A Escuridão II. escrita por Novaes


Capítulo 49
Life is not total crap, Vi. There's some beauty in it.


Notas iniciais do capítulo

OLÁAA, não demorei nada, viu??? Primeiro dia do ano e eu aqui postando já acabando com a fic



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P.O.V Charlotte

Aquela voz, aquela pessoa, eu simplesmente não acreditei.

Percebi que todas aqueles flashbacks se passaram na minha cabeça como um filme, alguma coisa assim. Oh meu Deus, não acreditei, simplesmente choquei. Todas aquelas imagens na minha cabeça. Olhei para Damon procurando alguma reação dele, mas ele estava chocado também, procurei suporte nele mas ele não conseguia falar.

Senti as lágrimas caindo quentes em minha bochecha, minha visão travou naquele momento, não podia ser, simplesmente não podia.

– Charlotte? – Repetiu aquela voz.

Coloquei a mão na minha boca tentando reprimir aquele soluço maldito, minha cabeça girava, minha mente estava uma total bagunça, sei que estava travada, mas era ela mesmo, na minha frente.

Eu caí no chão, literalmente. Caí no chão de tão chocada que estava, e ouvi gritos, mas esses gritos estavam vindo de longe, de muito longe, parecia que eu estava desmaiando ou algo assim, é uma sensação horrível.

Quando abri meus olhos e a claridade os atingiu e eu finalmente pude pensar claramente e olhei para o lado e vi todas aqueles rostos olhando para mim, mas só um tinha aquele olharzinho preocupado.

Damon me ajudou a levantar, e ele me olhou e sorri de lado, era verdade, era de verdade tudo aquilo, oh meu Deus. Obrigada.

– Violet? – Perguntei insegura pensando que talvez aquilo poderia ser alguma mentira, ou ilusão da minha cabeça, ou qualquer um dos dois e quando corri e senti ela me abraçando, era real, eu senti, era de verdade. Ela estava ali, aqui, agora, na minha frente. Ela me abraçou forte, como eu tinha abraçado Damon mais cedo, olhei para o lado e vi Tate, Michael e o resto da família Harmon, assim que Violet terminou de me abraçar eu abracei meus tios e seu pequeno bebê que havia sobrevivido, estávamos todos chorando, e abracei Tate por último que me deu um beijo na bochecha bem estalado, e me segurou pelos ombros dando uma boa olhada em mim, meus olhos inchados, meu rosto cheio de lágrimas, e eu tentei sorrir, ele sorriu também. Abracei Michael fortemente, ele estava feliz mas não entendia o que estava acontecendo.

Olhei para o lado e vi Violet novamente, oh meu Deus, obrigada. De verdade, obrigada, aquilo era real, aquilo era aqui e o tal do agora, ela estava me abraçando, e quando terminamos aquele momento, Damon avisou que precisávamos ir, e eu pensei em Violet, ela não iria sair, eu acho. E quando eu saí do portão, eu senti alguém atrás de mim, bem depois do limite da casa, eles saíram, eles conseguiram, e eu a olhei ainda chocada.

Ela sorriu, e saímos para rua do lado, e me sentamos todos ali perto.

– Como isso aconteceu? – Perguntei enquanto estava abraçada com Violet.

– Não sabemos – Respondeu Tate dando de ombros.

– É verdade, apenas acordamos vivos, e quando tentamos sair, conseguimos – Falou Violet confusa.

– Vocês estão livres, são fantasmas livres, certo? – Eu perguntei feliz, eu esperei por isso, eu esperei tanto por isso.

– Eu suponho que sim – Respondeu Violet sorrindo.

– Finalmente – Falei feliz. - Mas os outros...

– Eles não conseguiram – Respondeu Tate me cortando, eu apenas concordei.

– O seu irmão...

– Ele se foi, Char – Falou Tate me interrompendo de novo e me abraçou, éramos tão próximos de Beau, ele se foi, mas era apenas uma criança, com certeza achou paz.

– Tentamos encontrar eles – Violet falou querendo chorar.

– O que importa é que vocês estão aqui – Eu falei e ela me abraçou, ela chorava forte agora, e eu estava chorando também, era importante saber que ela estava de volta, e que ela... Finalmente voltou.

