Stars Auslly escrita por C H C


Capítulo 26
Emoticons & Centros de Reciclagem


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai! Esse é bem revelador, embora não seja muito grande. Vocês vão descobrir o sequestrador e, no próximo, que talvez eu escreva hoje ainda, as explicações da vida da Ally. Eu não prometo, mas talvez seja grande.



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Bati os pés no chão, logo chutando uma das paredes da loja, sem me preocupar com as pessoas que passavam estavam pensando. O meu desespero aumentava gradativamente a cada segundo, quando a minha esperança de Ally aparecer dizendo que é uma brincadeira e rindo de nossa cara desaparece mais.

–Eu deveria matá-la por me preocupar desse jeito. - sussurrei a mim mesmo. Peguei seu celular pela décima vez nos últimos segundos e digitei a senha, desbloqueando a tela. Trish permanecia rondando em círculos atrás de mim.

Algo chamou-me a atenção. A tela inicial já não é mais a mesma de quando estávamos juntos à tarde. Mudara. E, pelos meus instintos, fora realmente recentemente. Afastei-me egoistamente de Trish e Jace, adentrando profundamente o beco. A única luz provinha de uma lâmpada assustadora. Ignorei os chamados.

Emoticons.

–Aus! - Ally pulou em meus braços animadamente. Eu a rodopiei, curioso para saber o motivo de sua felicidade. - Descobri o segundo amor da minha vida!

–Como é? - perguntei assustado. Eu ainda acreditava que o primeiro amor de sua vida era o seu pai, e eu, em segundo. Ela havia encontrado alguém, facilmente, me substituindo? - Eu, não é?

–É claro que não. - arregalei os olhos quando ela revirava os dela inocentemente. Recuei, temeroso. - Ah, não fique assim, ciumento. - Ally me deu um beijo na bochecha, rindo. A encarei indignadamente. - Você é o primeiro. - fitei-a por alguns segundos, absorvendo as suas palavras.

–E o segundo é o quê, então? - questionei, interessado, mas agora sorridente. Ally gargalhou, e eu acariciei a sua bochecha.

–Emoticons! Eu descobri que eles podem salvar vidas. São extremamente úteis, olhe, eu até baixei um aplicativo onde tem muito mais deles! - gargalhei de sua nova paixão, encarando a tela do celular que Ally me mostrava.

Retornei ao presente. A compreensão atingia-me aos poucos; Ally era esperta, muito esperta. Incrivelmente esperta. Procurei identificar rapidamente seus emoticons, concentrado em suas frases. Estava óbvio, desde o início.

Ally deveria ter percebido algo. Primeiramente, começara a dar pistas com os emoticons e colocá-los em sua tela inicial. Após, talvez, jogado o celular no chão, sabendo que iríamos buscá-la, no momento do sequestro. Sorri, orgulhoso, embora eu próprio não achasse o momento oportuno.

Uma placa de alerta, perigo, ao lado de uma câmera. Tentei interpretá-las, sem entender muito bem. Talvez se eu levasse até Trish, pudéssemos descobrir juntos e de uma maneira simples. No entanto, algo me dizia para não ir - egoísmo, possivelmente.

Um click formou-se em minha cabeça, e a imagem de Ally surgiu em minha mente. A câmera só poderia significar que nós estávamos sendo vigiados. A placa de sinal de alerta indicava perigo. Pulei para o próximo sinal.

Proibido e um policial. Revirei os olhos, sorrindo. Não chame a polícia. Duas meninas, agora. Elas estavam de mãos dadas, sorrindo. Cocei a cabeça, porém não encontrei nada a que relacionar. Relógio. Tempo. Por último, um símbolo de reciclagem. Resolvi que, agora que eu estava convicto de que não conseguiria aprofundar o conhecimento que possuía, necessitava da ajuda de Trish e Jace. Entretanto, estávamos sendo vigiados. Ally alertara. Precisávamos tomar cuidado.

Avancei novamente pelo beco, enfiando o celular no bolso traseiro. Jace parece extremamente preocupado e olhava ao redor, parecendo procurar por algo. Trish chorava copiosamente em seus braços, ele abraçando-a apertado. Desviei o olhar momentaneamente; lembrava-me muito quando eu estava com Ally.

–Vamos embora. Não há mais nada a ser feito aqui.– dei ênfase à última palavra. Trish olhou-me, indignada, como se eu fosse um monstro com sete cabeças. Pisquei disfarçadamente para ela, então cocei o olho. A compreensão tomou seu rosto.

