Eternamente seu escrita por Jay Lawliet


Capítulo 3
Capítulo 3 - Ressaca




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Acordei como se tivesse apagado com uma pancada, minha cabeça girava e meus olhos ardiam. Meu corpo se recusava a me obedecer e sentia falta de ar, como se tivesse um peso sobre o peito. E tinha mesmo.

O corpo de Pedro estava sobre o meu. Levantei a cabeça e vi seu rosto próximo, seus braços me envolviam. Aquilo me pareceu natural à primeira vista, logo senti que estava errado.

– Pedro? Acorda... o que está fazendo aqui?

–Esqueceu de ontem?

Droga! Eu tinha realmente esquecido, e lembrar não me vez ver a situação de uma maneira melhor.

– isso... isso não explica você esta agarrado em mim assim!

Ele ficou sentado e balançando os pés para fora da cama disse:

– Hum entendo... Desculpa. acho que você não queria realmente, eu forcei você aquilo.

– Vamos esquecer ontem tá?

– Tá... Se você conseguir... Por mim tudo bem.

– Se eu conseguir? O que quer dizer?

Ele virou o rosto na minha direção e soltou:

– Bem... Pelo que vi você não é cem por cento hétero. E eu sou irresistível, se ainda não percebeu.

– E... Eu sou muito hétero sim tá! Só estava bêbado! E você pode me dar privacidade e sair da minha cama?

– Tá, tá... Parece mulher...

Enquanto Pedro descia da minha cama eu percebi que ele estava sem roupa.

– O que exatamente aconteceu ontem?! – eu perguntei assustado só em pensar na resposta.

– Ah, isso? – ele apontou para si mesmo- É que eu só durmo a vontade assim. Não fique se achando. Você não é tão bom.

– O quê?! – eu o olhei indignado – Fora daqui Pedro!

Ele vestiu a roupa e saiu do quarto. Fiquei sozinho com meus pensamentos. E se o Pedro tivesse razão? E se eu não fosse tão hétero o quanto pensava?

Desci. Já tinha tomado banho para refrescar a cabeça e me livrar das lembranças e duvidas. Olhei para o fogão e me animei para fazer o café.

Preparei tudo, e quando já estava tirando os ovos da frigideira escutei os passos de Pedro e tremi. Não sabia como tratá-lo ainda, uma noite arruinaria todos os anos de amizade e confiança que tínhamos um no outro? Como podíamos nos chamar agora? Amigos? Não... Amigos não fazem essas coisas... Namorados? Ri com esse termo.

– Bom dia Pedro. – disse enfim.

Pedro tinha descido as escadas com uma toalha na cintura apenas. Os cabelos molhados pingando no rosto como se fosse orvalho matinal. Tudo nele, e para ele era natural.

– porque bom dia? Acordamos juntos, na mesma cama esqueceu?

Fiquei vermelho com essa frase... “na mesma cama” parecia que tínhamos feito algo que não tínhamos.

– Não fale assim... Se alguém ouvir isso vai pensar besteira.

– Você esta sensível demais com isso. Começo achar que queria que tivesse acontecido algo...

Pedro continuava a falar com um sorriso malicioso nos lábios. Lábios que tinham se encontrado com os meus. Eu havia sentido toda a maciez daqueles lábios, a umidade que eles carregavam e o gosto que eu tinha provado. Nesse devaneio perdi metade do discurso dele.

– alôô! Hugo acorda! os ovos já devem estar frios ai no prato.

– Ah eu me esqueci... Desculpe.

– Está com a cabeça aonde? –disse Pedro e ao fazer isso abriu a toalha que estava enroscada no corpo para ajeitá-la melhor.

– Você tem que fazer isso na minha frente? Não sou obrigado a ver suas “coisas”.

– já viu tantas vezes antes, por que agora ta cheio de pudores? É sobre ontem? Não mudou nada relaxa... Prometemos esquecer não foi?

Não disse mais nada, apenas abaixei a cabeça e comi os ovos... Realmente estavam frios.


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