Cicatrizes. escrita por Maramaldo


Capítulo 12
#12 – Gritos.


Notas iniciais do capítulo

Últimas emoções!



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– Você pode ligar a luz? – Perguntei a Paula.

Ela sentou-se na cama e ligou o abajur ao seu lado. Direcionei o objeto para a luz e analisei tanto os fios que saiam do forro quanto à lente que brilhava sobre a luz.

– O que é isso? – Perguntou Paula.

– É uma câmera!

– Uma câmera? – Ela ficou em pé na cama ao meu lado, pegou o objeto da minha mão e o analisou. – Porque tem uma câmera no seu quarto?

– Eu não sei.

Peguei o outro objeto que havia caído na cama.

– O que é isso? – Perguntou Paula.

– É alguma proteção, ou algo assim, para esconder a lente.

– Esconder? Você está dizendo que tem alguém olhando o que acontece nesse quarto?

– Eu não sei... Talvez essa câmera seja antiga e nem funcione mais, apesar de não me lembrar de nenhuma câmera desde a última vez que estive aqui – disse, meio confuso.

– Espera. Então quer dizer que também tem uma no meu quarto – ela começou a se desesperar e então pus a mão em seu ombro.

– Se acalme – disse olhando em seus olhos. – Vamos lá no seu quarto e ver se há realmente uma câmera lá.

Desci da cama, peguei minha calça e minha camisa e as vesti enquanto Paula vestia sua roupa. Havia uma câmera em meu quarto e talvez também tenha uma no quarto de Paula. Por que aquela câmera estava ali? Estava com sono, pois não havia dormido quase nada, e ao mesmo tempo estava confuso.

Paula atrapalhava-se enquanto vestia sua roupa. Acho que o fato de ter uma câmera em meu quarto e a possibilidade de também ter uma no quarto dela a tenha deixado nervosa.

Após se vestir ela caminhou em direção a porta.

– Espera – disse sussurrando, a puxando pelo braço e colocando o dedo indicador sobre os meus lábios pedindo para que ela ficasse em silêncio.

Alguém estava no corredor.

Ficamos ouvindo os passos lentos indo em direção a escada, calados. De repente eles cessaram, e ouvimos o som baixo de uma porta bater.

– Vamos! – Disse Paula, sussurrando.

Ela abriu a porta, olhou o corredor vazio, e pouco iluminado, e foi até o seu quarto – que ficava ao lado do meu. Ela abriu a porta, pediu que eu entrasse e a fechou. Logo em seguida ela ligou o abajur que ficava ao lado da cama e olhou para o forro no teto.

– Está vendo? – Perguntou ela.

– Estou.

Era exatamente igual ao objeto do meu quarto e ficava na mesma direção em relação à cama. Tirei meu sapato e subi na cama para analisá-lo mais de perto. Provavelmente aquilo também era uma câmera.

Estiquei meus braços e com os dois dedos indicadores puxei o objeto do forro. Dessa vez a proteção não havia saído. Paula subiu na cama e ficou olhando da lente aos fios que saiam do forro.

– É uma câmera – disse ela. – Tem uma câmera em nosso quarto!

– Mantenha a calma – disse.

Ainda não estava acreditando. Todo esse tempo estávamos sendo espionados.

– Manter a calma? Pedro, talvez tenha câmera em toda mansão, em todos os quartos... Estávamos sendo espionados esse tempo todo. Espero que os tios de Layanne tenham uma boa explicação para isso – ela desceu da cama.

– Aonde você vai?

– Vou falar com o sr. Ricardo e a sra. Sara, acho que eles nos devem explicações – respondeu ela, com raiva.

– Espera – desci da cama e a puxei pelo braço. Olhei para a câmera pendurada em cima da cama e depois voltei a olhá-la. – Se estivermos mesmo sendo espionados, provavelmente a pessoa que colocou essas câmeras em nosso quarto já sabe que descobrimos.

– Pedro, nós transamos – disse ela, séria. – A última coisa que eu quero é um vídeo nosso circulando pela internet.

Não tinha mais o que fazer, ela estava decidida. Queria convencê-la de esperar até o amanhecer para conversarmos com todos sobre o que está acontecendo, mais o seu nervosismo e desespero não a deixava pensar.

