Marcas de Parabatai escrita por Gucas


Capítulo 4
Anjo




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Um frio percorre toda minha espinha quando sinto o cheiro de lixo orgânico e comida podre. Tento não vomitar, mas estou com ânsia. Os demônios produzem barulhos horríveis. Uivos, gritos e até o que penso serem gargalhadas se misturam. Fico lado a lado a Lucas, ele segurando as duas adagas de serafim na posição de atacar, pé direito na frente. Quando o primeiro demônio vem em minha direção para atacar com suas garras verdes, eu encravo Gabriel no coração do demônio, que explode instantemente com um ´´poclk``. Lucas corre para frente, pulando ele chega perto de dois demônios com aparência humanoide, as duas adagas atravessam as cabeças deles na mesma hora. Tinha cerca de vinte demônios no altar a chave expelia um brilho dourado igual a Gabriel.

Enquanto eu mato o segundo decapitando-o, Lucas já está matando o quarto demônio. Uivos e mais uivos. Vamos andando de lado a lado até a chave. Matando cada um, com aparências totalmente diferentes. Fico supresso por minhas habilidades, não sei como fazer só sinto minha mão indo para o lugar certo. Vejo um com forma de crocodilo e rosto afinado como se fosse um focinho, ele tem tentáculos e fica de pé. Quando duas garras passam pelos meus ombros, rolo no chão liso e passo pelas pernas do demônio. Quando levanto já estou com a espada, Gabriel, atravessada na cabeça dele.

Ao terminar de matar todos, eu estava ofegante e Lucas como se não tivesse feito nada. Vou até ao altar, que tinha um pentagrama vermelho, feito de sangue. Dentro dele havia vários símbolos. Quando olho para os símbolos vejo imagens, umas de pessoas sendo mortas e um mar de sangue. As mortas são sufocantes. Fico tonto e Lucas me segura.

–Tudo bem? -Pergunta Lucas.

–Estou bem. -Afirmo.

Entro no pentagrama e vou até a chave que está flutuando na altura do meu peito. Vou me aproximando devagar até pegar a chave. Fico paralisado quando um choque penetra minha cabeça.

Caio em algo verde que amortece minha queda, passando a mão sinto a grama. Sinto minhas pernas sendo apertadas por minha calça. Giro na grama e levanto. Limpo minhas calças, calça social. Isso só pode ser um sonho. Sinto o som e o cheiro salgado da maresia. Estou em um vale, trajando um terno preto.

Flores de todas as cores estão espalhadas ao chão, uma brisa me atinge fazendo meus cabelos se entrelaçarem. Quando um jato de luz escarlate explode ao longe com uma pulsação, vou correndo descalço até lá. Pássaros voam em demandada na direção oposta. Correr de terno é muito complicado e a calça impossibilitava passos longos. Passo correndo por arvores, quando tropeço em uma pedra e caio no chão de cara. Eu espero a dor, mas ela não vem.

É só um sonho.

Com esse terno não vai dar, penso, jogo o terno no chão e volto a correr despido da cintura para cima. A minha frente vejo um alto morro rochoso, que no topo do morro era lançada a luz escarlate. É impossível de subir.

É só um sonho.

Minhas mãos escapam nas primeiras vezes ao tentar subir. Consigo subir me apoiando pedra por perda.

Não olhe para o chão, digo a mim mesmo.

Minhas mãos começam a dor quando um vento forte me faz balançar. Fico pendurado a uma rocha com a mão esquerda.

Sou forte, sou rápido.

Seguro-me em um pedaço de grama, quando finalmente consigo ficar de pé. Em cima do morro dava para perceber que não era um vale. Uma Ilha com um grande portão negro. O portão de ferro negro está entreaberto, fazendo a luz escarlate fugir, tinha cerca de 20 metros. Estava amanhecendo e no céu só se via uma única estrela. Com um grito que parecia vidro se estilhaçando fumaça preta começa a sair pelas brechas do portão. A fumaça começa a ter formas. Corvos, milhares deles.

Começam a me atacar. Tento me proteger, mas não consigo e começo a lançar socos no ar, alguns atingem os corvos. Eles me arranham e me bicam. Rolo no chão e fico parado. Estou todo mutilado, arranhões sangrando, se não fosse um sonho...

Os corvos se foram, mas escuto um farfalhar de assas. Ao lado do portão tinha um homem com uma túnica branca e sandálias que pareciam as que os romanos usavam. Homem não, um anjo. As asas douradas farfalhava no ar fazendo seu cabelo castanho escuros balançar como os meus. Com olhos azuis eletrizantes, o anjo tinha uma barba rala. Portava uma espada feita de ouro, porém o brilho dela era maior que o próprio ouro. Ele sorriu a me ver, porém era um sorriso sarcástico com olhos sem vida.

