Guardioes de Deus: a Batalha nos Ceus escrita por cardozo


Capítulo 33
Capítulo 12 - A Lua de Sangue, Quarta Noite. PI




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A Lua de Sangue, 4ª Noite...


Arão e Bal estavam sentados em seus quartos, enquanto Dafne voava de um lado para outro.
-Nossa Bal, este quarto está uma bagunça, precisa de uma pequena limpeza. Pequena não seria a palavra correta. Ele precisa de uma grande limpeza.
-Mulheres todas iguais. Resmungou Bal, lembrando que Cassi já havia reclamado do quarto quando estivera ali.
-Olhe isso! Apontou para objetos em cima da cômoda.
-E este aqui! Combina mais no outro lado. Vocês homens precisam ter um pouco de senso de estética.
Apesar de estar chateado com o que aconteceu nas provas, Arão se divertia com os comentários de Dafne. Para variar Bal estava brincando com o espelho de Alfeu. O garoto tentara narrar para Arão tudo o que havia acontecido no Labirinto do Caçador, de como conhecera Dafne e de como a ‘salvara’ inúmeras vezes. Mas como sempre era interrompido pela ninfa, ele desistiu e deixou a narração por conta dela, enquanto os dois se transformaram em meros espectadores.
Oi! Tudo bem!
A mensagem chegou no espelho de Bal.
Oi! Quem é?
Respondeu Bal com curiosidade.
E aí, senhor sabe tudo, não consegue adivinhar quem é?
kitrina? É você?
Sim.
-Veja Arão estou conversando com aquela gatinha amiga da Cassi.
-Como assim? Questionou Dafne parecendo demonstrar um pouco de ciúmes. Prosseguiu fazendo uma bateria de perguntas.
-Quem é ela? O que ela quer com você? Você vai responder para ela?
Dafne aproximou-se do espelho. Voava sobre o ombro direito de Bal acompanhando a troca de mensagens.
-Nossa Dafne, você parece minha mãe falando.
-Eu? Sou muito nova para ser sua mãe.
A ninfa ficou contrariada não entendendo o que Bal queria dizer. Ela se dirigiu para Arão.
-Você acha que pareço à mãe dele?
O garoto que acompanhava a discussão dos dois, ia perdendo o ânimo com o assunto. As imagens da tarde ainda estavam em sua mente. Pediu para que não o envolvessem em suas discussões.
''Será que as pessoas que me colocaram no clã dos guerreiros estavam certas? Sou um perigo para meus amigos...''
Esse pensamento o atormentava.
De fato depois do que ocorrera com os garotos, todos, com exceção de Tiror, culpavam Arão pelo fracasso da missão. Até Lethan e Keyllor o culparam por suas "mortes" no treinamento. Diziam que ele não sabia trabalhar em grupo e que qualquer um que fosse seu parceiro estava fadado a perder.
O jovem tinha ficado muito abalado no começo, mas estando na companhia de Bal e Dafne se distraia um pouco, pelo menos era o que demonstrava.
Oi! Bal é a Cassi, Tomei o lugar da Kitrina um pouco. E o Arão como está?
- E eu? Não quer nem saber como estou? Bal Reclamava olhando para o espelho, por Cassi ter perguntado por Arão e não por ele. -Arão! Cassi está perguntando como você está.
-Diga a ela que vou sobreviver. Disse com a voz um pouco murcha.
Ele disse que desta noite não passa. Vai se suicidar.
Respondeu Bal para Cassi.
BALDUÍNO!!! Pare de gracinhas.
-Puxa até longe ela me dá bronca.
-Você mereceu!
-Que é isso Dafne, um complô contra mim? Você deveria estar do meu lado e não do dela.
Diga para ele que tenho uma notícia que vai alegrá-lo. Seja rápido.
-Já vou! Bal resmungava para si mesmo. -Arão é melhor você vir conversar com ela. Cassi está histérica aqui.
-Está bem.
Arão sentou-se ao lado de Bal. Começou a manipular o espelho.
Como você está Cassi?
Enviou Arão a mensagem.
Estou bem. Mas e você?
Bem.
Respondeu Arão a mensagem de Cassi, porém não estava muito animado para ficar trocando recados.
Arão, pergunte ao Bal se ele consegue colocar mais de dois espelhos se comunicando simultaneamente, para trocarmos mensagens entre mais pessoas. A pessoa que está agora me enviando mensagens gostaria que você também as recebesse.
-Deixa comigo. Disse Bal lendo a mensagem ao mesmo tempo em que se apossava do espelho. - Faço isso rapidinho...
"Essa não, mais gente na conversa, justo hoje que não quero falar com ninguém. Gostaria de ficar só“. Pensou Arão.
