Premonição Chronicles escrita por PW, VinnieCamargo, MV, SamHBS, Felipe Chemim


Capítulo 5
Capítulo 05: O Gentil e O Bêbado


Notas iniciais do capítulo

POV Emerson escrito pelo mesmo.
POV Breno escrito por Emerson.



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POV EMERSON

Exatas uma hora da tarde.

Eu estava quase morrendo de tédio com o que o meu professor de Física falava e escrevia no quadro. Todas as aulas dele eram assim. Pelo menos até hoje.

— Pessoal, eu gostaria de anunciar que vou selecionar 13 alunos para irem comigo a uma viagem a um Blue River Adventure Park.

“Ótimo, um bando de gente otária e que não sabe nem que roupa vestir, se banhando num parque aquático. Eu quero é ver.”, pensei.

Mas, na verdade, eu estava animado. Uma das poucas razões para eu sair de casa. A outra era minha banda favorita, Evanescence. Meu nome é Emerson. “Pablo” é para os mais íntimos. Tenho 16 anos e estou vivendo tudo que qualquer adolescência pode oferecer.

Sou fechado, gosto de ficar na internet o dia inteiro e só frequento a escola para terminar o maldito ensino médio. Sou bastante teimoso e impaciente. Gosto de fazer as coisas do meu jeito. Não gosto de receber ajuda. Este sou eu.

O professor sentou-se e organizou as bagunças dele sobre a mesa larga. Eu fiquei observando a ação, me perguntando ao mesmo tempo se eu teria condições de ir e como seriam escolhidos os 13 alunos.

Todos os alunos estavam calados. Eu aproveitei aqueles minutos de silêncio, quando o professor de levantou.

— Eu vou fazer um sorteio com vocês da seguinte maneira... — Ele mostrou uma caixa. — Veem essa caixa? Aqui dentro tem 40 papéis para cada um de vocês pegarem. Mas apenas treze deles tem números escritos. Os demais estão em branco. — Ele depositou a caixa sobre a mesa.— Venham e peguem.

Eu me levantei da minha cadeira na mesma hora em que uma fila tumultuada se formou. O professor gritou para que eles tivessem educação e organizou um a um os alunos. A fila foi diminuindo e eu fui chegando próximo à caixa. Assim que coloquei minha mão dentro dela para retirar o papel, senti uma sensação muito estranha.

Alguns alunos fizeram expressões de decepção. Eu sabia que não tinha muitas chances, mas abri mesmo assim. E para a minha surpresa, eu vi um número 13, escrito em vermelho, no pequeno pedaço de papel. Eu suspirei aliviado, e alegre.

Eu olhei para a minha amiga. Ela não foi selecionada.

XXX

Se querem saber, eu achei meio injusto o método como o professor selecionou os alunos. Sei lá, talvez a escola não tivesse tanto dinheiro assim, ou o veículo que eles conseguiram — o mais barato com certeza — não tivesse tanto espaço para tantos alunos.

De qualquer forma, lá estava eu arrumando minhas coisas e pondo-as de forma que ocupassem o menor espaço possível. Foi então que eu me perguntei: “O que eu devo levar para um parque aquático?”. Eu sou muito indeciso.

Foi quando de repente, a minha televisão. Ela só exibia estática e quando eu tentei desligá-la...

“Premonição 3” estava passando na tela. Bem na parte em que as Ash’s gritam desesperadas sendo carbonizadas. Eu me assustei, é claro, vendo duas garotas sendo desfiguradas pelas chamas, apesar de eu já ter visto esse filme um milhão de vezes e saber todas as falas de cor e salteado.

— Eu devo ter pausado o filme nessa parte...

Eu deixei o filme rolando e então me lembrei do Vinícius. Ou Vini, como gosto de chamá-lo. Lembrei-me daquele papo quando falei pra ele sobre as pessoas que só assistiam a cenas das Ash’s pra ver os peitos delas. E foi então que ele começou aquele discurso sobre os peitos representarem isso e aquilo.

Eu comecei a rir sozinho.

Fazia tempo que eu não o via.

Eu olhei para a TV de novo. O funeral das Ash’s e o discurso do Ian. Eu recomecei a arrumação. Mal podia esperar, para chegar lá, curtir e talvez alguém gritar que previu um acidente. Eu sempre quis que isso acontecesse... Ou não.

