P.O.V Charlotte

Abri meus olhos novamente e segui uma voz que estava me chamando desesperadamente, era Jeremy aquela voz, eu estava encharcada de sangue e fiquei com medo de quem era aquele sono, de repente, as memórias de antes voltou, Jonh me apagou de novo, aquele era meu sangue e ele aproveitava e fazia aquilo milhões de vezes, ele não tinha pena, ele gostava de fazer aquilo mais de mil vezes comigo, parecia tudo ser um grande jogo para ele. Jeremy olhava com nojo para Jonh e segurava em minha mão, tentei me levantar pois me dava uma vontade de matar ele aquelas horas, então vi que ele tinha me acorrentado de novo.

– Seu psicopata – Eu rosnei.

– Whoah! Sou nojento e doente mas psicopata, não – Ele falou num tom de zombaria, rindo de mim, ele ria de mim.

– Você me dá nojo, nojo – Falei irritada tentando sair daqui.

– Mas estamos apenas começando esse jogo, querida – Ele falou risonho.

– O que você quer de mim? – Perguntei irritada. – Deixe ao menos ele sair – Eu pedi para ele me referindo à Jeremy.

– Eu não posso querida – Ele falou como se Jeremy devesse ficar lá por alguma razão.

– Por que não? – Perguntei.

– Porque ele faz parte desse jogo, ele é uma peça importante, mas a peça principal é você – Ele respondeu risonho, chegou em mim e apertou meu nariz, eu cuspi nele e ele limpou o cuspe com ódio em seus olhos então apertou meus braços fortemente como se tivesse tentando me ensinar uma lição, então, Jeremy gritou para ele parar, ele foi até Jeremy e disse que ele sabia o que estava fazendo, ai então lhe deu um soco na cara, Jeremy ficou vermelho.

– PARE! – Eu gritava desesperada.

– Tudo bem, eu já parei – Ele falou levantando as mãos e Jeremy caindo no chão, ele estava irritado pois não podia revidar.

– Você é muito doente, por que você faz isso? Hãn? Por que eu não morri naquela noite estúpida ou algo parecido? – Perguntei irritada.

– Você não entendeu, não é? Eu odeio você! Odeio eles, vocês... Não são meus, não eram para ser – Ele falou, ele tinha ódio em seus olhos.

– Sobre o que você está falando, Jonh? – Perguntei.

– Você... É a razão que meu casamento acabou – Ele falou com ódio em seus olhos, meu pai não gostava de mim, nunca gostava.

– É assim que você me considera? Um fardo porque... Eu arruinei seu casamento? Esse casamento nunca tinha funcionado, você sabia disso! Ela nunca amou você – Eu falei e ele ameaçou agora matar Jeremy, ele tinha Jeremy em mãos. – Você matou sua filha, você sabe, foi um erro, mas você não precisa cometê-lo com seu filho também, Jeremy está bem e vivo, principalmente vivo, você vai deixar isso passar? – Eu tinha medo agora, ele tinha Jeremy em suas mãos, Jeremy estava sufocando pois Jonh estava com Jeremy no pescoço, ele ameaçava matar Jeremy sufocado e depois quem sabe quebrar o pescoço do meu irmão.

– Está com medo agora? Ótimo, por que você não vem salvar seu irmãozinho? – Ele perguntou irônico apertando mais o pescoço do meu irmão.

– PARE! POR FAVOR, PARE! – Eu implorava.

– Ah, é mesmo, você não pode – Ele completou. – Você não pode porque você não passa de um fantasma, idiota e fraco que sempre foi – Ele falava.

– O que você quer de mim? Quer que eu vá com você? Que eu pare de fugir? Ok, eu paro, eu juro! Só por favor... Solte o Jeremy! Ele é seu filho, seu com minha mãe, é o que você tem dela antes de você... Por favor, solte meu irmão – Eu falei e naquelas horas eu não queria ser forte, eu iria desabar, o medo tomava conta de mim porque meu irmão estava em suas mãos e podia ser a última vez que eu o veria e a dor da perda era tão grande.

– Você pode salvá-lo – Jonh falou.

– Como? – Perguntei tentando segurar minhas lágrimas e esperando ele responder, meu irmão estava em suas mãos, as lágrimas desciam, Jeremy tinha medo, eu não conseguia sair então comecei a tentar puxar as correntes de mim para ver se eu conseguia.

– Desligue suas emoções! – Jonh falou. Acho que ele ficou louco de vez.

