saia de trás da máscara. – Gritou.
Forcei meus olhos, fechando-os com toda a força. Senti meu estomago revirar e minha cabeça doer, meu pé formigar, minha mandíbula sair do lugar.
Forcei-os a abrir, e lá estava eu em Thade.
Vários alunos correndo pelo corredor, se abraçando, gritando uns com os outros.
Uma pequena roda se formou junto a mim, vi estrelas quando a mão de Liz se jogou contra meu rosto. As outras princesas a agarraram. Fora a primeira vez que a vi sair do salto.
– Vagabunda! – Gritou ela, chutando meu estomago e fazendo-me cair – Você sabe quem foi! Você estava lá! Ninguém te viu sair da escola naquele dia, seu cúmplice os matou!
Eu continuava caída no chão, vendo estrelas, minha visão estava embaralhada e eu não conseguia discernir as palavras que ela dizia.
Suas amigas a seguravam para que não voasse contra mim, enquanto todos os outros alunos faziam uma roda, gritavam “briga! Briga!” num frenesi contagiante. Minha cabeça estava no céu.
Liz se soltou dos braços de Cleo e se jogou contra meu corpo extasiado. Senti a pele do meu rosto arder quando suas unhas penetravam minha carne. Os gritos selvagens e as palavras profanas que saiam de seus lábios quando seu pé acertou minha cara. Deixando meu corpo me guiar direto ao chão, enquanto a garota pisava minhas costas com seus saltos 18 centímetros.
De canto de rosto pude ver Gaby com suas mãos em frente à boca, horrorizada com o que via. Já não fazia mais importância.
– Sua vagabunda! – Gritou Liz – Você o matou! Ela me disse tudo, Hope! Ela me disse! Hope, você o matou!
Fechei meus olhos com força quando vi seu pé voando contra minha cara. A cena começou a divagar, como num filme em câmera lenta... E aí veio a escuridão.
Os dois agarraram meu corpo e arrancavam minha roupa e parecia que eu estava vendo a cena pelos olhos de outro alguém. Pelos olhos do meu próprio reflexo.
Nicolai pincelava sua genital contra a minha, enquanto o sangue vertia da minha boca. A garota que deveria ser eu gritou. Seu pé pálido se jogou contra o peito de Piet, que estava logo atrás dela, e como uma contorcionista demônio o lançou contra a porta com uma força sobre humana.
A garota loura segurou Nicolai pelo pescoço e o lançou contra o espelho. Minha visão se encheu de falhas, como se a câmera do filme tivesse uma parte rachada, mas mesmo assim pude discernir a cor dos olhos dela: Azuis, tão azuis como se tivesse absorvido a cor do índico pra si.
Gritou como um animal e mordeu o braço do rapaz, e quando tirou seus lábios arrancou a pele dele junto consigo. De sua boca vertia o liquido da vida e de seus olhos a vingança. Enfiou suas garras de corvo nos olhos dele, pra depois sorrir com satisfação quando o grito de dor do rapaz ecoou pelo corredor.
A criatura pegou um pedaço do espelho e lançou contra a garganta do garoto, e depois de novo, e de novo e de novo. A vida se esvairá dos olhos azuis de Nicolai, como a água levada pelo ralo, enquanto a garota arrancava a carne do seu pescoço.
Piet tentou fugir, porém seu fim não foi tão diferente quanto o do outro garoto... Ele correu até o térreo, porém Ela foi atrás dele. Pude segui-los, ver com os olhos dela, provar da vingança desumana da demônia, quase como se tivéssemos o mesmo desejo. Olhei para meu corpo enquanto a garota arrancava os órgãos do rapaz com os próprios dentes, seus olhos cor do oceano, tão belos e tão demoníacos. A criatura arrastou os restos mortais dele de volta para o banheiro e os deixou ali: Deixados por toda a parte, como a sepultura gutural de um homem das cavernas que acabara de abater a concorrência.
Eu me vestia com roupas de noiva, tendo meus pés pouco acima do chão. Prestes ao casamento.
Aquele demônio era eu.

E a cena ficou escura.

A prostituta ruiva andava pela Rua Oak, seu vestido vermelho de meretriz marcava todo seu corpo, porém não as suas costas, deixando amostra sua tatuagem.
O homem de ternou se aproximou e a beijou, pude sentir o calor dos seus corpos e da excitação do rapaz.
Isso não é pecado, é a natureza humana.

Olhei para mim e soube que eles não podiam me ver. Minha pele translucida brilhava como a de um fantasma e eu usava um grande vestido de noiva, tendo meus pés flutuando à dois centímetros do chão.
Eles foram juntos a festa. Aquela festa.
Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. E cinco delas eram prudentes, e cinco loucas. As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo. Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas. E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram. Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro. Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam. Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos. E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço.”
Mas antes de tomarem o taxi a meretriz se virou pra mim, como se de fato pudesse me ver.
Estava diferente, mas ainda podia reconhecer. Tinha cabelos cor de sangue, olhos azuis como a cor do oceano e um sorriso travesso... Porém aquele ainda era meu rosto.


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