–Lembra aquele dia que você me salvou de uma surra?

Pedro voltou a olhar para o céu escuro.

–Lembro.

–Lembra quando caímos da moto na chuva?

–Lembro.

– Para mim, as coisas mais preciosas são as lembranças, Pedro, cada lembrança boa eu devo a você. Acha que eu faria algo para lhe magoar?

– Então porque essa cena de antes?

– porque só agora me dei conta que você é especial para mim. Tão especial que não posso lhe deixar ir embora. Mais especial que minhas lembranças.

– Sem você era só o que eu teria não é? Lembranças. Eu quero mais. Quero você ao meu lado, sempre.

–Mas não do jeito que eu te quero não é? Só como amigo...

–Não. Eu quero descobrir esse sentimento que vem me deixando confuso nesses últimos dias e eu quero descobrir com você.

– você não sabe o que esta falando...

– Sei! Eu quero descobrir como é amar você de verdade!

– Hugo! Você sabe bem o que esta dizendo? Você sabe o que é ser... Gay? Nem mesmo eu me assumo! Eu te conheço você não leva jeito para a coisa!

– Eu estou levando um fora de você? Fala sério! Eu demorei todos esses anos para fazer uma declaração para alguém, já não bastasse esse alguém ser homem, ainda levo um fora?

Levantei-me do banco de pedra furioso. Atravessei a porta com tanta raiva que enxergava tudo vermelho. Ouvi passos atrás de mim, era o Pedro correndo, foi quando percebi que eu também estava correndo.

–Espera! Hugo!

Pedro segurou a porta do meu quarto antes que eu pudesse fechá-la. E entrou, segurou meus pulsos e me jogou na cama.

– O que você pensa que esta fazendo?!

– Te pegando para mim! Para sempre!

Ritual

– Pedro o que você acha que vai fazer?!

– Eu já disse! Você vai ser meu!

Antes que eu pudesse perceber, Pedro já estava em cima de mim, me segurando e beijando, sem me deixar respirar. Seu corpo quente estava colado no meu, sua respiração estava descontrolada, assim como a minha. Depois de muito lutar, meu corpo estava cansado.

– Eu já estou ficando cansado de te segurar Hugo, para de me bater!

– Imbecil, quer que eu seja fácil assim é?

– Quero só que você seja meu.

Parei de tentar me soltar. Ele parou de me segurar. Encostou a testa dele na minha e me olhou nos olhos. Ficamos assim por um bom tempo. Pedro me beijou de modo suave e eu retribuí. Não havia mais motivos para resistir. Estávamos a sós naquele quarto. O mundo havia ficado do lado de fora. Não, na verdade o mundo acabava de morrer para mim.

As mãos de Pedro me tocando mostraram um amor que até ali nunca tinha experimentado, percebi que ninguém havia me amado como naquele momento.

Nossos corpos se entrelaçaram e os beijos ficaram ardentes, mais molhados.

Pedro parou. Afastou-se um pouco e disse:

– quer continuar? Eu só vou até onde você quiser.

– Quer parar agora? Agora que estou desse jeito?

Ele riu. Ficou sentado em cima de mim e tirou a jaqueta em seguida a camisa. Uma das cenas mais sensuais que vi até hoje. Estendi as mãos para tocar o seu peito, ele se abaixou para que eu conseguisse e voltou a me beijar. Senti a mão dele sob minha camisa e então sua voz no meu ouvido:

– Sua vez.

Minha vergonha já havia passado devido o estado que eu estava. Duro. Girei e fique por cima, arranquei minha camisa e o beijei, depois tirei a calça.

– você é rápido não é Hugo! Isso eu não imaginava.

– sua vez!

Em pouco tempo estávamos nos beijando totalmente sem roupa. As roupas caídas, o lençol desarrumado, as cortinas balançando suavemente, o corpo de Pedro colado no meu, tudo tão belo e puro que poderia ser confundido com um ritual, o nosso ritual de amor.

– Hugo, eu te quero agora.

– O que eu tenho que fazer? – perguntei sem saber como o processo seria.

Pedro me olhou com o rosto cheio de carinho então eu pude ver realmente naquele momento, e como ele era bonito...

– Só relaxa.