Paro o carro em frente ao portão do sítio, um homem alto vem em minha direção, está vestindo um terno preto, seus olhos azuis me encaram, neles posso ver a mistura de surpresa e alegria.

– Simon - O homem fala, a voz falhando - Você não estava...

– Morto - James completa a frase do homem - Andrew, Simon nunca esteve morto, agora pode abri o portão para entramos por favor.

– Tudo bem - O homem vai em direção ao portão e o abre.

Ligo o carro e passo pelo portão. Escuto Andrew avisando meus pais que estamos chegando. Entro devagar com o carro, observando cada canto do sítio.

– Esse lugar é perfeito !! - Digo saindo do carro.

– O dia em que chegamos aqui - Isabelle fala saindo do carro - Falei com James que você iria adorar conhecer esse lugar, e pelo visto eu estava certa.

– Simon - Escuto alguém me chamando, a voz suave e calma, a voz que cantava todos os dias para mim dormir, a voz que brigava comigo sempre que fazia alguma coisa de errado.

– Mãe - Grito e saio correndo em sua direção, ela está parada na porta da casa, ao seu lado vejo meu pai.

A abraço com todas as forças que tenho, escuto o seu choro, um choro de alegria. Meu pai então se junta ao abraço.

– Meu filho - Ela passa as mãos em meu rosto, as lágrimas escorrendo em seu rosto. Ela tenta dizer alguma coisa mas logo me abraça de novo.

– Não te disse Kate - Meu pai fala me abraçando - Eu te falei que nosso filho estava vivo.

Após alguns minutos de abraços e palavras de carinho entramos na casa.

– Quem é aquela? - Meu pai pergunta olhando para Sophia que está sentada ao lado de James no sofá.

– Sophia Watson - Falo - Os pais dela me salvaram, todo esse tempo que passei foram eles que cuidaram de mim.

– O que aconteceu com eles? - Minha mãe pergunta se sentando na cadeira do lado do meu pai, ela me entrega um copo com suco.

– Eles foram raptados pelos Destroyers - Falo - Recebi um bilhete falando onde eles estão.

– Então vamos atrás deles - Meu pai diz.

– Não vai ser tão fácil assim - Falo - Eles querem fazer uma troca.

– Que troca? - Minha mãe pergunta.

– Eles me querem - Digo olhando para minha mãe - Se me entregarem, eles entregaram Martin e Elizabeth.

– Não - Minha mãe diz - Não iremos te perder outra vez.

– Não vou me entregar - Falo baixo - Tenho um plano melhor, amanhã conto para vocês. Preciso dormir - Me levanto e vou em direção ao meu quarto.

– Simon - Isabelle chega ao meu quarto logo depois de mim.

– O que aconteceu? - Pergunto me jogando na cama.

– Só quero saber se você vai se entregar - Ela fala com um olhar triste - Não quero te perder de novo.

– Não vou me entregar - Falo a abraçando - Vou fazer um plano, se você quiser me ajudar é só falar.

– Claro que falo - Ela diz sorrindo e me beija - O que vamos fazer?

– Quero fazer um mapa do local, com certeza Harris irá colocar os homens dele por todos os lados - Falo pegando o notebook e colocando em cima da cama.

Ficamos ali anotando várias coisas importantes até que caímos no sono. Acordo com a cara em cima do teclado do Notebook e Isabelle está deitada ao meu lado.

– Izzy - A chamo e me levanto devagar.

– O que aconteceu? - Ela pergunta.

– Já está na hora de levantarmos - Falo - Caímos no sono ontem, acho que pesquisamos coisas demais - Falo olhando para o caderno cheio de anotações caído no chão.

– Vamos tomar café - Digo penteando meu cabelo.

Saímos de dentro do quarto e andamos pelos corredores até a cozinha.

– Tiveram uma boa noite pombinhos? - Anthony Pergunta com tom de ironia.

– Eles não fizeram nada de errado - Minha mãe aparece ao meu lado.

– Como a senhora sabe tia Kate - Anthony pergunta.

– Eu estava vigiando os dois - Ela diz sorrindo.

– Sério isso? - Pergunto lançando um olhar de quem não gostou nada do que acabou de ouvir.

– Ontem quando fui dormi eu ia conversar com Isabelle, então fui procura-la e quando abri a porta do seu quarto vi ela dormindo ao seu lado agarrada em você - Minha mãe diz sorrindo e olha para Isabelle que está vermelha igual a um pimentão

– Que fofo - Clary aparece com dois copos com suco de laranja na mão e entrega um a Anthony.