Novamente começamos a ouvir os passos lentos no corredor e dessa vez eles pararam em frente a porta do quarto de Paula. Fiquei observando a maçaneta, esperando que ela girasse e alguém entrasse, mas isso não aconteceu. Seja lá quem estivesse do outro lado da porta, estava somente parado.

– Tem alguém aí – disse Paula, sussurrando com a voz trêmula e nervosa.

Fiz sinal para que ela ficasse parada e procurei algo pelo seu quarto. Havia um guarda-chuva grande perto do armário – quem se defende com um guarda-chuva? –, peguei-o e fui lentamente em direção a porta. Assenti para Paula e, pegando a maçaneta, abri a porta rapidamente.

Não havia ninguém lá.

Olhei para o corredor pouco iluminado e não havia ninguém.

– Quem está aí? – Perguntou Paula, ainda nervosa.

– Não tem ninguém – respondi.

Ela veio em minha direção e olhou o corredor.

– Vamos – disse ela.

– Aonde você vai?

– Vou falar com os tios de Layanne.

Não me esperando, ela começou a ir na direção do último quarto. Fechei a porta de seu quarto e comecei a segui-la – levando o guarda-chuva. Ficava a todo segundo olhando para trás e me perguntando quem estava andando por esse mesmo corredor agora a pouco.

Paula parou na porta do quarto dos tios de Lay, me olhou, e então abriu a porta lentamente. O quarto estava completamente escuro e não dava para enxergar nada. Ela fez sinal para que eu entrasse e depois fechou a porta.

– Está muito escuro – disse.

– Estou tentando encontrar o interruptor – disse ela. – Encontrei.

E tudo se iluminou.

Meus olhos demoraram a se adequar com a luminosidade e aos poucos eu ia enxergando o ambiente ao meu redor.

– Pedro... – disse Paula, e sua voz soava nervosa.

Olhei para ela. Seus olhos verdes estavam arregalados e suas duas mãos estavam sobre o boca. Sem perder tempo, olhei na mesma direção em que ela olhava.

Espanto. Nojo. Medo.

Fiquei paralisado diante aquela cena horrível.

A sra. Sara estava deitada na cama, coberta de vômito e com os olhos abertos.

– O que aconteceu aqui? – Perguntou Paula.

Comecei a me aproximar lentamente, com a esperança de que a sra. Sara desse algum sinal de vida, mas ela continuava imóvel à medida que eu me aproximava. Olhei para o outro lado da cama e percebi que o sr. Ricardo não estava, mas logo em seguida olhei seus pés descalços no chão. Fui até o outro lado da cama, lentamente. Minhas pernas tremiam, pois estava nervoso.

Lá estava o sr. Ricardo, no chão, também coberto de vômito e imóvel.

– Eles estão mortos – disse.

Olhei para Paula e vi que ela começava a passar mal, então corri em sua direção.

– Está tudo bem? – Perguntei.

Ergui seu rosto e vi que ela chorava. Ela tirou os olhos de mim, olhou novamente para o corpo da sra. Sara em cima da cama e começou a chorar. A abracei, pois era a única coisa que eu podia fazer. Não sabia o que dizer.

– O que aconteceu? – Perguntou ela, com a voz trêmula.

– Eu não sei... – Me virei e olhei novamente o corpo da sra. Sara. – Eu não sei.

Com a cabeça em meu ombro, Paula chorava desesperadamente.

O sr. Ricardo e a sra. Sara estavam mortos, mesmo depois de ter visto seus corpos a apenas alguns minutos, ainda não acredita. Os conhecia desde criança e lembro perfeitamente de os considerarem como meus segundos pais. Não pude conter as lágrimas e também comecei a chorar enquanto consolava Paula.

Lembro perfeitamente de quando o sr. Ricardo me balançava quando estava no pneu pendurado por uma corda na árvore, ou quando a sra. Sara contava histórias para mim e para Lay antes de dormirmos... Eles não podiam estar mortos. E logo hoje, que é o casamento de Lay.

– Está tudo bem – tentava consolar Paula.

Ela me olhou – seus olhos verdes e lagrimejantes fizeram me acalmar e me desesperar ao mesmo tempo. E logo em seguida meu corpo tremeu com um grito agonizante que vinha do outro quarto.


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Notas finais do capítulo

Agora as coisas começarão a ficar interessantes... Quem será o assassino? Porque ele está fazendo isso? Não percam as últimas emoções!
Amanhã... Capítulo #13 - Fuga.



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