Levanto do chão e limpo minhas calças sujas com grama e o anjo vem se aproximando formosamente. A espada do anjo diminui de tamanho e se transforma em um objeto que reconheço. Uma estela. Sem falar uma só palavra, o anjo começa a escrever algo na palma da minha mão. No inicio penso ser um dos símbolos dos caçadores, ergo minha mão com supressa, está gravada as letras CP5C . O anjo some rapidamente. Ao me virar vejo o que um dia foi um lindo vale, agora era só uma floresta de arvores morta em volta de um pântano.

Os corvos que fizeram isso.

Volto a minha consciência com um empurrão de Lucas, que me olha com rosto pálido e olhos cor de âmbar, pensativos. Ao escutar um ruído vindo do andar inferior corremos até lá. Com a chave guardada no meu bolso, voltamos ao quarto. Quando chegamos ao quarto às escadas desapareceram e retorna o espelho. Vemos uma figura encapuzada que se encontrava de costas.

–Vocês vão morrer. –Grita com uma voz sinistra, que parecia que estava aranhando um vidro com um garfo. O homem ainda de costas. -Garotos intrometidos!

Essas foram suas ultimas palavras antes de virar poeira negra e sumir.

–Que diabos, foi isso?- Pergunto.

–Não sei, - Afirma Lucas. -mas fomos ameaçados. Precisamos sair daqui.

Vou até a porta e a abro, espero que Lucas saia para fecha-la. O corredor estava deserto, isso me causou certo medo. Andamos até chegar perto das escadas. Gabriel brilha e me puxa para trás, mas desta vez foi com mais força e não bato em nada, a não ser o chão. A luz de Gabriel se espalha por todo o corredor. Pego a espada com os olhos fechados, então sinto que a espada está esfriando.

Abro os olhos. Ela parou de brilhar, Lucas com um sorriso ao meu lado pega Gabriel para examina-la com seus olhos cautelosos.

–Estranho! -Exclama Lucas segurando a minha espada de serafim. -Muito estranho o que Gabriel consegue fazer.

A espada volta a brilhar, fazendo tremer todo o Hotel Paris Las Vegas. Gabriel saiu voando, passa por Lucas tirando um fino da mão dele. Acerta um quadro ao fim do corredor e fica encravada. Lucas pede para eu ficar, eu afirmo com a cabeça e ele vai até o quadro. De longe vejo Lucas puxando Gabriel do quadro. Esse quadro com toda a certeza valia uma fortuna.

Quando finalmente a espada se solta do quadro, lança uma fumaça negra que ocupa todo o corredor. Lucas se aproxima com Gabriel em sua mão direita e fico pasmo, a espada está totalmente negra. Gabriel mudou de cor em questão de segundos. A espada que apresentava vida e brilho, até demais, agora está negra como a noite de lua nova.

–O que você fez com ela? -Pergunto preocupado.

–Eu não sei. -Afirmar Lucas.

Entreolhamos e corremos até a porta do elevado. Chegando lá aperto o botão e espero a porta abri. Entramos dentro do elevador, Lucas tira do bolso uma bussola, porém essa bussola não aponta para o norte. O ponteiro vermelho gira várias vezes até apontar para um botão brilhoso. A bussola indicava onde Alinne e Bya estavam. Lucas rapidamente aperta o botão, com um sorriso torto.

–O Cassino!

O elevador começa a descer. Vejo Gabriel na bainha de Lucas e fico pensando o porquê da mudança dela. Estendo a mão e Lucas finalmente devolve minha espada. Ao pegar sinto uma tristeza profunda, sinto cheiro de morte e de demônios. Oh Gabriel, mensageiro de Deus penso.

A espada volta a brilhar, porém fraco. Quando para de brilhar sinto meu coração batendo muito mais rápido, ela mudou de cor, novamente.

Gabriel que já foi prata. Depois de nomeada ficou dourada e com um poder fantástico. Há poucos minutos, negra. Gabriel, a espada cujo tem o nome de um anjo, agora é Bronze. Letras estão encravadas ao longo da lamina. Letras desconhecidas de alguma língua estranha. Lucas balança a cabeça em negativa.

