E lá estava eu, o ponto de onibus lotado, a chuva caia forte, minhas roupas estavam molhadas o que certamente me causaria um resfriado forte no dia seguinte. Ótimo final de semana que eu iria passar, mas o que me importava tudo isso? Não me importava. Seria mais um final de semana solitária. Eu e minhas almofadas. Talvez fosse me entupir de remédios, quem sabe iria resolver o enorme buraco que havia no meu peito.

A culpa era somente minha, exclusiva, e eu não me permitia partilha-la com ninguem. Me afastei de todos: Gina, Harry, Rony. Todos eles eram apenas lembranças e nada mais, assim era melhor. Eu estava sózinha, como deveria ser. Esse, talvez, fosse o meu destino. Viver normalmente, ser pessoa qualquer em um mundo qualquer. Estava melhor assim. O que me faltava? Amor, carinho, amigos e ELE. O principal me faltava. Hermione Burra Granger, esse era o meu nome desde que eu havia o deixando escapar pelos meus dedos. Achei que ele talvez fosse ser mais feliz sem eu, e eu mais feliz sem ele, mas estava completamente enganada. Draco Malfoy assombrava meus sonhos e pesadelos todas as noites desde que eu o vi pela ultima vez.

Maldito dia.

Enquanto eu me lamento, os onibus passam. Certamente o que eu deveria ter pego ja passou, mas o que me importa? Chegar mais cedo na minha casa não fara diferença alguma, ele não estará me esperando. Não haverá nada alem da escuridão e do silencio da qual eu ja estou acostumada. Agora eu percebi: está anoitecendo e esfriando rapidamente e estou ficando com frio. Meus labios certamente devem estar roxos.

A chuva caia mais forte, e eu estava ali ainda, nada me tirava desses meus pensamentos. Deveria ter pego o onibus que acabou de passar, mas não tive vontade. Toquei uma dos bolsos de minha calça social, ali estava o meu celular. Um sinal? Bem, quem sabe. Talvez eu devesse ligar para alguem, com dedos ageis percebi que em minha lista de contatos só haviam alguns numeros. Uma agenda de tantos posições e nem dez numeros de telefones. Ridiculo notar isso, me sinto deprimida. Aquele nome me chamou atenção, sei que devo ligar, mas qual sera a desculpa? Oi, então, estou ligando por sou uma tonta, e deixei voce ir embora quando a unica coisa que eu queria ter era voce? Isso certamente era uma grande besteira. Eu precisava ligar, meus dedos ansiavam por isso, minha mente precisava disso. A voz dele era minha cocaina, meu vicio. Tenho que admitir, ligara muitas vezes só para escutar a voz dele, para sossegar minha abstinencia. Mediocre.

- Alô. – minha voz saiu tremida, meu corpo inteiro tremia e pedia um pouco de aconchego em algum lugar quente e confortavel.

- Com quem deseja falar? – era uma voz feminina que eu não reconhecera. Meu coração parou, minhas mãos geladas mal conseguiam manter a porcaria do celular em meu ouvido.

- Com Dra... quer dizer, com o senhor Malfoy.

- Aqui é a esposa dele, pode falar comigo.

                Desliguei o celular, não havia mais nada o que ser feito. O ultimo grão de areia dele acabava de cair por entre meus dedos. Ele ja não era mais meu. O onibus parou, eu olhei mais uma vez para trás, a pagina precisava ser mudada. Entrei no onibus, ali eu havia deixado algo que jamais iria recuperar novamente.

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