Stall Me escrita por b3awn


Capítulo 2
Capítulo II




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Tentar entender aquela situação era complicado demais para mim. O quanto mais eu tentava me lembrar, mais eu sabia que iria me arrepender. Mais do que já me arrependia. Entrei no banho na esperança de conseguir relaxar, porém cada vez mais flashes da noite anterior pareciam brotar em minha mente.

"– Vira! Vira mais um, John!" – A voz dele ecoava pela minha cabeça juntamente com imagens de nós dois bebendo como se o mundo fosse acabar...

Mais um copo de cerveja inteiro descia pela minha garganta enquanto aquele estranho ria e acendia outro cigarro.

– E você? Parou? – Eu ri também e ele pediu mais uma dose, virou toda a cerveja em sua boca de uma vez e bateu o copo no balcão.

...

Nossas línguas se enroscavam de forma desesperada, explorando cada centímetro da boca um do outro. O beijo se intensificava cada vez mais a medida que a música parecia ainda mais ensurdecedora.

– Vamos sair daqui? – Ele falou sem se afastar muito e eu concordei rapidamente, sendo puxado pela mão até a saída da festa.

...

O toque quente de sua pele e o gosto de seus lábios faziam que a luxúria invadisse cada vez mais cada canto do meu corpo. Era impossível negar que eu precisava daquilo. Precisava dele naquele momento mais do que tudo. Eu não me sentia sujo por isso. Era bom. Era o que eu queria ali.

Balancei rapidamente a cabeça tentando espantar aquelas lembranças de minha mente e levantei o rosto permitindo que a água do chuveiro caísse diretamente sobre ele. Eu só queria esquecer.

Logo após sair do banho e me vestir, pronto para ir tomar café da manhã, meu celular começou a tocar, seu barulho estridente logo ecoando pesadamente em minha cabeça.

– John Watson! – Mike disse assim que atendi sua chamada – Eu acabei de ter uma ótima ideia. E envolve você, doutor.

– E qual é? – Falei sem muito animo.

– Vamos conversar. Me encontre no café ao lado do Bart’s em meia hora, pode ser? – conferi a hora em meu relógio de pulso e concordei.

– Tudo bem, meia hora. – Minha voz saiu um tanto rouca, o que só acentuou ainda mais o meu desanimo. Desligamos logo a ligação e não demorou muito até que eu saísse de casa.

Era um dia nublado, mas, além da cor do céu, não havia muitos sinais de que choveria. O vento frio batia em meu rosto conforme eu me aproximava do local marcado para encontrar Mike. Eu não havia ido muitas vezes lá antes, mas sabia que era um bom lugar.

– John! - Mike apareceu alguns momentos depois de eu ter me sentado a uma das mesas do lado de fora do Café. Nos cumprimentamos rapidamente e ele se sentou à minha frente. - Nem te vi direito ontem na festa. Você estava lá? - riu. O único maldito assunto no qual não deveria ser tocado, com certeza deveria ser o primeiro do dia, claro. Ele fez sinal para que uma garçonete se aproximasse e pediu chá para nós dois.

– Estava sim, mas saí cedo.

– Você está abatido ou é impressão minha? - Levei meu olhar à Mike para o encontrar me encarando.

– Bebi muito ontem...

– Bebeu muito e saiu cedo? Essa é nova, Watson! - Ele riu novamente e voltou a me olhar - Mas enfim, não viemos falar disso, e sim de minha ideia. - Fiquei aliviado pela mudança de assunto e inconscientemente empolgado para saber em que Mike poderia ter pensado que fosse tão maravilhoso assim. - Lembra que você havia me dito o quanto odiava seu apartamento e como queria um melhor e, de preferência, mais barato? Então. Achei algo perfeito para você.

– Jura?! Algo tipo o que exatamente? - Sorri levemente.

– Tem um colega meu procurando alguém para dividir um flat. Acho que seria perfeito para você. Ele é bem introvertido, não vai ser difícil... O que acha?

– Bem, se o flat for bom, acho que tudo bem. - Sorri mais verdadeiramente dessa vez. Depois de tanto tempo vivendo em dormitórios enquanto servia ao exército, dividir o aluguel provavelmente não seria tão ruim. Bebemos nossos chás e não demorou tanto até que partíssemos ao rumo do velho hospital St. Bart's.