–Certo. Procuraremos a polícia? - Trish mudou de assunto, entendendo que precisaríamos sair do local para que eu pudesse lhes contar algo. Jace nos encarava, aparentemente sem entender. Acenei negativamente com a cabeça, e ambos assentiram. Nós três entramos no carro em silêncio.

Aguardei ansiosamente enquanto nos movíamos para longe da loja do desaparecimento. Toquei o celular de Ally e o puxei quando verifiquei e concordei que estávamos longe o suficiente para qualquer câmera nos gravar. Trish inclinou-se para trás e logo pulou ao meu lado, e percebi que Jace mantinha-se atento a nós. Desbloqueei a tela novamente, mostrando os emoticons.

–Uma vez, Ally me disse que os emoticons poderiam salvar vidas. - comecei rapidamente. Trish encarou o celular e a expressão de que havia entendido circulava por seu rosto. - Eu consegui decifrar todos, exceto dois. Este... - apontei para o das duas meninas de mãos dadas. - ... e este. - passei o dedo levemente por cima do logo de reciclar. Trish apertou os olhos.

–Eu entendi. Um deles. - falou, por fim. Encarei-a de um modo apreensivo. - O das meninas. Quer dizer que Ally foi traída. Foi uma garota que ela considerava uma amiga. Isso pode ser difícil, considerando que tivesse muitas amigas em Miami. Ah, isto está me dando dor de cabeça. - e massageou as têmporas, de um modo que pareceu acalmá-la. Bufei frustrado para o lado. Ally provavelmente não sabia onde estaria indo, ou teria deixado algo que explicasse.

Algo que explicasse.

O símbolo de reciclagem.

–Eu sei onde ela está. - afirmei, respirando rapidamente, com dificuldades em segurar o ar por tempo suficiente para respirar. Os rostos de Trish e Jace viraram-se para mim em expectativa, e eu me senti como se estivesse em um cargo de extrema importância; a vida de Ally agora parecia estar dependendo de minha compreensão. E a nossa felicidade também. - Jace, qual é o centro de reciclagem mais próximo? E o mais afastado, também.

Fazia sentido que a garota que designara a Ally um sequestro houvesse levado-a para o mais longe possível de nós, de Nova Iorque. Entretanto, Ally já havia dado dicas demasiadas - estávamos altamente próximos ao seu paradeiro agora. Contudo, também tinha o mesmo grau de sentido que tivesse levado a minha namorada para o mais perto, sabendo que iríamos relacionar os fatos e buscá-la o mais distante possível.

Jace não me respondeu, apenas acelerou o carro, sem importar-se com as placas que indicavam menos de 60km por hora. Estávamos a uma velocidade incrível e ao mesmo tempo controlada o suficiente para não nos fazer capotar ou bater o veículo.

A tortura de nos fazer esperar dentro do carro era insuportável. Embora eu soubesse que, obviamente, demoraria muito mais correndo por minhas próprias pernas, eu gostaria de estar fazendo-o. Eu me sentiria mais útil, e meus pensamentos ruins não implicariam em me atormentar pelo resto da viagem.

Estávamos demasiado preocupados para prestar atenção em outras coisas. Cada um de nós imaginava algo diferente, ainda assim centrando em situações péssimas acidentalmente. Eu procurava obter a identidade da traidora. Eu queria torturá-la, porém jamais chegaria tão longe. Somente em pensamentos.

**

Trish havia adormecido em meu ombro, e tomei a liberdade de passar meu braço confortavelmente ao redor dela. As memórias em que nós três e Dez havíamos ficado juntos em nossos quartos há anos atrás resultavam em apenas um pensamento: que jamais imaginaríamos, naquela época, que três anos depois estaríamos preocupados procurando por Ally em uma cidade completamente grande tarde da noite, somente com emoticons vagos para nos guiar.

–Pare de culpar os emoticons. - Trish me deu um tapa no braço. Pelo visto, havia despertado. Encarei o chão, envergonhado; ela me conhecia melhor do que eu mesmo. Ela e Ally sempre souberam o que eu estava pensando. - Sem eles, estaríamos perdidos.

–Eu sei, eu sei. Eu só queria que ela tivesse colocado mais explicações nisso tudo. Talvez o nome da garota...

–Não seja burro. Não poderíamos ter estabelecido nenhuma conexão mesmo com o nome da garota. E, se nós a conhecemos, talvez sua mente seja um pouco, uh, brilhante - sua expressão denunciava que não estava contente em elogiar a garota fantasma. Repeti a careta, encarando o vazio da noite afora da janela. -, e não fosse em nenhum lugar do qual tentaríamos.