-Conseguiu? O que você está fazendo Bal?
Dafne estava cheia de curiosidade, apoiada sobre o ombro do garoto.
-Espere... Mais este aqui... E este outro. Bal nem prestava atenção às perguntas de Dafne. - Pronto! Consegui, eu sou demais... Vamos lá Arão, converse com a Cassi.
Arão ficou novamente à frente do espelho.
''Espero que seja rápida essa conversa...''
-Vamos ânimo! Bal cutucou o ombro de Arão.
Cassi enviou uma mensagem.
Que bom então já podemos trocar mensagens os três.
A próxima mensagem surgiu.
Oi Arão.
Ele não soube por que mas seu corpo se arrepiou, sentiu algo percorrê-lo dos pés a cabeça, o desânimo desapareceu. A expressão de seu rosto demonstrava uma mudança total de comportamento. Ia fazer a próxima pergunta, mas parecia já adivinhar a resposta.
Quem é você?
A resposta não demorou a aparecer no espelho.
Damira... Será que ainda se lembra de mim?
"Como poderia esquecer" Pensou.
Outra mensagem na tela, só que desta vez era de Cassi.
Você deve estar se perguntando como a conheci. Na verdade Kitrina a conhece, elas estavam trocando mensagens. Eu vi quem era e pedi a Kitrina se podia falar um pouco com ela. Expliquei sobre você querer conversar com ela e agora estamos aqui nós três no espelho.
As bochechas de Arão ficaram vermelhas. Damira lhe enviou uma mensagem.
Cassi me disse que você estava desanimado, talvez queira conversar outra hora.
A resposta de Arão foi mais do que rápida.
Claro que não. Podemos conversar agora.
-Que sorte a sua, fica dois minutos em frente ao espelho e já arranja uma gata para falar. Eu preciso ficar o maior tempo para arranj... Aaaiiii...Mas por que você fez isso?
Dafne tinha torcido a orelha de Bal.
-Você está muito assanhado! Repreendeu ela.



Enquanto todos estavam em seus quartos, alheios a tudo. As demais dependências do Santuário permaneciam sem vida, o silêncio imperava naquela noite...
Longe dele sobre uma colina, um ser encapuzado, solitário, com os braços voltados aos céus, pronunciava palavras em um idioma antigo, pouco usado, incompreensível para maioria das pessoas. Parecia ser uma invocação...
-... Ashet moRieveNent sobreGragui nuEla...
Somente as últimas palavras foram ditas na língua comum.
-Desça! Caminhe sobre as terras do Firmamento, por onde passar deixe seu rastro de morte.
A lua cheia, a lua da morte se fazia presente no céu, sua magestividade seria considerada maravilhosa se os tempos fossem outros. Uma névoa começava a se desprender do grande gigante branco com tons avermelhados, formando um pequeno caminho que descia até o solo. Começou a ganhar corpo, seguiu como uma onda em direção ao Santuário varrendo tudo a sua frente... Aos poucos os corredores do Santuário estavam tomados pela névoa. Os cavaleiros, anjos da categoria dos Dominações, eram as únicas almas vivas nos corredores e foram pegos de surpresa pela massa flutuante. Nervosos e confusos, ficavam sem reação, um a um foram sendo engolidos pelo vapor aquoso, pareciam estar sendo transportados para outro mundo. A quarta noite estava apenas começando.



Arão era outro, nem sombra do garoto amuado de minutos atrás. Estava animado e não era para menos finalmente conseguiria falar com Damira. Bal e Dafne esperavam ao lado do espelho ansiosos para que o amigo iniciasse a troca de mensagens. Ele parecia indeciso sobre como iniciar a conversa. Bal deu-lhe um pequeno empurrão.
-Vamos Arão... Vai deixar ela esperando a noite toda. Daqui a pouco ela se desinteressa de você e começa a trocar mensagens com outro.
Dafne deu-lhe uma bronca e fez sinal para ele ficar quieto. Arão enviou uma mensagem.
É que não sei por onde começar, são tantas dúvidas, tantas perguntas, que estou um pouco confuso.
Damira respondeu rapidamente.
Cassi me disse que você gostaria de recordar sobre seu passado. Que tal começarmos pelo acidente?
Você poderia me contar o que aconteceu naquele dia?
Arão enviou a mensagem e aguardou o retorno. O tempo passou, entretanto a resposta não vinha.
-Ela não responde! Arão ficou um pouco confuso.
-Eu disse para você não demorar. Criticou Bal. -Com certeza ela já deve estar mandando mensagens para outro.
Novamente as mãos de Dafne foram firmes em apertar Bal.
