Os Mortos Também Amam - Livro 2 escrita por Camila J Pereira


Capítulo 1
Salto


Notas iniciais do capítulo

Depois que o final do livro 1 foi mudado, muitas mudanças ocorreram também no livro 2. Ainda estou trabalhando nisso, mas parece que ficará bom. Muito do original livro 2 quero manter e espero que gostem.
Comentem!



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O vento cortava o seu corpo de maneira agressiva. Bella não conseguia manter os olhos abertos durante a queda por causa da velocidade em que caia. Seus braços estavam abertos como da outra vez a alguns meses. Diferente daquele dia, ela estava ali sozinha, seus amigos, se ainda tinha o direito de chamá-los assim, não estavam ali. Também não chovia, o céu estava cinzento em alguns lugares. Bella estava em Forks tempo suficiente para ter se acostumado ao clima, a lentidão em que as pessoas costumavam viver, a natureza abundante e a constante falta de novidades. Estava naquela cidade a mais tempo que já passou em um único lugar e não estava feliz.

A minutos atrás ela estava de volta ao penhasco em que pulara no ano anterior. Seu coração oprimido disparava dolorosamente em seu peito. Ela desejava que ele parasse de bater em definitivo, se isso os deixasse a salvo. A vida era injusta e amarga e a amaldiçoava, tinha conseguido vencer Klaus, estava com sua família, mas a sua humanidade, ou pelo menos a sua rara humanidade os colocaria em perigo novamente. Lá em cima no penhasco seu olhar mirou toda a extensão da praia. La Push continuava bela e deserta. Ela viu passar diante dos seus olhos todos os momentos que viveu naquele lugar.

A primeira vez que foi a La Push, foi quando desgraçadamente conheceu Benn Barnes, ou melhor, Klaus. Bella cerrou os punhos ao lembrar-se dele, mas neste mesmo dia, no luau teve uma discussão calorosa com Damon. Desde que se conheceram era assim, sempre em discussão, sempre em contradição, querendo coisas diferentes, mas uma coisa eles queriam em comum: estar juntos.

Em um dado momento Bella ao erguer o olhar para além das chamas da fogueira, viu uma figura alta e máscula caminhar em sua direção. Damon matinha suas mãos dentro dos bolsos da calça jeans e seus músculos pareciam bem definidos debaixo da camisa escura e justa. Seu casaco estava amarrado na cintura e parecia mais despojado. Ele parou perto da fogueira, seu olhar era intenso e seu sorriso o deixou ainda mais belo diante do crepitar das chamas da fogueira.

Pareciam presos no olhar um do outro. Bella sentiu-se estranha de repente e tentou sair daquele campo magnético. Piscou algumas vezes e pedindo licença, levantou e caminhou na direção dele. Tudo o que ela queria saber era o que ele estaria fazendo ali. Se Damon arruína-se com a noite dela, não saberia o que seria capaz de fazer contra ele. Ela parou em sua frente decidida, suas mãos estavam na cintura e ele a olhou de cima a baixo. Bella sentiu-se nua diante daquele olhar.

Adora ter aqueles olhos sobre ela, ver o cintilar de humor nas esferas azuis de seus olhos. Mas o que mais desejava era que esses mesmos olhos existissem por mais longo tempo. Sobreviveram a Klaus, mas como sobreviveriam aos Volturi? Bella tinha que fazer aquilo, pois estava amaldiçoada a viver pondo a vida da sua família em risco. Outras imagens lhe vieram à memória.

Com Damon, tudo foi muito simples. Ela perdeu o coração e depois de contemplar o paraíso, seu coração parecia estar fadado a ruína. Seus olhos permaneciam ainda cerrados, o que não impedia as lágrimas quentes lhes escaparem. Doía tanto lembrar-se daqueles momentos antes de ir em definitivo.

- Bella, Bella, você está bem? - Emily perguntou. Damon ergueu seu corpo parcialmente. Ele estava aliviado. Bella abriu os olhos levemente, via apenas pontos negros. Sentiu os pingos de chuva em seu rosto.

- Bella? - Perguntou Damon, sua voz estava intensa. – Querida, está me ouvindo? - Bella não conseguia ainda manter-se totalmente consciente, mas olhou para o rosto sofrido de Damon. – Vocês têm algum cobertor para que eu possa cobri-la?