–É melhor eu ficar com Gabriel. –Afirma Lucas estendendo a mão. Devolvo a espada para ele sem questionar. Concentro-me nas luzes dos botões que indicam em que andar estamos. 20... 15... 10. Lucas pressiona suas mãos contra meu peito com força. Fico sem entender o que ele esta fazendo, então sinto algo gelado. Pego as adagas e fico as testando contra o vento. 02... 01... M. Guardo as adagas. A porta abre e entramos no Cassino, tudo muito silencioso, sinto novamente o cheiro de lixo e morte.

–Porque está vazio? –Pergunto andando devagar ao lado de Lucas. –Cadê os mundanos?

Uma nevoa preta imunda todo o Cassino antes de Lucas me responder. As luzes se apagam e escuto pisadas. Olho desconfiado para Lucas, que dá os ombros.

–Aqui está infestado de demônios.

Andamos passando por maquinas caça-níqueis desligadas. Não sei se sou bom com adagas. Mas quando um demônio parecido com um cão –Raum o nome dele aparece em minha mente.- me ataca. Derrubando-me no chão, bato a cabeça com força e fico tonto. Ele respira tão perto de mim, sinto a podridão adentrando minhas narinas. Quando o demônio tenta me morder é empurrado por uma luz dourada, ele saiu voando.

O Raum acerta o teto, azul como o céu e despenca. Ao caí em cima de maquinas caça-níqueis elas explodem. Fazendo voar milhares de moedas. O som das moedas ao caírem no chão era ensurdecedor. Levanto-me limpando minhas calças, mesmo que elas não estejam sujas. Procuro Lucas e ele está lutando contra corpos humanoides com mascaras- Oni, o nome vem a minha cabeça. Os nomes vinham a minha cabeça como se eu tivesse um dicionário de demônios. Por sorte as adagas não dificultaram na hora em que eu as peguei, de longe lanço uma das adagas que atravessa o peito de um Oni. Ele não tem tempo nem de gritar e logo vira cinza. Lucas decepa a cabeça do outro que libera um liquido negro, sujando a lamina de Gabriel. Saio correndo para procurar a adaga.

–Aonde você vai?- pergunta Lucas correndo em minha direção.

Fico deitado no chão embaixo das maquinas caça-níqueis procurando um sinal da adaga. Sinto a presença de Lucas me protegendo.

–É melhor ir rápido! –exclama Lucas.

Vejo ao longe um lampejo de luz prateada. A adaga. Vou engatando embaixo das maquinas, no chão era visível os chicletes colados e moedas. Escuto Lucas matando alguns demônios que uivam de dor. Finalmente alcanço a adaga, quando me levanto bato a cabeça em umas das maquinas. Doeu um pouco. Saio de baixo das maquinas com um sorriso e vejo Lucas cansado. Escuto um ruído vindo do outro lado do Cassino. A nevoa negra fica mais intensa.

–Que merda! -Grita Lucas.

Fico de costa a ele, segurando as adagas. Uma com braço direito no lado esquerdo do pescoço e a outra no tórax direito. Quando o primeiro demônio aparece arranco a cabeça dele. Sinto Lucas matando algum, pelo o ruivo terrível. Tinham seis demônios só no meu lado. Meus instintos me manda abaixar, e eu os obedeço, evitando a garra de um demônio aracnídeo. Lucas que por sua vez já tinha matado. Todos avançavam rápido demais.

–Corre! –Grito para Lucas. Pulamos maquinas e fomos até uma porta de madeira. Que por sorte, estava entreaberta.

–Lucas. –fala bya com tom de preocupação. –estão bem?

–Não temos tempo!- exclamo ao fechar a porta com meu corpo. Alinne com a estela na mão se aproximou e fez um símbolo, ao olhar sentia que o símbolo estava gritando o significado. Tranca. –Precisamos fugir. Logo eles vão conseguir atravessar.

–O que fazemos?-pergunto andando de um lado para o outro, percebendo que estamos em um armazém que fedia a mofo, mas na situação era a coisa mais agradável de sentir. –Pensei que quando pegássemos a chave, seriamos transportados. Isso é uma merda!!!

–Claro. –exclama Bya. –As perolas!

As portas rangem com impactos feitos pelos demônios. Lucas me puxa e põem a mão no bolso da minha calça. Isso é estranhamente constrangedor.

–Ela disse que era só esmagar, certo? –Pergunta Lucas.

–SIM! –Grito quando janelas ao lado explodem em cacos de vidros e alguns demônios entram. Lucas foi mais rápido e esmagou a perola. Que nos envolveu por uma fumaça vermelha.

+++

–Estamos em Lodres! -exclama Bya.


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