Herdeira do Trono de Prata escrita por The Reaper


Capítulo 8
Se enturmando


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo ficou bem maior que os demais, espero que gostem.
Boa Leitura!



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Ficamos muito tempo naquela biblioteca. Vovô pesquisava, sentava, fica de pé novamente...não parava um só instante, repetindo tantas vezes quanto era possível que aquilo tudo era incrível. Eu apenas esboçava um sorriso meio desanimado enquanto tentava entender tudo aquilo e não ficar tonta.

Eu era um Rokai. E o que diabos isso significava? O que eu tinha que fazer agora?

–Vô, o que vamos fazer? – resolvi perguntar. Ele era o adulto afinal de contas.

Ele pareceu aturdido com a pergunta. Fechou o livro que estava em suas mãos e ficou olhando para a capa.

–Antes de você acordar eu conversei com o Kaure. Ele explicou nossa situação.

–Situação? – indaguei.

Ele se aproximou de mim.

–Sim, nossa situação. Durante toda a sua vida você não correu maiores riscos porque ninguém, nem mesmo a sua família sabia o que você era. Mas agora isso mudou. Os ladrões de almas, como o Kaure os chama, sabem que você existe e agora corremos perigo fora deste lugar.

Arregalei meus olhos enquanto sussurrava atônita.

–Vamos ficar aqui para sempre? – eu entendia que o nosso futuro era incerto, mas ideia de nunca mais poder voltar para casa era assustadora.

A expressão do meu avô não era muito melhor que a minha.

–Não, acho que não. Mas primeiro você tem que aprender a usar suas habilidades e descobrir o seu Hamish.

Mas que droga, pensei. Meu avô já estava falando como o homem ruivo. Além disso, de que habilidades ele estava falando? Fora o meu talento para entrar em confusão, eu não tinha habilidade nenhuma.

Eu pesquisei muito estes dias. Eu entendi que sua raça deu origem a todos os mitos que existem até hoje. Diversos povos baseiam suas culturas em vocês.

–Eu ainda entendo muito pouco- confessei.

–Segundo eu soube, cada um de vocês é representado por um animal único de poder. Os mais poderosos ascendem e ganham mais poder, dessa vez através de outros elementos da natureza. Existem ainda um nível ainda mais alto cujo poder está ligados aos astros.

–E qual é o meu animal de poder?

Ele coçou a cabeça.

–Parece que esse é o problema. Ninguém sabe.

–Por quê? Por acaso eu sou um Rokai com defeito?

Ele permaneceu em silêncio. Aquela história ficava mais complicada a cada minuto e eu não estava conseguindo acompanhar o ritmo.

A entrada da guia mal humorada (sem bater, diga-se de passagem) fez com que a nossa conversa fosse terminada.

–Precisam se aprontar para a refeição- disse ela. Depois me deu um olhar carrancudo para acrescentar – depois de um banho, é claro.

O que?! Aquela criatura azeda estava me chamando de fedida?

–Olha aqui sua... – meu avô me cutucou de lado.

–Com prazer Maurine – respondeu ele antes que eu terminasse.

Então era esse o nome daquela peste.

–Senhor Wayland, creio que já conheça o castelo o suficiente para encontrar seus aposentos e depois o salão.

Meu avô entendeu o recado.

–Claro, já vou indo Kira.

Ele se apressou, como se a ideia de passar mais tempo naquele lugar fosse muito ruim. E ele estava certo, é claro.

Segui mais uma vez Maurine pelos enormes corredores aproveitando cada oportunidade para tentar memorizar tudo. Se eu iria ficar lá um bom tempo como dissera meu avô, era melhor que eu aprendesse tudo bem rápido. De qualquer modo era difícil entender a disposição dos corredores uma vez que eu nunca vira o castelo pelo lado de fora.

O ronco no meu estômago pediu que eu pensasse menos e andasse mais. Logo eu estava na porta do quarto onde eu acordara mais cedo.

–Tome um banho rápido e vista as roupas que lhe separei. Eu estarei esperando aqui para levá-la ao salão.

Assenti e entrei no quarto. Notei que havia uma outra porta à esquerda que dava para um banheiro grande que eu não tinha visto da primeira vez. Tomei um banho um pouco mais demorado, muito provavelmente pela sensação de deixar Maurine esperando e fui pegar as roupas que ela deixara em cima da cama. Era um conjunto parecido com o que todos usavam por aqui. A única diferença era que a minha túnica era bege.

Que droga de lugar! Pensei. Tudo era bege. Até mesmo o humor das pessoas. E por falar em cores, a túnica do garoto dos sonhos era diferente na vida real. Era cinza com detalhes em dourado que pareciam combinar perfeitamente com seus olhos.

Balanceia a cabeça tentando afastar aqueles bobos pensamentos. Eu estava parecendo uma dessas meninas bobas que ficam no pé do garoto maneiro da escola. Terminei de me vestir sem dar muita importância ao fato de que as roupas pareciam dançar no meu corpo e abri a porta preparada para receber algum comentário maldoso da menina que estava do lado de fora. Ele não veio.