[...]

Era nostálgico andar por aqueles largos e brancos corredores novamente. A equipe havia mudado bastante, mas o prédio em si ainda continuava idêntico. Durante o caminho, Mike sempre comentava algo sobre a festa, fazendo alguma piada ou algo do tipo. Tentando agir naturalmente, eu acabava fingindo um sorriso ou uma leve risada. Não demorou muito até que eu e Mike alcançássemos as portas duplas de um dos laboratórios. Ele as empurrou entrando a minha frente no local.

– Sherlock! Boas notícias! Encontrei alguém para dividir o flat com você! – Escutei Mike falando enquanto eu entrava e, quando levantei o olhar para ver meu novo companheiro, engoli em seco.

Merda!” Pensei imediatamente.

O homem sentado junto à uma das bancadas do laboratório, era justamente o homem com quem eu havia dormido na noite anterior.

– Quem no mundo iria querer dividir um flat comigo, Stamford? E é a segunda vez que te digo isso hoje. – Ele finalmente levantou o olhar, deixando de observar algo pelas lentes de seu microscópio.

– Bem, esse é um velho amigo meu, John Watson. Ele acabou de voltar do...

– Iraque. – O de cabelos encaracolados interrompeu.

– Afeganistão. – Mike corrigiu.

– Seria minha segunda opção.

Não me lembro de ter dito nada sobre isso para ele, mas nem todas as memórias da noite anterior já haviam voltado, então era possível que eu tivesse comentado sim. Só esperava que ele não falasse nada sobre o ocorrido. Na verdade, esperava que, milagrosamente, ele não lembrasse.

Sherlock – Como eu havia escutado Mike o chamar – desviou seu olhar para mim. Parecia me analisar centímetro por centímetro, como se me estudasse profundamente, e aquilo me deixou extremamente desconfortável.

– Problemas em se acostumar com a vida civil, não é? – Ele falou rapidamente e pareceu parar sua análise sobre mim. – Bem, espero que o violino não te incomode. Se não tiver problemas com isso, então por mim tudo bem. Tem um lugar em que estou de olho na rua Baker, o que acha?

Quando a palavra foi dirigida a mim, eu travei. Levou alguns segundos até que eu conseguisse compreender tudo e notar que ele realmente parecia não lembrar da noite anterior.

– Ah, claro... Centro, não é? Parece ótimo. – Finalmente consegui fazer com que as palavras saíssem. – Mas... Seria bom se nos conhecêssemos direito antes, não? – Sugeri.

– Mas já conheço você. – Sua resposta fez com que eu engolisse em seco pela segunda vez desde que cheguei ali. Ele lembrava. – John Watson. 35 anos. Acabou de retornar do serviço militar e ainda não se adaptou à nova vida. Tem pesadelos constantes que envolvem a guerra e te impedem de dormir. – Ele dizia enquanto se levantava e envolvia seu pescoço com um cachecol azul. – Acredita que alguém para dividir o flat vai lhe ajudar com isso, mas não acredita muito nas probabilidades. Esta manhã, preferia ter tomado um café, porém aceitou o convite de Mike e acabou tomando chá. – Agora ele vestia seu sobretudo preto, semelhante ao que usava na festa, e se direcionava à porta. – Ah, e aspirina talvez ajude com a dor de cabeça.

Tudo bem, isso me assustou. Com certeza eu não havia dito nem metade daquilo tudo à ele. Até porque não interessava. Nem bêbado eu teria dito meus problemas pessoais à um estranho. E minha dor de cabeça! O chá! Como ele poderia saber?!

– Como você... – Eu estava prestes a perguntar, quando novamente ele interrompeu.

– Bem, eu preciso ir. – Abriu a porta do laboratório. – Meu nome é Sherlock Holmes. Me encontre amanhã à tarde. 221B, Baker Street. – E com isso se retirou do lugar, me deixando perplexo e cheio de dúvidas.

Afinal, ele se lembrava ou não da noite passada?


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Notas finais do capítulo

Se conseguir acabar o terceiro capitulo, posto ainda hoje também, porque é exatamente onde tudo começa a ficar mais interessante, haha
Deixem a opinião de vocês!



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