– O que é fofo? - James pergunta, ele aparece na porta com os cabelos bagunçados.

– Sua mãe está falando de Simon e Isabelle - Sophia vai na direção de James e o beija.

Depois de algum tempo todos estão ali na cozinha.

– Precisamos resolver o que vai acontecer hoje a tarde - Falo - Preciso falar com todos depois do café.

Saio da mesa e vou para o lado de fora da casa, preciso me acalmar um pouco. Então resolvo tomar um banho de piscina. Mergulho e fico um tempo pensando no que tenho que fazer para tudo ocorrer bem.

– Simon - Isabelle pula dentro da piscina - Está tudo bem?

– Mais ou menos - Digo - Estou com medo do que possa acontecer hoje, estou com um mal pressentimento.

– Não irá dar nada errado - Isabelle diz me beijando - Fica tranquilo, você é esperto. Conseguirá matar eles e acabar com tudo isso.

– Se não der certo - Falo olhando para Isabelle, seus olhos castanhos me encaram - Pessoas vão morrer por minha causa.

– Eu também estou sentindo assim - Isabelle fala - Estou com um mal pressentimento, mas devemos sempre pensar que nada de mal vai acontecer.

Saímos da piscina e nos secamos.

– O caderno está aí em cima - Isabelle aponta para a pequena mesa perto da piscina.

– Devemos dividir os grupos - Falo - Quantos grupos devem ser formados? - Pergunto me sentando em uma das cadeiras da mesa.

– Três - Isabelle diz abrindo o caderno - O local tem uma pequena mata em volta, devemos nos dividir em três grupos, dois irão para a mata, cada grupo em um lado e um grupo que irá se encontrar com eles.

– Então vai ser assim - Digo pegando o papel e a caneta e começo a escrever no caderno.

1º Grupo - Simon, Phillip, Isabelle, Hector, James e Sophia.

2º Grupo - Katherine, Jack, Clary e Anthony.

3º Grupo - Alyssa, Jhon, Andrew e Joshua.

– Desse jeito está bom? - Pergunto entregando o caderno a Isabelle.

– Está ótimo - Isabelle disse - O que vamos usar para matar eles? - Ela pergunta.

– Vem comigo - Falo e puxo Isabelle - Tenho que te mostrar uma coisa.

Chegamos ao local, um local grande e escuro.

– O que é isso? - Isabelle pergunta mexendo em uma das caixas.

– São armas - Falo pegando uma.

– Simon solta isso - Isabelle grita apavorada.

Aponto a arma para minha cabeça e Isabelle toma a arma da minha mão.

– Simon !! Você é louco - Ela olha brava para mim.

– Está sem balas - Pego a arma da mão dela.

– Como vamos usar isso? - Isabelle pega uma arma pequena dentro de uma das caixas.

– Temos 8 horas para treinar - Digo - Meu pai sabe atirar, pelo que sei ele já se alistou no exército, só que depois de um tempo viu que aquilo não era para ele.

– Temos que levar algumas caixas lá para cima - Falo - Você consegue levar?

– Claro - Ela diz.

Agora que estão todos aqui ... - Começo a falar quando vejo que falta alguém - Não estão todos aqui.

– Está faltando eu - Clary sai da casa correndo até chegar onde estamos reunidos.

– Vou falar um pouco sobre meu plano - Começo a falar e todos me olham com olhares atentos, para não perder nenhum detalhe.

– Mas se você estiver certo - Anthony pergunta - E se tiver alguns capangas de Harris na mata, Como vamos matá-los sem fazer barulho.

– Você acha que não pensei nisso - Falo, fazendo um sinal para Isabelle trazer uma caixa pequena de madeira.

– Simon pensou em tudo - Isabelle diz colocando a caixa de madeira do meu lado.

– Nessa caixa tem alguns silenciadores - Digo - Os que forem para a floresta ficaram com eles, vocês também ficaram com as armas maiores, por que esconderemos as nossas em nossos casacos, eles não podem desconfiar que estamos armados.

– Mas como vamos tirar meus pais de lá? - Sophia pergunta.

– Eu vou trocar de lugar com eles e quando vocês estiverem com eles atirem sem dó em todos os Destroyers que estarão dentro do galpão - Falo - Me entenderam?

Todos assentem com a cabeça.

– Então vamos começar a treinar - Digo.

– Está quase chegando a hora - Falo, colocando balas na arma.

– Calma Simon - Isabelle me abraça - Irá dar tudo certo.

– Estão prontos - Meu pai pergunta entrando no carro, conseguimos um carro de oito lugares para ficar melhor - É agora ou nunca.

