Ex-amigos escrita por Aivillapot


Capítulo 11
Capítulo 11 - Amor e Guerra


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é do mal!
*chora*
Não acredito que acabou!
*chora mais*
Boa leitura, ou não.
*afogadona em lágrimas*



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Depois daquela noite exaustiva e curiosa para os dois rapazes, Lucas acordou sozinho na cama, com uma luz colorida tocando ardente seu rosto. O moreno se levantou, todos os seus músculos pediam um pouco mais de descanso, mas ele estava tão extasiado dentro de si que não deu ouvidos as dores, nem aquela em especial...

– Kal...? - Chamou Lucas, mas não houve resposta.

Em cima da mesa de centro da sala de estar tinha um café da manha bem simples e um cartão. Lucas achou incrível, porque Kaleb realmente repulsava preparar qualquer coisa na cozinha, mas o suco de acerola, o pão com presunto e queijo minas só podiam mesmo ter sido preparados por ele, a desordem na cozinha denunciava e o cartão confirmava: Amor, desculpa ai, mas você sabe que comida me detesta... Fazer o que se o meu amor por ela é platônico? e ainda dizia: ''Eu adorei ontem, foi uma surpresa pra mim, espero que não esteja doendo muito, te amo. Fui montar, mas espero voltar antes que você acorde. Bom dia!''

Lucas riu-se e comeu seu maravilhoso lanche da manhã que por algum motivo desconhecido estava muito, sem exageros, muito bom. Quando terminou o enorme rapaz moreno deitou-se no sofá e ficou enrolando seus próprios cachos com os dedos, enquanto isso seu sorriso estava incontrolável nos lábios e na escuridão de seus olhos fechados, um fio longo e loiro de cabelo voava. Ele se sentia bobo e até tentava parar de se torturar com os pensamentos apaixonados de uma inacreditável noite, nem ele sabia de onde veio toda aquela coragem.

Repentinamente um susto. Um beijo. Beijo que antes de corresponder fez questão de verificar que não era um sonho. Mas os agora, milhões de fios dourados escorriam sobre sua bochecha e os inacreditáveis olhos azuis de Kal eram que estava ali. O barulho silencioso da natureza à janela. Kaleb tinha um sorriso estranho, mas meigo e aquela lágrima presa na beira dos olhos, aquela de Lucas amava e odiava.

– O que aconteceu? - Perguntou o moreno, pousando a mão com cuidado na bochecha do loiro.

Aconteceu que eu te amo e não importa o quanto isso pareça estranho pros outros. Ele fez uma pausa. Eu sei que Deus não liga pra quem a gente ama, desde que a gente ame de verdade. A lágrima escorreu. Ele me disse isso lá fora hoje, porque o sol lá fora me disse isso e disse pra eu nunca me esquecer que Deus nos deu como meta o amor e deixou bem claro que é o ódio e a intolerância não vai se sentar a sua mesa.

– Eu to preocupado, com você agora, meu amor... - Disse Lucas se sentando com um pouco de dificuldade.- Não chora não... Pediu, abraçando devagar o menor.

– Você não entende. - Disse Kaleb sorrindo. - Eu to tão feliz por estar aqui com você, nesse dia, que eu não to conseguindo guardar tudo isso dentro de mim. - Riu Kaleb com o sorriso e o brilho nos olhos mais lindos que Lucas já havia presenciado na sua curta estada na terra.

Eles se beijaram e Kaleb abraçou Lucas como se fosse o primeiro abraço de todos os apaixonados do mundo.

– Vem aqui. - Chamou Kaleb indo pra varanda da pequenina casinha. - Vem, Lucas... - Ele ria como uma criança que acaba de ganhar um presente de natal.

Lucas levantou devagar e foi até Kal, mas agora era nos olhos dele que as lágrimas se acumulavam. A grama e as flores que cercavam a casa estavam brilhando com o orvalho sobre elas, uma brisa fria nem parecia afetar Kaleb em baixo dos raios carinhosos do sol e os mini arco-íris que deixavam as flores e as janelas mais coloridas, parecia cercar e alcançar tudo.

– Esse aqui é o Eros. - Disse Kaleb rindo pra um enorme cavalo preto a sua frente. - É a terceira melhor companhia do mundo.