XXX

Alguns dias mais tarde, lá estava eu, às 4 da manhã, ao lado de mais 12 alunos, esperando o nosso veículo. O professor havia saído para comprar algo naquelas lojas abertas 24 horas. Eu me contentava apenas com uma barrinha de chocolate. Sim, a aquela hora, eu comia chocolate. Pura teimosia.

Alguém até comentou:

— Pare de comer chocolates a essa hora. Você vai morrer antes de poder ir ao parque com a gente.

Eu apenas mandei a pessoa ir para o inferno e continuei comendo minha guloseima. O professor chegou alguns minutos depois, segurando algumas compras, ou seja, comida, que mal sabia ele, mas os alunos acabariam com tudo antes de chegarmos lá.

— Sairemos agora para chegarmos lá o mais cedo possível, e então vocês poderão aproveitar o dia.

Um vento mais frio do que o comum passou por nós, mas acho que apenas eu senti, pois todos os outros alunos ficaram imóveis. De repente, um ônibus, não muito grande, eu presumo, parou no outro lado da rua. Eu, com meu costume ou mania, sei lá, olhei para os dois lados antes de atravessar. O ônibus fez um chiado antes de abrir suas portas. Eu me assustei antes de poder entrar e esbarrar no garoto mais encrenqueiro da escola.

— Olha por onde anda,lostone.

— Quer ficar com mais marcas roxas do que você já tem? — Eu respondi em seguida dando um leve beliscão no braço dele. — Sai.

XXX

As águas estavam geladas, mas valia a pena. Fazia um sol danado e eu não queira torrar. Como não gosto de mostrar o meu corpo, mergulhei de bermuda e camiseta mesmo.

Fui nadando por alguns metros até esbarrar numa garota muito bonita.

— Desculpe.

Ela apenas assentiu, e depois se afastou em direção a um garoto que vestia uma sunga bem engraçada. Foi então que eu o reconheci. Vinícius. Eu até pensei em ir falar com ele, mas depois desisti da ideia.

Eu saí por um lugar proibido, com uma placa que dizia. “Não pise na grama, saia pelo outro lado”. Eu sempre fui um pouco rebelde, se me permite dizer. Acima da grama, haviam alguns fios suspendidos por postes não tão grandes, levando energia por todo o parque. Alguns deles estavam desencapados e não sei por que, mas acho que eles poderiam cair na água a qualquer momento.

Eu saí da água para ir ao restaurante, assim que eu cheguei lá, um cara com uma camisa vermelha me atendeu:

— Em que posso lhe ajudar?

Eu fiz o meu pedido e ele se virou. Nas costas dele eu li: “A morte não é o fim”. Eu ri.

— Ei, e essa frase nas suas costas?

Ele riu também e trouxe o pedido até mim. Um suco qualquer que eu vi no “cardápio”.

— Eu sou um grande fã de Premonição.

— Eu também! Premonição está me perseguindo em todos os lugares. — Eu sorri pra ele. — Só falta eu ter uma.

— Seu nome é?

— Emerson. Mas me chame de Pablo... Eu acho.

— Tudo bem, Pablo... — Ele retirou um cartão da bolsa. — Meu nome é Ed..ward. Eduardo. Enfim... Eu sei que isso não tem nada a ver com o que estamos conversando, mas eu tenho uma loja de bicicletas e se você puder, outro dia você pode passar lá e quem sabe, comprar uma.

— Tudo bem. — Eu peguei o cartão das mãos dele. — Eu vou estar lá, Ed...ward.

Eu estava falando a verdade, eu precisava mesmo de uma bike. Eu amo andar de bike.

— Quanto isso custa? — Apontei para o suco.

— Oh... — Ele aproximou o rosto de mim. — É por conta da casa.

Eu agradeci e saí para o tobogã.

Assim que saí dele, meu estômago estava se revirando e eu achei que fosse vomitar ali mesmo. Que mico isso seria.

Assim que passei pelo restaurante,ouvi:

— Eu não tô entendendo, eu vi um acidente acontecendo. Eu vi o negócio explodindo, tudo caindo, sangue por todo lugar.

— Que garoto pirado. — Eu cochichei pra mim mesmo. — Vamos lá, Pablo.

Houve mais alguma discussão e então tudo começou a cair. As pessoas correndo e gritando. Eu juro que vi as pernas de alguém voando por aí. Eu senti alguém me puxando pra longe. Eu vi Edward sendo esmagado. Aquilo não podia estar acontecendo. Não comigo.

