P.O.V Rachel

Hoje é o meu primeiro dia de aula na nova escola, meus pais (que no caso são dois homens) Hiram e Leroy, mudaram o escritório de advocacia deles para Lima, Ohio. Eles são advogados de renome, são conhecidos como “os que nunca perdem”, pois venceram todos os casos nos quais se envolveram até hoje.

Meu coração está a mil! Meu Deus! Na última escola em que eu estudei, as pessoas... Bom, elas não eram muito legais comigo, me chamavam de hobbit e de esquisita, mas com o tempo acabei me acostumando. Minha aparência não ajuda muito. Eu sou baixinha, tenho cabelos no tom castanho escuro, meus olhos também são castanhos, sou morena, uso óculos grandes e redondos... Bom, não é que eu não me aceite e não me ame pelo que eu sou, as outras pessoas é que não me aceitam, e isso é uma das maiores razões pelas quais eu sempre uso alguma coisa que esconda o meu corpo na escola. Adquiri com o tempo, o costume de sempre andar de cabeça baixa, assim eu não vejo o olhar das pessoas para mim, e ajuda a não escutar os murmúrios que eu sempre ouço quando ando no corredor. Sou insegura, talvez mais do que todo mundo... Mas como todos, eu tenho um sonho: Ser uma estrela da Broadway e jogar na cara de todos que riram de mim que eu sou capaz de ser alguém na vida.

Eu já sei exatamente o que vai acontecer hoje: vou chegar na escola, as pessoas vão olhar e dizer “Nossa que menina esquisita!” ou “Meu deus quem é a hobbit ali?”, depois eu vou para a sala onde terei minha primeira aula e ficarei encarando o professor o tempo todo por medo de olhar pra trás. Adivinha? Aconteceu exatamente desse jeito! Sempre os mesmos burburinhos, as pessoas são tão clichês! Depois da aula (que eu assisti como uma estátua), fui buscar o livro de história no meu novo armário. Por essa eu não esperava. Uns caras que estavam com uniforme do time de futebol passaram por mim e jogaram uma substância doce e gelada no meu rosto. Raspadinha. (N/A: esqueci o nome daquele negócio hahaha). Foi então que algo mais inesperado do que o inesperado que tinha acabado de acontecer, aconteceu: um cara, de quase dois metros que também usava uma jaqueta do time de futebol americano, se aproximou de mim. Achei que ele ia tirar uma foto minha com a cara azul, mas não. Ele me defendeu.

–Não entendo porque vocês insistem em fazer isso com os outros! Vazem daqui!- ele com certeza é o top da escola. Os caras nem protestaram, apenas saíram de cabeça baixa.

–Você está bem?- ele se dirigiu a mim- Eles são uns idiotas. Venha, eu vou te ajudar.

Ele me levou até o banheiro feminino e não se importou de... Bom, aquele ser o banheiro feminino.

–Obrigada por me ajudar. -falei baixinho, quase no tom de um sussurro.

–Não foi nada. Odeio quando eles fazem isso com os novatos.

Ele pegou uma toalinha molhada e passou delicadamente na minha bochecha, nariz, queixo, enfim... no rosto todo.

–Posso tirar seu óculos?

–Não eu... - ele não deixou que eu terminasse e o tirou.

–Por que os óculos não têm lente?- perguntou desconfiado

–Porque eles servem apenas para esconder meus olhos- falei, enquanto ele limpava por baixo das sobrancelhas.

–O que têm seus olhos?- questionou

–As pessoas não gostam deles.- respondi com tristeza na voz

–Por quê? Eles são tão bonitos... Você fica muito melhor sem os óculos de mentira.- ele disse com sinceridade e um sorriso de canto no rosto

–Sério?!- perguntei feliz- Você é o primeiro que acha isso, então...

Ele riu.

–Pronto! Ta limpinha!

–Obrigada pela ajuda... Hum, qual é o seu nome?

–Finn Hudson e o seu?- ele me respondeu enquanto se encaminhava para a porta

–Rachel Berry.

–Rachel Berry... - ele abriu a porta- Foi um prazer te conhecer Rachel Berry! – e saiu.

–Foi um prazer também Finn Hudson!- falei para mim mesma.