– Ele é lindos mesmo. - Disse Lucas acariciando a cabeça do animal.

– Quer montar nele? - Perguntou Kaleb tirando de Lucas um olhar de reprovação e uma risada sem graça.

– Você foi bonzinho comigo ontem, eu sei, mas ta doendo ainda... Desculpa. - Pediu o moreno, meio sem graça.

– Bom, eu vou levar ele no estábulo, então. - Disse Kaleb rindo e montando em Eros.

Lucas ficou vendo seu namorado cavalgar até sumir dentro no estábulo. Depois sair passando algumas informações a caseira e sua filha e correr até ele.

– Vamos? - Sorriu. - Minha mãe disse que seus pais estão fazendo um almoço pra ela, por não terem ido ontem.

– Meus pais? - Perguntou Lucas.

– Algum problema? - Perguntou de volta Kaleb.

– Ah, sei lá, achei que eles iam querer ficar um pouco mais sozinhos, comigo... - Respondeu Lucas.

– Quer cancelar? - Perguntou Kaleb.

Os pais de Lucas o visitavam com freqüência, mas ele ainda sentia muita falta. Kaleb sabia que em teoria, era um pouco culpa sua, mas também sabia que era uma escolha de Lucas e que ele não podia se culpar por isso.

– Claro que não, pelo menos assim a gente pode contar pra eles, sobre nós. - Ele sorriu.

O casal pegou o carro e dirigiu até a cidade onde foram direto para a casa de Lucas.

– Filho! - Disse empolgada, Eduarda, abraçando Lucas assim que passou pela porta. - Você passou a noite fora e nem avisou nada, sorte sua que a Su, disse que vocês iam sair um pouco mais. - Riu a mulher.

– Pois é... - Disse Lucas se afastando um pouco.

Kaleb estranhou a atitude do namorado, mas fingiu não ter percebido.

– Tia Duda, que saudade da senhora. - Disse Kaleb abraçando a Sogra.

– Kaleb... - Sorriu a mulher. - Quanto tempo! Achei que você e o Lucas não eram mais amigos.

– Mãe! - Reclamou Lucas.

– Não, Luc, tudo bem... - Disse Kaleb, rindo. - De fato, nós somos ex-amigos, mas isso não impede muita coisa... - Concluiu.

– Claro! - Sorriu Eduarda satisfeita.

– Lucas, Kaleb... - Disse Otavio. - Achei que não iam chegar nunca da noitada. - Riu o homem, passando a braço em volta dos rapazes. - To fazendo um churrasco, você podem me ajudar? - Pediu.

– A gente vai sim pai, só deixa a gente tomar um banho. - Disse Lucas.

– Ta certo! - Respondeu Otavio. - Vocês tão fedendo mesmo. - Brincou.

Os rapazes riram e subiram ao quarto de Lucas, onde pegaram roupas e toalhas e para tristeza deles, seguiram separados para banheiros bem longe um dos outros. Depois desceram e cumpriram o que tinham combinado com Otavio. Logo a campainha tocou e Susana entrou acompanhada por Matias.

– Mãe! - Disse Kaleb. - Matias?! riu.

– Oi, meus amores! -Susana cumprimentou o filho e o genro.

– Olá, como estão? - Disse Matias a todos com um sorriso muito suspeito, mas que Kaleb não ia questionar, porque aquele sorriso com certeza significava um sorriso dentro da calça da tia Su e tadinha, ela tava precisando...

Tudo correu muito bem até que...

– Ah meninos, mas me contem, quando foi que vocês voltaram se falar? - Perguntou Eduarda.

Os rapazes se entre olharam lembrando da briga que fez eles enfim voltarem a ser amigos e riram.

– Vocês já contaram pra eles? - Perguntou Susana dando a mão para Lucas.

– Na verdade não. - Disse Lucas sério.

– Contaram o que? - Perguntou Eduarda.

Um silêncio um tanto opressivo tomou a mesa.

– Que eles estão juntos. - Disse Matias sorrindo para os rapazes.

Eduarda riu e Otavio a encarou inexpressivo.

– Claro, como bons amigos. - Disse Eduarda séria.

– Não, mãe, como namorados! - Explicou Lucas, sério.

