Miss Missing You, Kise. escrita por Miss Ann


Capítulo 5
Capítulo 5.




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Ryouta só havia se permitido desabar no interior de seu apartamento vazio. Misaki estava de plantão no hospital e só chegaria pela manhã e isso daria tempo para que ele deglutisse tudo que estava acontecendo naquele momento. Sua cabeça repassava milhões de coisas ao mesmo tempo e agora ele era capaz de lembrar de tudo. Antes, durante e depois do acidente. Quem tinha sido o causador e a forma como tudo tinha acontecido.
— Kise! - uma voz gritou do outro lado da porta assustando o loiro, que se encolheu.
— Vá embora, Aomine!
— O que aconteceu? - questionou, socando a porta de leve. — Eu vou entrar. - Kise tinha esquecido que tinha dado ao moreno uma cópia da chave de sua casa para o caso de emergências. Afinal, era sempre ele quem estava por perto para ajudá-lo quando fosse necessário.
— Não. - já era tarde demais. A porta estava sendo destrancada.
A reação madura e completamente adulta de Kise foi se esconder no quarto e trancar a porta. Enquanto ouviu o chamado de Aomine, ele escorregava com as costas contra a porta. Ele só precisava de um tempo para pensar em tudo, mas o moreno não o deixaria em paz até saber o que o estava atordoando.
A porta onde se escorava vibrou sob o punho de Aomine.
— Kise, estou preocupado. O que aconteceu?


Kise carregava metade do peso de Aomine em seus ombros, enquanto o outro tropeçava em seus pés que arrastavam pelo chão de forma desajeitada. O loiro alternava entre rir e ofegar pelo esforço de guiar o amigo bêbado e cantante até de volta ao seu apartamento com segurança. Não que ele próprio estivesse sóbrio o suficiente para isso.
— Chegamos. - disse, ambos caindo sobre o sofá fofo de Aomine. — Você é pesado, Aominecchi.
— Você que é frrrraco. - resmungou, mais engrolado que o devido. Ele ergueu o corpo moreno e fitou, com seus olhos desfocados pelo álcool, para o loiro cujos olhos estavam cerrados e a beira de fecharem para que dormisse. — Oe, Kise.
— O que foi? - questionou o outro, já com a voz rouca. Estava quase dormindo mesmo, mas ainda estava completamente consciente de seu corpo para sentir o toque gélido de dedos em seu rosto.
— Já entendi porque você virou modelo. - a risada de Aomine tornou a pele alva mais rubra do pimentão e Kise se mexeu, incomodado. Havia algum tempo que Aomine passava dos limites no álcool e falava coisas do gênero para ele. Era perturbador... E particularmente excitante de algum modo.
Droga. Ele devia estar mais bêbado do que pensava. E olha que só acompanhou Aomine em cinco rodadas. Queria imaginar o estado de Kagami, já que ambos disputaram até nisso.
— Vai dormir.- disse Kise, querendo que sua cabeça parasse de inventar coisas. Expulsou o moreno do sofá onde estava. — Você tem sua cama. Vou ficar no seu sofá hoje. - ignorou os resmungos enquanto deitava no sofá abraçando as almofadas de enfeite que haviam nele. Seu corpo estava exaurido e ele adormeceu quase de imediato. Sonhou que o moreno afagava-lhe os cabelos com carinho.

— Eu lembrei de tudo, Aomine. - o coração de Daiki falhou numa batida e ele se obrigou a inspirar fundo e manter a calma.
— Do que estamos falando?
— Por favor, não se finja de desentendido. - os joelhos de Aomine cederam e ele caiu de frente para a porta, apoiando a testa contra o material gelado.
— Vamos conversar. - a voz era rouca e suplicante.