POV BRENO

A primeira coisa que vi ao acordar foi uma taça virada no meu criado-mudo. Eu não lembro o que eu bebi na noite passada. Acordei imediatamente antes de meu celular tocar “Love Rollercoaster”. Eu me espreguicei e esfreguei os olhos, tentando olhar a hora no aparelho. Acho que são 8 horas da manhã, não lembro, só olhei de relance.

Meu nome? Breno Previtale. Tenho 19 anos e pela segunda vez na minha vida, estou indo a um parque aquático. A primeira vez foi uma tentativa totalmente desastrada de entrar naquela piscina super funda em que quase morri afogado. Quase. Eu sobrevivi. Parece até coisa de filme.

Eu trabalho e estudo e isso me toma a maior parte do tempo. A decisão de ir a um parque aquático surgiu quando um dos meus amigos disse que ia e me perguntou se eu queria ir também. Qualquer coisa pra me tirar dessa casa mofada.

— Breno! — Uma voz masculina me chamou lá embaixo. — Já ajeitou tudo?

— Já sim, pai!

Ás vezes meu pai aprecia minha mãe. Ele vivia dizendo se eu já fiz isso e aquilo. E isso me perturbava. Às vezes. Eu vinha visita-los constantemente e às vezes até passava uns dias com eles. Mas tenho meu próprio apartamento.

Eu liguei a TV e a primeira coisa que vi foi “A Hora da Aventura”. Sempre achei esse desenho meio bizarro. Eu troquei de canal várias vezes. Como eu não estava com saco pra ver desenhos – apesar de essa ser uma das minhas atividades favoritas – eu decidi ligar o DVD e colocar Premonição 4. Foi o primeiro que eu vi na minha mesa, então o coloquei.

Eu deixei o DVD rolando ao mesmo tempo em que eu terminava de colocar algumas coisas na minha bolsa. Larguei a bolsa na cama e desci para tomar café-da-manhã.

Ao descer, encontrei meu pai segurando um bracelete dourado na minha frente. Ele estendeu o objeto pra mim.

— Tome. — Eu o peguei, hesitante. — Vai te dar sorte.

— Ah, não... — Eu suspirei. — Esse negócio faz meu braço ficar coçando...

— Não se esqueça que foi sua tia Olivia que te deu.

Eu tentei não rir perante a ironia. “Olivia”. Pelo amor de Deus.

— Tudo bem.

Eu coloquei o bracelete. Meu pai se virou pra pegar uma xícara pra mim.

— Tome café. Você tem que pegar o carro às dez e meia. E... Pare de rodar esse negócio no seu braço.

Quando percebi, eu estava girando o bracelete. Eu parei imediatamente. Isso é algum tipo de presságio?

XXX

Quando eu já havia tomado um banho e me arrumado, voltei ao quarto para pegar minhas coisas e dar o fora. O DVD de Premonição 4 ainda estava rolando, exatamente na cena do Hunt na piscina. Eu desliguei o aparelho. E desci as escadas já carregando a bagagem.

— Tchau, pai!

— Tchau, Breno! Colocou aquilo?

— Sim, sim... Você tá parecendo a mãe com isso, sabia?

Ele riu.

Um carro me esperava do lado de fora. Era o meu amigo.

— Entre, Breno. Eu quero curtir.

— Já vou.

XXX

Esse parque aquático era bem maior. Tão grande quanto o parque que eu tinha ido há algum tempo atrás.

Eu entrei lentamente na piscina, só pra ver qual era a profundidade. Quando eu tive certeza que não era tão fundo assim, eu pulei dentro da piscina.

— Só falta agora ter um ralo. — Eu sussurrei e ri em seguida. — Espero que eu não fique preso.

— Eu vi!

Eu olhei para trás.

— Eu vi tudo, caindo eu não tô brincando.

— Fica calmo, Peeh!

Eu comecei a ficar apavorado. Era só o que faltava naquele momento.

Foi quando eu vi...

Todas as estruturas caindo, pessoas morrendo. Estava tudo acontecendo realmente. As pessoas começaram a correr. Eu saí da piscina o mais rápido possível, até escorreguei uma vez, mas alguém me puxou pra fora dali. Procurei pelo meu amigo, mas não o achei. Temi que ele estivesse morto. Pra mim, era o fim eterno.


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Notas finais do capítulo

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