– Você são homens, não podem namorar um com o outro, sempre te disse isso, Lucas. - Disse Otavio com muita calma.

– Que antiquado... - Sussurrou Matias, com um riso incrédulo.

– Está questionando o jeito como educo meu filho, senhor? - Perguntou Eduarda se levantando da mesa com um olhar de superioridade.

– Não, senhora! - Riu Matias. - Estou questionando o seu bom senso! - Sorriu.

– Bom senso deveria ter essa bixa! - Disse Eduarda com um sorriso sínico e olhos colados em Kaleb.

Susana se levantou e foi calmamente até Eduarda.

– Quem você pensa que é pra tratar o meu filho assim? - Perguntou a loira a um dedo de distancia do rosto da morena de cabelos longos e convidativos.

– Eu sou a mãe de um garoto inocente que foi levado, por esse nojentinho, pervertido, para esse lado. - Disse Eduarda levantando ainda mais seu rosto.

A loira levantou a mãe para Eduarda, mas Matias a segurou.

– Não vale à pena, machucar sua mão no rosto dela. - Disse o negro.

Antes os rapazes só encaravam a discussão, sem reação alguma, mas quando Lucas olhou para Kaleb e viu todo aquele brilho de mais cedo se tornar o buraco escuro e chuvoso onde o loiro havia caído com as primeiras humilhações da maldosa mulher, decidiu tomar partido de sua própria causa.

– Você está enganada! - Sorriu Lucas se levantando e indo até Kaleb.

Eduarda ria, sínica.

– Eu amo o Kaleb. - Disse Lucas beijando o topo da cabeça do loiro, que parecia despertar devagar. - Ele não me obrigou a isso.

– Você não sabe o que está dizendo. - Disse Eduarda indo até ele e segurando seu braço.

– Tanto sei que posso provar. - Lucas disse soltando seu braço das mãos da mãe.

– Não diz bobagem filho. - Disse Eduarda, com lágrimas pesadas escorrendo pelas bochechas. - Eu não te eduquei pra isso.

Lucas virou a cadeira de Kaleb, como se ele nem estivesse ali e o beijou.

– Viu?! - Perguntou Lucas para a mãe.

A mulher alta e de cabelos pretos levantou a mão e deu um tapa no rosto do filho.

– Eduarda, você tem que entender, que nosso filho é assim e é o melhor filho do mundo. Sendo exatamente como ele é! - Disse Otávio abraçando sua esposa.

– Todos tem defeitos, mãe. - Constatou Lucas.

– Ser gay não é um defeito filho. - Corrigiu Otavio. - Não há nada de especial, nada de errado. - Ele sorriu.

– Não!!! - Berrava Eduarda em prantos.

– Se você acha que é especial só porque é diferente da maioria, esquece, porque vocês continuam sendo gente, normal, que ama, que trabalha, estuda e que constrói uma família. - Continuou Otávio. - Se orgulhem do que são e ignorem os ignorantes. - Vocês são tão normais como eu e Eduarda e tão normal quanto Susana e Matias.

Kaleb que agora estava em pé, sorria e chorava de alegria nos braços de Lucas.

– Vem, meu anjo, vamos descansar um pouco. - Disse Otávio à Eduarda, que chorava mole em seus braços. - E eu peço desculpas por isso. - Ele disse olhando para Susana e Matias.

Os quatro que restaram na sala se abraçaram e agradeceram um ao outro por estar ali e por saber que nessa luta constante contra o preconceito, eles vão estar juntos e não vão se deixar abalar.

– Eu acho que essa é a melhor hora pra isso, apesar dos pesares. - Disse Kaleb a Lucas.

Susana sorriu para Matias e apertou firme sua mão. Kaleb tirou do bolso uma caixinha e a abriu aos olhos de Lucas que por fim chorou.

– Será que você me agüentaria pra sempre? - Riu Kaleb.

– Muito além!

FIM.


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Notas finais do capítulo

E esse é o fim e o começo.
Acho que posso postar um capítulo extra, depois, mas não garanto.
Obrigada por ler até aqui e eu espero do fundo do meu coração que tenham gostado.
Beijinhos e mordidinhas.
Até a próxima.
*balança o lencinho*
*manda beijos*
*acena*
*chorando oceanos*



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