Não tivemos muito tempo de conversar e fomos para o apartamento de Damon que nos recebeu de braços abertos, segundo ele, sua casa é a nossa, então... Eu ri com aquilo.

Os meus tios quiseram ficar em casa como sempre, Violet estava com Tate, e eu estava digerindo tudo aquilo e disse que iria sair para dar uma volta, Damon entendeu e disse para eu ter cuidado.

Fui para o parque, já era de noite. Me sentei no banco e fiquei observando a lua refletir na água do lago, era uma cena linda.

Senti alguém se sentar ao meu lado, eu podia me assustar mas eu olhei para olhar e vi Violet que sorria para mim, eu estava feliz por tê-la de volta. A vida é mesmo uma montanha russa como dizem por aí, eu sabia que eu estava agradecida por tudo aquilo de bom que me trouxeram de volta, mesmo sendo um inferno de eternidade, mas tínhamos boas pessoas ao nosso lado para aguentar o sempre e para sempre que temos que viver.

– Por que o parque? – Ela me perguntou cortando aquele silêncio.

– Porque é silencioso, me ajuda a pensar – Eu respondi. – Vê aquilo? – Perguntei para ela apontando para o lago que tinha o reflexo da lua. – É uma coisa linda de se ver – Falei continuando meu olhar para o lado e vi que ela olhava para mim.

– E no que você precisa pensar? – Ela perguntou curiosa e olhei para ela e agora ela que olhava para o lago.

– Estou agradecida – Falei.

– Pelo quê? – Ela me perguntou como se eu fosse uma louca.

– Pela vida, Violet – Eu falei.

– Ela tem sido bem traiçoeira com você – Violet retrucou e eu sorri, e olhei para ela.

– A vida não é uma porcaria total, Vi. Tem um pouco de beleza nela, tem amor, tem pessoas que fazem tudo dar certo, tem muita beleza no mundo, e a vida é o que você faz dela. Destino? Dane-se ele, não se importe. Faça seu próprio destino mesmo com essas nossas consequências – Eu falei e ela sorriu.

–E se eu não esquecer o passado? – Ela perguntou.

– Você tem que esquecer, ou isso acaba te matando – Eu respondi e ela sorriu.

– Você perdeu tanto – Ela resmungou baixo. – Pensei no quão iria ficar devastada quando eu... Você sabe – Ela falou evitando a tal palavra.

– Eu estava morrendo sem você aqui – Admiti e ela segurou minha mão. – Você quer saber quem eu era antes de me mudar para cá? Eu era ninguém – Eu falei e ela bufou baixo. – Eu falo sério, eu era só uma porcaria de um fantasma correndo por aí, procurando algum lugar para ficar e quando cheguei aqui vocês... Me acolheram, você principalmente, Vi – Eu falei. – Então estou grata, apenas grata à vida. Sei que parece besteira, mas antes que estava reclamando, falando no quanto a vida era uma merda, mas na verdade não é, não inteiramente para falar a verdade – Eu falei e ela riu. – Estou grata pelas coisas que ela me trouxe de volta, sei que eu perdi muito, mas sei também que vou continuar perdendo, e quando você se foi, eu senti como... Como se eu estivesse quebrada por dentro, como se na realidade existisse um buraco no meu peito que era o lugar onde você deveria estar, eu pensei que iria ficar aquele vazio, sabe? – Eu falei e vi ela abaixar a cabeça. Apertei mais firme a mão dela. – Pensei na vida, que ela era essa sujeira, que existia mil coisas quebradas, e existem, eu estou quebrada, eu sempre fui assim... Quebrada, sabe? Mas eu também pensei que eu estava quebrada demais para ser consertada novamente, mas isso não é verdade. Quer saber pelo que sou grata? Sou grata por ter uma família tão linda, sou grata pelas perdas, sou grata principalmente pelas voltas porque eu sei que se não existisse esse vazio eu não seria quem eu sou, uns anos atrás? Eu não sentia nada, agora eu sinto... Sinto tudo e nem é tão ruim assim como dizem, a vida me trouxe você, minha família, trouxe Jeremy de volta, e é a isso que sou eternamente grata – Eu falei e ela já estava chorando e limpou as lágrimas e me abraçou forte.

