Miss Missing You, Kise. escrita por Miss Ann


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

A gente se fala ali no final do capítulo, eh?



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Aomine Daiki estava sentado no chão da sala espaçosa de seu apartamento. Seu olhar alternava em pairar sobre um pelúcia exageradamente fofo ao seu lado e, em seguida, olhar para um controle remoto que repousava na mesinha de centro próximo a suas revistas de esportes. Consultou o relógio de pulso platinado no pulso e percebeu que havia dado a hora para um programa que tinha reservado em sua TV a cabo. Ele pensou duas vezes antes de tomar o controle em mãos e ligar o aparelho de TV no exato momento que a abertura do programa aparecia. Em momentos breves, falaram sobre os convidados e diziam ter uma grande atração para noite, disposta a falar sobre sua vida.
Daiki torceu os lábios, segurando um suspiro. Era um idiota por atender ao pedido daquele mongol, mas como o próprio pôde perceber, havia um certo excitamento na voz que fazia aquele pedido que se tornava inegável. Principalmente porque Aomine era capaz de imaginar o sorriso aberto no rosto e, pior, era capaz de sorrir apenas com o som da voz dele e a perspectiva de saber que ele sorria.
— Oe, Kise! - exclamou ele, ao ouvir o pedido. — O que você pensa que sou para assistir esses programas de mulherzinha? Uma de suas fãs?
— Por favor! - pedia o rapaz no outro lado da linha. — É muito importante!
Era impressionante a capacidade de convencimento que aquele loiro tinha, pois conseguira até mesmo fazê-lo reservar o programa com atecedência. Logo Aomine que esquecia até mesmo onde colocava as chaves!
O moreno voltou-se para a TV e, pegando um papel de presente cuja estampa era de bolinhas coloridas, começou a embrulhar o urso de pelúcia de forma desajeitada. Chegava a ser irônico o fato dele fazer ótimas cestas em qualquer posição e ser um completo inútil em relação a embrulhar presentes — que, para humanos normais, é algo bastante simples. Os minutos foram passando e ele não prestava tanta atenção ao programa, ao passo que cortava dali e grudava daqui, até escutar a voz esganiçada da apresentadora pronunciar um nome familiar. Aomine afastou os metros de papel amassado que estavam a sua frente e, aumentando o volume do aparelho, fixou os olhos na figura loira e alta que acenava para as câmeras, enquanto andava até a poltrona que haviam lhe reservado. Foi automático para o moreno sorrir.

— Então, estamos aqui com um dos escolhidos para a categoria Rapaz Mais Bonito do Japão, Kise Ryouta! - exclamou a apresentadora, esticando a mão para o loiro, que agradecia aos elogios com ligeiro constrangimento, mas sem perder a compostura suave e charmosa. — Vamos falar sobre você, Kise-kun. Como é ser um modelo famoso e ainda tão jovem?
— Às vezes, tudo parece irreal. - respondeu o loiro, com um sorriso pequeno. — Descobri que lugares onde tenha muitas mulheres jovens virou uma armadilha para mim. Pode ser que eu entre e não saia. - ambos riram da forma assustada com que ele expressava isso e a platéia os acompanhou. — Mas eu agradeço a todos pelo carinho, principalmente porque foram vocês que me fizeram estar aqui hoje! - uma onda de awnn inundou o som da TV arrancando um riso baixo de Daiki. Kise sabia ser um showman quando necessário.
— Bom, Kise, já que estamos falando sobre suas fãs... Recentemente, você as deixou preocupada. O que aconteceu? - Aomine desviou o olhar do aparelho para o embrulho de presente no chão, jogado entre tantos rasgos de papel. Ele mordeu os lábios, pensando mais do que deveria, antes de ser chamado novamente para a Terra quando o toque de mensagem do seu celular soou no ambiente. Achou o celular embaixo de uma das almofadas do sofá e, ao consultá-lo, percebeu que a mensagem era de Kuroko.
— Não se preocupe., dizia.
— Não estou. - mentiu em voz alta, antes de digitá-la para o melhor amigo. Enviou em anexo a foto do presente para melhorar sua farsa. Quando a mensagem foi enviada, voltou-se novamente para a televisão.
— ... Tudo ficou bem depois. - dizia Kise. — Tive apoio dos meus amigos e estou me recuperando melhor que o esperado!
— Isso que são ótimas notícias. - exclamou a apresentadora. — Será que existe alguém especial te ajudando nessa recuperação rápida, hm? - o loiro corou diante das palavras da mulher e cruzou as pernas longas enquanto pensava se deveria falar ou não.
— Existe. - afirmou ele, com certa vergonha. — Essa pessoa tem estado presente desde o acidente e me incentivando em tudo. Meus amigos teriam ciúmes da nossa relação, se soubessem. - por um momento, Aomine franziu a testa. Seu coração, sem autorização, começou a bater um pouquinho mais rápido, como se esperança tivesse circulando em suas veias. Ele se permitiu ficar ligeiramente feliz; se permitiu pensar que poderia ser sobre quem falava, afinal, todos os dias, encontrava Kise. Fazia companhia pelo menos algumas horas por dia após seus treinos exaustivos. Mesmo que não conversassem tanto quanto antes ou ainda, que algumas coisas faltassem para que o coração de Aomine se reconfortasse... Poderia ser que tivesse lembrado de algo?
O toque de mensagem chamou novamente e ele atendeu, mas sem desviar o olhar da televisão. Na verdade, pegou o celular e levou até onde pudesse olhar para a tela de ambos os aparelhos.
— Isso está horrível. Por favor, melhore o embrulho, Aomine-kun.
— ... A pessoa se chama Akihiro Misaki. Nós ficamos noivos ontem a noite! - exclamou Kise, com a voz boba de um apaixonado, enquanto levava os dedos a uma corrente em seu pescoço cujo pingente era um anel fino de ouro branco. — Assim que ela souber que falei o nome dela diante da TV, eu serei espancado.

