A beleza dele sempre me causou inveja. Era aquele tipo de beleza natural e concedida a poucos mortais, a mim restou a beleza construída com muito esforço, academia, roupas, charme inspirado em atores, a dele era algo a mais. Alguns chamam de magnetismo pessoal, como uma lâmpada que atrai insetos.

Essa beleza toda dele resultava em uma multidão de mulheres se jogando em sua cama apenas pelo prazer de sua companhia, para se sentirem admiradas por alguém tão bonito quanto elas. Ele também jogava esse jogo, adorava desfilar e ser invejado por conquistar tão belos prêmios. Eu que sempre ouvia e via grande parte das cenas apenas me conformava, pois, apesar de não ser tão bonito como ele eu também conseguia meus prêmios, não tão belos ou difíceis como os dele eram é claro, mas ainda sim eram conquistas grandiosas.

Um dia, após a garota da vez sair porta a fora pela manhã, depois de uma bela e barulhenta noite, pisando duro e olhando para mim com ódio, Pedro desceu as escadas sorridente. Aquele tipo de sorriso que provoca raiva de tão cínico, e disse:

- E ai? O que achou? Linda não é? E você nem vai acreditar em como foi fácil!

Eu estava sentado no sofá lendo o jornal, não tinha saído na noite anterior, olhei para ele, tomando um gole do meu café preto e disse:

- é! Linda. Como todas as outras. E saiu furiosa, como todas as outras. Esse era o plano, estou certo?

Ele andou até mim e parou na minha frente, as mãos se enfiaram nos bolsos e os lábios fizeram um bico infantil.

- sim.