Desvenda-me escrita por Mariii


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oie!

Estou de volta com mais uma fic Sherlolly! o/

É um tema meio novo para mim, então caso eu viaje ou haja erros, deixem nos comentários... ;)



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"Venha para o segundo andar. J.W."

Subo correndo pelas escadas para não ter que esperar o elevador, já que John não me chamaria se não fosse algo sério. Muito sério. Caso fosse uma mensagem de Sherlock eu podia esperar algo banal, mas não de John. Ele só me chama quando Sherlock está realmente em perigo. Sherlock ePerigo.Eu não gosto da combinação dessas palavras.

Outro indício de que o que aconteceu é grave é que o segundo andar é o setor de emergência. É onde fica o pronto-atendimento, para onde as pessoas são levadas de imediato.

Não.Tudo que eu consigo pensar é "não". E foi pensando nisso que me deparei com um John desesperado e uma Mary chorando, tentando acalmar uma ainda pior Sra. Hudson. Percebi só agora que minhas mãos tremiam, e provavelmente elas estavam assim desde que eu abandonara meu posto ao receber a mensagem.

- O que aconteceu?

John se virou para mim como se nunca tivesse me visto antes, como se o que ele fosse falar acabaria sendo a coisa mais dura que ele já fizera até então.

- Sherlock... Ele estava fazendo umas experiências em Baker Street quando a Sra. Hudson ouviu uma explosão... - John fazia pausas entre as frases, e percebi que o que iria me contar estava doendo muito. Em três segundo, milhares de opções passaram por minha cabeça. Menos a real. - Quando ela chegou até a cozinha dele, Sherlock estava com as mãos no rosto e gritava de dor. Algo tinha espirrado em seus olhos... Ele não está enxergando, Molly.

Tento me manter calma, como me foi ensinado na faculdade ao lidar com pacientes e como ajo quando alguma família precisa reconhecer um corpo. Seguro minhas mãos para que elas parem de tremer. O que acaba não funcionando muito bem.

- E o que o médico disse? O que é preciso fazer para que ele melhore?

- Nós ainda não sabemos. Pensamos que você, como funcionária do St. Barts, pudesse conseguir as informações... - John segura minhas mãos. - Por favor, Molly.

É nessa hora que Mycroft entra, parecendo um furacão e em seu rosto vejo refletido o meu próprio desespero contido. Ele me encara por alguns segundos antes que eu solte as mãos de John e me vire para passar pela porta do setor de emergências. Eu precisava saber.

Encontro o Dr. Sanders logo que passo pela porta. Ele é um velho conhecido meu e basta um olhar para que eu perceba que as coisas não vão bem. Quando você está há anos nesse mundo você percebe, antes que alguém fale qualquer coisa, quando as coisas estão bem ou mal. Você percebe os sinais. E agora as coisas estavam mal.

- O que houve?

Como habitual entre os médicos, Sanders não faz rodeios para dar uma resposta.

- Os resíduos das substâncias que atingiram o rosto do Sr. Holmes provavelmente o cegaram. Ainda será necessário alguns exames adicionais, mas pelo dano já podemos concluir alguma coisa.

Perco a fala por alguns segundos. Como assim? Sherlock não está enxergando? Quando meu cérebro volta a funcionar, a pergunta que o ronda é uma que eu não gostaria de fazer.

- Em definitivo?

Sanders tira os óculos para me olhar, pensando na melhor forma de me responder e eu sinto meu estômago embrulhar. Era grave. Sei disso antes que ele me fale.

- Quem sabe, Molly? Nada na medicina é exato.

- Não me enrole, Sanders. Há chances? - Torço minhas mãos até que os nós dos meus dedos fiquem brancos. Tenho medo do que vou ouvir.

- Poucas, Molly... Quase nulas. Não verdade ele misturou tantas coisas que nós não sabemos exatamente a gravidade dos ferimentos. Talvez ele se recupere algum dia, mas... Se eu fosse você, não alimentaria essa esperança.

Encosto-me na parede tentando absorver essa notícia, tentando não desmoronar ali mesmo. Levo minha mão ao meu rosto e esfrego meus olhos enquanto pessoas passam por mim com diversas enfermidades. Não pode ser verdade.

- Preciso ir... - Sanders aperta afetuosamente meu ombro. - Você sabe... Nós temos que ficar do lado da verdade. E ela não está a nosso favor agora.

Sanders me deixa e eu fico encostada onde estou por tempo suficiente para assimilar tudo que está acontecendo e decidir que se tem um momento em que preciso ser forte, é esse.