~~*~~

Para a minha sorte, consegui sair da escola com apenas aquele “acidente” da raspadinha.

Não entendi o porquê, mas as aulas começaram na sexta-feira, então hoje e amanhã não tenho aula. Minha única e melhor amiga Santana, que inclusive é minha prima, está vindo para a cidade, pois ela vai morar aqui também e resolveu vir antes, já que não aguentava mais de saudade de mim.

Meu parentesco com Santana não é considerado um parentesco de verdade. Ela é filha da esposa do meu tio com outro marido, ou seja, não somos parentes mesmo, mas nos conhecemos a tanto tempo, que nos consideramos primas. Santana totalmente o meu oposto. Ela é confiante, extrovertida e linda. Todos a acham perfeita, em alguns momentos, embora poucos, eu tenho vontade de ser igual ela.

Santana chegaria às 16:00 e como ainda tinha um tempinho, coloquei um short e uma blusa branca com renda na região acima dos seios.

Quando saí de casa, ouvi alguém gritar meu nome.

–Rachel Berry! Rachel Berry, espera!- era Finn Hudson, ele parou e ficou na minha frente -Oi, Rachel Berry!- me cumprimentou com simpatia

–Oi, Finn Hudson!- retribuí o cumprimento com a mesma simpatia.

–Você mora ali?-perguntou

–Moro sim- respondi com um pouco de hesitação. Uma vez, um aluno do colégio descobriu onde eu morava e começou a fazer brincadeirinhas sem graça com a minha casa. Mas, por alguma razão, eu confiava em Finn. Acho que porque ele me ajudou mais cedo.

–Que legal eu sou seu vizinho!

–Sério? Isso é ótimo!- fiz uma breve pausa- Finn?

–O quê?

–Não conte pra ninguém que eu sou sua vizinha, tudo bem?- pedi

–Tá, mas... Por quê?- perguntou

–Porque não quero ninguém fazendo gracinhas comigo no único lugar em que eu tenho paz.

–Tá bem, não conto pra ninguém. Será o nosso segredo.

–Obrigada!

–Por nada... – ele me olhou de cima em baixo e deu um sorriso, fiquei um pouco sem graça- Aonde você vai?

–Vou ao shopping, comprar algumas coisas. Minha amiga chega às 4 e quero estar aqui quando ela chegar- respondi

–Podemos ir juntos? Eu estava indo pra lá comprar um presente para a minha irmã Brittany...

–Claro.

Eu e Finn fomos conversando sobre nossa vida, e acabamos fazendo uma conversa de pergunta e resposta.

–Seu maior sonho?- eu perguntei

–Ser técnico ou jogar em um time de futebol americano famoso, e o seu?

–O meu se resume em uma palavra: Broadway!- respondi com entusiasmo.

–Broadway? Você sonha alto, gostei disso!- Finn falou no mesmo tom que eu.

–Falou o cara que quer jogar em um time de futebol americano famoso.- nós rimos –Sabe, no palco é como se eu fosse o centro do universo, como se tudo fizesse sentido... Eu não sei... É como se eu estivesse no lugar reservado pra mim nesse mundo.

–Você atua ou canta?- perguntou curioso

–Eu faço ambos, mas tenho que dizer que a minha voz é a que surpreende mais as pessoas.

–Quero ver você cantar um dia. - ele comentou e eu sorri

–Bom, chegamos Finn Hudson... Obrigada pela companhia!

–Espera Rachel Berry!- ele segurou o meu braço- Vamos fazer um acordo?

–Que tipo de acordo?

–Eu ajudo você a ser autoconfiante e você vai ser a minha melhor amiga.- ele propôs com um sorriso com covinhas fofas

–Por que me quer como amiga?- perguntei confusa

–Porque você é a primeira pessoa daquela escola que não foi falsa comigo em momento algum.- respondeu sorrindo ainda mais (se isso fosse possível).

–Feito!- respondi a proposta

–Rachel Berry, você é a minha nova melhor amiga.

–Finn Hudson, por mais difícil que seja a minha parte nesse acordo,- eu comecei a rir- você é o meu novo melhor amigo.

E assim começou a minha amizade com o cara mais desejado de todos.