– O que? Você ficou...

– DESLIGUE SUAS EMOÇÕES! – Ele gritou. – Quando você desligar, você vai conseguir sair dessas correntes como um fantasma daquela casa que sua prima morreu, eu investiguei.

– Ok! Ok! Como eu faço isso? – Gritei tentando apaziguar a situação.

– Desligue-a, apenas – Ele gritou. Eu tentei fazer o que ele disse, se fosse para salvar meu irmão, eu faria um pacto com o demônio se possível. – Vamos! – Ele falou apertando mais o pescoço de Jeremy, vi que ele estava ficando vermelho e Jonh gritava “vamos, vamos” ainda mais, eu estava ficando louca.

– Eu estou tentando – Gritei assustada, fechei meus olhos fortemente desejando que aquele momento simplesmente não estivesse acontecendo.

– Não o suficiente – Ele falou e sacou a arma do bolso de novo, vi que Jeremy conseguia respirar mais um pouco quando ele pegou a arma, fiquei aliviada mas vi logo que ele começou a apertar tanto a ponto de Jeremy tentar mata-lo, Jonh atirou na minha perna, eu senti a dor, cai para trás. – Vamos lá, ou você vai perder seu irmãozinho – Ele falou.

– Eu estou tentando – Gritei me levantando e o olhando, eu chorava agora. – Por favor, me mate, não mate ele! Ele é o único que eu tenho, ele não tem culpa alguma nisso – Eu implorava olhando para o rosto de Jeremy.

– Isso é sua culpa, garota. Sua! – Jonh rosnou apertando ainda mais.

– Eu prometo, eu vou com você, deixe-o ir – Eu implorei me levantando mesmo com a perna sangrando e doendo demais, levantei com a corrente e tentei tocar em Jonh. – Eu faço o que você quiser, eu não fujo, você pode me matar quantas vezes você quiser! Eu vou ser sua! – Falei. – Ele é meu irmão, eu estou com medo agora de você fazer alguma loucura e mata-lo, por favor... Eles são tudo para mim, e eu estou com medo de perde-los, eu sou apenas uma garota, por favor... Solte-o, Jonh, não faça isso comigo, não ele, por favor – Eu implorava.

– Você é uma mentirosa, você é igual a ela – Ele falou apertando mais o pescoço de Jeremy, ele agora não conseguia respirar.

– PARE! VOCÊ ESTÁ O MATANDO, POR FAVOR, POR FAVOR! – Eu gritava, implorando para que ele não fizesse aquilo, implorando para que aquele momento simplesmente acabasse porque estava doendo, estava doendo tanto.

– Sabe o que ela fez comigo? Pulou a cerca, você não é minha filha de verdade, Charlotte! Você nunca foi, eu a ameacei e ela ficou comigo, jurou seu amor à mim mas nunca foi para mim. Ela mentiu, assim como você – Ele falava, oh meu Deus! Minha mãe não o amava, minha mãe morreu fazendo o que sempre fez, protegeu seus filhos ao fim da força, ela sempre foi assim.

– Eu não sou como ela – Falei implorando para ele. – O que você quer que eu faça? Por favor, não o mate – Pedi e ele olhava no fundo dos meus olhos, eu estava nervosa, eu estava chorando. Olhei para Jeremy, ele me deu um meio sorriso, eu falei nos meus lábios “eu amo você”, tenho certeza que ele viu, ele concordou com a cabeça.

– Mentirosa – Ele falou apertando mais o pescoço de Jeremy, foi questão de segundos, ele quebrou o pescoço do meu irmão. Eu me mexia, ferozmente, contra aquelas correntes rodeadas, meu pulso estava cheio de sangue pelas minhas tentativas frustradas de tentar salvá-lo.

– NÃAAAAAAAAAAAAAAAAO! Por favor, não, não – Falei vendo o corpo do meu irmão caindo na minha frente, ele estava morto, o corpo dele caiu, de olhos abertos, olhando para mim.

