Escravo de ilusões escrita por Vitor Vaz


Capítulo 6
Capítulo 6




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Carta:

É meio desesperador ter que escrever uma carta, e esta tem que estar perfeita, sem nenhum erro. Precisa estar impecável. Fazendo com que você, leitor, sinta tudo que senti. Reviver momentos, dos mais obscuros, dos quais nunca revelei a ninguém. Só espero que tenha consciência que essa vida não é sua, então trate-a com cuidado ao ler. E o mais importante: se divirta!

Não quero te confundir, então vou tentar resumir meus anos e intrigas pessoais para você. Para não ficar perdido, irei te guiar em meu mundo. Logo aviso, os nomes e acontecimentos são verdadeiros, então não tente brincar, o que leu aqui permanece aqui. Vou tentar confiar em você. Será que devo?

Podendo ou não, a escolha é minha. Bem vindo à minha emocionante vida. Lembrando que alguns trechos foram retirados de diários ao longo dos anos.

Para aqueles que não me conhecem, meu nome é Leonardo Fernandes... Bom, tudo começou no dia vinte e dois de novembro de 1996, quando eu quase matei minha mãe de infecção no parto. Foi algo normal, um bebe precisa fazer suas necessidades, o único problema foi que as realizei ainda na barriga de minha mãe. Ou seja: defequei dentro dela.

Mas ela conseguiu sobreviver, e vivíamos felizes eu mamãe e papai. Mas em meados de 2000 um demônio quis entrar na família, e tivemos que dar espaço para ele crescer. Acabando com a paz de uma família quase normal.

Nada de estranho ou importante ocorreu entre os anos de 2000 e 2007(pulei muitos anos, mas posso te afirmar que a minha vida só começou a fazer sentido um tempo depois. Tenho certeza de que você não quer saber sobre ciúmes entre irmãos e problemas anteriores). Aprendi a escrever, a falar, a comer sozinho e o mais importante a conviver com os outros.

Mudei de escola várias vezes, nunca entendi a razão. Meus pais alegaram na época que não eu não tinha o perfil de alguém... De alguém normal, mas quem pode me julgar? Dizer que sou anormal? Posso ter critérios diferentes para analisar essa categoria.

Em 2010 as coisas começaram a se estabilizar, frequentei psicólogos e outros médicos. E foi nesse ano que entrei na MELHOR ESCOLA DO MUNDO, depois de enfrentar cinco institutos diferentes, de longe aquele eram os melhor, melhores professores, o diretor era maravilhoso. Encontrei amigos para a vida, e foi lá que conheci Aline, minha melhor amiga.

Primeiro dia de aula:

– Eu aposto que nessa escola você vai conseguir se adaptar, soube que é uma das melhores aqui da região. Tem um método de ensino diferenciado, espero que você se encaixe – disse minha mãe ao me dar um longo beijo na bochecha - Leo...

– O que?

– Me promete que vai tentar – Os olhos dela estavam cristalinos, como se alguém estivesse prestes a chorar por uma perda – que vai ser normal com os outros?

– Vou tentar- Respondi ao sair do carro e ir em direção a minha escola. Também esperava me adaptar.

Olhando a escola de fora, parecia velha, mal cuidada. As paredes eram verde musgo, e no centro encontrava-se um portão enorme ferrugem. No segundo que pisei dentro da escola, vi como as aparências enganam. O corredor estava cheio de crianças correndo, com um ar de despreocupação. Adolescentes rindo como se o amanha não importasse. E era assim que queria me sentir, seria isso possível?

Quando finalmente achei minha sala, observei-a com precisão, as janelas a minha frente, transparentes com a vista para um parque, talvez o da escola(?). Fiquei impressionado com o ar positivo que aquele lugar me proporcionava em tão pouco tempo.

Ao acabar o primeiro dia, me senti encaixado, não havia machucado ou discutido com alguém. Apenas fiquei no meu canto, sem ninguém me perturbar. Os professores tentaram puxar uma conversa, mas logo notaram que eu era mais fechado e desistiram.

Depois daquela manhã, percebi que eu conseguira mudar de personalidade e decidi continuar com ela para ver se conseguiria ser "normal".

*Primeiro mês de aula:

Continuei com meu comportamento dócil. Não respondia ninguém, não era alvo das piadas, e às vezes me perguntava se eu era mesmo daquela escola ou se aquele lugar realmente existia.

Em um mês cursando, vários professores nos passaram projetos em grupo. E não fui descartado. Uma menina chamada Aline me incluiu em todos seus grupos. No começo achei estranho, o que ela queria de mim? Será que ela estava tentando se aproveitar? Soube que ela mantinha as notas altas. Então decidi não dar muita confiança a ela, só fazer o necessário e tentar não manter contato. Parece bizarro, mas o que venho aprendendo em tempos para cá é que você só pode confiar em si mesmo.

Passando os dias, fomos montando o projeto do trabalho e Aline parecia mais interessada em minha vida, não queria ela como amiga, apenas queria passar de ano despercebido. Essa era minha meta, e iria continuar assim até sair ou ser expulso daquela escola.

Faltei alguns dias para ver se Aline parava de encher o saco, mas não. Mesmo com as minhas faltas, ela continuou perguntando sobre meu passado e eu fiz de tudo para não me expor de mais, porém tive que jogar as cartas na mesa.

Aline não era uma pessoa interesseira, só estava sendo gentil e amigável, enquanto eu estava sendo grosso e insensível. Aline uma garota com cabelos... Ah você conhece a ALINE JENNER.

Começamos a conversar e acabei me dando muito bem com ela.


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