P.O.V Katie

Levei Cook até o limite da estrada esperando ele ir e esperei de verdade até ver mesmo que ele não iria voltar, sei que aquilo iria deixar ele com duvidas, mas não posso hesitar e não quero hesitar, só quero saber o maldito segredo dessa cidade bagunçada.

Fui andando para casa como sempre, “casa”... Que palavra engraçada para uma pessoa que nunca teve nenhuma família ou casa, de verdade. E agora, eu estou indo para a casa da minha mãe, não minha mãe de fato, apenas um fato isso, aliás. Não somos mãe e filha, essa relação foi cortada há muito tempo atrás e isso quebra o coração.

Eram muitas coisas para eu pensar, não sei o que pensei de verdade ao fazer isso, ao procurar tanto e acabar achando porque minha depois de velha você fica sem esperança, e eu sou uma pessoa sem esperança, sem amor e sem ser amada ou que alguém tenha alguma esperança em mim, já me acostumei com a ideia e não quero ninguém próximo a mim, sei quão complicada posso ser, e a quão bagunçada também posso ser. Não quero meter eles nessa bagunça, na minha bagunça que nem eu sei como arrumar.

Resolvi não voltar para lá para evitar todas aquelas perguntas como se algum deles se importasse comigo de fato, eles não me conhecem, eles não sabem quem eu sou.

Resolvi cortar área pela floresta como tinha feito da última vez e resolvi ir para a praia também, me sentar ali perto e encontrar a tal garrafa escondida de Hook.

Não demorou muito para eu chegar, eu estava começando a entender alguns atalhos secretos dessa cidade.

Assim que pude perceber, já vi a areia da praia, aquele clima frio, ainda bem que eu estava de botas e casaco, o clima estava frio hoje, o que foi esquisito porque geralmente eu não precisaria de um casaco para isso, fui andando um pouco, escutando aquela paz que as ondas do mar me trás. É algo bom, algo que eu conheço, é um som que eu chamo de “lar”.

Sentei-me no chão achando a garrafa de Whisky de Hook ou de alguém no meio do caminho da praia, não quis saber de modo algum de quem era aquela garrafa, não ligo para isso, eu queria apenas beber.

Fui andando mais algum tempo e me sentei numa boa distância do mar, querendo apenas pensar no que diabos iria fazer no meio desse tempo, é cansativo. É tudo apenas cansativo.

É muita coisa para pensar, e só de lembrar que eu queria apenas a conhecer, a ver pessoalmente e me meti nessa incrível bagunça.

Isso não é uma cidade normal, não sei da história toda, mas ainda... Apesar de toda essa loucura eu não sirvo para nada, eu não me encaixo aqui, apesar dessa loucura eu sou apenas mais uma bagunça, mais uma desajustada e uma pessoa quebrada. Não há nada para ser feito, eu deveria apenas ir, mas algo me faz ficar. Será Henry? Ou Emma? Eu estou um pouco cansada de tudo isso, na verdade, estou exausta.

Quero apenas estar centrada, ou em alguma festa, pouco me importando com as coisas, mas aqui... Aqui é tudo tão diferente.

Abaixei minha cabeça por um tempo, digerindo toda aquela bebida que hoje em dia não fazia efeito, não queimava mais... E por um instante, senti alguém segurando no meu ombro, o que me fez me levantar rapidamente e olhar quem era, era apenas Hook. Ele tentava disfarçar, mas sei que procurava por Cook em algum lugar por ali,

Achei engraçada toda aquela situação, ele era apenas estupido, eu iria o magoar, eu sempre faço isso.

– Posso me juntar a você? – Ele perguntou já se sentando, eu bufei rindo.

– Faça o que quiser, pirata – O fiz rir dessa vez, ele se sentou de vez, bem próximo a mim, tentei não ligar para aquilo, mas ele fazia tudo tão difícil. Conversar com Hook era algo bom, ele me trazia algo bom, mas era algo que eu não queria manter porque sei como isso vai acabar.

– O seu amigo já foi – Ele observou pigarreando, ele estava com ciúmes.

– Você está com ciúmes de mim, pirata? – Eu o olhei, não aguentei, tive que provoca-lo.

– Não, óbvio que não – Ele disfarçou, eu ri.

– Sua mãe disse que esse seu namorado não é um dos melhores – Ele falou.

– Ele não é meu namorado, eu não namoro – Eu falei e ele bufou concordando.

– Sua mãe estava muito preocupada – Ele falou e eu apenas ri.

– Yeah – Concordei.

Ficamos calados por um tempo, até que ele resolveu quebrar o silêncio com uma pergunta... Estranha.

– Você já esteve apaixonada? – Ele perguntou.

– Amor? –Repeti a palavra o olhando, ele me olhou confuso. – Amor, amor, amor... Para que isso serve? Absolutamente nada – Conclui e ele abaixou a cabeça.

– Isso é mentira – Ele retrucou.

– Como sabe? – Perguntei.

– Olhando nos seus olhos, eu apenas sei – Ele falou olhando no fundo dos meus olhos.

– Não faça isso, capitão. Será apenas complicado depois que eu for – Eu respondi.

– Você não vai, está presa aqui – Ele retrucou e eu ri.

– Irei embora em breve, não se preocupe – Eu falei virada para ele.

– Não irei deixar – Ele falou colocando a mão no meu rosto, que gesto estranho. Ninguém nunca fez isso comigo, não posso, apenas não.

– Hook...

– Por favor, me deixe apenas... – Ele não concluiu sua resposta, ele apenas veio ao meu encontro, cortou todo espaço entre a gente, não tive reação do começo, eu apenas fiquei um pouco em ali, pensando, e então senti seus lábios roçando nos meus por um segundo, esqueci de muita coisa, quis muito continuar tudo aquilo, mas eu tive apenas que virar meu rosto.

– Hook...

– Por que não deixa eu me aproximar? – Ele me parou olhando, ainda estávamos muito próximos e ele tinha sua respiração um pouco agitada e sei que eu também estava assim.

– Hook, se eu deixar isso ir para algum lugar, eu vou te magoar... E eu apenas não... Eu não quero te magoar – Eu falei e ele me olhou, viu que eu estava falando sério.

– Não vai ser assim – Ele sussurrou.

– É sempre assim, Hook. Você não conhece minha história, você apenas... Não me conhece – Eu falei.

– E quem de fato conhece você? – Hook se irritou um pouco, eu resolvi me levantar irritada. – Não fuja disso – Ele se levantou também.

– Eu estou cansada, eu não estou fugindo – Eu me irritei. E saí andando, Hook respeitou e ficou no seu lugar, não me seguiu e eu comecei a andar.

– É para a direita, princesa – Ele gritou de longe.

– Eu sei para onde estou indo, pirata – Eu me virei sorrindo e ele sorria também, ele não estava com raiva, mas sei que eu já tinha magoado ele. Mas ele não liga, acha que vai conseguir.

E eu resolvi ir para de Emma.