-Tá bom, eu já entendi, vou ficar quieto.
Cassi você está aí?
Sim.
Foi a resposta enviada por Cassi.
Damira não responde. Ela está sozinha?
Enviou Arão.
Não! Ela está com mais outra candidata a Deusa. Sua amiga Etality.
As imagens do espelho começaram a ficar turvas.
-Bal! Arão chamou incisivo. -O que está acontecendo?
Bal olhava desconfiado para o espelho.
-Parece algum tipo de interferência...
Uma mensagem apareceu na tela.
A quarta noite chegou e com ela a morte ronda pelos corredores do Santuário.
-Mas é nosso amigo misterioso novamente. Exclamou Bal.
-Nosso quem? Perguntou Dafne logo em seguida.
Uma mensagem de Cassi chegou rápido.
Quem é este?
-O que será que ele tem para nos dizer? Questionou Arão.
Ele está solto pelas sombras da noite, em busca de mais uma vítima. Hoje ele obedece a ordens, mas o mal dentro dele cresce. Muito em breve ninguém poderá controlá-lo.
-Não estou entendendo. O que ele quer dizer. Praguejava Arão.
Quem esta no Santuário?
Enviou Arão. Bal e Dafne acompanhavam a tudo colados no espelho.
Ele é perigoso, terrível... Tem que ser detido imediatamente. Ele está se fortalecendo, a cada vítima adquiri mais poder...
Como podemos detê-lo?
Perguntou Cassi na sua mensagem.
Vocês não são páreos para ele, não tem como vencê-lo.
Respondeu o estranho.
-Diga para ele falar logo quem está solto. Esse suspense me mata.
-Calma Bal. Disse Dafne, já acostumada com o diminutivo do nome de seu companheiro.
Quem está solto?
Perguntou Arão.
A mensagem demorou a vir, mas finalmente chegou.
O Ente da Noite.
-O Ente da noite? Perguntou Bal.
Então não devemos sair dos nossos aposentos?
Perguntou Arão.
Hoje ele estará distante de vocês, mas suas ações comprometerão todo nosso futuro. Seu alvo são as Filhas do Criador.
Todos olhavam apreensivos para o espelho, mas as mensagens cessaram. Depois de um tempinho Dafne perguntou.
-Cadê ele?
-Não sei, acho que foi embora. Respondeu Arão.
-Ele é sempre assim, vai e vem como bem entende e sempre nos deixa cheios de dúvidas. Reclamou Bal.
Cassi está tudo bem com vocês?
Arão enviou a mensagem preocupado depois do que acabara de ler.
Sim, aqui estamos só eu e Kitrina, mas está tudo bem.
Respondeu Cassi.
-Arão veja se relaxa, segundo nosso amigo misterioso hoje estamos seguros. Bal fez uma careta antes de prosseguir. - O ''Ente da Noite'' está atrás das ''Filhas do Criador''. Aliás, alguém sabe o que seria um Ente da Noite?
Sua pergunta ficou sem resposta.
-Vamos procurar no espelho. Sugeriu Arão. Porém foi tudo em vão, por mais informações que o espelho tivesse não constava nada sobre qual o significado do nome Ente da Noite.
-É, parece que não vamos conseguir nada. Disse Bal desanimado.
-Não sabemos o que é esta coisa, mas podemos tentar pesquisar sobre as ''Filhas do Criador'', quem sabe não descobrimos quem será o alvo dessa noite. Sugeriu mais uma vez Arão.
Dafne ia falar alguma coisa, mas Bal pediu que ela ficasse quieta. Voltou-se para Arão.
-Ótima idéia meu amigo.
Os dois garotos já se preparavam para começar outra busca no espelho, quando Dafne os interrompeu mais uma vez.
-O que é? Bal estava impaciente.
-Nem precisam procurar.
-Por que? Você acha que não vamos encontrar nada sobre isso também? Inquiriu Bal.
-Não! É que eu sei o que significa a expressão "Filhas do Criador".
-E por que não nos disse logo? Perguntou Bal virando-se para Dafne.
- Era o que eu estava tentando fazer, mas você disse para eu me calar.
-Não sobre isso.
-Ei! Parem de brigar vocês dois. Arão se intrometeu na discussão. -Assim nós não vamos chegar a lugar algum.
Os dois ficaram quietos.
-Pode falar Dafne. O que é que você sabe sobre as Filhas do Criador.
-Bom, creio que a pessoa que passou as mensagens deve estar enganada.
-Como assim? Questionou Bal.
-"Filhos do Criador" é uma expressão antiga usada pelos sábios para se referirem aos deuses. Logo quando ele cita as filhas deve estar querendo se referir às deusas. Porém, não existem mais deusas no firmamento.