— Precisamos conversar. - o tom de Aomine carregava uma seriedade que não lhe era comum. Kise franziu a testa e deu os ombros, parando de frente para o amigo. Estavam numa quadra próxima a casa de Aomine e estavam no intervalo de um one on one quando foi feito este pedido.
— Pode falar, Aominecchi. - os olhos caramelos, assim como os lábios finos, sorriram como sempre faziam e aquilo pareceu ser uma tortura a Aomine pela expressão que existia em seu rosto. Ele abriu a boca para falar a primeira, mas fechou, com medo. — O que foi?
— Nada. Vamos voltar a jogar. - Aomine pegou a bola dando as costas para o loiro cuja curiosidade estava fervilhando. Kise correu em direção ao moreno e começaram a disputar da mesma maneira que sempre faziam desde o fundamental até depois da faculdade. Mesmo não seguindo a carreira, Ryouta ainda apreciava jogar com os amigos, principalmente Aomine por razões óbvias.
Ryouta se posicionava de forma defensiva, tentando bloquear os passos de Aomine, que mantinha o cenho franzido, destoante dos cinco minutos anteriores onde ele sorria. E, se perdendo nesse pensamento do que poderia estar perturbando o outro, pisou em falso ao tentar impedir o avanço de Aomine, o que levou ambos ao chão.
As costas do loiro doíam pelo impacto no chão, assim como o restante do seu corpo por ter amortecido a queda do moreno.
— Você está bem? - sem querer, Kise se arrepiou, surpreendido pela proximidade absurda da voz de Aomine em sua pele. Ao abrir os olhos, percebeu que o maior estava pro cima dele, com seus olhos azuis como o céu noturno brilhando de preocupação. — É um idiota mesmo. - resmungou ele, ficando em pé e estendendo a mão para Kise, que recusou. Não sabia o que estava acontecendo com ele
para seu corpo responder tão... Rápido a proximidade com o outro. A recusa dele pareceu transtornar Daiki. — Kise, você está estranho. - o moreno avançou para tocar o outro, que se esquivou.
— Você que está estranho, Aominecchi. - o loiro deu as costas alisando os próprios cabelos, tentando disfarçar seu constrangimento. — O que está acontecendo? - ele deu uma risada sem graça.
— A culpa é sua. - respondeu o moreno com a voz carregada de impaciência.
— E por que seria?
— Se eu me interessei por você, é porque a culpa é sua. - o sussurro foi escutado com dificuldade mas, quando processado, travou todos os movimentos de Ryouta, que se virou devagar para trás para saber se era aquilo que tinha escutado. Era tarde para questionar, pois Aomine já estava se retirando da quadra.

— Isso tudo é culpa sua, Aomine. O acidente, a confusão na minha cabeça. - Kise dobrou os joelhos contra o corpo e apoiou a cabeça, suspirando. — Vá embora.

Daiki inspirou fundo e fechou os olhos. Suas mãos se fecharam em punho e se comprimiram contra a porta que o separava do outro. Seu peito doía porque uma mão parecia que esmagava seu coração e ele sentia dificuldade em respirar direito. Aquilo era o desespero. Aquilo era seu mundo caindo.
— Kise, o que eu fiz para você estar fazendo isso comigo? Eu posso mudar... Eu... - não soube mais o que falar.
— Desde que nos conhecemos, você é mau comigo, intencionalmente ou não. Ainda lembro do jogo da Kaijo contra a Touou. Lembro do que você me disse quando bloqueou minha enterrada tirando a bola de mim. - Aomine também se recordava. Tinha sido naquele dia que Kise tinha passado de um mero colega da Teiko para algo de seu maior interesse. Era o fato que, depois do seu olhar de pena, Kise tinha se libertado de todas as suas amarras e virado um rival adequado para seu nível. E, sob o olhar de ouro de Kise, um olhar felino e ameaçador, ele sentiu algo mudar dentro de si. Queria repetir o mesmo sentimento várias e várias vezes. — Sua crueldade é tão grande que no mesmo dia em que decidi seguir meus sentimentos e falar com você, eu te encontro com outra pessoa.

Tinha acontecido de uma hora para outra e nenhum dos envolvidos saberiam explicar direito como ou quem havia iniciado. Sabia-se que estavam discutindo ativamente por algum motivo qualquer e desnecessário durante um one on one. Deveria ter sido por uma falta ou por uma jogada errada, tanto faz. O que os surpreendeu foi a atitude de Kise de finalizar a mínima distância que havia entre ele e o rival e, mais por impulso e desejo próprio, do que pela razão, ele beijou Aomine Daiki. Os segundos de espanto de Daiki não duraram muito antes que ele afundasse as mãos nos cabelos loiros trazendo-o mais para si. Estava tão desesperado por aquilo que mal percebia a voracidade com a qual beijava os lábios de Ryouta que já tinha largado os questionamentos de ter feito aquilo. Era muito bom para pararem, mas o ar lhe fugia aos pulmões e foram obrigados a se separar.
Quando se olharam e Kise realmente entendeu o que tinha feito, sentiu recair uma cortina de vergonha sobre si. Se esquivou do enlace dos braços morenos e correu para longe como o diabo foge da cruz.
Correu até o primeiro lugar que pensou (— ou seria o segundo, já que a casa de Aomine seria a primeira?). Quando abriu a porta, o loiro abraçou o rapaz a sua frente e, sem perceber, estava aos prantos.
— K-kuro...Kocchin. -

