Eternamente seu escrita por Jay Lawliet
Acordei como se tivesse apagado com uma pancada, minha cabeça girava e meus olhos ardiam. Meu corpo se recusava a me obedecer e sentia falta de ar, como se tivesse um peso sobre o peito. E tinha mesmo.
O corpo de Pedro estava sobre o meu. Levantei a cabeça e vi seu rosto próximo, seus braços me envolviam. Aquilo me pareceu natural à primeira vista, logo senti que estava errado.
– Pedro? Acorda... o que está fazendo aqui?
–Esqueceu de ontem?
Droga! Eu tinha realmente esquecido, e lembrar não me vez ver a situação de uma maneira melhor.
– isso... isso não explica você esta agarrado em mim assim!
Ele ficou sentado e balançando os pés para fora da cama disse:
– Hum entendo... Desculpa. acho que você não queria realmente, eu forcei você aquilo.
– Vamos esquecer ontem tá?
– Tá... Se você conseguir... Por mim tudo bem.
– Se eu conseguir? O que quer dizer?
Ele virou o rosto na minha direção e soltou:
– Bem... Pelo que vi você não é cem por cento hétero. E eu sou irresistível, se ainda não percebeu.
– E... Eu sou muito hétero sim tá! Só estava bêbado! E você pode me dar privacidade e sair da minha cama?
– Tá, tá... Parece mulher...
Enquanto Pedro descia da minha cama eu percebi que ele estava sem roupa.
– O que exatamente aconteceu ontem?! – eu perguntei assustado só em pensar na resposta.
– Ah, isso? – ele apontou para si mesmo- É que eu só durmo a vontade assim. Não fique se achando. Você não é tão bom.
– O quê?! – eu o olhei indignado – Fora daqui Pedro!
Ele vestiu a roupa e saiu do quarto. Fiquei sozinho com meus pensamentos. E se o Pedro tivesse razão? E se eu não fosse tão hétero o quanto pensava?
Desci. Já tinha tomado banho para refrescar a cabeça e me livrar das lembranças e duvidas. Olhei para o fogão e me animei para fazer o café.
Preparei tudo, e quando já estava tirando os ovos da frigideira escutei os passos de Pedro e tremi. Não sabia como tratá-lo ainda, uma noite arruinaria todos os anos de amizade e confiança que tínhamos um no outro? Como podíamos nos chamar agora? Amigos? Não... Amigos não fazem essas coisas... Namorados? Ri com esse termo.
– Bom dia Pedro. – disse enfim.
Pedro tinha descido as escadas com uma toalha na cintura apenas. Os cabelos molhados pingando no rosto como se fosse orvalho matinal. Tudo nele, e para ele era natural.
– porque bom dia? Acordamos juntos, na mesma cama esqueceu?
Fiquei vermelho com essa frase... “na mesma cama” parecia que tínhamos feito algo que não tínhamos.
– Não fale assim... Se alguém ouvir isso vai pensar besteira.
– Você esta sensível demais com isso. Começo achar que queria que tivesse acontecido algo...
Pedro continuava a falar com um sorriso malicioso nos lábios. Lábios que tinham se encontrado com os meus. Eu havia sentido toda a maciez daqueles lábios, a umidade que eles carregavam e o gosto que eu tinha provado. Nesse devaneio perdi metade do discurso dele.
– alôô! Hugo acorda! os ovos já devem estar frios ai no prato.
– Ah eu me esqueci... Desculpe.
– Está com a cabeça aonde? –disse Pedro e ao fazer isso abriu a toalha que estava enroscada no corpo para ajeitá-la melhor.
– Você tem que fazer isso na minha frente? Não sou obrigado a ver suas “coisas”.
– já viu tantas vezes antes, por que agora ta cheio de pudores? É sobre ontem? Não mudou nada relaxa... Prometemos esquecer não foi?
Não disse mais nada, apenas abaixei a cabeça e comi os ovos... Realmente estavam frios.
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