– Estamos - Falo entrando no carro - É agora ou nunca.

Demoramos até chegar ao local, seguimos por uma Br movimentada, o que nos atrasou um pouco. Chegamos então a um local de estrada de chão, existem três caminhos, um para a direita, outro para a esquerda e o outro que é só seguir adiante. Saímos todos do carro, Isabelle pega o mapa que desenhei e coloca em cima do capô de um dos carros. Observo os desenhos e começo pela última vez explicar qual é o nosso plano.

– O nosso grupo irá seguir essa estrada a frente - Falo - O 2º grupo irá pela estrada da direita e o 3º irá pela estrada da esquerda, Boa sorte a todos.

Todos começam a se despedir e então cada qual vai para seu respectivo caminho.

– Simon - Isabelle me chama e segura minhas mãos - Quero que saiba que independente do que irá acontecer, Eu te amo.

– Eu também te amo - Falo a abraçando - Depois que isso acabar vamos tirar umas longas férias.

– Estamos precisando - Isabelle fala sorrindo, aquele sorriso que tanto amo.

A floresta ao lado da estrada começa a aparecer, a brisa fria entra pela janela. Desde que saímos da estrada a única conversa que teve no carro foi a minha com Isabelle. Meu pai estava concentrado no caminho, James estava abraçado com Sophia no banco de trás e Phillip não tirava os olhos da floresta.

De longe conseguimos enxergar o galpão, um local grande, portas de ferro enormes enferrujadas. Consigo avistar algum dos Destroyers nos esperando, estão armados.

Paramos o carro debaixo de uma árvore, escondemos nossas armas no casaco e então saímos. Meu pai sai na frente e vai ao encontro dos rapazes parados ao lado do portão de ferro. Nunca vi Destroyers mais estranhos que aqueles, um dos homens era baixo, negro e tinha olhos negros como carvão, usava um alargador na orelha, usava vários piercengs nas sobrancelhas e no nariz, o cabelo era ruivo. O outro, um homem alto, branco com olhos verdes incríveis, várias tatuagens com símbolos estranhos pelo braço, também usava alargadores nas orelhas e vários piercings no nariz. Eles me olham e lança um sorriso irônico.

– Está pronto para morrer? - O homem alto me pergunta lançando um olhar frio para mim.

Prefiro não responder e espero enquanto eles abrem o portão do galpão, eles fazem um sinal para segui-los, o local está escuro, vejo algumas sombras paradas no canto do galpão, então as luzes se ligam e consigo enxergar tudo perfeitamente. Vejo Elizabeth e Martin amarrados em um pedaço grande de madeira. Elizabeth está desacordada, um pouco de sangue suja seu casaco branco, Martin está ao seu lado caído, não consigo ver como ele está.

– Mãe !! Pai!! - Sophia olha assustada para os dois e sai correndo na direção dos dois com a esperança de poder abraça-los, mas todos os Destroyers que estão no galpão apontam a arma para ela, James a segura.

– Estou aqui - Falo olhando nos olhos de Harris - Agora pode soltar eles.

– Tudo bem - O Homem diz - Você está aqui, como foi prometido, agora venha cá - O homem faz um sinal me chamando - E aquela bonitinha ali também - Ele diz apontando para Isabelle, que segura forte minhas mãos.

– O que vai fazer com Isabelle? - Pergunto encarando o homem que agora está rindo.

– Você verá - Ele diz e me entrega uma faca - Agora vai lá e solte seus amigos queridos.

Vou na direção de Elizabeth e Martin, Isabelle me ajuda a cortar as cordas. Quando Martin se levanta me assusto com o que vejo. Seus olhos estão roxos. Sua camisa está toda ensanguentada, vejo um corte grande que parece ser feito por uma faca em seu braço.

– Vamos - Pego o braço de Martin e jogo em volta do meu ombro - Você ficará bem.

Sophia acorda Elizabeth. Levamos Martin e Elizabeth até o resto do grupo.

– Venham aqui novamente - Harris aponta para mim e Isabelle.

Ao lado de Harry está uma mulher bonita, loira, branca de olhos azuis. Ela nos encara por um segundo.

– Será uma pena ter que fazer isso com vocês - A mulher diz e sorri, um sorriso belo.

Olho para trás e vejo meu pai e Phillip conversando, eles estão arrumando os últimos detalhes. Isabelle cai ao meu lado, ela se ajoelha e coloca as mãos na cabeça.

– O que estão fazendo com ela? - Grito - Parem com isso.

Caio no chão ao lado de Isabelle, sinto uma dor horrível em minha cabeça. Vejo Isabelle se levantando e indo na direção de Harris.