O pequeno rapaz de cabelos azuis como os céus de verão o aceitou em sua casa e ouviu todos os detalhes da história de Kise, que sentia-se mais aliviado ao contar aquilo que remoía há tempos dentro de si. Ao fim de relatar tudo, a tarde já havia passado e a noite entrava com alguns ventos frios. Kuroko pareceu pensar por um tempo sobre o que o outro falara e, escolhendo cuidadosamente as palavras, aconselhou-o da melhor forma que pôde. Isso levou Kise a decidir algo.
Com uma despedida calorosa, o loiro deixou a casa do amigo e retornou a própria tomando um banho e vestindo roupas adequadas ao tempo. Pegou o carro e parou num restaurante, comprando algumas coisas quentes. Seguiu direto para o apartamento de Aomine. Bateu duas vezes na porta e pediu ao porteiro para interfonar, mas não houve resposta. Então, usufruindo de uma cópia da chave que Aomine escondia muito mal na parte superior do batente da porta, resolveu que esperaria o rapaz dentro da casa dele. Tinham muito a conversar. Destrancou a porta. Deixou cair a sacola que continha a comida.
Seus olhos marejaram e ele afastou um passo ao ver a cena que estava na sala.
Aomine estava deitado somente de calças rodeado de latas de cerveja vazias e cartas de baralho. Com a cabeça deitada sobre a barriga dele, uma mulher de cabelos platinados dormia totalmente nua, parecendo exaurida. As roupas estavam jogadas pela sala e parecia que havia tido uma festa particular ali.
A cena enojou Kise, que saiu atordoado depois de bater a porta com demasiada força. Desceu as escadas correndo e entrou no seu carro, precisando fazer três tentativas para conseguir ligá-lo. Sua cabeça parecia ter parado de funcionar. Estava se sentindo usado. Tinha ido ali confessar seus sentimentos. Queria ter dito que poderiam tentar entrar num relacionamento. Ele iria tentar aceitar sua sexualidade e tentaria ajustar isso a sua fama de modelo. Não se preocuparia tanto com a própria imagem.
Mas tudo desvaneceu diante daquela cena.
Pisou no acelerador e mudou a marcha. Estava difícil de enxergar porque seus olhos estavam marejados e então ele tirou uma das mãos do volante para secá-los. Quando pôde enxergar direito, não conseguiu frear a tempo no sinal vermelho.
O impacto do outro carro no seu foi forte demais a e última coisa que conseguia se recordar era o sorriso de Aomine.

— Mulher de... - começou Aomine. Então ele fechou os olhos, recordando-se de tudo. Sakura tinha precisado vir urgentemente a província de Tóquio para resolver alguns problemas na edição de seu livro e passou o tempo na casa do jogador de basquete. Justamente naquele dia, resolveram comemorar tudo com cerveja (— e Aomine, secretamente, o beijo com Kise) e acabaram jogando baralho numa tentativa ineficiente de Sakura para ensiná-lo a forma ocidental. Não recordava muita coisa, apenas por ter acordado com Sakura nua ao seu lado e ele ter gritado para que ela parasse de fazer isso na casa de outras pessoas. — Não é o que você está pensando.
— Claro que não. Deve ter sido de várias outras formas, até o que não pude pensar, não? - a risada fria de Kise fez Aomine socar a porta. — Qual o tamanho dela? 42F?
— Pare com isso, Kise, e me ouça! A Sakura era uma colega de infância e a gente retomou a amizade na faculdade, quando ela voltou a morar no Japão. Ela é maluca e adepta do nudismo não importa quantas vezes eu fale para ela não fazer isso! - quem escutasse a conversa acharia aquilo engraçado, mas a seriedade de Aomine era densa. — Desculpe-me se parecia que tínhamos algo, mas nunca nos envolvemos além do adequado! - Kise encostou a cabeça na porta e fechou os olhos. Seria tudo mentira do outro ou...
Ou apenas ele falava a verdade e ele tinha agido como um tolo e se acidentado por idiotices? Não. Aquilo não era idiotice, afinal, a tal de Sakura tinha era o padrão de Aomine e era muito bonita. E, mesmo se não passasse tudo de um engano, como Kise reagiria ao olhar para o moreno? Como olharia para Misaki, sua noiva?! Sua cabeça era rodeada de dúvidas.
— Por que eu nunca a conheci? - questionou, baixinho.
— Você deve ter ouvido falar dela, Kise. Ela é uma das jogadoras de basquete mais famosas do Japão, mesmo depois de ter sofrido uma lesão grave na perna e ter que amputá-la. Ela tinha saído do país e voltou para fazer faculdade, onde a gente retomou contato, só que a gente ficou ocupado com nossos respectivos times e não conseguíamos nos encontrar. Nessa época, ficava difícil até mesmo encontrar com você. Mas quando ela perdeu a perna, eu quem dei muito apoio até ela conhecer o Kagami. - o loiro arregalou os olhos. — Eles namoraram por mais de seis meses, mas por ele ser um idiota completo, terminou com Sakura e ela voltou a sair do país para jogar por um time americano. Durante esse namoro, você quem viajou para a Coréia gravar um dorama, por isso não se encontraram em nenhuma festa. Enquanto estava nos EUA, ela veio algumas vezes e ficou na minha casa, supervisionando a produção do livro dela. Numa dessas que você a encontrou, só que foi numa situação
completamente imprópria.
— Não me diga.
— Eu já disse: ela é louca. Se você quiser, eu te apresento a ela e você vai concordar comigo. - ele se calou e esperou. Mas o silêncio preencheu aquele momento por longo tempo e, francamente, Aomine nunca foi uma pessoa muito paciente. — Kise, por favor. - suplicou. — Não me ignore. Não sabe como foi difícil... Tudo. Não sabe como foi difícil viver sabendo que você tinha me esquecido totalmente.