O tom risonho com que Kise falava aquilo destruiu ainda mais Aomine, que ainda segurava o celular no alto. A tela que havia sido bloqueada com o passar dos segundos ficou clara e o aparelho começou a vibrar em sua enorme mão. Mas ela não teve firmeza para segurar o aparelho, que se espatifou no chão. O barulho o fez desviar para o celular, vendo que era Kuroko que ligava. Era óbvio que até mesmo ele devia ter sido pego de surpresa.
Pegou o celular. Deslizou o dedo pela tela e negou a ligação.
Sua cabeça parecia muito leve e não conseguia pensar em nada. E o toque do celular era irritante porque agora não bastava apenas Kuroko ligando. Momoi e Bakagami também apareciam como chamadas secundárias. Queria que o deixasse em paz naquele momento. Porque nem ele sabia o que poderia falar quando abrisse a boca.
Akihiro Misaki. O nome era bem vago em sua memória. Se lembrava de uma que tinha sido enfermeira na época que... Aomine suspirou. Poderia ser ela. Ou poderia ser qualquer outra. O resultado seria o mesmo no fim das contas. Porque, no final, não seria ele.
Pegou o celular e, ignorando as chamadas, discou o número que nunca sairia de sua cabeça. Quando colocou o telefone contra a orelha e resvalou sem querer sobre sua bochecha sentindo-a úmida. Esfregou a outra mão no rosto, surpreendendo-se com as gotículas cintilantes e salgadas. Atenderam a chamada.
— Oe, Kise... - sua voz era firme. — Parabéns pelo noivado.
— Eu queria ter contado antes, mas quis fazer uma surpresa! - sua voz expressava a felicidade que cortava o coração do moreno. — Você será o padrinho, Aomine-kun!
Aominecchi.– sussurrou ele, inclinando a cabeça até que tocasse seu joelho dobrado.
— Como, Aomine-kun? A ligação está muito baixa.
— Obrigado, Kise, pelo convite. Será um prazer. - replicou, extraindo forças do âmago de sua alma para isso. — Preciso desligar. Tenho que acordar cedo para o treino de amanhã. - se despediu e ao finalizar a ligação, arrancou a bateria do celular para um lado e o aparelho para outro.
Levantou do chão e caminhou até seu bar particular, escolhendo a garrafa cujo rótulo informava maior teor alcóolico. Virou o conteúdo dela em sua boca, se engasgando um pouco com quão forte era, mas não desistiu. Continuou entornando até que tudo escapasse a sua memória, como escapava as memórias de Kise. Não queria mais lembrar de nada.