- Sim, tenho um em meu carro. – Mike falou e foi pegá-lo. Bella então percebeu que estava tremendo inteira.

- Ela está roxa. – Leah comentou.

- Ficará bem. – Damon falou.

- Damon...minha garganta arde. – Ela falou por fim.

- Vai passar, vou tirá-la daqui. – Mike trouxe o cobertor e Damon a cobriu levando-a para seu carro. Emily colocou as coisas de Bella no carro de Damon e todos voltaram para a cidade. Alice ligou novamente, Damon disse que Bella estava segura agora e eles concordaram em não dizer nada a Stefan e Helena por enquanto.

Damon a levou para a sua casa. Ligou para Stefan dizendo que tinha ido dar uma volta com Bella. Ele não gostou, mas foi muito melhor do que dizer que ela fugira e que quase se afogara. Bella estava adormecida no banco ao lado e teve que carregá-la até a sua casa. Achou melhor colocá-la no sofá onde o puxou para perto da lareira que acendeu. Ela ficaria aquecida ali.

Minutos depois ela acordou e demorou um pouco para situar-se. Viu Damon sentado com as costas apoiadas no sofá onde estava deitada. Ele olhou para ela e virou seu corpo quando viu que estava cordada. Ficaram se olhando durante um tempo.

(...)

Seus cabelos estavam uma desordem só e de repente Damon achou que ela estava sexy. Ele a olhou intensamente demonstrando o que sentia no momento, Bella percebeu isso. Ficou pressa em seu olhar magnético.

- Vou beijá-la...e não quero que imponha resistência. - Disse olhando fixamente para os lábios entreabertos dela.

- Arghhh! – Ela quase rugiu ao céus. Aquele tinha sido o primeiro beijo deles, o primeiro de muitos que se seguiram depois.

Será que para onde iria teria consciência de tudo o que passou ali? Ela sentiria falta de ter seus lábios nos dele? Poderia ver sua família de algum lugar? Claro Bella, como se quem fizesse isso tivesse um final feliz em qualquer religião que conhecesse, pensou. Ela sofreria, sabia, mas nada seria comparado com o sofrimento de ser a causadora da destruição de sua família.

– Desculpa tia Helena, tio Stefan. – Bella respirou fundo, estava decidida. Pulou do penhasco com o único pensamento de salvar sua família.

Ela mergulhou na água gelada, seu corpo todo ficou dormente no mesmo instante. Não tentou nadar, ir contra as ondas fortes como da outra vez, não tentou emergir daquelas águas escuras, ela relaxou o corpo e se deixou afundar cada vez mais. Foi então que se lembrou dos últimos meses de sua vida.

Não houve natal na casa dos Cullen e nem dos Salvatore. Todos estavam concentrados nos últimos acontecimentos e preocupados nos vindouros. Estava decidido que Carlisle iria à Itália, mas quem iria com ele? Não deixariam que fosse sozinho. Bella sabia que estaria perdendo Carlisle e mais alguém e depois disso, os Volturi os procuraria e todos seriam aniquilados.

As regras eram claras, os vampiros não podiam revelar-se para os humanos, muito menos conviver com eles sem a intenção de torná-los vampiros ou seus vassalos. E ela, tinha esse agravante em seu DNA, era uma geradora. O que isso poderia significar para os Volturi? E o que acarretaria na vida dos seus bons vampiros ao esconder isso?

Seus tios estavam ainda mais preocupados com ela. Nunca sorriam, sempre falavam baixo, e tinha no rosto aquele olhar alerta, como se qualquer coisa pudesse acontecer. Edward estava sempre calado agora, ela se martirizava com isso, sabia muito bem que além da preocupação comum, tinha o fato dela estar com Damon. E Damon, nunca a deixava mesmo ainda fraco, ele não andava se alimentando e Carlisle desconfia que uma parte de seu coração foi atingido, mas só fez machucá-lo levemente.

Bella encontrava-se em La Push olhando para o mar. Estranhou estar ali, mas não ficou com medo e nem se sentiu mal por isso. Virou ao perceber que alguém se aproximava. Seu coração parou totalmente por alguns segundos. Era Klaus, e ele caminhava olhando diretamente em seus olhos. Aquilo fez com que suas pernas amolecessem. Mas Klaus estava...