Respiro fundo por três vezes tentando fazer minhas mãos pararem de tremer e meu estômago voltar ao lugar, sem sucesso. Preciso contar a todos o que está acontecendo a todos e para isso eu tento resgatar aquela Molly fria e tranquila que analisa corpos.

Saio pela porta pensando no olhar de pânico que vi em Mycroft há pouco, que tentava esconder o mesmo que eu sentia. Tento imaginar as emoções que estão passando por meu rosto agora e percebo que devo estar deixando escancarado o meu sofrimento. Isso fica claro quando todos me olham quando eu chego de volta à sala de espera. Abaixo os olhos e sei que apenas isso dirá ainda mais a eles do que minhas palavras. Caminho até as cadeiras e me sento em uma delas, não sabendo por quanto tempo mais minhas pernas me aguentariam em pé.

- Ele está sem enxergar. - Falo de uma vez sem olhar para ninguém em especial. - Talvez seja definitivo. - Respondo a pergunta silenciosa que todos fazem.

Escuto a Sra. Hudson recomeçar a chorar baixinho, assim como Mary. John solta uma expressão de raiva e Mycroft continua parado, provavelmente me encarando.

Não sei precisar quanto tempo se passou enquanto eu me mantive ali sentada e perdida em meus próprios pensamentos. Lembrando de como havia superado minha paixão infantil por ele e como nos tornamos amigos depois disso, principalmente depois que John se casou.

Passávamos horas conversando no laboratório e quando a realidade de que Sherlock não poderá mais efetuar pesquisas como fazia antes toma conta de mim, meu estômago novamente se revira. Preciso correr para o banheiro quando minha boca começa a salivar e um suor frio desce por minhas costas.

Mary me encontra quando estou lavando o rosto e molhando os pulsos com a água fria da torneira, depois de colocar para fora tudo o que eu tinha comido pela manhã.

- Nós temos que ir... Precisamos pegar Juliet. - A pequena filha dos Watson mal tinha completado um ano e eu me pergunto por um momento onde eles a tinham deixado, mas acabo esquecendo quando vejo os olhos inchados de Mary encarando-me pelo reflexo do espelho.

- Tudo bem...

- Nós levaremos a Sra. Hudson. Tentarei ver se ela toma algo para se acalmar. Molly...

Viro-me percebendo a angústia em sua voz e aguardo o que ela tem a me pedir.

- Você acha que pode... Não sei... Talvez ajudá-lo? Não me olhe assim... Eu sei que John tentará, mas não acho que estará em condições de lidar com alguém nessa situação.

E por que eu estaria? Nos últimos meses ele era mais próximo a mim do que de John e isso doeria em nós da mesma forma.

- Você é médica... - Mary provavelmente lê em minha expressão o que estou pensando. - Sim, John também é... Não sei, Molly... Ai meu Deus... Esqueça... Todos nós faremos o que tiver ao alcance.

Apenas balanço a cabeça, concordando, e ela se despede rapidamente de mim. Aguardo mais um tempo no banheiro, não quero encontrar mais ninguém. Quando finalmente saio, há apenas Mycroft na sala. Não me importo de encontrá-lo, nós desenvolvemos uma estranha relação de lealdade desde que os ajudei a fingir a morte de Sherlock. Sento-me ao seu lado sabendo que ele está pensando o mesmo que eu.

- Será pior que o caso Moriarty. - Ele verbaliza nossas suspeitas.

- Eu sei, Mike.

Não falamos mais nada, e quando Sanders aparece dizendo que a situação de Sherlock se estabilizou e ele fora transferido para um quarto, permitindo assim que alguém ficasse com ele até que acordasse, eu deixei que Mycroft fosse, prometendo voltar mais tarde.

Entrei em minha casa sentindo o enorme vazio que estava se formando dentro de mim desde que John me enviara a mensagem. Tirei as minhas roupas de trabalho como se cada uma pesasse dez quilos. Meus movimentos eram lentos e cansados, mas decidi que só teria aquele tempo para sentir pena de todos pela situação. Quando a água do chuveiro caiu sobre minhas costas eu chorei. Chorei como não me lembrava de ter feito há muitos anos.

Deixei que a água levasse embora parte da minha dor e implorei para que entidades divinas me dessem força. Era tudo que eu precisava agora. Ser forte. E então, eu conseguiria lidar com isso.

Prendi meus cabelos ainda molhados em um coque e vesti a roupa mais confortável que consegui encontrar. Coloquei em uma mochila tudo que achei que pudesse vir a ser útil e voltei ao hospital. Estava decidido, ainda que não fosse uma escolha.

Eu ajudaria Sherlock.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo! :)



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