Apesar da explicação contrariada e confusa, eu peguei sua ideia. Se nós a conhecemos, a garota poderia fazer algo inusitado e levar Ally para um local sobre o qual não tivéssemos conhecimento, ou que não pensássemos que iria. O centro de reciclagem era um ótimo exemplo - o último lugar, provavelmente, que procuraríamos.

**

Desci do carro, tomando precauções para não bater a porta com força. Não queria chamar a atenção de ninguém para nós e anunciar a nossa chegada, estragando os planos que tínhamos.

Arrependi-me de não ter bolado nenhum plano com o casal enquanto permanecíamos no carro. Tanto tempo desperdiçado, em que poderíamos ter discutido e bolado algo infalível. Bufei, exasperado. Trish, por incrível que pareça, estava sendo cuidadosa.

As luzes estavam acesas, indicando que o centro estava em funcionamento. Prossegui lentamente, um pouco mancando, para debaixo de uma das janelas; a vidraça era transparente, inteiramente, o que me dava certa vantagem. Espionei, enxergando claramente pessoas lá dentro.

Haviam três homens, mas nenhuma garota. Ou nenhuma mulher adulta. Somente os três. Pareciam-me cópias fiéis de seguranças, embora não estivessem trajados para tal. Seus braços estavam cruzados, de todos, e eles não conversavam, somente pareciam monitorar o local. Abaixei quando um dos olhares virou em minha direção.

Encarei novamente, desta vez mais cauteloso. Lambi os lábios, um hábito que adquiri quando nervoso. Bufei discretamente e encarei Trish e Jace parados atrás, abaixados em outras janelas, fitando-me. Balancei a cabeça negativamente e espiei outra vez.

Percebi, com certo temor, um saco grande de lixo atrás dos três. Todos formavam um pequeno triângulo, como se protegessem o saco, que dava pontapés para os lados. O meu coração se apertou. De alguma forma, eu sabia que Ally estava ali dentro.

O saco caiu uma vez. Quase ri da situação, porém não era engraçada. Era um sequestro. Ally poderia não estar conseguindo respirar ali dentro. Minha respiração própria iniciou um estado instável, descompassado. Não ousei olhar na direção de Trish e Jace, que aguardavam o meu sinal de barra limpa.

Um dos homens impacientemente levantou novamente o saco. Esse, por sua vez, tornou a cair. Desta vez, ninguém interrompeu. Pareciam estar cansados, sem forças. Isso muito provavelmente nos daria vantagem. Éramos três. Eles, também. Jace era forte, eu, também, e fui formado em karatê. Trish... Bem, Trish por si só exalava medo e confiança. Não era-lhe necessário muito mais.

A claridade me alcançou quando aquele par de olhos me fitou. Ela sabia. Sabia que eu estava ali. Encarei-a de volta, fascinado, com a respiração presa, o peito estufado.

Ally encarava-me por uma pequena abertura no saco. Seus olhos eram os únicos que pendiam para fora. Percebi, então, com certo atraso, que eles haviam feito um buraco para que ela pudesse respirar. Por enquanto, ela estava bem. Eles haviam tomado cuidado. Era o suficiente, por agora.

Seu olhar não denunciava medo; ao contrário, era firme. Era forte. Ela ergueu um pouco o queixo, mostrando uma amordaça em sua boca. Senti a raiva invadir minhas veias, porém deixei passar. Quando seus olhos retornaram para mim, eu pude notar que ela não estava incomodada com a fita adesiva em sua boca. Um pequeno movimento em seu rosto denunciava um sorriso, mesmo que não pudesse mostrá-lo. Sorri de canto e pisquei a ela.

–Mas já? Eu deveria ter esperado. - resmungou alguém atrás de mim. Virei-me para Trish e Jace, e minha amiga tinha um olhar apavorado e a boca escancarada em surpresa. Os olhos, vidrados. Olhei para a figura em pé. Eu definitivamente a reconhecia. - Ela é esperta. Eu deveria saber. Como foi que Ally conseguiu te mostrar tudo? Hein?

–Cassidy... - sussurrei, sentindo o entendimento me cobrir. É claro. A amiga falsa. Cassidy havia passado-se por amiga durante todo aquele tempo, enquanto havíamos estado em Miami. Enquanto Ally tinha estado sozinha.

Um sorriso maléfico surgiu em seu rosto. - Oi, Austin.


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Notas finais do capítulo

Então... O que acharam sobre a Cassidy? Talvez vocês já esperassem, mas, bem, eu ainda tinha planos para ela. Pra mim, Cassidy é uma personagem forte, haha. Sooo, reviews?



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