- Morto? – Ouviu a voz dele. Ela ficou surpresa e um pouco apavorada por ele ler seus pensamentos. Klaus parou em sua frente. – Não vai me dizer que esta com medo de mim. Não tinha antes quando eu podia diretamente fazer algo. – Ele sorriu divertido.

- Não tenho medo de você. – Falou incerta.

- Você é ainda a mais magnífica das criaturas. E quando estiver aqui, será a rainha que tanto quis que fosse quando ainda estava viva.

- Como? Quando estava viva?

- Bella. Imaginar que lutou tanto contra e agora está vindo direto para mim. – Ele acariciou seu rosto com as costas nos dedos e sorriu de maneira arrepiante.

- Não estou fazendo isso. – Mas ele não insistiu, apenas continuou sorrindo como se fosse inútil discutir.

- Temo que você não saiba o que fazer agora. Não pode arrumar outra maneira de salvar sua família. E mesmo morrendo os Volturi cobrarão contas a eles, eu terei a minha vingança e terei você. Eu disse que não adiantaria fugir de mim.

Klaus beijou seus lábios e Bella estremeceu aquele toque. Ela sentiu asco daqueles lábios venenosos. Ela o afastou de si enojada.

- Nunca ficarei com você. Nunca! – Ela fechou os olhos com força e era como se fosse sugada para si novamente.

Começou a considerar a decisão que havia tomado mais cedo. Ela tinha pegado carona com uma menina do colégio e ao descer naquela praia chorou por algum tempo ali parada, para depois subir até o penhasco.

Seu coração doía e sentia que estava morrendo antes mesmo de pular. Per tutta l’eternittà, pensou ouvir e abriu os olhos. Ficou confusa ao ver alguém nadando em sua direção, depois ficou feliz percebendo que quem se aproximava era Damon.

Mesmo com as águas escuras ela pôde ver seus cabelos negros e seus olhos fitando-a enquanto se aproximava. Ele parecia assustado ao vê-la ali, ela quis dizer que estava tudo bem que ela estava bem. Não queria que ele se preocupasse. Bella esticou o braço em sua direção com dificuldade, a água estava muito gelada e ela estava quase perdendo os sentidos novamente. Seu coração exultou quando a mão firme dele pegou a sua e a puxou enquanto subiam cada vez mais.

Enquanto emergiam, ela pensou que estava indo para o paraíso com ele. Bella tentou ajudá-lo a subir com ela e começou a bater as pernas para impulsioná-la. Sentiu seu corpo para fora da água e fechou os olhos para tirar o excesso de água do seu rosto com as mãos, quando abriu os olhos ficou surpresa. Não era Damon que estava em sua frente. Não eram os seus cabelos negros que estavam molhados, não era sobre a pele dele que as gotas de água deslizavam, não era o olhar reprovador dele que estava sobre ela. Tudo aquilo era de Edward que a agarrou pela cintura e continuou nadando com ela até a margem.

Edward sentou-a na areia pegajosa e fez o mesmo. Sua respiração estava acelerada, ele passou a mão nos cabelos espalhando pingos d’água em volta. Então ele a olhou, estava parecendo querer encontrar as palavras certas.

- Você com certeza tentou... – Ela entendeu que ele quis dizer se matar, mas não conseguiu. – Perdeu completamente a razão, Isabella? Por que fez isso, porque? – Edward parecia completamente amargurado. – Seus tios não saberiam o que fazer se esse seu plano idiota desse certo. E eu... Eu Bella seria o vampiro mais desgraçado que existe. – Edward falava com voz embargada, mas seus lábios estavam cerrados em uma mistura de raiva e dor.

Bella se sentiu ainda pior com que escutava. Jamais queria magoá-los e na verdade, tinha decidido não pensar nisso, apenas no fato de que estaria salvando sua família de um massacre dos Volturi.

Ele levantou e o acompanhou com o olhar, Edward pegava algo de dentro de seu carro e agora trazia para onde ela estava. Bella se encolheu com frio, estava tremendo e magoada. Sentia-se péssima em causar tantos transtornos e sofrimentos para sua família, ela não era assim, mas não sabia como agir. Edward a cobriu com uma colcha, Bella se encolheu ainda mais. Ele a pegou pelos ombros e a ergueu levando-a para o seu carro. Jasper havia chegado perto do carro de Edward e olhava para eles.