–Vamos – disse ela simplesmente.

Dessa vez caminhamos na direção contrária à biblioteca, passando por diversas portas fechadas até dobrarmos num corredor mais iluminado que os outros, onde havia um enorme salão onde diversos jovens, todos vestidos de maneira parecida, cuja única diferença eram as cores das túnicas.

–Sente-se ali – disse Maurine apontando para um pequeno grupo.

Olhei para o lugar que me fora apontado onde quatro jovens que usavam a mesma cor de túnica que eu e conversavam animados. Eu simpatizei com eles na mesma hora.

–O que está esperando?

Olhei para o lugar onde ela estava planejando lhe dar uma resposta, mas ela já tinha ido se sentar numa mesa mais ao centro do salão.

Fiquei uns instantes parada, sem saber o que fazer? Eu tinha que ir lá e me sentar? O que eu ia dizer? A verdade é que eu não era muito boa em me enturmar.

–Vamos lá Kira, são só pessoas – disse para mim mesmo tentando me encorajar – além disso se me rejeitarem, não vai ser a primeira vez, né?

Caminhei rapidamente até a mesa para não acabar desistindo.

–Olá – disse . Não era muito, mas foi a melhor coisa que pensei no momento.

Eles pararam de conversar e me olharam com curiosidade.

–Oi – disse alegremente um dos garotos. Ele tinha o cabelo encaracolado e um sotaque esquisito, como se ainda estivesse aprendendo o idioma – você é a garota nova não é? Kira?

–Sim, isso mesmo –respondi, desconfortável com o fato de me conhecerem.

–Não se assuste– disse a garota ruiva de cabelo curto e piercing no nariz- todos sabem de tudo por aqui.

–O Milan mais que todo mundo – bufou o outro garoto, um moreno forte de cabelos pretos e curtos.

–Minha nossa, vocês não tem mesmo educação – falou a última do grupo, uma garota loira de rabo de cavalo – senta Kira, come com a gente.

–Obrigada – disse me sentando ao lado dela.

–Eu sou a Cassandra– continuou – a ruiva rebelde é a Dayla, o sorridente é o Milan e o implicante é o Ren.

–Eu não sou implicante – resmungou Ren – na fica fazendo a minha caveira para a novata.

–Eu não preciso – rebateu Cassandra– você estraga qualquer boa opinião que ela tenha de você antes do jantar acabar.

Dayla e Milan riram.

–Então Kira, de onde você é? – indagou Milan.

Eu estava com muita preguiça de explicar minha problemática de residência então apenas respondi.

–Nashville.

–Sério? Aposto que lá é muito legal. Boa música, o Parthenom e todas aquelas coisas legais. Eu sou de Praga -acrescentou.

Eu percebera que dos quatro ali presentes era Milan quem adorava conversar. Ele me contou que havia chegado ali mês passado e que vinha de uma família de pais separados e era filho único. Eu prestava atenção e comia avidamente ao mesmo tempo enquanto Ren fazia comentários sobre Milan que as vezes parava de conversar comigo para lhe dar uma resposta ácida.

–Então Kira já conheceu o resto do pessoal? – perguntou Dylan.

Eu lhe expliquei que havia visto muito pouco do lugar e as únicas pessoas que conheci foram Leela, Kaure, William e Maurine.

Dayla fez uma careta.

–A Maurine é a rainha das chatas. Ela simplesmente se acha melhor que todos nós e faz questão de deixar isso claro sempre que pode. Só porque nós ainda não descobrimos nosso animal de poder.

Ren, Cassandra e Milan deram resmungos concordando. Então ao contrário do que meu avô pensava, não saber o seu animal de poder não era o fim do mundo.

–Então ela está num posto mais alto? – perguntei.

Foi Cassandra quem me explicou.

–Aqui, como no karatê as cores definem você. Quanto mais escuro mais alto.

Acenei positivamente. Olhei para mesa onde estava Maurine comendo como se fosse uma princesa ou algo do tipo. Sua túnica de um verde muito claro mostrava que ela não era tão poderosa assim.

–E o William? – perguntei.

–Ah não, - resmungou Ren – outra.

Estreitei os olhos sem entender. Cassandra riu.

–Deixa ela Ren. É normal ter uma queda pelo Will.

–Eu não tenho uma queda por ele – me apressei em dizer.

–Ele é o posto mais alto depois do Kaure, assim como a Leela - disse Milan com desgosto – mas ele não treina ninguém. Aliás ele mal fala. Acho ele tão metido quanto a Maurine.

–E por falar nele... –avisou Dayla apontando para a porta.

Caminhando em passos firmes William, o garoto dos sonhos entrava no salão com Leela. Ele acenou para mim de leve, mas não foi se sentar ao invés disso ficou um momento parado até que todos os olhares estavam voltados para ele. Então ele começou a falar.

–Eu tenho um importante comunicado a fazer.


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Notas finais do capítulo

Gostaram dos novos personagens?
O que será que o Will tem a dizer?
Só conto no próximo capítulo!



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