Depois de acordar e descobrir uma Sakura nua sobre seu corpo e uma sala bagunçada, Aomine sentiu sua ressaca piorar consideravelmente. Cutucou a mulher para acordá-la e jogou a peça de roupa mais próxima para que ela vestisse. Gritaria com ela depois, sua cabeça doía em demasia. Levantou e tomou uma ducha gelada forte, sentindo-se quase 100% bem. Tomou uma aspirina e foi para cozinha,
encontrando Sakura dormindo sobre a bancada, coberta apenas pela regata branca, enquanto a cafeteira indicava que o café estava sendo preparado.
Um toque irritante quebrou o silêncio abençoado no ambiente e irritou Aomine, que correu para atender ao celular jogado no sofá.
— Alô. - era Kuroko e ele não trazia boas notícias. Desligou rapidamente, pegou um casaco, enfiando-o de qualquer maneira e saiu, batendo a porta com força e assustando a sonolenta Sakura.
Não recordava muita coisa do caminho até o Hospital Geral. Só lembrava de ter chegado e pedido para visitar o paciente do quarto 233, onde foi conduzido rapidamente por uma enfermeira prestativa.
Ao chegar, observou o rapaz de quase 1,90m em pé, olhando para a janela do hospital. Em seu braço, havia um agulha que fornecia acesso para o soro que ele carregava no equipo ao seu lado. Em sua cabeça, havia uma atadura que parecia dar várias voltas.
— Kise? - o rapaz loiro se virou e abriu um sorriso feliz que desarmou por completo o moreno. Assim como os hematomas que manchavam a pele branca de seu rosto e clavículas.
— Olá. - ele se virou por completo, ficando de costas para a luz do sol. — Quem é você?
As palavras pareceram esfaquear Aomine. Seus braços caíram pesadamente ao lado de seu corpo e o sorriso que tinha se desfez tão rápido quanto fumaça. Aquilo fez o acidentado franzir o cenho, mas antes que perguntasse algo, o médico que estava tomando conta dele entrou e ralhou com seu paciente por estar fora da maca, atrapalhando o próprio processo de recuperação. Pediu que Aomine saísse
do quarto para fazer alguns testes e o jogador obedeceu, aguardando no corredor. Aguardou um pouco e o profissional saiu, fechando a porta atrás de si.
— Aomine-san, é um prazer conhecê-lo. Sou um grande admirador. - disse, cumprimentando-o com ligeira reverência. — É amigo de Kise-san? - o outro assentiu, ansioso. — Bom, o seu amigo sofreu um acidente de carro nesta madrugada. Não foi grave, fisicamente falando, mas o impacto da cabeça dele com o volante pode ter gerado um traumatismo, o que explica o atordoamento dele. Não se recorda de absolutamente nada, mas acredito que seja do trauma psicológico, já que suas funções mentais parecem íntegras nos exames que fizemos. - Aomine não estava entendendo muita coisa do que o outro dizia e o médico deve ter reparado. — Em suma, Aomine-san, Kise está bem, mas sua memória pode demorar um pouco para voltar. As chances são elevadas, basta ele achar o gatilho que desperte isso.
Com um aceno, deixou o rapaz parado no corredor por instantes até que conseguisse disfarçar razoavelmente seus sentimentos e pudesse retornar para o lado do loiro. O que mais doeu foi que, enquanto se apresentava, não viu nenhum reflexo de reconhecimento nos olhos caramelos.