– Meu Deus! Meu Deus! – Falei tentando chegar perto dele apesar daquelas correntes, doía, ardia mas nada era como o luto, eu não podia perder mais alguém, meu Deus! Por favor, isso não está acontecendo, eu não posso perdê-lo. – Jeremy, Jeremy, acorde, Jeremy! – Eu gritava tocando no rosto de Jeremy enquanto meu braço tremia, eu não sabia como descrever aquele momento, era de longe, o pior sentimento do mundo, eu não desejaria aquilo nem para Jonh que era um monstro. Eu tentei fazer massagem cardíaca nele, e enquanto eu tentava fazê-lo viver novamente, eu chorava, eu rezava... Nunca fui de rezar ou acreditar em Deus, mas eu precisava acreditar naquele momento, eu estava com medo, muito medo, as lembranças que passei com ele simplesmente, tudo... Eu não podia me esquecer, eu não queria me esquecer, eu não queria perdê-lo. Eu lembro agora que foi ele que veio até mim, falando quem era, meu Deus! Como é difícil, eu o tinha em mãos, mas o deixei escapar, ir embora... Tão rápido! Jonh me olhava. - O que você fez? – Gritei com ele. Ele deu seu sorriso sombrio e saiu. Ele não iria voltar nem tão cedo, o dano está feito. – Não! Não! – Eu gritava enquanto fazia massagem cardíaca, nenhum sinal, ele não iria voltar e eu não estava pronta, eu nem disse adeus, eu... Me deitei no peito de Jeremy, de repente, ele começou a sangrar pelo nariz, ele estava morto, eu gritava que nada era justo e realmente não era, o que mais iriam tirar de mim? Eu fiz uma promessa, era para eu estar no lugar dele, eu era a má pessoa, por que as pessoas boas tem que pagar pelo o que as más fazem? Essa era eu, a escuridão, a dor... Há pessoas atraídas pela escuridão, como Violet e Tate, mas eu? Eu era a escuridão, eu era a maldade e todas essas coisas, mas eu simplesmente não podia evitar a dor, eu estava abraçada em Jeremy, desejando que ele acordasse e me abraçasse novamente. É a única certeza que temos na vida, a de que todos morreremos um dia. Mas é difícil se preparar para perder alguém. Para alguns, a morte deve ser algo normal... Fácil! Agora eu acredito, que para a maioria das pessoas era simplesmente difícil, para alguns, voltaremos em uma nova encarnação; para outros, ali acaba a vida…. Teorias não faltam para tentar explicar a morte… Mas o fato é que é difícil perder alguém. Para mim, pelo menos. Um vazio parece invadir nosso peito, a sensação de que você não está vivendo aquilo, uma vontade de que seja tudo um sonho, um desespero que a gente não consegue explicar… O descontrole inicial passa, e você cai na real: a pessoa já não está em sua vida, não daquele jeito a que você estava acostumado. Aquela rotina que vocês cumpriam já não existe. Você sempre espera a pessoa chegar naquela hora de costume, mas ninguém bate à porta… No horário do telefonema, ele simplesmente não toca… Ouvir a voz dando bom-dia, ouvir a voz falando qualquer coisa… As fotos trazem lágrimas, você pensa que podia ter feito tanta coisa mais, pensa que podia ter falado tanto mais, pensa que podia ter feito algo diferente, ainda que não tenha feito nada de errado… Enfrentar a morte é um processo que exige tempo para que consigamos lidar melhor com a situação, com a ausência em si… Eu perdi alguém. Mas a vida segue seu rumo, impiedosa. Os dias vão continuar passando, normalmente, tudo vai ser normal, mas aquela pessoa que você estava acostumada... Ela não vai. Alguns dizem que o luto tem 5 fases, a primeira fase vem a negação, a gente nega que isso pode ter acontecido ou que essa pessoa esteja morta, realmente morta. Depois da negação vem a raiva, seguida da barganha... E depressão. Para muitos, o estágio final do luto é a aceitação. Mas eu não poderia nunca aceitar o que houve ali, eu os tinha nas mãos e eu simplesmente os perdi. Eu parei por um segundo, me levantei e olhei para o rosto de Jeremy, não tinha aquele brilho que eu via, não tem nada, ele apenas está... Morto. Ele não vai voltar, eu o perdi, para sempre e essa é a pior parte. É minha culpa, é tudo minha culpa. Eu chorava como uma garotinha e era o que eu realmente era. O luto é como o oceano, é fundo, escuro e é maior que todos nós, a dor era incontrolavelmente ridícula, eu não desejaria aquilo para ninguém. A dor era incontrolável, incompreensível , não tinha palavras para descrever o quão ruim era aquilo e odiava saber que ele nunca mais iria voltar, eu me deitei no peito dele de novo e abracei ele com todas as forças que tinha, minhas lágrimas caiam nele como se nunca fosse parar, eu queria que parasse. – Oh, Jer, por favor, volte para mim – Implorei baixinho enquanto entregava minha dor.