-Esperem! Gritou Bal extasiado.
-Ele disse que o Ente da Noite está comprometendo o futuro fazendo suas vítimas. Não existem deusas, mas futuramente vão existir.
-As candidatas! Exclamou Arão.
-Exato. Confirmou Bal.
-Olhem. Gritou Dafne apontando para o espelho.
Uma nova mensagem surgira.
Estou com medo.
Era de Damira.
A mensagem provocou um alvoroço nos três. Cassi enviou uma mensagem.
O que está acontecendo Damira?
Ela respondeu:
Algo estranho... Havia guardas no corredor. Começamos a ouvir gritos de desespero, houve uma batida na porta, como se algo tivesse se chocado contra ela. Fomos ver o que era... O corredor estava vazio, com exceção de uma névoa que cobria toda a extensão do chão. Vimos duas pequenas esferas de luzes no final do corredor. Elas emitiram um ruído medonho, vieram rápido em nossa direção. Fechamos a porta. Estamos presas aqui...
-Pela descrição que Damira nos forneceu, deve ter sido o mesmo ser que pegou Nesália e nos perseguiu na outra noite. Disse Arão.
-O ‘Ente da Noite’. Bal pronunciou as palavras de forma assustadora. -Então elas correm grande perigo.
-Não estou entendendo, quem perseguiu vocês? Perguntou Dafne cheia de curiosidade.
-É uma longa história. Depois eu te explico. Disse Bal.
Não saiam do quarto.
Arão esperava que elas obedecessem a mensagem dele. Damira enviou outra mensagem.
Estamos ouvindo batidas na porta. Parece que algo está sendo arremessado contra ela.
Fujam. Enviou Cassi.
Nossa única esperança é pular pela janela, um rio passa ao lado do nosso quarto.
Um pequeno momento de silêncio, os espelhos estavam vazios, sem mensagens. Arão ficou mais aliviado, com certeza elas tinham pulado, conseguindo assim escapar do Ente da Noite. Entretanto uma nova mensagem surgiu à tela.
As batidas cessaram, tudo está quieto do lado de fora. Etality foi verificar como esta o corredor.
Arão ficou impaciente, enviou uma mensagem, torcendo para elas lerem antes de abrir a porta.
Nãããooo!!! Não abra a porta. Pulem pela janela.
A narrativa de Damira continuou, ignorando o aviso de Arão, só que desta vez com frases curtas.
Ela esta se aproximando da porta.
Novo momento sem mensagens o tempo parecia demorar uma eternidade a passar enquanto outra mensagem não chegava. O que se seguiu após esta breve pausa foram várias mensagens rápidas uma após da outra, como se quem as enviasse estivesse muito nervoso e apavorado.
Alguém está forçando a porta.
Ela se abriu.
Algo está caído ao chão.
Meu Deus. É o tronco de um cavaleiro do Santuário.
A névoa esta entrando no quarto.
As luzes... Um urro medonho...
Novo momento de inatividade no espelho até...
Etality foi arrastada por elas para dentro do corredor.
Eu tentei ajudá-la, mas não pude fazer nada foi tudo muito rápido. Ouço os gritos dela. Socorro me ajudem!
Eles não podiam ver, mas Damira estava em prantos. Arão estava impaciente queria sair de qualquer maneira, porém Bal o estava segurando.
-Não podemos sair, esqueceu-se do Medar di...
Os dois estavam praticamente lutando, só pararam quanto Dafne gritou.
-Vejam outra mensagem.
Tudo ficou quieto, não ouço mais Etality, estou com muito medo.
Esperem, o urro novamente, mais próximo, as luzes.
Arão me ajude...
Desta vez Bal não conseguiu segurar Arão, que com um empurrão o jogou para o lado, partindo corredor à dentro.
-Não acredito que ele vai querer bancar o herói de novo. Reclamou Bal partindo atrás do amigo.
Dafne ficou aturdida, sozinha, sem saber o que fazer. A cabeça de Bal reapareceu à porta.
-Dafne não saia daqui.
Sumiu logo em seguida. Uma mensagem de Cassi apareceu à tela.
Cadê todo mundo. O que aconteceu?
Dafne respondeu.
Foram ajudar Damira. Eu não vou ficar neste quarto sozinha. Tchau.
Dafne partiu. Cassi se levantou em seu quarto ia sair, mas Kitrina a segurou.
-Onde você vai? Não podemos sair, é perigoso.
-Eles foram ajudar Damira, tenho que ir também.
-Espere!
Ordenou Kitrina com uma voz autoritária. Cassi parou e virou-se para a amiga.
-Eu irei junto com você.
As duas partiram.

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