Toda sua confissão não passara de um sussurro. Dizer o que sentia não era fácil, principalmente por seu orgulho, mas abrira o jogo. Seu coração pesava menos pois, mesmo que fosse rejeitado, tudo estaria às claras. No outro lado da porta, Kise comprimia o ouvido contra a porta, ouvindo cada palavra. Sua confusão permanecia, mas de alguma forma, não era mais importante. Ou, ao menos, não diante da única perguntava que pairava na ponta de sua língua, mas que estava receosa de chegar aos seus lábios.
— Você ainda está aí? - era engraçado como os sussurros roucos de Aomine tinham um efeito estimulante sobre o seu corpo.
— Sim. - respondeu na mesma intensidade.
— Você me odeia mais agora? - Daiki se sentiu infantil em perguntar aquilo só que sentia que era preciso.
— Ainda não entendo o que você quis dizer com tudo, Aomine...Cchi. - confessou Kise, encostando a testa na porta. — Mas não, eu não te odeio. Acho que isso nunca aconteceu em momento algum. - Aomine encostou as costas na porta e olhou para a luminária do corredor. Ele pensou por um minuto e umedeceu os lábios antes de falar.
— Eu não sei como dizer isso para você de uma forma tão compreensível. - começou. Havia certo medo e ansiedade em sua voz. — Sei que, na minha cabeça, tudo começou com tons de cinza. Não era preto ou branco e sim um meio termo, aquilo que ficava vagando no limbo. Foi assim que segui minha vida até você entrar no time da Teiko. No começo, não senti diferença, mas quando foi se aproximando de mim com esse sorriso bobo e olhos doces, era como se eu pudesse vê-lo com um pincel molhado de tinta colorida. Era difícil: as cores ficavam fracas porque se diluíam no cinza ou então eram cores estranhas. Só que você insistiu em continuar pintando e pintando. Sempre com um sorriso afável como se não se importasse em fazê-lo. Então, aconteceu: você desistiu das cores individuais. Naquele dia, em especial, enquanto eu te abraçava e seus lábios permaneciam sob os meus, você desistiu de pintar com azul ou verde. Resolveu jogar todas as cores que pôde ali e então eu virei uma tela em branco. Cada cor era um sentimento e eu pude aceitar todos. Alguns passaram a ser mais fortes que outros, então gradativamente minha tela em branco se encheu de cores vívidas. Eu não via mais em cinza, mas percebia cada cor que continha seu toque especial. Quatro cores se tornaram tão reais para mim e parecia que eu podia percebê-las a cada instante: o branco, como a pureza de sua alma e tua pele alva; o amarelo, que resplandece em seus cabelos loiros; e o caramelo, que brilha em seus olhos tão fluído e vivo quando, sem querer, seu olhar repousa sobre o meu. - Kise destrancou a porta, abrindo-a no ímpeto. O moreno caiu com as costas no chão, fazendo estrondo. Passou um minuto até que abrisse os olhos e encontrasse Kise com olhos mareados e pele rubra. O loiro estendia uma mão para ele, ajudando-o a ficar em pé. Quando o fez, Daiki tocou as bochechas úmidas do outro, secando as lágrimas com as pontas do dedo. — A última cor seria a junção das outras três. A última cor seria você, Kise.
O loiro o abraçou forte, afundando o rosto na curva do pescoço moreno.
— Não me deixe esquecer você nunca mais. Nem você e nem tudo isso que acabou de falar. - sussurrou contra a pele perfumada. Aomine, que estava surpreso pela atitude de Kise, relaxou os ombros e se permitiu abraçá-lo forte.
— Não vou. - Kise se afastou o suficiente para observar os olhos azuis resplandecerem de felicidade.

Daiki se inclinou o suficiente para roçar os lábios contra os do outro e vê-lo aceitar seu gesto tão prontamente e retribuir em intensidade igual ou maior. Nada poderia diminuir a felicidade dos dois naquele momento mesmo que soubesse o quão difícil poderia ser dali para a frente assumir a situação.
Mas, por agora, aquilo seria suficiente.


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Notas finais do capítulo

Nosso capítulo final antes da terceira parte!



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