- Ela está bem. – Edward lhe disse. – Volte e dê a notícia aos outros. – Jasper olhou para Edward e depois para Bella e entrou no carro dando partida. – Vou te levar para a sua casa. – Bella entrou em pânico, não podia ser vista pelos seus tios daquela maneira. – Se está preocupada com seus tios, pensasse nisso antes. Você precisa de alguma atitude enérgica do seu tio, precisa parar para pensar direito. – Bella olhou para Edward como se estivesse olhando para ele pela primeira vez. Ele parecia mesmo bravo.

Stefan e Helena estavam em casa e estranharam a chegada dos dois, a aparência deles era péssima. Bella permaneceu de cabeça baixa todo o tempo enquanto Edward relatava o que tinha acabado de acontecer, Helena estava visivelmente chocada e Stefan se manteve controlado mesmo sentindo o mesmo que a companheira. Damon chegou neste momento, Bella corou mais ainda.

- O que aconteceu? Bella? – Ele correu até ela, tomando-a da posse dos outros.

- Não preciso que se preocupem comigo. – Ela olhou para Damon e Edward. – E não preciso que me passem um sermão. – Fitou os tios. – Tive os meus motivos. – Bella correu para o seu quarto sem dizer mais nada.

Da janela do seu quarto pôde ver os quatro conversando. Notou que Damon ficou alarmado, eles tinham contado o que acabara de acontecer. Todos estavam inquietos, Bella não quis mais ver. Foi para o banheiro tomar um banho morno, quando saiu seus tios estavam em seu quarto. Helena estava sentada em sua poltrona e Stefan de pé perto da janela.

- Por favor, eu disse que não queria sermão. Já tenho os meus próprios conflitos.

- Você pulou do penhasco e não quer ouvir sermão? Pro inferno com os seus conflitos!

- Stefan. – Helena pedia com o olhar que o companheiro se acalma-se. Bella nunca tinha visto o tio falando com ela daquela maneira.

- Estamos todos lutando com unhas e dentes para mantê-la segura. E no entanto, você mesma quer acabar com a sua vida? Bella como pôde fazer isso? – E com isso sentiu o ardor das lágrimas por detrás de seus olhos.

- Porque estou cansada de coloca-los em perigo. Desde que nasci sou um fardo para vocês. Sempre tivemos que mudar e porquê? Para evitar os vampiros, porque humanos não podem saber da existência de vocês. Para piorar nos deparamos com o Klaus, e por um tempo pensei que perderia todos vocês. Agora existe a ameaça dos Volturi. – Bella já estava em prantos. Helena chorava calada no mesmo lugar.

- Você é especial para nós. Amamos você e faríamos qualquer coisa para mantê-la segura. Todo o resto é uma fatalidade.

- Não é apenas uma fatalidade. Se eu não existisse vocês poderiam continuar sem problemas.

- Bella! – Helena ergueu-se horrorizada. – Como ousa falar isso? – Ela apontou o dedo em riste para a sobrinha. – Nunca mais pense em tirar a sua própria vida, por qualquer que seja o motivo. Não parou para pensar que se fizesse isso acabaria com a nossa existência? Nunca poderíamos ser felizes depois disso.

- Mas estariam seguros. – Ela rebateu.

- Preferimos a felicidade de estar com você. – Helena abaixou o dedo e parecia mais controlada.

- Os Volturi virão. – Bella alertou.

- Talvez sim. – Stefan falou. – Carlisle, Edward e Emmet irão para a Itália falar com eles.

- O que?! Já decidiram? Quando eles irão?

- Neste final de semana.

- Eles não podem ir. – Bella agitou-se e Helena tentou tranquiliza-la.

- Eles têm que ir antes que eles venham.

- Estaremos atentos e prontos para agir caso seja necessário.

Bella não estava feliz com a notícia, mas não tinha nenhum plano em vista. Ela não poderia deixar que os três fossem para a toca do leão. Poderia acontecer qualquer coisa lá e aí seria tarde. Esse era o momento em que receberia com agrado uma ajuda dos céus.


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