– Mate-o - O homem grita com Isabelle que aponta a arma na direção de meu coração.

Comecei a entender melhor o que está acontecendo, a mulher que estava para ao lado de Harris tem o dom da manipulação. Olho nos olhos de Isabelle, não consigo a reconhecer, o jeito doce, o sorriso que sempre existia em seu rosto havia sido substituído por um jeito agressivo.

– Isabelle !! Por favor não atire - Olho para ela, tento encontra a verdadeira Isabelle, aquela não é minha Isabelle.

– Ela não vai te obedecer - Harris sorri, ele está parado ao lado da linda mulher loira sorrindo - Ela não sabe quem é você.

Tenho que arranjar um jeito de tentar entrar na cabeça de Isabelle e tentar faze-la voltar ao normal.

– Isabelle - Digo - Você não se lembra de mim, sou eu, Simon, o bobo que vai todos os dias junto com você para a escola, aquele que te ama, aquele que ama implicar com você, aquele prometeu sempre estar ao seu lado, Por favor !! Volta para mim.

– Atira !! - Harris grita mais Isabelle não obedece, ela se vira rapidamente e atira na mulher loira ao lado de Harris, a mulher desaba como uma árvore que acaba de ser cortada.

Vejo todos do meu grupo tirar a arma do casaco, Martin corre na direção de Isabelle para ajudá-la mas leva um tiro e cai de joelhos no chão, o sangue se espalha cada vez mais por sua camisa. Harris pega Isabelle e sai correndo por uma das portas laterais do Galpão.

– James !! - Grito - Vem comigo, eles pegaram Isabelle.

James pega a chave do carro com meu pai e saímos correndo para fora do galpão.

– Lá estão eles - Aponto para Harris e Isabelle entrando dentro do carro, um homem branco está ao volante.

Entramos no carro e seguimos atrás do carro de Harris. Alguns minutos depois tiros começam a ser disparados em nossa direção, um tiro acerta no vidro do carro que se desfaz em vários pedaços.

– Desgraçados - James grita.

A br estava cada vez mais próxima, posso ver Isabelle no banco de trás do carro de Harris. Outro tiro é disparado e acerta o pneu do carro que perde um pouco da estabilidade.

– Eles são loucos - James fala - A rodovia está logo à frente e eles estão indo rápido demais.

– Merda - Digo - A br está super movimentada. Eles vão acabar sofrendo um acidente.

Seguimos o carro até chegar a br. Começamos a diminuir a velocidade do carro, não dá para atravessar a br, está muito movimentada. O carro de Harris passa direto.

– Não - Grito quando vejo um caminhão enorme surgir de um dos lados da estrada e atingir brutalmente a frente do carro que capota e sai da estrada caindo em uma ribanceira.

– Ai Meu Deus - Falo apavorado e saio do carro, James me segue, começamos a correr até o local do acidente.

Descemos a ribanceira e encontramos o carro destruído, o corpo de Isabelle foi jogado para fora do carro, o corpo de Harris e de seu capanga estavam todo ensanguentado dentro do carro.

– James !! Vá para o carro, pega meu celular e liga para a emergência agora - Grito e James sai correndo.

Chego perto de Isabelle, ela está muito ferida, está com um corte profundo no braço e vários machucados que parecem ter sido feitos pelo vidro do carro.

– Izzy - A chamo e ela abre os olhos lentamente - Você vai ficar bem - Falo colocando a cabeça dela no meu colo.

– Simon - Ela fala com a voz falhando - Eu não vou ficar bem.

– Não diga isso - Falo dando um beijo na testa de Isabelle.

– Simon - Ela me olha, faz força para manter o olhos abertos.

– Eu vou ficar do seu lado - Falo, as lágrimas começam a se formar nos meus olhos - Sempre estarei ao seu lado.

– Eu ... - Ela tenta dizer mais não consegue, então ela se esforça para continuar a falar - Eu te amo - Ela diz e seus olhos se fecham.

Estou aqui sentando nessa sala de espera desse hospital à espera de alguma notícia. De tarde será o enterro de Martin. Até agora não tenho notícia de Isabelle. Não posso perdê-la.

Harris morreu e me disseram que o homem que estava junto com ele no carro está morrendo aos poucos. Espero que ele morra, se não fosse por esses desgraçados nada disso teria acontecido. Perdi Martin que cuidou de mim todo esse tempo que precisei e estou prestes a perder a pessoa que amo.

Depois disso tudo que passei estou vendo o mundo diferente, não foi o mundo que mudou, mas sim eu, A minha vingança está mais perto do que nunca.