**

Dois dias inteiros se passaram até que Kuroko e Kagami resolvessem bater no apartamento de Aomine. Não adiantava ligar para o celular dele ou para a casa ou ainda para o treinador. Parecia que o moreno havia simplesmente sumido como fumaça. O ruivo tinha chegado primeiro ao prédio e, com a permissão do porteiro (que já o conhecia de vista), conseguiu acesso. Subiu até a cobertura do prédio, não deixando de ficar impressionado como sempre ao chegar ali: a carreira de jogador de basquete de Aomine estava lhe rendendo bons lucros para sustentar certos luxos como este apartamento.
Quando chegou ao andar e parou em frente ao número desejado, observou um enorme embrulho mal-feito estacionado na porta com um bilhete.
Jogue fora, por favor.
O ruivo franziu a testa e guardou o bilhete no bolso. Esperaria Kuroko para saber o que faria com aquele troço.
— Kagami-kun, o que é isso? - a voz do menor quase causou um ataque cardíaco no ruivo. Por mais acostumado que estivesse a pouca falta de presença dele, volta e meia o de cabelos azuis conseguia assustá-lo com essas aparições momentâneas.
— Seu maldito. - rosnou, se virando o mais baixo e fitando as orbes azuis. — Anuncie sua presença.
— Eu estava aqui o tempo todo. - respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo enquanto se abaixava para mexer no embrulho. — Isso era um presente que Aomine-kun comprou para o Kise-kun.
— E por que ele está jogando fora? - Kuroko pareceu pensar por um instante.
— O quanto você sabe sobre Aomine-kun? - o ruivo encarou os olhos azuis enormes de Kuroko. Possuíam um ar sério e com certa angústia.
— Menos do que você. - afirmou, fazendo o menor sorrir. — Imagino que você saiba onde tem uma chave reserva, não? - o azulado assentiu. Mostrou a Kagami o esconderijo super-secreto de Aomine, que escondia a chave na parte mais alta do batente da porta. Destrancaram a porta e, assim que abriram, puderam imaginar como poderia estar a cabeça de Aomine.
Tudo estava uma enorme desordem. Haviam garrafas espalhadas pelo chão e alguma devia ter quebrado pelos cacos de vidro que estavam jogados perigosamente. Revistas abertas se misturavam aos cacos e vários rasgos de papel.
— Vamos arrumar isso. - disse Kuroko, indo direto para a dispensa para buscar um par de vassouras e pás. — Tome cuidado para não se machucar. - Kagami agradeceu pelos avisos antes de começar a varrer toda a sala, jogando todo o lixo cortante numa sacola preta. Quando foi para o quarto, descobriu os lençóis revirados e sujos de vômito.
— Aomine, seu bastardo. - resmungou, colocando um par de luvas de borracha antes de mexer naqueles panos que também foram parar no lixo. Ao término, o local quase parecia decente. Mas ainda faltava alguma coisa aos olhos vermelhos de Kagami, que franziu a testa. Não soube o que era, então, dando os ombros, voltou para a sala onde Kuroko o esperava com uma xícara de chá. — Aonde esse maldito está, Kuroko?
— Tenho uma ideia sobre isso. - replicou de forma misteriosa. — Ele está bem, Kagami-kun, caso contrário já teria me ligado. Ou alguém teria noticiado algo, afinal, é um dos jogadores de basquete mais conhecidos do Japão, não? - o ruivo se viu obrigado a concordar. — Ele só precisa de tempo para... Absorver tudo.
— O que quer dizer? - Kuroko fitou a superfície esverdeada de seu chá.
— Sente-se, Kagami-kun, e eu explicarei tudo.

**

A bolsa de viagem caiu desajeitadamente no chão diante da porta de madeira maciça e escura. A mão esquerda de Daiki pairou no ar, fechada em forma de punho, ameaçando bater na porta, mas sem forças. Ele inclinou a cabeça até encostar na porta gelada. Segundos depois, a porta foi escancarada e ele caiu por cima de quem abrira a porta.
— Dai-chan? - a voz estava sonolenta. Ainda eram oito horas da manhã.
— Sakura! - levantou-se rápido, saindo de cima da mulher e, somente quando estendeu a mão para ajudá-la, percebi que a mulher vestia apenas uma blusa de botões aberta. Ele desviou o olhar ainda mantendo a mão esticada. — Você tem que aprender a usar roupas íntimas.
— Você está na minha casa e quer me ensinar como me vestir? - ela ficou em pé sozinha e fechou alguns botões da blusa para que mostrasse menos do que deveria.
— Uma vez, você me disse que essa era minha casa também. - Sakura sorriu.
— Então... Okaeri, Dai-chan. - o abraço foi reconfortante o suficiente para acalmar um pouco da tristeza que doía no peito de Aomine.
— Tadaima, Sakura.


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Notas finais do capítulo

Então... Eu tô segurando essa short há um bom tempo, tipo, desde a metade da segunda temporada de KnB. Eu sou muito fã de AoKise e essa história surgiu num surto enquanto ouvia Miss Missing You do Fall Out Boys. Eu não vou postá-la inteira porque quero dar umas ajeitadas e quero postar um pouco mais de Even Flow, história que está mais para um spin-off de Sakura e Kagami! Quem quiser dar uma conferida, é só visitar esse link (http://fanfiction.com.br/historia/512333/Even_flow/). Espero que gostem e, se sentirem confortáveis, comentem!



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