– Eu te amo – Ela sussurrou baixo no meu ouvido. Eu sorri ao ouvir ela dizer aquilo. Aquela era ela mesma, minha prima independente, tão valente.

Quando a gente se separou do nosso abraço eu limpei as lágrimas dela e ela sorriu.

–Eu amo você – Eu falei e ela sorriu e depois se deitou no meu ombro e ficamos olhando o reflexo da lua. Silêncio pairava ali, mas não era o tipo de silêncio que mata você, era um silêncio confortável. – Tinha esse velho que se sentou ao meu lado e perguntou sobre a vida, eu falei tudo, ou pelo menos quase tudo e ele me deu um bom conselho, ele disse que a dor do luto era uma dor tão inexplicável e que era um mistério do tamanho do mundo que ainda não foi desvendado, ele disse que a dor não vai embora, só melhora um pouco, ele disse também que o tempo é a essência de tudo e o conselho dele foi deixar a vida me guiar e que só eu posso melhorar essa minha dor – Eu falei e Violet resmungou baixo, não entendi o que. – Eu o vi hoje, descobri que ele era meu pai de verdade – Eu coloquei tudo para fora, falei com uma grande naturalidade e Violet olhou para mim chocada.

– Seu pai de verdade? – Ela falou. – Isso é incri...

– Ele não me quis, Violet. Ele não me quis e foi por isso que minha mãe acabou morta – Eu a interrompi e ela ficou calada. – Mas de qualquer forma, o velho é sábio, tenho que admitir – Eu falei e ela sorriu, e se levantou e estendeu a mão.

– Vamos para casa? – Ela me perguntou.

– É, estou pronta para ir para casa – Respondi e fomos para o apartamento de Damon.

James esperava na porta lá em baixo.

Violet subiu quando eu disse que já ia atrás dela, ela deu uma boa olhada em James e subiu.

– O que faz aqui? – Perguntei rude.

– Me dê uma chance – Ele pediu, pensei bem no assunto.

– Posso até dar, mas saiba que... Nós nunca vamos ser pai e filha, ou felizes porque isso já se foi – Eu falei. – Isso acabou faz um longo tempo – Ela falou.

– Apenas me dê uma chance – Ele pediu e eu apenas concordei com a cabeça e subi as escadas do apartamento deixando ele ali sozinho.

Violet já foi dormir num quarto que tinha ali com Tate.

Vivien e Ben foram para outro lado com o bebê e ficou apenas eu e Damon do lado de fora.

– Parece que vamos ter que dormir no sofá – Ele brincou.

– Ah, não acredito – Resmunguei fingindo estar triste e ele sorriu.

Começamos a arrumar as coisas.

– Você dorme no chão – Eu falei.

– Até aqui eu tenho que dormir no chão? – Ele resmungou irritado.

– Sim – Eu respondi rindo e ele apenas se sentou no sofá enquanto eu arrumava um colchão no chão para ele dormir.

– Olhe para você, estamos fazendo progresso – Ele brincou.

– Não seja tão babaca – Falei e ele riu.

– Até arrumando minha cama você está – Ele falou e eu joguei o lençol nele.

– Ótimo que você está pedindo para fazer isso, Damon – Falei rindo e ele foi arrumar a cama dele enquanto eu arrumava o sofá para mim e logo nos deitamos e ficamos olhando para o teto.

– Você está bem? – Ele finalmente perguntou, eu me virei no sofá para olha-lo e ele se virou também e ficamos os dois de lado nos olhando.

– É, estou bem – Eu respondi e ele sorriu, eu estendi a mão para ele. Estava parecendo uma pessoa mais que ridícula, carente ou sei lá. Não sou disso, nunca fui, mas ele pegou minha mão e eu senti meu coração disparar, acho que é assim quando você ama alguém de verdade, e aquilo me assustava, não quero me sentir assim e fazer um papel de idiota. Acabei caindo no sono, e era assim que eu queria estar, era aqui que eu estava grata, era assim que eu queria terminar meu dia, foi um dia de perdas, de voltas, de pessoas boas. Foi um dia sobre a gratidão e sobre que a vida não é tão ruim. Que ela tem suas belezas e que temos que aprender a vê-las.


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Notas finais do capítulo

Amo você!



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